segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Lição 10 – A Origem da Diversidade Cultural da Humanidade


SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

4º Trimestre/2015

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Gênesis 11.1-9
TEXTO ÁUREO: “[...] Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer” (Gn 11.6).

INTRODUÇÃO

A diversidade cultural é algo associado a dinâmica do processo aceitativo da sociedade. O termo diversidade diz respeito à variedade e convivência de ideias, características ou elementos diferentes entre si, em determinado assunto, situação ou ambiente.
Qual a origem da diversidade linguística e cultural da humanidade? Em Gênesis capítulo 11, Moisés narra como a civilização, a princípio monolinguista e monocultural, veio a dividir-se em idiomas, dialetos e falares. Multiplicando-se a língua, subdividiu-se a cultura dos filhos de Noé.
Estudaremos a respeito da construção da Torre de Babel, considerada o monumento da arrogância, da soberba e da rebelião do homem contra o Criador. Veremos que o monolinguismo foi um dos fatores que contribuíram para que a depravação da geração pós-diluviana pululasse. Já que não havia impedimento quanto a língua, os homens cheios de soberba, e com um espirito de rebelião se unem para fazer um monumento que seria símbolo da sua altivez. O Senhor abomina a altivez, o orgulho (Pv 6.17). Esse sentimento nefasto jamais poderá encontrar guarida no coração do servo de Deus.

I. A TORRE DE BABEL

A Torre de Babel é um dos acontecimentos marcantes do período pós-dilúvio. Dá-nos a origem das línguas e os característicos físicos humanos. É um evento que revela a deterioração da condição moral e espiritual dos descendentes de Noé, tendo como figura de destaque Ninrode. Alguns estudiosos julgam que Ninrode prefigura o homem "iníquo" que será o último e pior inimigo do povo de Deus (2 Ts 2.3-10). As pessoas que se dispuseram a construir a Torre (Gn 11.3,4) o fizeram como um momento à sua própria grandeza, algo para ser visto por todo o mundo. A construção dessa torre muito desagradou a Deus.
Por que a construção da torre de Babel desagradou a Deus?
 
a) Os homens desobedeceram o mandamento de que deviam espalhar-se e encher a terra (Gn 9.1; 11.4). Um dos motivos que os impulsionavam e pelo qual levaram a cabo a construção era que desejavam permanecer juntos, no mesmo território. Sabiam que os edifícios permanentes e uma coletividade firmemente estabelecida produziriam um modelo comum de vida que os ajudaria a permanecer juntos.

b) Foram motivados pela intenção de exaltação pessoal ("façamo-nos um nome", disseram) e de culto ao poder, que posteriormen­te caracterizou a Babilônia. Uma torre elevada e visível para todas as nações seria um símbolo de sua grandeza e de seu poder para dominar os habitantes da terra.

c) Excluíam Deus de seus planos; ao glorificar seu próprio nome, esqueciam-se do nome de Deus, nome por excelência: o Senhor.

Deus não estava preocupado com a construção ou com o tamanho da torre, mas com a arrogância que dominava, novamente, o coração do ser humano. Deus, portanto, desbaratou seus planos não só para frustrar-lhes o orgulho e independência, mas também para espalhá-los, a fim de que povoas­sem a terra. 

1. O monolinguismo. Os descendentes de Noé se multiplicaram e todos falavam uma mesma língua. Havia uma certa unidade de pensamento e de entendimento, que se manifestava de modo natural, porque era um só povo. Diz o texto sagrado: “Ora, em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar” (Gn 11.1). Unidos pela comunicação, através de uma só língua, imaginaram fortalecer o poder humano, construindo uma cidade grande e uma torre que tocasse os céus. Facilmente, esqueceram da aliança que Deus havia feito com Noé, logo após saírem da Arca. Em Gênesis 11.6, Deus diz: “O povo é um e tem a mesma lingua”. Esta declaração divina não significa que a unidade seja uma coisa má. Entretanto, em relação àquele povo, ela tinha um fim negativo, pois visava confrontar a autoridade divina e estabelecer a autossuficiência humana.

2. Uma nova apostasia. A utilização regular de apenas uma língua facilitava a rápida disseminação do conhecimento, todavia, muito contribuía para proliferação da apostasia, de adorações a deuses falsos, obra da imaginação humana.
Parece que Canaã não gostou da maldição divina que ficou sobre ele, e ficou cada vez mais rancoroso, ressentido e rebelde. Também que ele passou este ódio e rebelião para o seu filho Cuse e seu neto Ninrode. O rancor dele foi aumentando até que quando seu neto nasceu ele recebeu o nome de Ninrode, que significa "vamos rebelar ou rebelde".
Deus tinha dado para Canaã e a sua descendência a posição de ser os servos de Sem e Jafé, mas ele não aceitou e decidiu rebelar-se contra Deus, e foi isto mesmo que fez. Em vez de se submeter à vontade de Deus e servi-lo obedientemente, ele rebelou-se contra Deus e disse: "Vamos dominar, governar e reinar sobre os outros".
Observa o texto de Gn 10.8, a cerca de Ninrode: "este começou a ser poderoso na terra". Também em Gn 10.9 está escrito que ele era "poderoso caçador diante da face do Senhor". A palavra “diante” neste versículo significa "contra" o Senhor. Tudo isto mostra para nós que Ninrode era um guerreiro, rebelde, tirano e um líder de rebeldes na face do Senhor, e que ficou contra os mandamentos e a vontade de Deus.
Ninrode construiu cidades, não altares. Ninrode funda seu império em evidente agressão (Gn 10.8). Seu império incluía toda a Mesopotâmia, tanto a Babilônia ao sul (Gn 10.10) quanto a Assíria ao norte (Gn 10.10-12). Como prinicpais centros de seu império, ele funda a grande cidade de Babilônia, mais notavelmente Babel (Gn 10.10); e, subsequentemente, tendo mudado para a Assíria, fundou Nínive ainda maior (Gn 10.11). Todas essas cidades adoraram deuses falsos, frutos da imaginação humana.
Da religião que Ninrode criou, como resultado de sua rebelião contra Deus, saiu toda religião falsa. Ela é chamada em Apocalipse 17.5 de "a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra". Ninrode e a sua esposa se tornaram os deuses desta religião blasfema.
A esposa de Ninrode (Semíramis) foi chamada a rainha dos céus e da Babilônia. Quando Ninrode morreu, Semíramis proclamou que ficou grávida milagrosamente (a verdade é que ela era adúltera) e o filho que nasceu era Ninrode reencarnado. Então, Semíramis e o seu filho (Tamuz) se tornaram a mãe e o filho que este povo idólatra adorou como Deus. Este filho (Tamuz) se tornou o deus do sol Baal, e Semíramis a deusa Asterote.
Ninrode se tornou o deus do povo que adorava as hostes dos céus (planetas, estrelas, lua e o sol principalmente). Eles de forma deliberada deixaram os mandamentos de Deus e adoraram a criação de Deus em vez do Criador. Eles edificaram uma torre dedicada à adoração das hostes dos céus que eram seus deuses. É isto que Gn 11:4 significa quando diz que edificaram "uma torre cujo cume toque nos céus". Era uma clara rebelião, um afrontamento contra Deus.

3. Um monumento à soberba humana. “Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra" (Gn 11.3,4).
A Torre de Babel é um monumento ao pecado humano e não à bondade e faculdade inventiva humana. Mostra a depravação humana bem no princípio da nova geração descendente de Noé. Gênesis 11.4 mostra que a Torre de Babel foi uma grande conquista humana, uma maravilha do mundo; no entanto, era um monumento para engrandecer as pessoas, não a Deus.
- “edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus”. O interesse principal da geração pós-diluviana estava numa torre, embora também houvesse a construção de uma cidade. A intenção era que a torre alcançasse os céus. Nada é dito sobre um templo para adoração a Deus. Isto mostra que o paganismo estava indiretamente envolvido neste empreendimento, pois havia um ímpeto construtivo em direção ao céu e o único verdadeiro Deus foi definitivamente omitido de todo o planejamento e de todas as metas. Mas Deus observava tudo o que estava acontecendo e logo mostrou sua avaliação da situação. O homem deve estar cônscio de que não pode viver à margem de Deus; ele foi criado à imagem de Deus (Gn 1.26), e isto significa que o homem é dotado de grandes poderes, mas que é totalmente dependente de Deus para sua essência de vida e razão de ser.
- “e tornemos célebre o nosso nome”. Esta expressão denota a busca pela fama. Esses construtores estavam tentando obter relevância e imortalidade nos seus feitos, porém apenas Deus pode dar um nome eterno àqueles que engradecem o nome dEle, assim como Ele fez com Abraão (Gn 12.2).
- “para que não sejamos espalhados”. Assim como Caim, no seu afastamento de Deus, esses pecadores orgulhosos temiam deslocamento, desejavam segurança. Assim como Caim, eles encontraram solução para isto numa cidade que se rebelava contra Deus – estratégia que envolvia desobedecer à ordem de Deus de “encher a terra” (Gn 9.1). A desobediência às ordens de Deus é um grande pecado contra Ele e um grande perigo para o ser humano. Isto sempre trouxe consequências desastrosas para o ser humano e para o meio em que ele vive.
Podemos construir monumentos para nós mesmos (grandes edifícios, carros luxuosos, cargos importantes) a fim de chamar atenção para as nossas realizações. Estas coisas podem não estar erradas em si mesmas, mas quando as utilizamos para promover nossa identidade e valor, elas tomam o lugar de Deus em nossa vida. Somos livres para prosperar em muitas áreas, mas não para pensar em tomar o lugar de Deus. Quais “torres” você tem construído em sua vida?”

II. A CONFUSÃO DE LÍNGUAS

Depois do dilúvio a raça humana viveu primeiramente na região do Ararate, nas montanhas da Armênia, e ali Noé tornou-se lavrador (Gn 9.20). Como as pessoas aumentaram em número, uma parte delas se espalhou pelas margens dos rios Tigre e Eufrates, a leste do Ararate, e assim chegou às planícies de Sinar ou Mesopotâmia (Gn 11.2). Ali eles criaram colônias e muito cedo, como cresceram em riqueza e poder, fizeram planos de construir uma grande torre para fazer célebre o seu nome e evitar a dispersão do grupo. Em desobediência à ordem de Deus de multiplicar e dominar toda a terra, eles tentaram criar um grande centro para manter a unidade e reunir toda a humanidade em um reino mundial que encontraria sua sustentação na força e na glorificação do propósito e do esforço humano. Pela primeira vez na história surge a ideia de concentração e organização de toda a humanidade com toda a sua força e sabedoria, com toda a sua arte, ciência e cultura, contra Deus e Seu reino. Essa ideia foi ventilada várias vezes depois dos eventos de Babel, e sua realização tem sido o objetivo de todos os tipos de grandes homens no curso da história.
Como punição dessa rebeldia, Deus confundiu a linguagem deles e os dispersou em todas as direções sobre a Terra. Babel significa “confusão”, resultado inevitável de qualquer empreendimento que deixe Deus de lado ou não esteja de acordo com a Sua vontade.

1. Uma cidade à prova d’água. "Vinde, façamos tijolos e queimemo-los bem. Os tijolos serviram-lhes de pedra, e o betume, de argamassa. Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra" (Gn 11.3,4).
Percebe-se pelo texto que eles buscavam uma cidade à prova d'água. Se houvesse outro dilúvio, estariam eles a salvo naquele centro urbano. E, caso este viesse a ser inundado, correriam todos à torre, onde, segundo imaginavam, estariam a salvo. Parecem que eles desconheciam ou não acreditavam no pacto firmado entre Deus e Noé, que não mais destruiria a terra por um dilúvio (Gn 9.11). Todo esse complexo era alicerçado por uma filosofia deletéria e antagônica a Deus: concentrar a todos num só lugar, substituir o culto ao verdadeiro Deus Criador por um culto antropocêntrico.

2. A torre que Deus não viu. “Então, desceu o SENHOR para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam” (Gn 11.5).
Neste texto há uma ironia quase imperceptível: “desceu o SENHOR para ver”. Deus é onipresente, logo não precisa sair do seu trono para ver algo na Terra. Esta é uma descrição antropomórfica da atividade de Deus, e serve para enfatizar que o julgamento divino é sempre de acordo com a verdade. As torres da Mesopotâmia (zigurates) foram construídas com escadas para a descida dos deuses (falsos, claro!). Deus desceu em julgamento nessa torre de orgulho e rebeldia humana contra o Senhor.
Muitas vezes, os homens poderosos orgulham-se de seus projetos. Mas, aos olhos de Deus, são pequenos e simplesmente desprezíveis. O que dizer das pirâmides? Dos arranha-céus que são construídos em alguns países - como o de Burj Khalifa - na cidade de Dubai -, a maior estrutura feita pelo homem no mundo, com 800 metros de altura. Ainda que se avultem em grandezas, não subsistirão para sempre. Um dia serão apenas pó e cinza.

3. Quando ninguém mais se entende. “Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro. Assim, o SENHOR os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade” (Gn 11.7,8).
Os habitantes estavam unidos, tinham comunicação aberta entre si, contudo arruinaram estas bênçãos em rebelião contra o Criador. Deus não permitiria ser ignorado, e a loucura da ilusão humana de que posses e atividades criativas eram insuperáveis não ficaria sem confrontação.
Para demonstrar que a unidade humana era superficial sem Deus, Ele introduziu confusão de som na língua humana. Imediatamente estabeleceu-se o caos. O grande projeto foi abandonado e a sociedade unida, mas sem temor de Deus, foi despedaçada em segmentos confusos. Deus frustrou o propósito daquela geração, multiplicando idiomas em seu meio, de tal maneira que não podiam comunicar-se entre si. A diversidade de línguas resultou em balbucios ou fala ininteligível. Isso deu origem à diversidade de raças e idiomas no mundo.
Alguém observou que se pode considerar o dom de línguas no dia de Pentecostes como o contrário da confusão de línguas em Babel. Quando os homens, motivados pelo orgulho, vangloriam-se de seus êxitos, nada resulta exceto divisão, confusão e falta de compreensão; mas quando se proclamam as obras maravilhosas de Deus, todo homem pode ouvir a mensagem do evangelho em seu próprio idioma.

III. A MULTIPLICIDADE LINGUÍSTICA E CULTURAL

Com a intervenção de Deus em Babel, impedindo que um império totalitário mundial fosse estabelecido, aconteceu o surgimento de nações e povos, e de línguas e dialetos. Pessoas que tiveram os mesmos antepassados, o mesmo espírito empreendedor, que compartilharam a mesma carne e o mesmo sangue, essas pessoas começaram a se tratar como estranhos. Eles não se entendiam uns aos outros e não podiam comunicar-se uns com os outros. A raça humana foi dividida em nações distintas, que a partir de agora, disputariam sua existência umas com as outras. Foram criadas diversas fronteiras entre os descendentes de Noé: linguísticas, culturais e geográficas.

1. Linguísticas.  Como punição, o Senhor confundiu a linguagem dos edificadores da torre de Babel, e assim surgiram as diferentes línguas que o mundo possui atualmente. Nós não somos informados sobre como essa confusão aconteceu. O que aconteceu foi que pessoas fisiológica e psicologicamente diferentes umas das outras começaram a ver e a dar nome às coisas diferentemente, e, consequentemente, foram divididas em nações e povos, e se dispersaram em todas as direções sobre toda a Terra. Devemos nos lembrar que essa confusão de línguas foi preparada pela separação em tribos e famílias dos descendentes dos filhos de Noé (Gn 10.1ss). Diz o texto sagrado que nos dias de Pelegue se repartiu a terra (Gn 10.25).
Considerado o maior inventário de línguas do planeta, existem cerca de 6.912 idiomas em todo o mundo. Essa enciclopédia, editada desde 1951, é uma espécie de bíblia da linguística, indicando quais são as línguas em uso, onde elas são faladas e quantas pessoas usam o idioma. De acordo com os organizadores da enciclopédia, o total de línguas no planeta pode ser até maior. Estima-se que haja entre 300 e 400 línguas ainda não catalogadas em regiões do Pacífico e da Ásia.
O idioma mais popular do planeta é o mandarim, o principal dialeto chinês, falado por algo em torno de 900 milhões de pessoas. Em segundo lugar aparece o híndi, a língua oficial da Índia, falada por cerca de 70% dos indianos. O espanhol vem em terceiro lugar, o inglês em quarto e o nosso português em sétimo.
Já imaginou se todos falassem um único idioma? Não precisaríamos de interpretes, nem de tradutores para testemunhar de Cristo aos alemães, chineses e belgas. Inexistindo barreiras idiomáticas, sentir-nos-íamos mais irmanados. A comunicação com os africanos e asiáticos fluiria sem dificuldades. O conhecimento poderia ser transmitido com eficácia sem os perigos que representam as traduções apressadas e temerárias. Mas Deus, a fim de preservar a espécie humana, achou bem confundir-nos a língua, para que o caos não fosse maior, afirma pr. Claudionor de Andrade.

2. Culturais. Com a dispersão da comunidade única pós-diluviana após o juízo de Babel (Gn 11.9), naturalmente que os povos ali nascidos passaram a construir diferentes culturas, até porque a língua é um fator fundamental na formação de uma cultura e Deus confundiu as línguas, impondo, pois, uma diversidade cultural para o mundo. Cada povo, uma língua, uma cultura e costumes bem característicos.
As nações ali formadas, inicialmente isoladas, passaram, pouco a pouco, a manter um contato que hoje é muito intenso e praticamente diário. Esta diversidade gera nos seres humanos a sensação de que não existe um único modo de vida, uma única forma de se viver sobre a face da Terra, a mesma impressão que toda criança sente ao ir para a escola e perceber que nem todas as famílias têm o mesmo sistema de criação e educação que ela tem em casa.
Esta sensação, porém, não pode, em absoluto, levar-nos à conclusão de que não existem valores morais absolutos. A comunidade única pós-diluviana, de onde provêm todas as nações, tinha como fundamento moral a principiologia divina, a conduta estabelecida por Deus ao homem, desde o Éden, e que foi renovada a Noé (Gn 9.1-17), princípios que são denominados pelos estudiosos da Bíblia de “pacto noaico”, a saber: praticar a equidade, adorar e servir somente a Deus, não blasfemar o nome de Deus, não praticar idolatria, imoralidades, assassinatos, roubos, honrar pais, não cobiçar os bens do próximo.
A diversidade cultural existe e é obra de Deus, mas a existência de valores morais universais, válidos para todos os homens, pois são decorrentes de uma determinação divina a toda a humanidade, é também uma realidade presente e inafastável.

3. Geográficas. Acrescente-se a essas dificuldades as fronteiras naturais: rios, mares, montanhas, vales, etc. Cada povo com o seu território. Deus sabe o que faz.

CONCLUSÃO

Deus não destruiu a torre de Babel por recear que o homem pudesse elevá-la até os céus, pois isto era impossível. Esta atitude do Criador foi uma resposta à desobediência dos descendentes de Noé, pois o Senhor lhes falara que crescessem, multiplicassem e enchessem a Terra. Temos aqui uma demonstração da soberania divina intervindo na vida humana para salvá-la.

REFERÊNCIAS:
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavra Chave. Rio de Janeiro: CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Editora Vida, 1998.
Hamilton, Victor P. Manuel do Pentateuco.  Rio de Janeiro: CPAD.
http://luloure.blogspot.com.br/
Merrill, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
Waltke, Bruce K. Gênesis. Editora Cultura Cristã.



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domingo, 22 de novembro de 2015

Lição 9 – Bênção e Maldição na Família de Noé

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

4º Trimestre/2015

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Gênesis 9.20-29

TEXTO ÁUREO: “Bendito seja o SENHOR, Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo.” (Gn 9.26,27)

INTRODUÇÃO

Quando terminou o dilúvio, Noé e sua família saíram da Arca e foram abençoados por Deus e povoaram novamente a Terra. Todas as nações e povos da terra descendem de Noé e dos seus filhos (Gn 10.32). O capítulo 10 de Gênesis mostra os descendentes dos filhos de Noé.
- Gênesis 10.2-5 alista os descendentes de Jafé, que emigraram para o norte e se estabeleceram nas terras costeiras dos mares negro e Cáspio. Foram os progenitores dos medos, dos gregos e das raças brancas da Europa e da Ásia. Os descendentes de Jafé formaram os povos indo-europeus, ou arianos. Embora não tivessem sobressaído na história antiga, tornaram-se nas raças dominantes do mundo moderno.
- Gênesis 10.21-31 alista os descendentes de Sem, que se estabeleceram na Arábia e nas terras do vale do tigre e do Eufrates, no Oriente Médio. Foram os progenitores dos hebreus, assírios, sírios, elamitas, caldeus e lídios. Foi dentre os descendentes de Sem que Deus escolheu o seu povo, cuja história constitui o tema central das Sagradas Escrituras.
- Gênesis 10.6-20 alista os descendentes de Cam, que se fixaram na Arábia meridional, no Egito meridional, na orla oriental do mar mediterrâneo e na costa setentrional da África. Os descendentes de Cam: Cuxe (etíopes), Mizraim (egípcios), Pute (líbios) e Canaã (cananeus). Os descendentes de Canaã estabeleceram-se num território que se denominou Canaã, território este que posteriormente se tornou a pátria do povo judeu. Eles constituíam a base dos povos que mais relações travaram com os hebreus. Eles estabeleceram-se na África, no litoral mediterrâneo da Arábia e na Mesopotâmia.
Entretanto, a história de Noé e de sua família, após a saída da Arca, não se configurou somente em bênçãos. Após as narrativas que estabeleceram a aliança de Deus com Noé e seus filhos, seguiu-se uma tragédia na família de Noé (Gn 9.20-29). Eis um resumo: (a) Noé se embriagou com o vinho da própria vinha (Gn 9.20,21); (b) embriagado, apareceu nu dentro de sua própria tenda (Gn 9.21); (c) seu filho Cam e seu neto Canaã viram a nudez de seu pai e dele zombaram (Gn 9.22); (d) Sem e Jafé ao tomarem conhecimento do fato, cobrem seu pai, sem contemplar-lhe a nudez (Gn 9:23); (e) Noé ao acordar profetiza bênçãos e maldições sobre os seus três filhos baseado nos atos anteriores (Gn 9:24-27).

I. A VINHA DE NOÉ

Além de um excelente marceneiro, Noé era lavrador. Ele planta uma vinha (Gn 9.20) - “E começou Noé a ser lavrador da terra e plantou uma vinha”. Esta é a primeira vez que a produção de vinho é aludida na Bíblia. Juntamente com a vinha, o patriarca constrói uma adega. E, com a ciência que trouxera da primeira civilização, põe-se a vinificar suas uvas. Desenvolvendo a enologia, produz a primeira safra de vinho da nova civilização. Mas essa sua nova atividade trar-lhe-ia constrangimento e desintegração espiritual ao lar.

1. A destemperança do patriarca. “E bebeu do vinho e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda” (Gn 9.21). 
É a primeira vez que a bebida alcoólica é falada na Bíblia e é coisa ruim, e continua sendo ruim na Bíblia toda. Noé, o grande herói da fé, caiu no pecado de embriaguez em seu próprio lar; ficou nu dentro de sua tenda. Este ato foi um mau exemplo para sua família; trouxe desgraças para um dos seus netos. Isto nos alerta que os longos anos de fidelidade não garantem que o homem seja imune a tentações novas.
Noé pode ter sido inocente, não conhecendo o efeito que a fermentação causa no suco de uva nem o efeito que o vinho fermentado exerce no cérebro humano. Isto, porém, não impediu que a vergonha entrasse no círculo familiar. Perdendo os sentidos, Noé tirou a roupa e se deitou nu. A nudez era detestada pelos primitivos povos semíticos, sobretudo pelos hebreus que a associavam com a libertinagem sexual (cf. Lv 18.5-19; 20.17-21).
Embora todas as pessoas ímpias tivessem morrido, a possibilidade do mal ainda existia nos corações de Noé e sua família. Isto nos mostra uma grande lição: até mesmo as pessoas fiéis estão sujeitas ao pecado e sua má influência afeta suas famílias. E mais: (a) A bebida alcoólica é para ser evitada, porque só se inclina para o pecado; (b) Satanás sempre está pronto para aproveitar a oportunidade de causar um homem justo cair; (c) O vinho é a corrupção da natureza da uva, da mesma maneira a bebida alcoólica corrompe uma nação moral e espiritualmente; (d) A única maneira certa de não ficar bêbado é não tomar o primeiro gole; (e) A bebida alcoólica só dá vergonha e desgraça para a pessoa e a família; (f) A bebida alcoólica tira a inibição da pessoa deixando-a fazer muita coisa que normalmente não fazia.

2. A irreverência de Cam. “Cam, pai de Canaã, vendo a nudez do pai, fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos” (Gn 9.22).
Ao deparar-se com o pai desnudo na tenda, Cam não se conteve. Saiu a contar a todos o que presenciara. Chamou a atenção de Sem, Jafé, das cunhadas, filhos e sobrinhos. Ele fez questão que todos vissem o homem mais piedoso da Terra numa situação acabrunhante e vergonhosa. Já imaginou se todos tivessem afluído à porta da tenda do velho patriarca para ver-lhe o opróbrio? Num único momento a humanidade teria se desencaminhado e, por certo, haveria de tornar-se pior do que a geração pré-diluviana.
Parece que Cam e seus dois irmãos foram alertados sobre a condição de Noé a fim de que todos os três ficassem do lado de fora da tenda “...fê-lo saber, fora, a seus dois irmãos”. Enquanto Sem e Jafé se recusaram a entrar na tenda, Cam não teve reservas para entrar. Este viu a nudez de seu pai e nada fez para preservar a dignidade; ele não cuidou para que Noé fosse devidamente coberto, mas irreverentemente desdenhou a seus irmãos a condição de Noé. Foi uma atitude desrespeitosa e aviltante, não muito diferente dos habitantes de sua geração antediluviana. Mais tarde, esse tipo de atitude foi arrolado como falta grave pela Lei de Moisés (Lv 18.7).
Qualquer que tenha sido a falta de Noé, ele estava dentro de sua própria tenda, em privacidade (Gn 9.21). Essa era a maneira que Sem e Jafé queriam. Todavia, Cam entrou, violando o princípio da privacidade. Como bem diz o pr. Claudionor de Andrade, quem ama não é indecente, mas discreto, lhano, gentil. Se assim devemos portar-nos em relação aos estranhos, o que não faremos concernente aos nossos pais? O filho mais novo de Noé não se importava com tais questões. Imbuído ainda do espírito da geração que perecera no Dilúvio, estava sempre disposto a caçoar e irreverenciar a todos, inclusive o próprio pai. Levando-se em conta que Noé representava a Deus naquele momento, a irreverência de Cam avultava-se como gravíssima blasfêmia. Ele poderia ter sido punido com a morte.
A Palavra de Deus coloca a irreverência no mesmo patamar dos pecados grandes e temíveis. Afirma Paulo que a Lei foi promulgada inclusive para castigar os irreverentes (1Tm 1.9). O mesmo apóstolo deixa claro que, nos últimos dias, a falta de respeito surgirá como um dos mais fortes sinais da chegada da apostasia final.

3. O respeitoso gesto de Sem e Jafé. “Então, tomaram Sem e Jafé uma capa, puseram-na sobre ambos os seus ombros e, indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai; e os seus rostos eram virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai” (Gn 9.23).
Sem e Jafé entraram na tenda, discretamente, de costas, e cobriram Noé. Eles agiram amorosa e nobremente. Eles agiram assim porque sabiam que ver a nudez de seu pai era um ato de profunda irreverência e desrespeito. “Não entreguemos o faltoso ao vitupério. Se agirmos com amor, poderemos recuperá-lo plenamente” (Tg 5.20). Doutra forma, perderemos almas mui preciosas aos olhos de Deus. Lembremo-nos da recomendação de nosso Senhor, de buscar a reconciliação” (Mt 18.15-18).
O procedimento de Sem e Jafé, ao usarem a capa para não ver seu pai, parece meio radical numa sociedade sexualmente permissiva, principalmente num mundo relativista e liberal em que vivemos. Os programas de televisão (em todos os canais), bem como a internet, nos têm insensibilizado à nudez ou grosseria sensual. Acho que os habitantes de Sodoma e Gomorra teriam vergonha de conviver com os habitantes do século XXI.

II. O JUÍZO DE NOÉ SOBRE A IRREVERÊNCIA DE CAM

Passada a embriaguez, Noé toma conhecimento do feito perverso de seu filho Cam e pronuncia uma palavra de juízo sobre ele, principalmente sobre seu neto Canaã.

1. A maldição de Canaã.  “Maldito seja Canaã...” (Gn 9:25). Por que Noé amaldiçoou Canaã e não Cam?
- É possível que a inclinação perversa de Cam fosse ainda mais acentuada em Canaã. Nesse caso, a maldição era uma profecia sobre o comportamento imoral de Canaã e a punição apropriada.
- Outra explicação é que o próprio Canaã pode ter cometido alguma vulgaridade contra seu avô, fato que Noé só tenha ficado sabendo mais tarde. Noé “soube o que lhe fizera o filho mais moço”. Talvez o versículo 24 se refira ao ”neto mais moço”, Canaã, e não ao “filho mais moço”, Cam. Na Bíblia, o termo “filho” com frequência significa “neto” ou outro descendente. Nesse episódio, Canaã não foi amaldiçoado por causa do pecado de seu pai, mas por causa de seu próprio pecado.
- Outra possibilidade é que a graça de Deus só tenha permitido a Noé amaldiçoar uma pequena parte dos descentes de Cam, e não o que poderia ser um terço da raça humana.
Devemos notar que, embora Cam tivesse outros filhos além de Canaã (Cuxe, Mizraim e Pute – Gn 10.6), a maldição foi especificamente para Canaã e seus descendentes, isto é, os cananeus da Palestina, e não para Mizraim, Cuxe e Pute, que provavelmente se tornaram os ancestrais dos egípcios, etíopes e dos povos negros da África, respectivamente. O cumprimento dessa maldição fez-se à época da vitória de Josué (1400 a.C.) e também na conquista da Fenícia e dos demais povos cananeus pelos persas. Os descendentes de Canaã radicaram-se na Palestina e na Fenícia (cf. Gn 10.15-19).
Canaã foi amaldiçoado a servir Sem e Jafé (Gn 9.25-27). A servidão dos cananeus aos israelitas pode ser observada em Josué 9.23 e Juízes 1:28. Esses textos têm sido utilizados para defender a escravidão da raça negra, mas não há absolutamente nenhum apoio para tal alegação. Não há evidências de que o povo cananeu fosse negro. Canaã foi ancestral do povo cananeu que morava na terra prometida antes da chegada de Israel. Os canaanitas foram totalmente extintos segundo a posição de vários biblistas e historiadores.

2. A bênção de Sem e Jafé. “E disse: Bendito seja o SENHOR, Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo” (Gn 9.26).
Isto implica que o Senhor seria o Deus dos semitas. Cumpriu-se notavelmente no povo hebreu, uma raça semita. Deus abençoou Sem (e a sua descendência) como o povo que ia ser honrado com o serviço do Deus vivo: Tabernáculo, Templo, revelação divina (Velho Testamento e a maior parte do Novo), as primeiras igrejas e o Messias vieram através dele.
“Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo” (Gn 9.27). Jafé foi abençoado com possessão territorial. Ele (e a sua descendência) recebeu a bênção de poder segurar e habitar nas maiores e melhores partes do mundo. São os descendentes de Jafé que têm dominado e controlado o mundo daqueles dias até hoje. Este povo tenta fazer paz com Sem(“habite nas tendas de Sem”) e participa nas bênçãos de Sem (foi enxertado em lugar de Sem – Rm 11.17-19).
Também que Cam ia ser o servo de Jafé. Além de Canaã receber a sua sentença imprecatória, esta foi reforçada em cada bênção pronunciada a seus irmãos. Os cananitas seriam escravos tanto dos semitas (o povo hebreu) quanto dos jafetitas (povos indo-europeus).

III. CUMPRE-SE A MALDIÇÃO DE CANAÃ

1. Canaã perde a sua herança. O pecado de Cam trouxe reflexos devastadores para os seus descendentes, principalmente aos descendentes de seu filho Canaã, que historicamente se tornaram um povo marcado por moralidades sórdidas, como os habitantes de Sodoma e Gomorra, que, também, eram descendentes de Canaã (Gn 10.19). Os descendentes de Canaã não demonstravam nenhum temor ao Deus de Noé; o principal deus deles era o ídolo Baal. A adoração dos cananeus a esse ídolo desceu às mais baixas profundezas da degradação moral. 
Tendo em vista a degradação moral e espiritual dos cananeus, sua destruição tornara-se inevitável. Antes de a nação de Israel entrar na terra prometida, Deus tinha dado instruções rigorosas quanto ao que deviam fazer com os moradores dali: deviam ser totalmente destruídos. Esta não foi uma pratica de imperialismo ou agressão, mas um ato de juízo divino. 
“E falou o SENHOR a Moisés, nas campinas dos moabitas, junto ao Jordão, de Jericó, dizendo: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando houverdes passado o Jordão para a terra de Canaã, lançareis fora todos os moradores da terra diante de vós e destruireis todas as suas figuras; também destruireis todas as suas imagens de fundição e desfareis todos os seus altos; e tomareis a terra em possessão e nela habitareis; porquanto vos tenho dado esta terra, para possuí-la” (Nm 33.50-53). 
“Das cidades destas nações, que o Senhor, teu Deus, te dá em herança, nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida. Antes, destrui-la-ás totalmente: aos heteus, e aos amorreus, e aos cananeus, e aos fereseus, e aos heveus, e aos jebuseus, como te ordenou o Senhor, teu Deus, para que vos não ensinem a fazer conforme todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses, e pequeis contra o SENHOR, vosso Deus” (Dt 20.16-18). 
O Senhor repetiu essa ordem depois dos israelitas atravessarem o Jordão e entrarem em Canaã. Em várias ocasiões, o livro de Josué declara que a destruição das cidades e dos cananeus pelos israelitas foi ordenada pelo Senhor (Js 6.2; 8.1,2; 10.8).
O povo de Deus da Nova Aliança, frequentemente argumenta sobre até que ponto essa destruição em massa do povo cananeu é corrente com outras partes da Bíblia como revelação divina, que tratam do amor, justiça de Deus e do seu repúdio à iniquidade. Porém, é bom ressaltar que Deus aniquilou os moradores de Canaã porque eles se entregaram totalmente à depravação moral. A arqueologia revela que os cananeus estavam envolvidos em todas as formas de idolatria, prostituição cultual, violência, a queima de crianças em sacrifícios aos seus deuses e espiritismo (cf. Dt 12.31;18.9-13; ver Js 23.12). 
A destruição total dos cananeus era necessária para salvaguardar Israel da destruidora influência da idolatria e pecado dos cananeus. Deus sabia que se aquelas nações ímpias continuassem a existir, o povo de Israel se desviaria para sempre do Senhor seu Deus (cf. Dt 20.18).
A destruição daquela geração de cananeus demonstra um princípio básico de julgamento divino:
Quando o pecado de um povo alcança sua medida máxima, a misericórdia de Deus cede lugar ao juízo (cf. Gn 11.20). Deus já aplicara esse mesmo princípio, quando do dilúvio (Gn 6.5,11,12) e da destruição das cidades iníquas de Sodoma e Gomorra (Gn 18.20-33; 19.24-25).
Tipifica e prenuncia o juízo final de Deus sobre os ímpios, no fim dos tempos. O segundo e verdadeiro Josué da parte de Deus, a saber, Jesus Cristo, voltará em justiça, a fim de julgar todos os ímpios (Ap 19.11-21). Todos aqueles que rejeitarem a sua oferta de graça e de salvação e que continuarem no pecado, perecerão assim como os cananeus. Deus abaterá todas as potências mundiais e estabelecerá na Terra o seu reino de justiça (Ap 18.20,21; 20.4-10; 21.1-4).

2. A bênção de Sem na pessoa de Israel. Gênesis 10.21 a 32 apresenta uma relação de nações oriundas de Sem. A Bíblia é uma grande fonte de informações a respeito das genealogias árabes. E os árabes são um povo semita (descendentes de Sem), tanto quanto os judeus. Concentrando o relato apenas no ramo que deu origem aos judeus a partir de Héber, temos que: a civilização Cananéia era tão corrupta que coexistir com eles seria uma grave ameaça à sobrevivência e ao bem-estar da nação dos hebreus. Israel é o instrumento do julgamento de Deus contra aqueles que se recusaram a honrá-lo.


3. Jafé participa da bênção de Sem. E, pela fé em Cristo, habitamos nas tendas de Sem (Gn 9.27). A profecia de Noé cumpriu-se rigorosamente. Os povos descendentes de Jafé foram os povos que conquistaram a Europa e a Ásia, tendo de fato uma “largueza de terras”. Esses povos tornaram-se os ancestrais de grandes nações como: Rússia, Lituânia, Polônia, Alemanha, Grécia, Roma, França, Ilhas Britânicas etc… Sobre a bênção de Jafé: Alguns entendem estas palavras como se referindo totalmente a Jafé, com a finalidade de denotar, em primeiro lugar: A sua prosperidade exterior, que a sua semente seria tão numerosa e tão vitoriosa que eles deveriam ser senhores das tendas de Sem, o que foi cumprido quando o povo judeu, a raça mais iminente de Sem, foi tributário primeiro dos gregos e depois dos romanos, ambos da semente de Jafé. Observe que a prosperidade externa não é uma marca infalível da verdadeira igreja. As tendas de Sem nem sempre são as tendas do conquistador. Ou, em segundo lugar, isto denota a conversão dos gentios, e a entrada deles na Igreja. E então deveríamos entender que Deus persuadiria Jafé (porque este é o significado da palavra), e então, sendo assim persuadido, ele habitaria nas tendas de Sem, isto é, judeus e gentios seriam reunidos no aprisco do Evangelho.

CONCLUSÃO

As falhas de Noé e de Cam nos advertem que, embora vivamos num lar aparentemente perfeito, a raiz do pecado está plantada profundamente em cada pessoa individualmente. A causa de nossos fracassos está em nós mesmos.

REFERÊNCIAS:
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavra Chave. Rio de Janeiro: CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Editora Vida, 1998.
Hamilton, Victor P. Manuel do Pentateuco.  Rio de Janeiro: CPAD.
http://luloure.blogspot.com.br/
Merrill, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
Waltke, Bruce K. Gênesis. Editora Cultura Cristã.



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“... perigos causados por falsos irmãos” [2 Coríntios11.26].

Se diz uma pessoa religiosa e vive espalhando contendas com seus disse me disse. Todavia, a pessoa que age assim deve saber que sua religião é vã, pois, Tiago disse: “Alguém está pensando que é religioso? Se não souber controlar a língua, a sua religião não vale nada, e ele está enganando a si mesmo” (Tg 1.26). Não adianta colocar a Bíblia debaixo do braço, frequentar todos os cultos, e não obedecer a Palavra de Deus. Aos que vivem dessa forma, Jesus alertou dizendo: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” [Mateus 7.21]. Eu posso te garantir que “a vontade de Deus” a qual Jesus se refere nesse versículo, não tem nada haver com contendas, ou com disse me disse. Então, tenha vergonha na cara e viva como uma testemunha fiel de Cristo na terra. Pare de escandalizar o Evangelho de Jesus Cristo. Ou será tarde demais (“Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar” [Mateus 18.6]). Que O SENHOR nos guarde desses falsos irmãos!
P.S.: Quem quiser vestir a carapuça fique a vontade.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Sinais Prévios da Volta de Cristo


INTRODUÇÃO

Diante da declaração de Jesus sobre a queda de Jerusalém e a destruição do seu majestoso templo (Mt 24.1,2), os discípulos fizeram-lhe a pergunta-chave que originou o grande discurso profético: “Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” O texto de Mateus 24, mormente os primeiros 14 versículos, é uma profecia com abrangência histórica e escatológica. Em primeiro lugar, diz respeito a Israel e, depois, refere-se à Igreja.

I. Engano. “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane; Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos” (Mateus 24.4,5).
“E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos” (Mateus 24.11).
“Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mateus 24.24).
Desde o século XX as ondas do engano tornaram-se perceptivelmente mais forte. O crescimento das religiões orientais e seus gurus enganou e engana a muitos. “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados” (2 Timóteo 3.13).

II. Guerras e rumores de guerras. “E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino...” (Mateus 24.6,7).
Tivemos duas grandes guerras mundiais. A primeira aconteceu de 1914 a 1918, e a segunda de 1939 a 1945. A destruição provocada por essas guerras mundiais é de mais de 69 milhões de mortes.

III. Fomes. “... e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares” (Mateus 24.7). 800 milhões de pessoas passam fome no mundo. 30 pessoas morrerem de fome por minuto. No mundo, a cada mês que passa, um milhão de crianças morrem de fome.

IV. Pestes (epidemias). “... e haverá... pestes... em vários lugares” (Mateus 24.7). São doenças tais como: tuberculose, febre amarela, hepatite, alergias, doenças de pele, depressão (doença do século), AIDS, câncer etc. Essas doenças já mataram milhões de pessoas em todo o mundo.

V. Terremotos. “e haverá ...terremotos, em vários lugares” (Mateus 24.7). No século 20 até maio de 1997, já haviam ocorrido 96 grandes terremotos, hoje ultrapassa os 150. Esses terremotos teriam matado mais de 2 milhões de pessoas.


VI. Tribulações. “Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino...” (Mateus 24.7). O século passado, assim como o atual, é caracterizado por resoluções, levantes e revoltas.

VII. Perseguições. “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome” (Mateus 24.9). Mesmo que aqui se trate do tempo da Tribulação e do início das dores, este sinal igualmente tem seus prenúncios mais fortes. 20 cristãos morrem por dia, quase um a cada hora. Nos últimos dez anos, mais de 200 mil cristãos foram mortos em decorrência da perseguição religiosa.

VIII. Apostasia. “Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão” (Mateus 24.10). Voltarão a cair em pecado, apostatarão da fé, afastar-se-ão do Senhor: isso diz respeito ao tempo da Grande Tribulação, quando acontecerá uma profunda divisão entre o povo judeu. Alguns farão aliança com o Anticristo, os outros reconhecerão o Messias. Mas o nosso tempo é caracterizado pela apostasia como nenhum outro.

IX. Terrorismo. “...coisas espantosas, e grandes sinais do céu” (Lucas 21.11). A palavra original transmite a ideia de temor, terror, aterrorizar, amedrontar. Presenciamos recentemente alguns ataques com tiros e explosões organizados pelo terrorismo islâmico, que deixaram 129 mortos em Paris. Quem não se lembra dos ataques ou atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, onde morreram quase três mil pessoas.

X. A iniquidade multiplicada. “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mateus 24.12). Dostoievski disse: “Onde Deus não é mais respeitado, tudo é permitido”. Desde os anos 60 houve um rompimento com a ética cristã-bíblica. Não estão respeitando nem os espaços públicos para cometerem suas iniquidades.

XI. O esfriamento do amor. “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mateus 24.12). Quanto mais nos distanciamos de Deus, mais nos distanciamos do amor. Maridos e esposas sentem-se solitários, filhos crescem sem o cuidado de seus pais. O comportamento da sociedade é cada vez mais destituído de amor, cada vez mais agressivo.

CONCLUSÃO

Os sinais da vinda de Jesus devem ser assunto de interesse para todos os crentes despertados e ao mesmo tempo um grande alerta para os crentes descuidados e adormecidos espiritualmente. E, assim, possam entender que, apesar dos teólogos divergirem quanto a distinguir os primeiros 14 versículos de Mateus 24 como sendo dentro da era da graça ou da Igreja, o segredo para escapar, principalmente do período dos tempos dos gentios (que antecede a Grande Tribulação — Mt 24.14), é “perseverar até o fim” (Mt 24.13).


REFERÊNCIAS:

BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Editora Vida, 1998.

CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 3º Trimestre de 1998.

https://www.bibliaonline.com.br/ Acesso em 17 nov. 2015.

https://www.google.com.br Acesso em 17 nov. 2015.

LIETH, Norbert. O sermão profético de Jesus: uma interpretação de Mateus 24 e 25. Porto Alegre: Actual Edições, 2005.

Lição 8 – O Início do Governo Humano

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

4º Trimestre/2015

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Gênesis 9.1-13

TEXTO ÁUREO: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus.” (Rm 13.1)


INTRODUÇÃO

Já fora da Arca, Noé e sua família empreendem um novo mundo civilizatório e um novo governo. Alguns milhares de anos atrás o mundo foi iniciado com duas pessoas, agora inicia-se com oito; contudo, requer-se bastante ousadia para reconstruir tudo de novo. Noé recebe instruções especificas do Criador, a fim de que ele e seus filhos cumpram fielmente a Sua vontade: edificar uma sociedade fundamentada no amor a Deus e ao próximo. Deus novamente delega ao homem a direção do planeta e a administração da justiça.

I. UM NOVO COMEÇO

Ao sair da Arca, Noé entrou em um mundo purificado pelo juízo de Deus; figurativamente era uma nova criação e a civilização humana começaria de novo. Deus estabeleceu a nova ordem dando provisões básicas pelas quais a vida do homem se regeria na Terra depois do dilúvio: (a) para dar segurança ao homem prometeu que as estações ficariam restabelecidas para sempre (Gn 8.22); (b) reiterou o mandamento de que o homem se multiplicasse (Gn 9.7); (c) confirmou o domínio sobre os animais dando-lhe permissão para comer sua carne, porém não o seu sangue (Gn 9.4); (d) estabeleceu a pena capital (Gn 9.6); (e) fez aliança com o homem prometendo-lhe que jamais voltaria a destruir a Terra por meio de um dilúvio (Gn 9.13,14).

1. Um novo relacionamento com a natureza. “E será o vosso temor e o vosso pavor sobre todo animal da terra e sobre toda ave dos céus; tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar na vossa mão são entregues” (Gn 9.2). 
Deus renovou com Noé a supremacia do homem sobre todos os demais seres que existem sobre a face da Terra. Apesar de ter desobedecido a Deus e de ter causado a sua total destruição, o homem foi mantido na posição de mordomo da Terra, de ser superior e dominador frente aos demais. 
- “E será o vosso temor e o vosso pavor sobre todo animal da terra e sobre toda ave dos céus...”. Estes termos parecem ser mais estranhos do que “domínio” em Gn 1.28 e implica que a interação entre humanos e animais não seria pacífica, justamente como Gn 9.6 pressupõe o mesmo quanto aos seres humanos. A intenção divina era que os seres humanos se submetessem voluntariamente a Ele, e que os animais fizessem o mesmo a eles (isso só ocorrerá novamente no Milênio - Isaías 11.6-9). Mas ambos, humanos e animais, transgrediram insolentemente suas funções designadas. Aparentemente, antes do dilúvio, quando toda carne corrompeu seu comportamento (ver Gn 6.12), os animais saíram de seu controle, não mais tendo medo dos seres humanos. A despeito do pecado humano, Deus agora confirma e realça o domínio humano sobre os animais.

2. Uma nova dieta.  “Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos tenho dado, como a erva verde. A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis” (Gn 9.3,4). 
Na nova dieta, Deus passou a permitir a alimentação de carne. Até então, pelo que se deduz de Gênesis 1:30, o propósito divino era de que somente a erva verde servisse como mantimento, ainda que, desde Abel, houvesse atividade de criação de animais. Agora, Deus permite explicitamente que a carne seja utilizada como alimento, com exceção do sangue, cujo consumo foi proibido (Gn 9.4). 
Por que foi proibido comer o sangue? Alguns estudiosos creem que o sangue é o símbolo da vida, a qual só Deus pode dar; portanto, o sangue pertence a Deus e o homem não deve tomá-lo (ler Dt 12.23). Há, porém, uma explicação mais bíblica. A proibição preparou o caminho para ensinar a importância do sangue como meio de expiação (cf. Lv 17.10-14). O sangue representa uma vida entregue na morte. Eis um motivo pelo qual, já na época da dispensação da graça, se manteve a proibição do consumo de sangue entre os gentios que se convertessem ao Evangelho (At 15.29). Esta proibição não decorreu da lei de Moisés, mas, sim, é resultado do pacto de Deus com Noé, uma aliança que deve ser seguida por todos os homens, pois se tratou de um compromisso firmado entre Deus e Noé, que ali representava toda a humanidade.

3. A bênção divina. Deus abençoou a Noé e a sua família, prometendo-lhe fecundidade, para que novamente enchessem a Terra. Todas as nações que hoje existem sobre o planeta são resultado desta bênção de multiplicação – “E abençoou Deus a Noé e a seus filhos e disse-lhes: frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 9.1). Noé e sua família teriam de recomeçar um processo civilizatório que, por causa do Dilúvio, perdera milhares de anos de invenções, descobertas e avanços tecnológicos para o período antediluviano.

4. Um gesto de gratidão. Ao sair da Arca, Noé não foi fazer uma festa, nem comemorar com sua família a salvação. A primeira coisa que Noé fez, mostrando que era diferente dos homens de sua geração, agora já completamente destruída, foi oferecer um grande sacrifício a Deus como sinal de sua gratidão pelo grande livramento passado e como consagração de sua vida a Deus para o futuro - “E edificou Noé um altar ao SENHOR; e tomou de todo animal limpo e de toda ave limpa e ofereceu holocaustos sobre o altar” (Gn 8.20). 
Noé buscava, em primeiro lugar, o relacionamento com Deus, pensava nas coisas que são de cima, no reino de Deus e na sua justiça. Por isso, não havia se contaminado com o pecado, não havia se misturado com a iniquidade nem com os iníquos. Noé andava com Deus (Gn 6.9) e, por isso, a sua prioridade era agradecer ao Senhor, adorá-lo pela Sua benevolência. 
Com esse gesto, Noé não apenas salvara a si e a sua família, mas salvava toda a humanidade, de todos os tempos posteriores a ele, de uma nova destruição por água. Por cheirar o suave cheiro do sacrifício de Noé, o Senhor decidiu nunca mais destruir o mundo com um dilúvio, estabelecendo, então, uma promessa: “E o SENHOR cheirou o suave cheiro e disse o SENHOR em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice; nem tornarei mais a ferir todo vivente, como fiz. Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não Cessarão” (Gn 8.20-22).

II. O ARCO DE DEUS

Deus Se agradou tanto da justiça e da retidão de Noé que com ele firmou um pacto, uma aliança, que os estudiosos da Bíblia denominam de “pacto noaico”: “não haverá mais dilúvio para destruir a Terra”. Deus tinha um novo plano de vida para o recomeço da existência sobre a Terra. Tudo deveria ser renovado, visto que a geração que pereceu no Dilúvio havia se rebelado contra o Criador e prestava culto a deuses fictícios, e dava maior ênfase ao antropocentrismo. Agora, o Senhor espera que Noé e seus filhos restaurem o culto verdadeiro ao único que é digno de toda glória. Por isso, fez um novo pacto com o homem para começar uma nova civilização e um novo governo humano.

1. Um novo pacto com a humanidade. “E eu convosco estabeleço o meu concerto, que não será mais destruída toda carne pelas águas do dilúvio e que não haverá mais dilúvio para destruir a terra” (Gn 9.11). 
Tendo esclarecido as responsabilidades que o homem teria sobre a Terra, Deus passa a dar destaque à sua relação especial com o homem estabelecendo um pacto, uma aliança com Noé e seus descendentes. A ênfase deste concerto estava na misericórdia e não na punição – misericórdia estendida a todas as criaturas (ver Gn 9.10,11). 
A aliança com Noé é a primeira que se encontra na Bíblia. A relação de Deus com seu povo mediante alianças veio a ser assunto importantíssimo. Deus estabeleceu sua aliança sucessivamente com Noé, com Abraão, com Israel (por meio de Moisés) e com Davi; até que Cristo veio e inaugurou a nova aliança.

2. O sinal do pacto noético. “E disse Deus: Este é o sinal do concerto que ponho entre mim e vós e entre toda alma vivente, que está convosco, por gerações eternas. O meu arco tenho posto na nuvem; este será por sinal do concerto entre mim e a terra. E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o arco nas nuvens. Então, me lembrarei do meu concerto, que está entre mim e vós e ainda toda alma vivente de toda carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio, para destruir toda carne. E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar do concerto eterno entre Deus e toda alma vivente de toda carne, que está sobre a terra” (Gn 9.12-16). 
Deus fez um pacto com Noé e com toda a humanidade prometendo não mais destruir o mundo através de dilúvio. Ao presenciar a terrível destruição pelo juízo de Deus, o homem poderia perguntar-se: "Valerá a pena edificar e semear? Pode ser que haja outro dilúvio e arrase tudo!". Mas, para dar-lhe segurança de que a raça humana continuaria e o homem teria um futuro garantido, Deus fez aliança com ele. Deixou o arco-íris como sinal de sua fidelidade. É provável que o arco-íris já existisse, mas agora se reveste de novo significado. Ao ver o arco-íris nas nuvens de tormenta, o homem se lembraria da promessa misericordiosa de Deus.

III. O PRINCÍPIO DO GOVERNO HUMANO

As oito pessoas que foram salvas do Dilúvio dariam agora início a uma nova civilização. Era um novo período de tempo, denominado de governo humano por causa das leis humanas e governos que foram instituídos, para regular a vida dos homens após a longa era de liberdade de consciência. Deus deu a Noé determinadas leis para que tanto ele quanto sua família e todos os seus descendentes fossem governados por elas. O homem passou a ser responsável pelo seu próprio governo.

1. O governo humano. O governo humano, que foi estabelecido por Deus, faz parte de um governo moral de Deus. Teologicamente, o governo humano é a autoridade que Deus entregou a Noé e a seus filhos, tendo como objetivo administrar a justiça, ordenar politicamente a sociedade e tornar sustentável a Terra. Embora o governo seja humano, a soberania é divina. O principal alvo do governo civil-moral é o bem acima de tudo, e os governos civis e familiares são necessários para assegurar ou alcançar esse fim.

2. O aperfeiçoamento do governo. No período do governo humano várias leis foram dadas, com o homem agora sendo responsável por reinar ou administrar para o bem de todos. As leis são necessárias para a preservação da sociedade humana na Terra (Rm 13.1-7; 1 Pe 2.13-15). Sem a existência, execução de leis e punição, nenhum governo pode durar muito tempo. Veja as primeiras leis dadas a Noé, no início do Governo Humano:

a) Frutificai, multiplicai e enchei a terra (Gn 9.1,7).

b) Reine sobre os animais (Gn 9.2).

c) É permitido comer animais, e não somente grãos e ervas vegetal (Gn 9.3).

d) Não coma sangue de animais (Gn 9.4).

e) Não cometa assassinato (Gn 9.6). O homem é de grande valor e a vida é sagrada, pois "Deus fez o homem conforme a sua imagem".

f) Mantenha minha aliança eternamente (Gn 9.9-17).

3. Importância e objetivos das primeiras leis civis dadas por Deus. Algumas dessas leis formaram a base das leis humanas, em todas as eras ao longo dos anos: (a) Elas são necessárias para punir criminosos sejam indivíduos ou nação Rm 13.3-4; (b) Testar o homem sob o novo padrão de conduta. O homem tinha falhado em viver corretamente sem leis e sem ameaça de punição. Agora ele era forçado a obedecer ao certo e rejeitar o errado.

4. A intervenção extraordinária de Deus. Conquanto Deus haja delegado ao homem o governo do mundo, Ele continua a comandar todas as coisas. A todo instante Ele vem intervindo, quer na história das nações, quer na biografia de cada pessoa. 
Quando necessário, intervém extraordinariamente. Interveio em Sodoma e Gomorra, destruindo ambas as cidades. Interveio no Egito, arrancando de lá a Israel. Se lermos a história universal com as lentes da soberania divina, constataremos que Deus interveio em Roma, levando-a ao desaparecimento. Na Europa, criando nações e abatendo impérios. São intervenções divinas na comunidade humana. De fato, o governo é nosso, mas o controle é de Deus. Ainda que o ignoremos, continuará Ele a reinar absoluto sobre todas as coisas (Sl 99.1) – “O SENHOR reina; tremam as nações. Ele está entronizado entre os querubins; comova-se a terra”.

CONCLUSÃO

Pelo fato de o governo civil existir para o bem de toda a sociedade, Deus lhe confere o “poder da espada”, o uso legal da força para aplicar as leis justas (Rm 13.4). Os crentes devem reconhecer isso como parte da ordem de Deus. Porém, se o governo civil proíbe aquilo que Deus exige ou exige aquilo que Deus proíbe, os crentes não devem submeter-se, e alguma forma de desobediência civil se torna inevitável (At 4.18-31; 5.17-29). Temos, ainda, a responsabilidade de exigir que os governos civis cumpram o seu devido papel. Devemos orar pelos governantes, obedecer-lhes e estar atentos com relação a eles (1 Tm 2.1-4; 1 Pe 2.13-14), lembrando-os de que Deus os estabeleceu para governar, proteger e manter a ordem.


REFERÊNCIAS:
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavra Chave. Rio de Janeiro: CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Editora Vida, 1998.
Hamilton, Victor P. Manuel do Pentateuco.  Rio de Janeiro: CPAD.
http://luloure.blogspot.com.br/
Merrill, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
Waltke, Bruce K. Gênesis. Editora Cultura Cristã.



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