SUBSÍDIO
PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.
2º
Trimestre/2016
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE: Romanos 1.1-17
TEXTO
ÁUREO: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus
para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do
grego” (Rm 1.16).
INTRODUÇÃO
Durante três meses
estudaremos a respeito da primeira epístola do cânon paulino, que apesar de ter
um enfoque pastoral, é a mais longa e mais teológica de todas suas epístolas.
Movido pela paixão que tinha pela evangelização dos gentios e o desejo de
conhecê-los pessoalmente, o apóstolo escreveu, excepcionalmente, para uma
igreja que ele não havia fundado. Paulo precisava auxiliar a comunidade,
formada em sua maioria por gentios e uma minoria de judeus, que enfrentava
conflitos com relação aos requisitos necessários para a justificação diante de
Deus. Nesta epístola o apóstolo apresenta um espetacular tratado para
demonstrar que a justificação se dá por meio da fé e não pelas obras. Na
atualidade, muitos não compreendem o que é a salvação e como ela se opera na
vida do homem. Ao estudarmos a Epístola aos Romanos, com foco na doutrina da
salvação (chamada pelos teólogos de “soterologia”), teremos condição de
compreender aquilo que já sentimos e usufruímos e, assim, poder louvar a Deus
com a profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus, assim como
fez o próprio apóstolo, enquanto escrevia esta carta: “Ó profundidade das
riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os
seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o
intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele,
para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele são todas as
coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11.33-36).
I
– AUTOR, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS
1.
O autor. “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo,
separado para o evangelho de Deus” (Rm 1.1). A autoria paulina da Epístola aos
Romanos não é colocada em dúvida. Entretanto, desta vez, Paulo não escreveu com
suas próprias mãos, mas ditou a carta ao copista Tércio, provavelmente
conhecido dos irmãos da igreja de Roma, pois ele aproveita para enviar-lhes
saudações (Rm 16.22). Seu nome hebraico é Shaul, o mesmo nome do primeiro
rei de Israel, que significa “pedido”. Seu nome romano era Paulus, que
significa “pequeno”.
2.
Local e data. Com base em Romanos 16.1, sabemos que o
apóstolo encontrava-se em Corinto, quando escreveu a epístola, pois Cencréia
era a cidade portuária vizinha de Corinto. Paulo estava hospedado na casa de
Gaio (Rm 16.23), amigo a quem ele batizou em Corinto (1 Co 1.14). O apóstolo
precisava ir a Jerusalém para levar os donativos levantados na Macedônia e na
Acaia, para os irmãos pobres da Judéia. Pretendia depois ir para a Espanha,
passando a Roma (Rm 15.22-30). À luz destes dados, os expositores do Novo
Testamento são unânimes em afirmar que a epístola foi escrita em Corinto entre
57 e 58 d.C.
3.
Destinatários. O endereçamento da carta são os versículos
5 e 6. A palavra “gente”, ethne,
no grego, significa também “gentio, nação”; é o correspondente goiym, em hebraico; mostra que a carta
foi dirigida aos cristãos gentios. É óbvio que a igreja em Roma era composta de
judeus e gentios (Rm 2.17; 4.1; 7.1).
II
– FORMA LITERÁRIA, CONTEÚDO E PROPÓSITO
1.
Forma literária. O esboço da carta obedece à ordem desse
tipo de documento, tendo sempre uma saudação e uma oração (Rm 1.1,7,8,16). Uma
forma literária bastante comum nos dias de Paulo era a escrita em forma de
diálogo.
Em
(Rm 1.8-15) Paulo agradece a Deus pela comunidade cristã em Roma. Após
as saudações (1.1-7), Paulo faz uma oração de agradecimento pelos cristãos
romanos, demonstrando seu interesse pela comunidade (Rm 1.8-15). O fato de
Paulo não ser o fundador da igreja não o impediu de orar e reconhecer a fé e o
trabalho de seus membros. Seu exemplo evidencia que o interesse coletivo deve
estar acima dos interesses pessoais. Ele nos dá um exemplo de como devem ser
conduzidas as atividades no Reino de Deus. A comunidade em Roma deve ter se
sentido amada, pois o apóstolo tem o cuidado de manifestar o seu desejo ardente
de estar com eles, bem como informar que já havia tentado estar com eles, porém
sem sucesso. Muitas pessoas são maltratadas por meio de interpretações
teológicas antibíblicas que intimidam e provocam pavor, diferente do apóstolo
Paulo que fortalece e encoraja o grupo, sem descuidar da verdade do Evangelho.
Já
em (Rm 1.16) Paulo era testemunha da justiça de Deus revelada pelo poder do
Evangelho. O apóstolo reconhecia a situação em que estava,
diante de Deus, antes de conhecer a Jesus e a mudança que o Evangelho fez em
sua vida, após o encontro no caminho de Damasco (At 9). Da mesma forma que os
judeus e alguns judeu-cristãos que não conseguiam se desvincular de forma
definitiva do jugo da lei judaica, ele havia dedicado grande parte de sua vida
em defesa dessa religião e tentado impor o peso destas doutrinas e crenças,
pensando estar na direção e vontade de Deus. Convicto de sua justificação pela
fé e não pelas obras, testifica o seu amor ao Evangelho, a ponto de afirmar:
“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para
salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). No século atual, enquanto muitas
pessoas estão se identificando como cristãos evangélicos para tirar vantagem,
outros continuam negando sua fé por temer as represálias. Jovem, defenda a
bandeira do Evangelho.
2.
Conteúdo. O conteúdo da Epístola aos Romanos possui alguns dos
maiores temas das Escrituras. São esses temas que tornam essa Epístola a mais
teológica do Novo Testamento. É considerada a mais importante obra do apóstolo,
não só pela sua extensão (é a mais longa das epístolas paulinas), mas também
por ser uma exposição dos fundamentos da doutrina cristã, a mais sistemática de
todas as Escrituras. Ao lermos Romanos 1.16,17 observarmos:
a)
Evangelho, poder de Deus (v.16). A palavra
“evangelho” vem de duas palavras gregas, “eu” que quer dizer “bem”, e de
“angelia” que significa “mensagem, notícia, novas”. Assim, a palavra
“euangelion” quer dizer “boas novas, notícias alvissareiras” “É o poder de Deus
para a salvação de todo aquele que crer” (1.16). A mensagem é que Cristo salva
o mais vil pecador (Jo 3.16). A expressão “não me envergonho” é uma figura de
linguagem chamada litotes, que significa afirmar pela negação do
contrário.
b)
A revelação da justiça de Deus (v.17). A “justiça de Deus”
aqui não é a justiça pessoal nem legal, mas a justiça com que Deus justifica os
pecadores pela fé (Rm 3.21,22). Esse plano de Deus para a salvação não é pelas
obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). “De fé em fé” significa sola fides —
a fé somente. Não é de “fé em obras” ou “de obras em fé” nem tampouco “de obras
em obras”. c) A justificação pela fé. Toda
a Epístola de Paulo aos Romanos gira em torno da “salvação pela fé”, pois “o
justo viverá da fé” (1.17). Essa expressão significa que a salvação é pela fé
(Ef 2.8,9; Tt 3.5). Esse é o tema da epístola.
3.
Propósito. Aparentemente não tinha um único propósito. Pelo menos
quatro podem ser identificados: a) missionário: evidente sentimento paulino de
que o trabalho missionário na Ásia e na Grécia já estava completo (Rm 15.19,20)
e tencionava levar o Evangelho até a Europa; b) doutrinário: exposição de forma
didática e compreensiva das verdades centrais do Evangelho, provável
deficiência devido à ausência de um líder apostólico; c) apologético:
argumentação sobre a justificação pela fé não parece ser simplesmente
informativa, mas uma oposição aos judaizantes que estavam atuando na cidade (Rm
14-15); d) didático: principalmente na seção de prática geral, sobre a moral e
a conduta cristã (Rm 12-15), que tem por alvo ensinar, informar e iluminar, e
não meramente resolver determinados problemas. e) Edificar os romanos em sua fé:
pois eles não tinham líderes ou mestres apostólicos. Ele conhecia os conflitos
inevitáveis que se apresentariam aos cidadãos do Reino de Cristo na maior
cidade do Império Romano. Esta era uma igreja que não possuía uma Bíblia
completa – eles tinham as Escrituras hebraicas (o Antigo Testamento), mas os
Evangelhos ainda não haviam sido escritos e as outras Epístolas haviam sido enviadas
para outras igrejas. A Epístola aos Romanos, portanto, era a primeira peça de
literatura estritamente cristã que esses crentes veriam. Assim, sob a
inspiração do Espírito Santo, Paulo, de forma clara e cuidadosa redigiu esta
obra prima teológica que traz a forte mensagem do supremo poder de Deus, da
salvação pela graça - independentemente das obras, tanto para os gentios como
para os judeus -, e da justificação pela fé.
III
– VALOR ESPIRITUAL
1.
Fundamentação doutrinária. Todos os reformadores viam esta
Epístola como sendo a chave divina para o entendimento de todas as Escrituras,
já que nela Paulo une todos os grandes temas da Bíblia: pecado, lei,
julgamento, destino humano, fé, obras, graça, justificação, eleição, o plano da
salvação, a obra de Cristo e do Espírito Santo, a esperança cristã, a natureza
e vida da igreja, o lugar do judeu e do não-judeu nos propósitos de Deus, a
filosofia da igreja e a história do mundo, o significado e a mensagem do Antigo
Testamento, os deveres da cidadania cristã e os princípios da retidão e
moralidade pessoal. Romanos nos abre uma perspectiva através da qual a paisagem
completa da Bíblia pode ser vista e a revelação de como as partes se encaixam
no todo se torna clara. Romanos trata de alguns dos temas mais profundos do
Cristianismo - as doutrinas da chamada eleição, da predestinação, da
justificação, da glorificação e da herança eterna.
2.
Renovação espiritual. Os destinatários originais da Epístola aos
Romanos experimentaram um grandioso avivamento espiritual mediante a sua
leitura. Todavia, a influência espiritual e moral do texto sagrado desta
Epístola se estenderam por todo o período da Igreja, proporcionando avivamentos
extraordinários na vida de muitas pessoas. Muitos líderes influentes da igreja,
em diferentes séculos, dão testemunho do impacto produzido pela Epístola aos
Romanos em suas vidas, tendo sido ela, em diversos casos, o instrumento para
sua conversão. Esta Epístola, provavelmente mais que qualquer outro livro da
Bíblia, tem influenciado a história do mundo de forma dramática. Qualquer
cristão que compreender a epístola aos Romanos jamais será a mesma pessoa. Leia
o que alguns homens de destaque na história disseram a respeito da epístola.
a)
João Wesley. Grande avivalista britânico do século
XVIII, fundador da Igreja Metodista, afirma que tudo começou com Romanos.
b)
Agostinho. Testemunhou, em 386 a.C. que Romanos 13.13 mudou sua
vida.
c)
Martinho Lutero. “Fundador da civilização
protestante”. Fez uma exposição de Romanos aos seus alunos, de novembro de 1515
a setembro de 1516. É a epístola da Reforma Protestante. Disse que se apenas o
Evangelho de João e a Epístola aos Romanos tivessem sobrevivido seriam o
suficiente para preservar o Cristianismo. Na verdade, reconhecemos todos os 66
livros da Bíblia com a mesma autoridade e inspiração. A declaração de Lutero,
porém, diz respeito meramente ao assunto de ambos os livros por ele citados. Não
há dúvida de que a igreja de Roma, a quem a Epístola aos Romanos foi
endereçada, experimentou uma tremenda renovação espiritual mediante a sua
leitura.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS:
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