SUBSÍDIO
PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.
2º
Trimestre/2016
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE: Romanos 5.1–12
TEXTO
ÁUREO: "Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por
nós sendo nós ainda pecadores" (Rm 5.8).
INTRODUÇÃO
Nesta lição, vamos estudar
o capítulo 5 de Romanos, que trata dos frutos ou benefícios da justificação.
Justificação é o grande tema da Epístola aos romanos; aliás, o grande tema do
cristianismo, o núcleo, a essência do cristianismo. Sem a Justificação a Igreja
cai. Em Rm 1.18-3.20, Paulo defende a tese da necessidade absoluta da
justificação pela fé, uma vez que se julgado pelas obras o homem está
irremediavelmente perdido, pois todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus. Do capítulo 3.21 ao capítulo 4.25, Paulo vai argumenta como essa
justificação aconteceu em Cristo Jesus: não foi pelas obras, foi pela graça;
não foi por merecimento nosso, foi pelos méritos de Cristo; não é por aquilo
que fazemos para Deus, mas por aquilo que Deus fez por nós. A justificação,
portanto, é um ato exclusivo de Deus (Rm 3.21-31). No capítulo 5, o apóstolo
Paulo avança em sua argumentação em favor da justificação pela fé ao tratar
acerca dos benefícios que ela traz para a vida do cristão. Paulo mostra os
benefícios que emanam da justificação quanto ao passado, presente e futuro.
Todos os que têm esta nova vida em Cristo estão livres da ira vindoura
(capítulo 5), livres do pecado (capítulo 6), livres da lei (capítulo 7) e
livres da morte eterna (capítulo 8). Para Paulo, a justificação não significa
somente perdão e absolvição da culpa do pecado; também traz dentro de si a
esperança da glória de Deus (Rm 5.2) e a promessa da salvação final (Rm 5.9,10).
Temos mais que os benefícios atuais da justificação; nossa atenção é dirigida
para seu resultado final. A ênfase do capítulo 5 é a glória futura, é a vida
eterna com Deus, é a nossa glorificação, a nossa salvação final.
I
– A BÊNÇÃO DA GRAÇA JUSTIFICADORA (Rm 5.1-5)
1.
A bênção da paz com Deus. “Sendo, pois, justificados pela fé,
temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1). Observe
que o texto fala de “Paz com Deus”, não “Paz de Deus” (Fp 4.7). A “Paz com
Deus” é uma bênção ligada ao passado; trata-se de algo que já aconteceu, é a
paz da reconciliação com Deus. É diferente da Paz de Deus que Paulo fala em Fp
4.7. Esta pode denotar a paz que Deus mesmo usufrui ou a paz que ele inspira no
coração de seus filhos. Esta Paz é um sentimento, que pode estar com
tanque cheio hoje e pode estar com o tanque vazio amanhã. Você pode estar com
uma gostosa Paz de Deus hoje e amanhã você pode estar num vale de muito aperto,
de muita angústia, precisando da Paz de Deus no seu coração. Mas, a Paz com
Deus não sofre variação, porque a Paz com Deus não é um sentimento, é um
estado, o estado objetivo de estar em paz em vez de estar em inimizade. A “Paz
com Deus”, portanto, não é uma mudança em nossos sentimentos, mas uma
modificação no relacionamento de Deus conosco. Por intermédio do sacrifício de
Cristo, a barreira que nos separava de Deus foi destruída. Não somos mais
filhos da sua ira, mas filhos do seu amor. O pecado consumou uma ruptura, mas
Jesus Cristo veio para restabelecer a comunicação suspensa. A Obra de Cristo
removeu todas as causas de inimizade entre nossa alma e Deus. Por meio da
graça, deixamos de ser inimigos de Deus e nos tornamos seus amigos. Todas as
religiões se esforçam para reconciliar o homem com Deus. Contudo, essa
reconciliação, não é fruto do esforço que o homem faz, mas do sacrifício que
Cristo fez. Pela morte de Cristo fomos reconciliados com Deus. Não somos mais
réus nem inimigos de Deus. Agora temos Paz com Deus. Esta é uma grande bênção
da graça justificadora.
2.
A bênção de esperar em Deus. “por intermédio de quem obtivemos
igualmente acesso, pela fé, a esta graça...” (Rm 5.2). Se a Paz com Deus é
uma bênção passada, consumada no ato de nossa justificação, o acesso à graça da
justificação é um privilégio presente e contínuo. Trata-se de uma condição
permanente e inabalável, que se origina de uma ação realizada no passado. Os
judeus eram separados da presença de Deus pelo véu do templo, e os gentios eram
isolados pelo muro externo do templo. No entanto, quando Jesus morreu, rasgou o
véu (Lc 23.45) e destruiu o muro (Ef 2.14). Em Cristo, judeus e gentios que creem
têm Acesso a Deus. Agora, somos tão queridos e próximos de Deus quanto o
próprio Filho amado. O Pai estende seu cetro de ouro para nós e nos recebe como
filhos, e não como forasteiros.
A palavra “acesso”, em
Romanos 5.2, na língua grega, tinha três significados:
1º
alguém entrando na presença da realeza, no palácio do Rei. Nós,
agora, temos acesso à sala do trono. Você pode ser feio, você pode ser bonito;
você pode ser velho, você pode ser jovem; você pode ser rico, você pode ser
pobre; você pode ser doutor, você pode ser analfabeto. Não importa, você agora
tem livre acesso ao trono do Rei. Você, agora, entra na presença do Rei não é
pelos atributos secundários que você tem. Você, agora, entra na presença do Rei
porque você é filho do Rei.
2º
alguém entrando no templo para adorar. Deus não habita em
casa humanas, feita por mãos humanas. Deus é Espirito e importa que os seus
adoradores o adorem em espírito e em verdade. Não importa que você esteja na
rua, não importa que você esteja no hospital, não importa que você esteja no
seu escritório de trabalho ou no seu campo de atividade, não importa se é no
templo. Não importa o lugar que você esteja. Você tem, em qualquer tempo, em
qualquer lugar, livre acesso à presença de Deus como adorador.
3º
significava ancorar no porto, seguro. Na vida, temos
muitas tempestades, mas, com certeza, podemos fincar nossas âncoras e chegar no
porto, seguro, porque temos livre acesso a esta graça na qual estamos firmes.
3.
A bênção de sofrer por Jesus. “... temos entrada
pela fé a esta graça, na qual estamos firmes...” (Rm 5.2). Esta
firmeza é um complemento à fé salvadora. Ao ouvirmos pela palavra de Deus,
recebemos a fé e cremos em Jesus Cristo, o que nos proporciona a justificação;
depois, como resultado desta justificação, passamos a ter firmeza, ou seja,
nossa fé cresce a cada dia, pois a fé é dinâmica, que deve ser acrescida
continuadamente (Lc 17.5), razão pela qual Jesus a comparou ao grão de
mostarda, que é a semente de maior índice relativo de crescimento entre os
vegetais superiores (Mt 17.20; Lc 17.6).
II
– AS BÊNÇÃOS DO AMOR TRINITÁRIO (Rm 5.5-11)
1.
O amor que o Pai outorga. “... porquanto o amor de Deus está
derramado em nosso coração...” (Rm 5.5). Aqui, Paulo menciona uma espécie de
inundação do amor de Deus. Somos banhados pelo próprio ser de Deus, uma vez que
Deus é amor. Assim como o Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja no
Pentecostes, o amor de Deus é derramado no coração daqueles que são
justificados. O amor de Deus revelado a nós é algo profuso, caudaloso e
abundante. Não nos é dado por medida, mas copiosamente derramado em nós. Esse
sublime amor de Deus por nós, pecadores, não foi despertado pela cruz de
Cristo; ao contrário, foi o amor de Deus por nós que produziu a cruz. A cruz
não é a causa do amor de Deus, mas seu resultado. Esse amor não é retido em
Deus, mas derramado sobre nós.
2.
O amor que o Espírito distribui. “... porquanto o
amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi
dado” (Rm 5.5). A esperança na salvação jamais será envergonhada. Não seremos
decepcionados nem descobriremos que confiamos numa ilusão. Com temos certeza
disso? O texto sagrado nos responde: “porquanto o amor de Deus está derramado
em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado”. O Espírito Santo que
nos foi outorgado no momento em que cremos inunda nosso coração com essas
expressões do amor eterno de Deus. Depois que recebemos o Espírito Santo, percebemos
que Deus no ama. Não se trata de uma sensação vaga e mística de que “Alguém lá
em cima” se preocupa com a humanidade, mas de uma convicção profunda de que um
Deus pessoal nos ama de fato como indivíduos. Sob a vívida metáfora de uma
chuvarada que cai sobre uma terra seca, o que o Espírito Santo faz é
proporcionar-nos a consciência profunda e revigorante de que Deus nos ama.
3.
O amor que o Filho realiza. “Porque Cristo, estando nós ainda
fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5.6). O Amor de Deus é
provado. É procedente do Pai, operacionalizado pelo Espírito Santo e realizado
pelo Filho. Você é tão especial para Deus, que ele amou você de tal maneira que
deu tudo, deu a si mesmo, deu o seu único Filho (João 3.16). A prova mais
eloquente desse amor é a cruz de Cristo. Pela cruz temos uma abertura ao
coração de Deus e vemos que se trata de um amor que se dá e se sacrifica. Em
Romanos 3.25,26, Paulo já havia provado que, na cruz, Deus revelou sua plena
justiça; em Romanos 5:8, ele afirma que, na cruz, Deus revelou seu abundante
amor. Portanto, a cruz de Cristo não foi um acidente, mas um apontamento de
Deus desde a eternidade. Ele foi morto desde a fundação do mundo. Ele nasceu
para ser o nosso substituto, representante e fiador. A cruz, sempre esteve incrustada
no coração de Deus, sempre esteve diante dos olhos de Cristo. Ele jamais recuou
da cruz. Ele marchou para ela como um rei caminha para a sua coroação. Portanto,
o Amor de Deus não é apenas um sentimento, é uma ação. Não consiste apenas em
palavras; é uma dádiva. Não é uma dádiva qualquer, mas uma dádiva de si mesmo.
Deus deu seu Filho. Ele deu tudo, deu a si mesmo. Deus não amou aqueles que
nutriam amor por ele, mas aqueles que lhe viraram as costas. Deus amou aqueles
que eram inimigos. Cristo morreu no momento determinado por Deus e de acordo com
seu eterno propósito (João 8.20; 12.27; 17.1; Gl 4.4; Hb 9.26).
III
– AS BÊNÇÃOS DA NOVA CRIAÇÃO (Rm 5.12-21)
1.
O homem em Adão. ”Pelo que, como por um homem entrou o
pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os
homens, por isso que todos pecaram. Porque até à lei estava o pecado no mundo,
mas o pecado não é imputado não havendo lei. No entanto, a morte reinou desde
Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão
de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir” (Rm 5.12-14).
Na história humana o
pecado foi introduzido pela queda de Adão. Sendo livre, Adão escolheu
desobedecer. Conquanto tendo livre-arbítrio, tornou-se escravo do pecado e por
meio do seu pecado precipitou toda a raça no estado de rebelião contra Deus. O
pecado é uma conspiração contra Deus. É a transgressão da sua lei, um ato de
rebeldia e desobediência a Deus.
Pelo menos em cinco
ocasiões, nos versículos 15-19 do capítulo 5, a verdade de que, pelo pecado de
um único homem, todos nós pecamos é repetida: "Pela ofensa de um só,
morreram muitos" (5.15); "O julgamento derivou de uma só ofensa, para
a condenação" (5.16); "Pela ofensa de um e por meio de um só, reinou
a morte" (5.17); "Por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os
homens para condenação" (5.18) e "Pela desobediência de um só homem,
muitos se tornaram pecadores" (5.19).
Portanto, não apenas
herdamos o pecado de Adão, mas somos como ele. O pecado tem sua origem em Adão
porque estamos em Adão de modo especial, não apenas porque ele é a raiz que nos
gerou, mas também porque é nosso representante e cabeça. Em Adão, todos
pecaram; em Adão todos morreram. A pena de morte cai hoje sobre todos os homens
não apenas porque todos pecaram como Adão, mas porque todos pecaram em Adão.
Porque todos pecaram em Adão e porque o salário do pecado é a morte, a morte
passou a todos os homens, uma vez que todos pecaram. Ela atinge a todos sem
distinção e sem exceção; seus dedos gélidos repousam sobre ricos e pobres, reis
e vassalos, servos e chefes, doutores e analfabetos, pequenos e grandes, velhos
e crianças, religiosos e ateus. Não podemos nos esconder da morte. Ela será o
último inimigo a ser vencido (1 Co 15.26).
Que tipo de morte entrou
no mundo pelo pecado? A morte física, espiritual e eterna. A morte física é a
separação entre a alma e o corpo (2 Co 5.8); a morte espiritual é a separação
entre o ser e Deus, devido a um ato de desobediência (Rm 7.9); a morte eterna
ou a "segunda morte" é a separação irremediável e eterna entre o
homem e Deus. Trata-se da ida da alma e do corpo para o inferno (Mt 10.28).
Essas três modalidades de morte são consequência do pecado. O pecado é,
portanto, o maior de todos os males. O pecado é pior que a pobreza, que o
sofrimento, que a doença e até mesmo pior que a morte. Todos esses males não
podem afastar o homem de Deus, mas o pecado o afasta de Deus no tempo e na
eternidade. O pecado é maligníssimo.
2.
O homem em Cristo. “Mas não é assim o dom gratuito como
a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de
Deus e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre
muitos. E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou; porque o
juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito
veio de muitas ofensas para justificação. Porque, se, pela ofensa de um só, a
morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom
da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo” (Rm 5.15-17).
Nestes textos, o apóstolo
Paulo faz um contraste entre Adão e Cristo. Na verdade, há cinco contrastes
entre Adão e Cristo nos versículos 15-21 do capítulo 5. Primeiro, o contraste
entre a transgressão de Adão e o dom gratuito de Cristo (5.15). Segundo, o
contraste entre as consequências do pecado de Adão e as consequências da
obediência de Cristo (5.16). Terceiro, o contraste entre os dois reinos (5.17).
Quarto, o contraste entre o "ato único" de Adão e o de Cristo (5.18,19).
Quinto, o contraste entre a lei e a graça (5.20,21).
O
contraste entre a transgressão de Adão e o dom gratuito de Cristo (Rm 5.15). Devido
à transgressão do primeiro homem, morreram muitos. Trata-se, evidentemente, de
uma referência aos descendentes de Adão. Nesse caso, a morte em questão pode
ser tanto física quanto espiritual. Porém, o dom gratuito é mais abundante
sobre muitos. Constitui a manifestação maravilhosa da graça de Deus concedida
ricamente a uma raça de pecadores. É possibilitado pela graça de um só homem,
Jesus Cristo. Foi uma demonstração maravilhosa de graça da sua parte morrer por
suas criaturas rebeldes. Por meio de sua morte sacrificial, o dom da vida
eterna é oferecido a muitos.
O
contraste entre as consequências do pecado de Adão e as consequências da
obediência de Cristo (Rm 5.16). Uma só transgressão
de Adão trouxe julgamento inevitável e condenação. Mas, o dom gratuito de
Cristo, em contrapartida, tratou de maneira eficaz das muitas ofensas, e não
apenas de uma, e resultou na absolvição. Paulo ressalta as diferenças entre o
pecado de Adão e o dom de Cristo, entre a destruição terrível provocada por um
pecado e a graça que transcorre de muitas transgressões e, por fim, entre o
veredicto de condenação e o veredicto de justificação.
O
contraste entre os dois reinos (Rm 5.17). Pela
transgressão de um só homem, reinou a morte, como um tirano cruel. Mas, pela
abundância da graça e o dom da justiça, todos os cristãos reinarão em vida por
meio de um só, a saber, Jesus Cristo (Rm 5.17).
Que graça maravilhosa!
Além de sermos livrados da tirania da morte, governamos como reis, desfrutando
a vida presente e a vida eterna. Será que entendemos e apreciamos, de fato, o
valor dessa dádiva? Vivemos, verdadeiramente, como parte da nobreza celestial,
ou rastejamos no meio da escória deste mundo?
O “homem em Cristo”,
símbolo da nova criação de Deus (2 Co 5.17), é justificado, obediente, dominado
pela graça e dominado pela nova vida com Deus.
CONCLUSÃO
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