quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Quanto valem 365 dias de vida?


Na Holanda se discute quanto a sociedade deveria pagar pelo tratamento médico de um único paciente. Para felicidade nossa, Deus calcula de maneira bem diferente.
Conforme o boletim TOPIC, na Holanda se discute quanto a sociedade estaria disposta a gastar para prolongar uma vida humana por mais um ano. Essa questão surgiu com a polêmica acerca do destino de uma jovem mãe com câncer. Ela precisava de um medicamento extremamente caro, que não garantia sua cura. A questão em debate era se deveria ser estipulado um limite máximo para as despesas médicas que a sociedade estaria disposta a pagar para prolongar uma vida por mais 365 dias. Estabelecer um custo máximo também aliviaria a responsabilidade dos médicos, que precisam tomar sérias decisões quanto aos tratamentos de seus pacientes. Essa polêmica poderia prosseguir, como aconteceu com a eutanásia. Pelo que se percebe, começam a tomar forma as tentativas de transformar a duração da vida humana em uma mercadoria, ou seja, de estipular seu valor em dinheiro para equipará-la a um bem que pode ter preço estipulado e seja vendável. A respeito, cito a interessante declaração de Neil Postmann, conhecido crítico dos excessos da tecnologia:
É inquestionável que cada vez menos pessoas sentem-se comprometidas com os valores e as reivindicações de autoridade da Bíblia ou de outras tradições religiosas. Por isso, suas decisões deixaram de ser éticas para serem somente práticas, decisões que, em seu âmago, levam em consideração os ditames do mercado.
Deus calcula de forma bem diferente!
Em três parábolas, o Senhor nos mostra o grande valor de cada vida humana:

1. A parábola da ovelha perdida

“Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles. Então, lhes propôs Jesus esta parábola: Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (Lc 15.1-7).
Uma única ovelha de um rebanho de cem animais equivale a 1%! Jesus, o Bom Pastor, não se importa de andar muito procurando uma de Suas ovelhas que se perdeu. Ele faz tudo para salvar essa ovelha em particular. Para Ele, a ovelha perdida não é apenas mais um número ou uma porcentagem; é uma vida preciosa que Ele quer levar para o reino dos céus. Ele, que sustenta e mantém todo o Universo, em cujos ombros repousa todo o poder (Is 9.6) não se acha grande demais para ir atrás de uma de Suas ovelhas perdidas, de colocá-la em Seus ombros e de levá-la para casa.

2. A parábola da dracma perdida

“Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido. Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (Lc 15.8-10).
Lembro bem do que sempre nos ensinavam quando eu era criança: “Quem não cuida do tostão não merece o milhão”! Na parábola da dracma perdida vemos que o valor do bem perdido equivalia a 10% do total. Jesus veio como luz para o mundo, para buscar o que se havia perdido. Nem um homem sequer lhe é indiferente. Cada um tem valor infinito em relação à vida eterna.

3. A parábola do filho pródigo

“Continuou: Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres. Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade. Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para seus campos a guardar porcos. Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada. Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se” (Lc 15.11-24).
Essa parábola fala de 50%. Será que o Todo-Poderoso, que tem tudo à Sua disposição, não poderia prescindir de uma só pessoa? Não! Ele não abre mão de ninguém! Cada um é importante! Ele se interessa particularmente por cada ser humano. Ele quer estar perto de cada um, cuidar de cada um e estender Seus braços a cada um, por mais perdido que esteja.
Deus está disponível para todos. Afinal, Ele entregou Seu Filho 100%, integralmente, pelo mundo inteiro. Cem por cento por cem por cento! Tudo por todos! “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).
Vemos que o Senhor sempre dá tudo de si, começando com um por cento até atingir todas as pessoas. E nós? Fazemos contas, calculamos e avaliamos se vale a pena deixar alguém viver mais um ano...


Norbert Lieth — Chamada.com.br

O Vaso e Seu Oleiro


Saulo, mais tarde conhecido como Paulo, encontrava-se orando quando foi chamado pelo Deus eterno (At 9.11). O Senhor viu esse homem em oração, um homem piedoso e temente a Deus, um descendente de Abraão que certamente já orara muitas vezes durante sua vida (veja Fp 3.5-6). A oração era uma das características dos fariseus; alguns deles, porém, oravam apenas para serem vistos pelos homens (Mt 6.5). Paulo também era fariseu. Mas agora, pela primeira vez na vida, ele dirigia suas orações a Jesus Cristo. Deus reagiu imediatamente aos pedidos feitos em Nome de Jesus, ajudando Paulo na situação de aflição em que se encontrava e chamando-o para o ministério. A característica infalível que identificava e continua identificando alguém como cristão é orar em nome de Jesus (At 9.22). Essa constatação torna supérfluas todas as discussões acerca da divindade de Jesus: Seus primeiros seguidores eram reconhecidos por orarem a Jesus Cristo! O judeu chamado Jesus Cristo é Deus. Orar a Jesus é orar a Deus. E no momento em que Saulo voltou-se sinceramente para Jesus, clamando e chamando-o de Senhor, teve início em sua vida um processo que poderíamos ilustrar com o que acontece com o barro na roda do oleiro. O próprio Senhor chamou Paulo de “vaso escolhido” (At 9.15). Com sua oração a Jesus, Paulo abriu seu coração para a ação divina em sua vida pessoal, recebendo em troca um ministério a ser exercido para seu Senhor. Tornou-se um “instrumento escolhido”, como dizem outras traduções. E o Senhor começou a trabalhar em Paulo como trabalha em cada um de nós quando nos abrimos para Ele. Como Saulo, nós também somos vasos escolhidos por nosso Senhor Jesus Cristo (veja Tt 1.1; 2Co 4.7).

Sete características do vaso

Um vaso de barro tem sete elementos que o caracterizam:
o material de que é feito;
uma abertura para enchê-lo;
o conteúdo para o qual foi fabricado;
uma alça ou cabo para segurá-lo;
seu fundo, sua superfície de contato;
eventuais enfeites em seu exterior;
a etiqueta ou selo do oleiro.

1. O material do vaso

O vaso é feito de barro, que deve ser mole e maleável. “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2Co 4.7). Essa é uma declaração importante: o tesouro está em vasos de barro. Os recipientes são frágeis. Precisamos ter isso em mente. Vasos de barro, de argila, de terra, somos nós, homens feitos do pó da terra. E vasos de barro significam conflitos, lutas, fraquezas e limitações humanas. Percebemos muito nitidamente essa realidade quando precisamos trabalhar em equipe ou quando nos reunimos em igrejas locais. A convivência expõe toda a nossa fragilidade. Não existem cristãos super-homens ou super-mulheres. Não existe uma experiência com o Espírito Santo que nos transforme em super-cristãos de um momento para o outro (basta ler o sóbrio conselho de Colossenses 3.13). As múltiplas exortações e as repetidas admoestações nas cartas do Novo Testamento nos mostram que, enquanto vivermos nesta terra, estaremos na roda do oleiro divino sendo moldados e transformados por Ele (2Co 3.18). Um oleiro trabalha peça por peça. Faz cada vaso individualmente. Um diferente do outro. Um vaso não é tijolo fabricado em série. Tijolos são prensados na mesma forma, todos com a mesma aparência. É o que todas as seitas almejam e o que os ditadores mais querem: fazer todos iguais, sem individualidade e sem personalidade. Mas nós somos bem diferentes, temos dons diferentes e capacidades distintas. Somos todos peças originais criadas por nosso Oleiro divino. Nosso Deus é muito criativo!

2. A abertura do vaso

Quando Saulo começou a orar, estava sinalizando sua receptividade e sua fome espiritual, como um filhote de passarinho abrindo o bico e pedindo comida.
Quando Saulo começou a orar, estava sinalizando sua receptividade e sua fome espiritual, como um filhote de passarinho abrindo o bico e pedindo comida. O Salmo 81.10 nos lembra dessa imagem: “Abre bem a boca, e a encherei”. O homem é como um recipiente a ser preenchido. Paulo enfatizou aos coríntios de coração estreito: “Para vós outros, ó coríntios, abrem-se os nossos lábios, e alarga-se o nosso coração. Não tendes limites em nós; mas estais limitados em vossos próprios afetos” (2Co 6.11-12). Paulo tornou-se um homem que tinha um imenso coração para com os outros, um cristão de coração alargado e dilatado em seu afeto por seus irmãos e irmãs em Cristo. Na medida em que nos abrimos para Deus, tornamo-nos bênção para outros. Jesus disse: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.38). Como vasos de Deus devemos estar abertos para receber e abertos para dar.

3. O conteúdo

A responsabilidade é nossa: permitir ou impedir que o Senhor nos encha. Deus não força ninguém. Em relação ao vaso, o que importa é seu conteúdo. O que está em seu interior é sua única razão de ser. E a exortação de Colossenses 3.16 mostra que o processo não é automático, pois a Escritura ordena: “Habite, ricamente, em vós, a palavra de Cristo”. Nós somos responsáveis por aquilo que habita em nós e pelo que nos preenche (veja Ef 5.18).

4. A alça

Tomar chá em uma delicada xícara de porcelana chinesa é uma legítima acrobacia. A alcinha minúscula da xícara torna quase impossível segurá-la, e apesar de nosso esforço, ela balança entre nossos dedos. Por isso, as canecas grandes são as preferidas para o café de cada dia. Xícaras generosas, com uma boa alça. A facilidade em usar um recipiente torna-o mais usado ou menos usado por seu proprietário. Esse é um pré-requisito importante para que a vasilha seja usada conforme o planejado. Eis uma ilustração que podemos aplicar a nós.
Na vida de Paulo podemos acompanhar sua transformação radical. De furioso e fanático perseguidor de crentes tornou-se um homem bondoso e amável. Essa mudança foi tão profunda e completa que ele nem se envergonhava de usar a imagem de uma mãe amamentando seu filho para ilustrar todo o seu carinho e seu imenso amor pela igreja de Tessalônica (1Ts 2.7-8). Em Gálatas 4.19 ele menciona as dores e os sofrimentos de um parto para falar do sofrimento que acompanha o renascer espiritual de alguém a quem pregamos o Evangelho. A sua despedida de Éfeso evidencia o que ele havia semeado através de seu empenho altruísta e de seu trabalho intensivo entre os membros dessa igreja: amor e carinho mútuos: “Então, houve grande pranto entre todos, e, abraçando afetuosamente a Paulo, o beijavam, entristecidos especialmente pela palavra que ele dissera: que não mais veriam o seu rosto. E acompanharam-no até o navio” (At 20.37-38, veja também o versículo 31). Expressões como grande pranto e o beijavam sublinham a grata afeição que esses cristãos tinham por Paulo e o quanto valorizavam seu trabalho. Eles o amavam de todo o seu coração. Os efésios haviam encontrado o caminho a Deus através dos ensinos do mensageiro Paulo, que cuidou deles por alguns anos. Juntos eles superaram crises, foram edificados espiritualmente e amadureceram na sua fé em Cristo. Paulo frisou que trabalhou pessoalmente com cada um deles. Isso não aconteceu na corrida ou de forma anônima na multidão de uma mega-igreja. E Paulo não se empenhou pelos mais simpáticos ou mais fáceis de lidar. Todos foram aceitos na igreja como preciosos filhos de Deus, cuidados e pastoreados com carinho e dedicação. Tudo isso fazia de Paulo um homem vulnerável às frustrações e à dor que os relacionamentos humanos costumam trazer consigo. Ele permitia ser tocado pelos outros. Ele permitia ser usado pelo seu Oleiro.
Hoje em dia temos todos a forte tendência de formar grupinhos. Sentimo-nos confortáveis com aqueles que são como nós, que nos agradam e concordam conosco. Para alguns oferecemos a “alça” onde podem nos tocar. Para outros somos legítimos espinheiros, como vemos no exemplo de Diótrefes (3Jo 10). Fica a pergunta: somos fáceis de lidar ou pessoas difíceis? Somos complicados ou abertos aos irmãos? Nossa influência é positiva ou negativa? Somos vasos de bênçãos ou cactus espinhentos?
Lemos acerca de Moisés: “Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3). Como Moisés conseguia ser tão manso sem a ajuda da Psicologia ou da Psicoterapia? Em Hebreus 11.24-26 descobrimos Moisés na galeria dos heróis da fé: “Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão”. Moisés tinha de tomar decisões. Uma delas era escolher entre confiar em si mesmo ou confiar exclusivamente em Deus. Ele optou por ser usado por Deus. E foi transformado por Ele! Outra decisão sua foi escolher seguir a Deus ao invés de se agarrar aos tesouros e à sabedoria do Egito. Foi uma decisão de grandes conseqüências. E nós, como nos decidimos? Será que preferimos ficar sonhando com um tesouro como aquele encontrado no sepulcro do faraó Tutancâmon? Moisés teve essa opção de viver na riqueza, mas sua decisão foi outra. Ele fez a melhor escolha: optou por servir ao povo de Deus.

5. O fundo do vaso

Um oleiro trabalha peça por peça. Faz cada vaso individualmente. Um diferente do outro. Um vaso não é tijolo fabricado em série, prensado na mesma forma. Somos uma obra de arte do Oleiro divino.
Quanto maior o vaso, mais sua estabilidade dependerá de sua base. Um prato com fundo irregular fica girando na mesa. Parece engraçado, mas a refeição fica complicada. Uma tradução judaica diz em Jeremias 31.22: “Por quanto tempo ainda você ficará girando em círculos, ó filha rebelde?” (Zuns). Girar em círculos define muito bem o ritmo da vida natural, uma vida errante, com seus ciclos monótonos e repetitivos e sua espiral de prazer que nunca tem fim. Paulo apontava para uma direção bem diferente: “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Co 15.58). No Salmo 17.5 vemos o crente movendo-se não em círculos, mas com firmeza, com rumo e direção: “Os meus passos se afizeram às tuas veredas, os meus pés não resvalaram”. Rumo e direção tornam-se ainda mais importantes em nossa época, tão destituída de valores e com sua cultura cada vez mais ímpia. Como diz a Escritura, “para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro” (Ef 4.14). Com Jesus nossa vida está assentada sobre um fundamento firme. Sem Jesus construímos castelos de areia que a maré carrega.

6. Os enfeites

A passagem de 2 Coríntios 11.3 tem muito significado para os que já são “vasos escolhidos”: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo”. Simplicidade e pureza, eis o lema de nossas vidas. Eis o que o Oleiro divino espera de nós. As mulheres do Novo Testamento exemplificam essa verdade quando são instadas a se adornarem com recato, sem exageros, buscando antes de tudo o adorno interior: “Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus” (1Pe 3.3-4; veja 1Tm 2.9). O contrário de simplicidade e singeleza seria aparência vistosa, enfeites em demasia e cuidados exagerados com a aparência exterior. A ética cristã enaltece os valores verdadeiros e a beleza interior, bem oposta à “concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1Jo 2.16). Por isso devemos cuidar para não sermos contagiados pelas falsas avaliações dos meios de comunicação. “Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus” (1Co 1.26-29). Diante da eternidade, muitos defeitos e fragilidades são completamente irrelevantes. Orelhas de abano, nariz grande demais... todas as coisas exteriores tornam-se simplesmente ridículas diante da grandiosidade da eternidade. Os “enfeites” de um vaso são secundários!

7. O selo de qualidade

Sem Jesus construímos castelos de areia que a maré carrega.
Na porcelana nobre, o selo de qualidade e a marca do fabricante ficam discretamente no fundo da peça. Sem chamar a atenção. Bem ao contrário das imensas etiquetas que vemos em certas peças de roupa. Para nós, o que importa é o selo divino, a marca de qualidade que Deus nos concede: “...visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração” (1Ts 2.4). E “bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam” (Tg 1.12). “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15). “Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna” (1Tm 1.16). Isso é aprovação divina! Paulo, o vaso escolhido, o instrumento útil nas mãos de Deus, tornou-se exemplo para todos os cristãos por seu andar, seu agir e seu falar aprovado por Deus. Seus sofrimentos desempenharam um papel importante no processo, justamente como o Senhor Jesus profetizara a ele no início de sua carreira de cristão (At 9.15-16).

Moldados pelo sofrimento

O tratamento dispensado ao vaso durante sua confecção não é delicado nem suave. No início o barro é amassado e socado até ficar homogêneo e sem impurezas. Depois vem o acabamento, a retirada das sobras e saliências que tiram a beleza do todo. A analogia com nossa vida, já que somos vasos que Deus escolheu, torna-se bem evidente: também passamos por um tratamento doloroso até sermos úteis nas mãos do nosso Grande Oleiro. Certamente teremos de enfrentar sofrimentos e dissabores, perseguições e aflições, se quisermos ser aprovados como vasos úteis para nosso dono. Como exemplo, se argumentamos que o homossexualismo é anti-natural e perverso (basta observar a anatomia dos corpos), ou se negamos que o aborto seja um direito humano fundamental (como muitos pretendem que seja), e se também não aceitamos a tolerância religiosa absoluta, que chega a proibir a evangelização para que ninguém seja “coagido” a crer em Cristo, então devemos estar prontos a sofrer. Nessa era pós-moderna, a tendência é aceitar tudo e admitir todo e qualquer comportamento. Mas se os cristãos abrem a boca são atacados, ridicularizados e chamados de inimigos da democracia. “Pregadores do ódio” é um dos títulos que os cristãos verdadeiros recebem ao pregar a verdade bíblica. A criminalização do discipulado verdadeiro já está em curso especialmente em países da Europa. Vemos a democracia sem o temor de Deus desaguando rapidamente em anarquia e anticristianismo.
Os países da Reforma Protestante sentem fortemente o empuxo desse processo negativo. Muitos cristãos sentem-se desconfortáveis com sua fé que colide com a opinião geral. Ficam cansados, sem força e sem poder espiritual e desanimam de lutar contra um sistema podre e degenerado. Na prática, isso significa tentar pular fora da roda do oleiro e fugir do processo de confecção do vaso. A tentação é grande. Ninguém gosta de sofrer. Mas Daniel 11.32 nos estimula, dizendo: “...o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo”. O braço do Senhor não está encolhido para nos ajudar a enfrentar o que quer que nos sobrevenha nem estará encolhido para ajudar Israel na Grande Tribulação e no confronto com o Anticristo que virá e que já se delineia no horizonte.

De lixeiro a recipiente útil

Essa é a mensagem do vaso. Independente de nossa origem, do nosso nível intelectual, de nosso status social, da nossa aparência, e menos ainda do nosso passado pecaminoso, o alvo é o mesmo: “Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra” (2Tm 2.20-21). Esse é o supremo alvo de Deus para nós que O seguimos. Ele deseja que sejamos “úteis ao dono da casa”. Nosso Oleiro Divino cumpre o que promete. Diariamente somos confrontados com tragédias e erros humanos. Não conseguimos entender como alguém pode atirar em inocentes sem motivo algum, como idosos trocam suas esposas por mulheres mais jovens ou porque a criminalidade cresce tanto. Mas não esqueçamos nunca que o homem sem Deus é capaz de qualquer coisa! É por isso que Jesus adverte: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Temos a escolha: amar a Jesus ou não amá-lO. Permanecer em Cristo ou não permanecer. Ficar nas mãos do Oleiro ou rejeitar Seu tratamento conosco. Podemos optar entre ser usados por Deus como vasos úteis ou fugir do compromisso com nosso Senhor. Quando tomamos a decisão errada surgem os escândalos no meio cristão, até entre seus líderes. Estagnação é retrocesso. E o perigo de estagnar no discipulado é muito grande. O tempo passa, os anos se vão, e se não tomarmos cuidado, um dia seremos fósseis vivos, endurecidos como o barro na época da seca. Restaremos como utensílios imprestáveis e inúteis. Precisamos do Oleiro sempre. Precisamos continuamente de Sua ação e do Seu poder dinâmico que gera vida e nos faz úteis em Suas mãos. Precisamos nos manter na roda do Oleiro. A idade não importa. Sempre é tempo de sermos moldados pelo Senhor e transformados mais e mais na Sua imagem, para que resplandeçamos “como luzeiros no mundo” (Fp 2.15), no meio de uma geração pervertida e corrupta. Então seremos vasos úteis, para a glória de Deus!


Reinhold Federolf — Chamada.com.br

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Eis o Noivo!


Esta exclamação, extraída da Parábola das Dez Virgens (Mateus 25.1-12) é o lema da Chamada da Meia-Noite. Mas, o que o Senhor realmente quis ensinar com essa história?
No tempo que antecedeu Sua morte, Jesus contou a seguinte parábola aos Seus discípulos: “Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo. Cinco dentre elas eram néscias, e cinco prudentes. As néscias, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo; no entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas. E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono e adormeceram. Mas, à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí ao seu encontro! Então, se levantaram todas aquelas virgens e prepararam as suas lâmpadas. E as néscias disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando. Mas as prudentes responderam: Não, para que não nos falte a nós e a vós outras! Ide, antes, aos que o vendem e comprai-o. E, saindo elas para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta. Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta! Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço” (Mt 25.1-12).

O noivo é o Rei

O Evangelho de Mateus, o único em que aparece essa parábola, nos apresenta Jesus Cristo como o Rei de Israel. Relata o nascimento do Rei, Sua apresentação pública como Rei, a proclamação de Seus mandamentos reais (Sermão do Monte), fala do anúncio do reino e menciona a ação poderosa de Jesus como o Rei de Israel que os profetas já anunciavam. Seus súditos, porém, O rejeitaram, como conta Mateus. Em seu lugar escolheram o assassino Barrabás e, no final, condenaram o Rei! Jesus não se adaptava ao que eles imaginavam e esperavam. Assim, debaixo de zombaria e escárnio, Ele foi vestido com um manto “real”, recebeu uma “coroa” de espinhos na cabeça e foi elevado à cruz maldita e não ao trono. Foi entregue à morte. Parecia que seus inimigos tinham vencido. Mas era justamente o contrário! O Leão da Tribo de Judá triunfou! Ao terceiro dia saiu da sepultura. Ressuscitou e reviveu! Subiu ao céu e agora está assentado à direita de Deus. Esse Rei é o Noivo da nossa parábola.

Ainda não

Seu triunfo ainda não é visível para todos. Hoje Ele é Rei dos corações e governa invisivelmente a vida de todos os que crêem nEle como o Senhor. Mas virá o momento em que Ele triunfará publicamente. Esse dia está às portas, quando todos os homens da terra O verão, e todos os joelhos se dobrarão, reconhecendo que Ele é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis (Fp 2.9-10).

O tempo da parábola

A Parábola das Dez Virgens fala desse tempo em que o Rei chegará à terra para estabelecer Seu reino. Pelas cartas de Paulo sabemos que nessa época a Igreja de Jesus já terá sido arrebatada (1Co 15.51-55; 1Ts 4.13-5.11). Ela estará no céu, junto ao seu Senhor, enquanto aqui na terra os juízos da Grande Tribulação prepararão o mundo para o retorno do Rei (Ap 6ss).
Para entender a parábola, precisamos levar em consideração que os eventos a que Jesus se refere terão de ocorrer nas mesmas circunstâncias como as conhecemos do Antigo Testamento. A Igreja já terá sido arrebatada antes do retorno do Rei à Sua terra, e no tempo de Tribulação Deus se voltará outra vez para Israel. (Deus já está preparando o palco para isso, como podemos ver pela fundação do Estado de Israel!).

No Antigo Testamento

Na época do Antigo Testamento o Espírito Santo era concedido a uma pessoa, mas também podia ser retirado dela. Homens e mulheres recebiam o Espírito de forma pontual. O Espírito capacitava alguém para uma tarefa específica (por exemplo, Sansão), para o ministério (por exemplo, Moisés) ou para reinar. Essa última capacitação pode ser vista no rei Saul, de quem a Palavra de Deus diz: “o Espírito de Deus se apossou de Saul” (1 Sm 10.10). Em caso de desobediência ou pecado, o Espírito podia ser retirado, como também vemos em Saul (1 Sm 16.14). Por isso, Davi orou depois de seu pecado com Bate-Seba: “Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito” (Sl 51.11). Na era da Igreja de Jesus não podemos orar assim, pois desde o Pentecoste o Espírito Santo de Deus permanece em cada cristão renascido como garantia e penhor da salvação (veja Jo 14.16; Ef 1.13-14; 2Co 5.5). Com a partida da Igreja terá chegado ao fim a era do ministério do Espírito Santo de selar as pessoas. E, sem a Igreja, instala-se outra vez uma situação semelhante à do Antigo Testamento.

As dez virgens

As dez virgens são uma ilustração de Israel esperando por seu Messias. Diante do agudo sofrimento da Grande Tribulação, Israel começará a dormir. Nessa fase da História, Israel passará pela maior angústia de toda a sua existência. Jesus chegou a dizer: “Não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados” (Mt 24.22). E então, quando “se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos” (Mt 24.12). As cinco virgens prudentes simbolizam o remanescente de Israel crente e fiel, cujo amor não esfriou. Esses serão os judeus (os “escolhidos”), que serão surpreendidos repentinamente pela vinda de seu Messias em meio ao grande sofrimento que Israel estará enfrentando, e então “olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo primogênito” (Zc 12.10). Sobre eles o Senhor derramará o “espírito de graça e de súplicas” porque, com seu amor ao Messias e seu anseio por Sua volta, eles ainda têm azeite em suas lâmpadas. Estes entrarão na festa das bodas (Ap 19.9). As cinco virgens néscias, por sua vez, simbolizam as pessoas de Israel cujo amor pelo Messias esfriou. Estavam cheias de expectativa no início, mas, com a demora do Noivo e com as tribulações do tempo do Anticristo, perderam seu amor e sua expectativa esfriou. Suas lâmpadas ficaram sem óleo!

Prudentes ou néscias?

A pergunta que se impõe a você e a mim é: Com quem podemos ser comparados? Com as cinco virgens prudentes ou com as néscias? Não sabemos quando o Senhor voltará, mas nosso arrebatamento pode ocorrer a qualquer momento! Você estaria pronto se Ele viesse ainda hoje? Ou será que seu amor por Ele esfriou? Sua espera pela Sua volta diminuiu? As coisas terrenas conseguiram abafar em você a expectativa pela volta de Cristo? Se for assim, se as coisas deste mundo se tornaram mais importantes do que Jesus e Seu glorioso futuro, então a Bíblia exorta você com muita insistência: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará” (Ef 5.14). Se você puder ser comparado às cinco virgens prudentes, alegre-se! Fique feliz porque você também verá o cumprimento da grandiosa promessa de 2 Timóteo 4.8: “Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto Juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas a todos quantos amam a sua vinda”.

Samuel Rindlisbacher — Chamada.com.br


A História por trás do Natal


Aconteceu no Natal. O dono de uma loja colocou na sua vitrine uma Bíblia aberta com um versículo sublinhado em vermelho. Todos que passavam por ali podiam ler a passagem, um resumo da história do Natal: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).

Duas mulheres pararam na frente da vitrine, viram a Bíblia e leram o versículo. Uma disse à outra: “Que coisa triste! As pessoas envolvem a Bíblia em tudo! Até na festa do Natal!”.

Se fizermos uma pesquisa isenta, grande parte dos brasileiros não saberá dizer qual o verdadeiro sentido do Natal. Muitos associam esta festa mais a presentes, à família e ao Papai Noel, do que com a Bíblia. Isso é lastimável, pois é justamente a Bíblia que conta a verdadeira história do Natal, inclusive os detalhes dos bastidores com suas cenas tensas, felizes e surpreendentes. A Bíblia nos conta a mais bela história de todos os tempos!

Em tempos idos

Conforme nos relata a Bíblia, na antiga Babilônia vivia um profeta judeu chamado Daniel. O rei babilônico daquela época fez de Daniel o chefe de seus magos e encantadores. Mas Daniel não era mago nem encantador, ele era um homem que dizia a verdade, pois o Espírito de Deus estava nele. Esse Espírito o capacitava a fazer profecias e a fornecer explicações de sonhos e visões de uma forma jamais vista. Daniel anunciou a futura chegada de um Rei-Salvador vindo de Israel e deixou marcas perenes na Babilônia.

Seiscentos anos mais tarde, uma luz sobrenatural, que a Bíblia descreve como sendo uma estrela, brilhou sobre a pequena cidade de Belém, em Israel. Magos e astrônomos, que viviam longe, lá na distante e antiga Babilônia, observaram esse fenômeno celeste. E, certamente se lembraram dos escritos de Daniel, associando a estrela com o nascimento do Rei prometido. Partiram imediatamente, começando uma viagem de mais de mil quilômetros, que acabaria por levá-los ao encontro do divino Rei.

Os magos babilônios, conhecidos como os magos do Oriente, viajaram até Jerusalém, capital de Israel. Perguntavam a todo mundo: “Onde está o recém nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo” (Mt 2.2).

Naquele tempo, o mundo era dominado pelo Império Romano. Em Israel os romanos haviam colocado como rei um certo Herodes, que nem era israelita. Herodes ficou assustado quando ouviu falar dos magos estrangeiros e mandou chamar os principais sacerdotes e escribas judeus. Queria que eles o informassem sobre o local de nascimento desse Rei.

Eles confirmaram que em eras passadas seus profetas haviam predito a vinda de um Rei-Salvador. O profeta Miquéias, 700 anos antes, chegara a profetizar seu local de nascimento: “em Belém da Judéia” (Mt 2.5), informaram eles.

Mais incomum do que esses eventos foi a circunstância do nascimento do Rei prometido: a mãe de Jesus era uma virgem, Seu Pai era Deus, o Espírito Santo; Ele próprio, o Rei dos judeus e Salvador do mundo, nasceu em uma estrebaria. Isso parece fantástico demais?

O profeta judeu Isaías havia predito de forma bem concreta, séculos antes do nascimento do Rei-Salvador: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho” (Mt 1.23). O sentido mais profundo por trás disso é sério e mostra como era importante o nascimento virginal.

Deus criou os primeiros homens, Adão e Eva, livres de pecado. Mas eles desobedeceram a Deus e tornaram-se pecadores. Desde então, todo homem nasce em pecado, portanto, é perdido por natureza. Mas Deus não quer que as pessoas se percam. Ele “deseja que todos os homens sejam salvos” (1Tm 2.4).

Um homem sem pecado, alguém que jamais desobedeceria à Lei, tornou-se necessário para tomar sobre si o castigo de todos e salvar a humanidade. Então Jesus veio a este mundo, não por meio da semente de um homem, mas por meio da semente divina colocada no ventre de Maria, a virgem. O apóstolo Paulo explica: “se, pela ofensa de um só [Adão], morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos” (Rm 5.15).

Deus não mandou simplesmente Seu Filho ao mundo para ser o Salvador. Ele O enviou no momento certo, numa data que Ele mesmo estabeleceu, como disse Paulo: “Vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4).

Apesar de todos os planos malvados dos governantes de plantão, impérios inteiros contribuíram para a chegada desse momento oportuno e ajudaram a fazer o Natal acontecer.

No antigo Império Egípcio, por exemplo, um pequeno clã de escravos judeus foi crescendo até formar o povo de Israel, um povo que daria ao mundo o Rei-Salvador. Mais tarde, quando esse povo era escravo na Babilônia, Deus reacendeu o esquecido anseio judeu pelo profetizado Rei-Salvador. Quando a Pérsia conquistou a Babilônia, Deus usou os persas para conduzir os judeus de volta à sua pátria, porque lá deveria vir ao mundo o Salvador-Rei. A seguir, o domínio dos gregos trouxe consigo uma nova língua mundial. A Bíblia dos judeus, o Antigo Testamento, foi traduzido para o idioma grego, e mais tarde vieram somar-se as Escrituras do Novo Testamento, igualmente escritas em grego. E então entrou em cena outro império, ainda mais poderoso: o Império Romano, que chegou trazendo paz, construindo um novo sistema de estradas e derrubando as fronteiras entre os países.

Assim, o tempo estava maduro para o primeiro Natal. As circunstâncias estavam postas para a chegada do Prometido. O Salvador poderia chegar! Havia condições para a rápida propagação das Boas-Novas de que o Filho de Deus se tornara Homem para salvar os homens dos seus pecados e de seu merecido castigo.

Na história mundial não existe uma única pessoa cujo currículo já estivesse escrito antecipadamente por meio de profetas judeus. Na história mundial só existe uma única Pessoa enviada por Deus ao mundo por meio de nascimento virginal. E na história mundial também só existe uma única Pessoa cujo nascimento foi preparado por impérios e reinos mundiais. Isso seria mero acaso?

O entrelaçamento dos fatos é preciso e exato demais para não ser real. Tudo o que envolvia o nascimento de Jesus foi verídico, e tinha um único propósito: providenciar nossa salvação eterna. Deus se empenhou por nós! Com o Natal Ele quer nos dizer que não existe ninguém que esteja longe demais para poder vir até Ele.

Certa vez perguntaram a Jesus como se poderia reconhecer a veracidade das Suas declarações. Ele respondeu fazendo um convite: quem desse ouvidos ao que Ele falava iria experimentar pessoalmente a verdade de Suas palavras e reconheceria que elas não vêm de um homem, mas do próprio Deus. Como os magos do Oriente, todo homem e toda mulher pode examinar os fatos por si mesmo, e então chegar até o Salvador para adorá-lo. Quando Jesus nasceu, Deus veio até nós com o dom da graça e do perdão de todos os pecados, dando-nos de presente a vida eterna no céu. Isto é o Natal.

Deus percorreu um longo caminho para nos salvar. Os magos do Oriente fizeram uma longa jornada para encontrar a Jesus. Tenha coragem de começar sua própria caminhada em direção ao Salvador! Desejamos um Feliz Natal!

Norbert Lieth — Chamada.com. br.

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Lição 1 - As Obras da Carne e o Fruto do Espírito

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

1º Trimestre/2017 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Gálatas 5.16-26 

TEXTO ÁUREO: "Digo, porém: Andai em Espírito e não cumpríreis a concupiscência da carne" (Gl 5.16).

INTRODUÇÃO

Iniciamos 2017 com um excelente tema para estudarmos e aplicarmos em nossa vida: “As Obras da Carne e o Fruto do Espírito - Como o crente pode vencer a verdadeira batalha espiritual travada diariamente”. Santificação será o tema! É urgente, imperativo, intransferível, impostergável. Começando por Gálatas 5, onde encontramos o mais nítido contraste entre o modo de vida do crente cheio do Espírito e aquele controlado pela natureza humana pecaminosa (Gl 5.16-26). Paulo não somente examina a diferença geral do modo de vida desses dois tipos de crentes, ao enfatizar que o Espírito e a carne estão em conflito entre si, mas também inclui uma lista específica tanto das obras da carne, como do fruto do Espírito. Em contraste com as obras da carne, temos o modo de viver íntegro e honesto que a Bíblia chama “o fruto do Espírito”. Esta maneira de viver se realiza no crente à medida que ele permite que o Espírito dirija e influencie sua vida de tal maneira que ele (o crente) subjugue o poder do pecado, especialmente as obras da carne, e ande em comunhão com Deus (Rm 8.5-14; 8.14; 2Co 6.6; Ef 4.2,3; 5.9; Cl 3.12-15; 2Pe 1.4-9). O Espírito e a carne humana são duas forças conflitantes, são dois reinos opostos. E o crente se vê dividido entre essas duas tendências, visto que possui em si mesmo, as duas naturezas que correspondem a essa luta, ou seja o "velho homem" e o "novo homem". Os rabinos judeus pensavam que Deus teria dado a Adão dois desejos em conflito, requerendo dele que se apegasse a um e rejeitasse o outro. O trecho de Rm 7.15,25 descreve a agonia da luta entre esses dois elementos no homem crente. São opostos entre si - A dualidade do bem e do mal, nas regiões celestiais, no mundo, nas dimensões espirituais e até mesmo em cada ser humano é uma grande realidade. Para obtermos a vitória devemos estar em contato com o Espírito do Deus vivo, sendo esse o único meio de obter a santidade nessa luta. E devemos ainda lançar mão de vários outros meios como o: "Estudo das Escrituras, a oração e a meditação, mas tais coisas desacompanhadas do poder pessoal do Espírito Santo, nunca conseguirão propiciar-nos a vitória sobre o pecado”.

I. ANDAR NA CARNE X ANDAR NO ESPÍRITO

1. O que é a carne? Como bem explicado pelo comentarista, a palavra grega para "carne" no Novo Testamento é sarx, um termo que pode muitas vezes nas Escrituras referir-se ao corpo físico. No entanto, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature (léxico grego-inglês) descreve a palavra desta forma: "o corpo físico que funciona como uma entidade; no pensamento de Paulo especialmente, todas as partes do corpo constituem uma totalidade conhecida como carne, a qual é dominada pelo pecado a tal ponto que onde quer que a carne esteja, todas as formas de pecado estão igualmente presentes e nenhuma coisa boa pode viver." Assim, sarx é a natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, e que continua no cristão mesmo após sua conversão, sendo o nosso mais vigoroso inimigo (Rm 8.6-8, 13; Gl 5.17, 21). O alerta paulino é que “aqueles que praticam as obras da carne não poderão herdar o reino de Deus” (Gl 5.21). Por isso, essa natureza decaída precisa ser resistida e mortificada e isso resulta num conflito interno que Paulo denomina “guerra espiritual”; esta batalha só é vencida pelo poder do Espírito Santo (Rm 8.4-14). O site ‘Got Questions?org’ trás um artigo interessante sobre este assunto: “A visão bíblica da natureza humana difere da filosofia grega em que a Escritura diz que a natureza física e espiritual da humanidade era originalmente boa. Por outro lado, filósofos como Platão viram um dualismo ou dicotomia na humanidade. Tal pensamento eventualmente produziu uma teoria de que o corpo (o físico) era ruim, mas o espírito de uma pessoa era bom. Este ensinamento influenciou grupos como os gnósticos, os quais acreditavam que o mundo físico foi erroneamente criado por um semi-deus chamado de "Demiurgo". Os gnósticos se opuseram à doutrina da encarnação de Cristo porque acreditavam que Deus nunca tomaria uma forma física, já que o corpo era mal. O apóstolo João encontrou uma forma de este ensino em seus dias e advertiu contra ele: "Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo" (1 João 4:1-3). Além disso, os gnósticos ensinavam que não importava o que uma pessoa fazia em seu corpo, uma vez que o espírito era tudo que importava. Este dualismo platônico teve o mesmo efeito no século primeiro como tem hoje - leva ao ascetismo ou à licenciosidade, ambos os quais a Bíblia condena (Colossenses 2:23; Judas 4). Assim, ao contrário do pensamento grego, a Bíblia diz que a natureza da humanidade, tanto no plano físico quanto no espiritual, era boa, mas ambos foram prejudicados pelo pecado. O resultado final do pecado é uma natureza muitas vezes mencionada como a "carne" na Escritura - algo que se opõe a Deus e busca a satisfação pecaminosa. O pastor Mark Bubek define a carne desta forma: "A carne é uma lei embutida para o fracasso, o que torna impossível que o homem natural agrade ou sirva a Deus. É uma força interior compulsiva herdada da queda do homem, a qual se expressa em rebelião geral e específica contra Deus e Sua justiça. A carne nunca pode ser reformada ou melhorada. A única esperança para escapar da lei da carne é a sua execução total e substituição por uma nova vida no Senhor Jesus Cristo.”

2. O que é o espírito? As palavras espírito e sopro são traduções da palavra hebraica neshamah e da palavra grega pneuma. As palavras significam "forte rajada de vento ou inspiração".Neshamah é a fonte da vida que vitaliza a humanidade (Jó 33.4). É o intangível, invisível espírito humano que governa a existência mental e emocional do homem. O apóstolo Paulo disse: "Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus" (1Co 2.11). Com a morte, o "espírito volta a Deus que o deu" (Ec 12.7; ver também Jó 34.14-15 e Sl 104.29-30). Em Gl 5.17 o Espírito se refere a terceira pessoa da Trindade, o agente responsável em conduzir o crente a fazer a vontade de Deus. Dessa forma, é possível entender porque há uma guerra irreconciliável instalada na mente do cristão. Seguir a orientação do Espírito é obter um duplo livramento: por um lado, o livramento dos maus apetites e das paixões da carne; e por outro lado, o livramento do domínio exercido pela lei. É fácil determinar qual dessas duas coisas - a carne ou o espírito - está exercendo domínio em alguém.

3. Andar na carne x andar no Espírito. Em Gl 5.17 ‘Milita contra...’ é melhor traduzido  como ‘deseja contra’. Trata-se da mesma palavra, que em forma verbal, é empregada no versículo anterior, para indicar as "concupiscências" da carne. O Espírito e a carne humana são duas forças conflitantes, são dois reinos opostos. E o crente se vê dividido entre essas duas tendências, visto que possui em si mesmo, as duas naturezas que correspondem a essa luta, ou seja o "velho homem" e o "novo homem". Esta agonia habita cada crente - a luta da carne contra o Espírito. As obras da carne estão classificadas em pecados de ordem moral, religiosa e social. Em contrapartida, quando o Espírito Santo habita na vida do crente, este não se encontra mais sob o jugo dá carne, seus desejos e obras pecaminosas, mas está livre para produzir o fruto do Espírito, o qual não é resultante de uma imposição religiosa ou de qualquer sistema religioso legalista. Viver no Espírito é subjugar a carne e isso gera o conflito interno, a luta da carne contra o espírito. O estudo de hoje é uma análise dessa batalha espiritual de cada cristão. O andar, por ser uma ação contínua, requer uma atenção contínua, conflito espiritual e uma busca contínua (Mc 7.5; Jo 8.12; At 22.21; Rm 6.4; Rm 8.4; 1Co 3.3; Fp 3.18, Rm 13.13).

II. OBRAS DA CARNE, UM CONVITE AO PECADO

1. A cobiça. No texto de Gl 5.16 e 17, com o termo "carne" Paulo quer dizer o que somos por natureza e hereditariedade, nossa condição caída, o que a Bíblia na Linguagem de Hoje chama de "os desejos da natureza humana". Com "Espírito" ele refere-se ao próprio Espírito Santo, que nos renova e regenera, primeiro dando-nos uma nova natureza e, então, permanecendo em nós. Mais simplesmente, poderíamos dizer que "a carne" representa o que somos por nascimento natural, e "o Espírito" o que nos tornamos pelo novo nascimento, o nascimento do Espírito. E estes dois, a carne e o Espírito, vivem em ferrenha oposição. Paulo não deixa dúvida em seu comentário final, no versículo 21: "...a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais cousas praticam". Há uma ligação inegável entre nossa conduta e nossa salvação eterna. A pessoa que não permite ao Espírito mudar totalmente sua vida e remover tal carnalidade não receberá o prêmio de um lar eterno com Deus. Devemos ser transformados de dentro para fora (Rm 12.1-2).

2. A oposição da carne. “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que porventura seja do vosso querer” (Gl 5.17). É aí que se trava a batalha. O velho homem arma-se contra o novo homem. A natureza pecaminosa da carne luta por sufocar a influência do Espírito Santo. Embora essa guerra seja interna e invisível, há claros sinais externos da carnificina provocada pela batalha. Quando o Espírito é vitorioso, vemos o fruto do Espírito. E quando a carne vence, também percebemos a evidência externa. A lista das obras da carne é crucial por duas razões. Primeiramente, oferece o contraste com o fruto do Espírito. E, em segundo lugar, identifica as práticas pecaminosas que, conforme o apóstolo enfatizou (mediante repetição), caracterizam os não-regenerados e os perdidos. Naturalmente, é possível que uma pessoa regenerada caia em qualquer desses pecados por algum tempo. Cada um desses erros tem sido manifestado, em um tempo ou outro, pelos maiores santos. Mas não são características do crente. Todavia, se essa lista caracteriza a conduta de uma pessoa, isso é prova de que ela não foi ainda remida. Concluímos que a afirmativa do comentarista “Para o crente existem duas maneiras pelas quais ele pode viver: na carne ou no Espírito. Ou você serve a Deus e permite que Ele domine sua natureza adâmica ou vive na prática das obras da carne. O que você escolhe?” não possui apoio escriturístico, pois a evidência da salvação é a santificação, sem a qual, ninguém verá a Deus (Hb 12.14). Não há escolha para o salvo. Aqueles que praticam as obras da carne não poderão herdar o reino de Deus (5.21). Por isso, essa natureza carnal pecaminosa precisa ser resistida e mortificada numa guerra espiritual contínua, que o crente trava através do poder do Espírito Santo (Rm 8.4-14). Se verdadeiramente Cristo está em nós através do Espírito Santo, guiando-nos em toda a verdade (Jo 16.13), as obras da carne serão exterminadas (Gl 5.16-17), e as boas obras que constituem o fruto do Espírito (Gl 5.21-23), serão reveladas em nossa vida.

III. FRUTO DO ESPÍRITO, UM CHAMADO PARA SANTIDADE

1. O que é o fruto do Espírito? Em forte contraste com as obras da carne, temos o modo de viver íntegro e honesto que a Bíblia chama “o fruto do Espírito”. Esta maneira de viver se realiza no crente à medida que ele permite que o Espírito dirija e influencie sua vida de tal maneira que ele (o crente) subjugue o poder do pecado, especialmente as obras da carne, e ande em comunhão com Deus (ver Rm 8.5-14; 8.14; 2Co 6.6; Ef 4.2,3; 5.9; Cl 3.12-15; 2Pe 1.4-9). Um dos propósitos principais do Espírito Santo ao entrar na vida de um Cristão é transformar aquela vida. É a tarefa do Espírito Santo conformar-nos à imagem de Cristo, fazendo-nos mais e mais como Ele. A vida Cristã é uma batalha entre as obras da natureza pecaminosa e os frutos do Espírito Santo. Como pecadores, ainda estamos presos a um corpo que deseja coisas pecaminosas (Romanos 7:14-25). Como Cristãos, temos o Espírito Santo produzindo fruto em nós e o Seu poder disponível para nos ajudar a vencer as ações da nossa natureza de pecado (2 Coríntios 5:17; Filipenses 4:13). Um Cristão nunca vai ser completamente vitorioso em sempre demonstrar os frutos do Espírito Santo. No entanto, um dos propósitos principais da vida Cristã é progressivamente permitir que o Espírito Santo produza mais e mais de Seu fruto em nossas vidas – e de permitir que o Espírito vença os desejos pecaminosos que se opõem aos Seus frutos. O fruto do Espírito é o que Deus deseja que nossa vida demonstre.... e com a ajuda do Espírito Santo, isso é possível!

2. Os frutos provam a nossa verdadeira santidade. O fruto do Espírito é a expressão da natureza e do caráter de Cristo através do crente, ou seja, é a reprodução da vida de Cristo no crente. Já foi dito anteriormente que por si só, o homem não tem condições de produzir o fruto do Espírito. Sua inclinação natural será sempre de produzir os frutos da carne. Contrastando com os frutos (ou obras) da carne, o fruto do Espírito possibilita ao autêntico cristão viver de modo íntegro diante de Deus e dos homens. Para isso, é necessário que o crente submeta-se incondicionalmente ao domínio do Espírito Santo. O '...Fruto...' de Gálatas 5.22, conceituado como 'expressões do caráter cristão', está no singular provavelmente por tratar-se de uma única notável virtude implantada pelo Espírito Santo de uma só vez no crente. É através do fruto do Espírito que o cristão participa da natureza divina. Estas são virtudes ou qualidades da personalidade de Deus implantadas pelo Espírito de Verdade no interior do crente com a finalidade de conduzi-lo à perfeição, ou seja, à imagem de Cristo.

3. A santidade que o Espírito Santo gera em nós. O Espírito Santo produz o fruto do caráter cristão em nossa vida somente à medida que cooperamos com Ele. As línguas, a profecia, e até mesmo o conhecimento são úteis, e são dons maravilhosos do Espírito Santo, mas sua presença em nossa vida nem sempre é uma indicação de nossa maturidade cristã. A medida de nossa maturidade em Deus, depende de quão bem temos permitido que o Espírito Santo produza os traços do caráter de Jesus em nossa vida. A maturidade espiritual envolve melhor entendimento do Espírito de Deus e das necessidades das pessoas. 'O fruto do Espírito é resultado na vida dos que participam da natureza divina, ou seja, dos que estão ligados a Cristo a 'videira verdadeira' (João 15:1 a 5). Maturidade em Cristo envolve união com Ele; a limpeza ou a poda pelo Pai e a frutificação. Estas são as condições da frutificação e consequente vida cristã vitoriosa. “Santificar” é “pôr à parte, separar, consagrar ou dedicar uma coisa ou alguém para uso estritamente pessoal”. Santo é o crente que vive separado do pecado e das práticas mundanas pecaminosas, para o domínio e uso exclusivo de Deus. É exatamente o contrário do crente que se mistura com as coisas tenebrosas do pecado. A santificação do crente tem dois lados: sua separação para a posse e uso de Deus; e a separação do pecado, do erro, de todo e qualquer mal conhecido, para obedecer e agradar a Deus.

a) A santificação posicional seria obtida quando se torna cristão, i.e., entendendo-se pecadora a pessoa aceita o sacrifício de Jesus como pagamento pelo pecado. Como ouvi certa vez, acreditar em Deus não é o mesmo que entender o que Jesus fez e aceita-lo. Aceitar o sacrifício de Jesus é, ao mesmo tempo, reconhecer-se pecador e necessitador da graça. Ao se tornar cristão o indivíduo está entrando em uma nova existência – as coisas velhas se foram, surgiram coisas novas. Temos acesso ao Pai, a presença do Espírito.

b) Se a santificação “posicional” é um marco dramático na vida de qualquer um, ela por si só não garante uma transformação de vida. Somos sim nascidos de novo (Jo 1), contudo, não passamos de bebês (1 Co) e, como tais, precisamos de crescer. A santificação progressiva é atuada por Deus em nossa vida mas, diferentemente da Posicional, em que nada podemos acrescentar (Gl), ela depende de nossa cooperação. Cooperar com sua santificação progressiva demanda consciência de nosso papel. Não será o tempo que nos tornará mais maduros, sábios e sem pecado. Temos que batalhar por isso junto com Deus. Enfatizar o caráter gratuito da santificação posicional é importante sempre (Ef 2:8-9) mas pode nos dar a impressão de que assim também é a progressiva, em que temos um papel mais pró-ativo. Aqui residem as práticas das disciplinas espirituais, o separar tempo para leitura, o simplesmente estar com Deus por uma hora diária, ouvir o que o coração traz, não as coisas belas somente, mas as podres: as inseguranças, os temores, as invejas, as raivas. Perguntar-se: por que isso me incomoda tanto? E dizer para Deus sobre tudo isso. Ler a Bíblia. Ler devocionais. Crescer com Deus demanda esforço e demanda decisão. Essa é a parte da santificação que depende um pouco de nós.

c) Aqui reside um mistério. Não sei como será isso, mas essa parte da santificação será depois do fim dos tempos, quando teremos um corpo glorioso. A santificação definitiva será operada por Deus e nos permitirá viver com ele para sempre. Esta é nossa esperança. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23). Trata-se da santificação completa e final (1 Jo 3.2). Ver também: Ef 5.27; 1 Ts 3.13.


CONCLUSÃO


A Bíblia afirma que temos dentro de nós a “lei do pecado” (Rm 7.23; 8.2). Daí, ela ordenar que sejamos santos (1 Pe 1.16; Lv 11.44; Ap 22.11), pois o Senhor habita somente em lugar santo (Is 57.15; 1 Co 3.17). Uma importante razão pela qual o crente deve santificar-se é que a santidade de Deus, em parte, é revelada através do procedimento justo e da vida santificada do crente (Lv 10.3; Nm 20.12). Então, o crente não deve ficar observando, nem exigindo santidade na vida dos outros; ele deve primeiro demonstrar a sua! Em muitas igrejas hoje, a santificação é chamada de fanatismo. Nessas igrejas falam muito de união, amor, fraternidade, louvor, mas não da separação do mundanismo e do pecado. Notemos que as “virgens” da parábola de Mateus 25 pareciam todas iguais; a diferença só foi notada com a chegada do noivo. Não há nada mais doce, mais sublime ou mais santo neste mundo do que a santificação. O batismo com o Espírito Santo é o dom de poder na alma santificada, capacitando-a para pregar o Evangelho de Cristo ou para morrer na fogueira. O batismo reveste o crente até o dia da redenção, de modo que ele esteja pronto para encontrar-se com o Senhor Jesus à meia-noite ou a qualquer momento, porque tem óleo em sua vasilha, junto com a sua lâmpada. Você é participante do Espírito Santo no batismo pentecostal da mesma maneira que foi participante do Senhor Jesus Cristo na santificação.

REFERÊNCIAS:

ARRINGTON, French L. et STRONDSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica Fácil e Descomplicada – Como interpretar a Bíblia de maneira fácil e eficaz. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Hebraico-Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
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