SUBSÍDIO
PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.
4º
Trimestre/2015
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE: Gênesis 4.1-10
TEXTO
ÁUREO: “[...] Que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno
e matou a seu irmão [...]” (1 João 3.11,12)
INTRODUÇÃO
O pecado de Adão e Eva não
causou infortúnio apenas para suas vidas, mas passou de pai para filho, de
geração para geração. A historia no capitulo 4 de Gênesis ilustra dolorosamente
este fato e as genealogias ampliam as repercussões do mal por todas as
gerações. Nesta Aula, trataremos acerca de Caim, o filho primogênito de Adão e
Eva. Ele foi recebido em seu lar como uma bênção de Deus (Gn 4.1), e assim
poderia ter sido se tivesse buscado servi-lo. Todavia, a Bíblia relata que seu
modo de vida não era agradável a Deus. A Bíblia diz que Caim era do maligno (1 João
3.12). Ele se afastou de Deus, e, por conseguinte, todos os seus descendentes
caíram em desgraça, por isso foram destruídos no dilúvio. Judas nos exorta que
evitemos nos apartar do Deus vivo, pois este caminho conduz, inevitavelmente, à
destruição (Jd 11-13).
I.
CAIM, SEGUIDOR DE SATANÁS
Apesar das honras que lhe
conferiam a primogenitura, Caim deixou-se dominar por uma inveja tola e
injustificável. Como primeiro filho de Adão, cabia-lhe, entre outras coisas, a
herança messiânica. Se ele tivesse permanecido fiel, estaria hoje entre os
ancestrais de Cristo. Mas, agindo como agiu, foi arrolado como o primeiro
descendente espiritual de Satanás.
1.
A semente da mulher. “E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela
concebeu, e teve a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um varão” (Gn 4.1).
Ao dar à luz o
primogênito, Eva louvor de coração ao Senhor pela criança. Ela disse: “...
Alcancei do SENHOR um varão”. Eva reconheceu que o nascimento de
Caim ocorreu com o auxílio do Senhor. É possível que, ao chamá-lo de Caim
(“conquista”), tenha pensado que dera à luz o filho da promessa, que Deus
prometera em Gn 3.15. Nesta declaração, há pelo menos três proposições: (a)
Deus é o autor da vida; (b) o filho, que Eva agora embala, não é seu; pertence
ao Senhor; e (c) Eva coloca-se no lugar de serva e auxiliadora do Criador no
povoamento da Terra.
Alguns estudiosos defendem
a tese de que Caim e Abel podem ter sido gêmeos, uma vez que a concepção é
mencionada somente uma vez.
2.
O agricultor. “...Abel foi pastor de ovelhas, e
Caim foi lavrador da terra” (Gn 4.2).
Nada mais era
providenciado para Adão e Eva como antes no Jardim do Éden, onde as tarefas
diárias eram animadoras e prazerosas. Agora tinham de lutar contra os
obstáculos para conseguir comida, roupas e abrigo para si e sua família. Os
dois primeiros filhos de Adão e Eva, Caim e Abel, tiveram destinos diferentes.
Abel tornou-se pastor de ovelhas e Caim tornou-se agricultor. Embora a terra
tenha sido amaldiçoada por causa da transgressão de Adão, não lhe negou
colheita alguma. Chamamos isso de graça comum de Deus.
3.
A apostasia de Caim. Caim era o filho primogênito de Adão
e Eva, portanto, deveria ser uma pessoa que tivesse um relacionamento especial
com Deus, vez que toda a humanidade estaria sob sua influência e domínio.
Contudo, a Bíblia nos mostra que Caim preferiu afastar-se de Deus e toda a
civilização nascida deste homem acabou por perecer.
Caim construiu toda
uma civilização alheia a Deus, um protótipo do sistema de vida que a humanidade
construiria durante a sua história, sistema de vida que a Bíblia denomina de
"mundo" e até de "Babilônia".
Caim representa a
humanidade caída, pecadora e fugitiva da presença de Deus - “E saiu Caim de
diante da face do Senhor ...” (Gn 4.16).
Caim inaugurou a
galeria dos grandes criminosos da História, tais como Herodes, Nero, Napoleão,
Stalin, Hitler, entre outros facínoras. Seus imitadores acham-se também entre
os que, em nossas igrejas, matam espiritual e moralmente o seu irmão.
II.
O CULTO DE CAIM
Desde o princípio da
humanidade, o ser humano apresenta culto a Deus. Na família de Adão e Eva o
culto a Deus era realizado sob a forma de sacrifícios e orações, apresentação
de ofertas e consagração a Deus do melhor que havia (Gn 4.3,4). A Escritura não
nos fala como esses sacrifícios eram oferecidos, mas o que é claro é que
aqueles primeiros sacrifícios tiveram origem no senso de dependência de Deus e
de gratidão a Ele. Seu objetivo era expressar a consagração humana e sua
entrega a Deus. A questão não era propriamente a oferta, mas a disposição do
ofertante expressa na oferta. Tanto quanto à disposição quanto à oferta, Abel
trouxe um sacrifício melhor do que o de Caim (Hb 11.4), e foi recompensado com
o favor do Senhor.
1.
O sacrifício rejeitado (Gn 4.3,5). A Bíblia relata que o
modo de vida de Caim não era agradável a Deus e, por isso, Deus não aceitou a
sua oferta. A razão de Deus ter aceitado o sacrifício de Abel e rejeitado o de
Caim não foi baseado no fato de que o sacrifício de Caim era sem sangue. Muitas
das oferendas exigidas no Antigo Testamento eram sem sangue, como as ofertas de
manjares (cf. Lv 2.1-16). A diferença estava nos corações daqueles dois
ofertantes. Abel ofereceu com fé (Hb 11.4), ao passo que Caim, não. Aliás, a
Bíblia afirma que Caim era do maligno (1 João 3.12), ou seja, não tinha um coração
temente e submisso a Deus e, por isso, não foi aceita a sua oferta. Esta
diferença básica entre os dois ofertantes é indicada pelas palavras no texto
sagrado: Deus “atentou para Abel e para sua oferta. Mas para Caim e para a sua
oferta não atentou” (Gn 4.4,5). Provérbios 21.27 diz: “O sacrifício dos
ímpios é abominação; quanto mais oferecendo-o com intenção maligna!”. Somente
quando são oferecidos com fé, os sacrifícios e o serviço dos homens agradam a
Deus (cf. Is 1.11-17; Ml 1.6-14).
Caim irou-se com a
rejeição divina – “E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante” (Gn
4.5). O fracasso de Caim no culto, e a ira subsequente, são fatores básicos
para seu comportamento não-ético. O cristão verdadeiro e o não verdadeiro são
diferenciados por suas atitudes básicas em relação a Deus.
2.
A atitude interior reprovado. A Bíblia nos mostra que
Deus observa o coração do ofertante (Is 1.11-20; Mt 5.23-26). Deus rejeitou a
oferta de Caim, porque percebeu que o coração dele não era verdadeiro e a sua
oferta tinha um caráter mais material. Seu culto tornou-se legalista, cheio de
obras mortas; infrutífero, sem valor espiritual. Na realidade, a chave para o
fracasso de Caim se encontra nas cuidadosas descrições do texto sagrado,
referentes ao tributo de Caim e Abel - “Caim trouxe do fruto da terra uma
oferta ao Senhor” (Gn 4.3). Aqui, não há indicação que este “fruto da terra”
seja o primeiro e o melhor. Abel ofertou o melhor que tinha; ele “trouxe dos
primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura” (Gn 4.4); seu coração era
sincero; seu culto, verdadeiro (Hb 11.4). Portanto, o pecado de Caim foi a
superficialidade. Ele parece religioso, porém seu coração não é totalmente
dependente de Deus, não é sincero nem grato.
Hoje, o que oferecemos ao
Senhor no culto? Nossas ofertas demonstram a atitude real de nossos
corações? (Sl 51.17). Deus se agrada do gesto de gratidão e reconhecimento, do
que está no coração do homem, não do que está sendo apresentado em termos
materiais. Tanto assim é que, ao indagar Caim sobre sua oferta, Deus diz que
ele deveria ter feito bem, ou seja, não como um mero formalismo, não como um
mero ritual, mas como algo espontâneo e que proviesse do fundo da alma, pois,
somente neste caso é que haverá aceitação por parte do Senhor (Gn 4.7).
3.
O pecado sempre presente. Nos versos 6 e 7 do capítulo 4
de Gênesis lemos a advertência e o aviso de Deus: "Então, lhe disse o
Senhor: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se
procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis
que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre
dominá-lo". Aqui, o pecado é representado sob a figura de uma fera
selvagem rondando a porta do coração, pronta para atacar sua vítima. Caim era
capaz de resistir à tentação, mas não foi, e a história bíblica continua
relatando o terrível crime que nasceu do ódio e da inveja. Para Caim sujeitar o
pecado que estava prestes a atacar e destruir a sua vida e a de seus
descendentes, ele teria de expulsar o ódio e a inveja doentia que inundavam o
seu coração. Desse modo, o pecado não encontraria lugar em sua vida.
Infelizmente, isso não ocorreu.
Após Caim ter o seu
sacrifício rejeitado, Deus lhe deu a chance de corrigir o seu erro e fazer uma
nova tentativa. Deus até mesmo o encorajou a fazer isto (cf. Gn 4.7), mas Caim
se recusou e o resto da sua vida é um exemplo assustador do que acontece com os
que se recusam a admitir os erros.
Semelhante a Caim seremos,
vítimas do pecado, caso não o vençamos. Porém, o pecado não pode ser evitado
através de nossas próprias forças. Nós precisamos buscar a Deus para receber fé
e procurar outros irmãos em Cristo para que nos ajudem a ter força e coragem. O
Espirito Santo nos ajuda a vencer o pecado. Esta será uma batalha para toda a
vida, a qual não será vencida até que estejamos com Cristo num estado
glorificado.
Qual a sua reação quando
alguém insinua que você fez algo errado? Você corrige o erro ou nega que
precisa corrigi-lo? Sugiro que se alguém insinuar que você está errado, faça
uma profunda reflexão e escolha o caminho de Deus, não o de Caim.
III.
A IRA DE CAIM SE TORNA EM AÇÃO
1.
O crime. O primeiro ato de violência relaciona-se com o
culto religioso. A ira de Caim se torna em ação; ele matou seu irmão Abel – “E
falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se
levantou Caim contra o seu irmão Abel e o matou” (Gn 4.8). Infelizmente, a
história da humanidade está repleta de lutas, brutalidades e guerras motivadas
pelo zelo religioso. O que devia unir os homens, infelizmente os separa.
A desobediência de Adão e
Eva trouxe o pecado para a raça humana. Talvez eles pensassem que seu pecado –
comer um pedaço de fruta – não era tão mau, mas note a rapidez com que a
natureza pecaminosa se desenvolve em seus filhos. O simples ato da
desobediência degenerou-se rapidamente em violento assassinato. Este é o
primeiro assassinato da história humana – uma vida tirada pelo derramamento de
sangue humano. Adão e Eva agiram apenas contra Deus, mas Caim agiu contra Deus
e outras pessoas. Um pequeno pecado pode crescer fora de controle. Permita que
Deus o ajude com seus “pequenos” pecados antes que se tornem grandes tragédias.
2.
O álibi. Segundo o dicionário Aurélio, álibi é o
“meio de defesa que o réu apresenta provando sua presença, no momento do crime
ou do delito, em lugar diferente daquele em que este foi cometido”.
Após ter assassinado Abel,
Caim retoma à sua vida laboral como se nada tivesse acontecido. Vem o Senhor,
então, e pergunta-lhe: "Onde está Abel, teu irmão?" (Gn 4.9).
Caim desculpa-se, como se estivesse noutro lugar: “... E ele disse: Não
sei; sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4.9). Caim matou seu irmão no campo,
sem testemunhas. Seria o crime perfeito, caso não houvesse havido o testemunho
de Deus. Deus é o supremo e reto juiz e crime algum fica impune aos Seus olhos.
Não há como fugir deste juízo (Sl 139.1-12).
É bem provável que Caim,
ao ser arguido de forma tão direta pelo Autor e Conservador da vida, haja sido
tomado pela surpresa. Afinal, o seu crime fora executado com requinte, astúcia
e muita discrição. Ninguém viu nada; nem o pai, nem a mãe. Talvez ele não
soubesse ainda que Deus é tanto Onisciente quanto Onipresente. Mas, agora, sabe
que nada poderá escondê-lo do Juiz de toda a Terra.
Caim, a exemplo de seus
pais, procura esquivar-se de suas responsabilidades, não assumindo sua culpa. O
pecado faz obscurecer a responsabilidade e a autocrítica do ser humano, que
está com seu entendimento cegado pelo mal (cf. 2 Co 4.3,4).
Em virtude do pecado de
Caim contra o seu irmão, Deus o amaldiçoa em toda a terra, retira a sua
habilidade para o cultivo da terra e o sentencia a uma vida como fugitivo e
errante (Gn 4.12).
3.
A marca do crime. Em virtude do pecado horrendo de Caim
houve uma consequência, a saber: “Agora maldito és desde a terra, que abriu sua
boca para receber das tuas mãos o sangue do teu irmão. Quando lavrares o solo,
não te dará mais a sua força: fugitivo e errante serás pela terra. O Senhor,
porém, lhe disse: Portanto qualquer que matar a Caim será vingado sete vezes. E
pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que o
encontrasse" (Gn 4.11,12,15).
Deus, apesar de aplicar
uma pena dura a Caim, qual seja, a de que não poderia mais lavrar a terra e que
fugitivo e vagabundo seria na terra (Gn 4.12), ao contrário da conclusão
precipitada de Caim (Gn 4.13,14), deixa-lhe aberta, ainda, a possibilidade de
salvação, mantendo-o protegido por um “sinal” (Gn 4.15), revelando, assim, Sua
misericórdia. Jeremias bem disse que “as misericórdias do SENHOR são a
causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm 3.22).
O sinal tratava-se
duma proteção para Caim e mostrava o incrível amor de Deus até mesmo pelos
pecadores impenitentes. Caim não sofreu pena de morte nesse tempo.
Posteriormente, quando a iniquidade e a violência da raça humana tornou-se
extrema na terra, a pena de morte foi instituída (Gn 9.5,6).
O sinal colocado em Caim deveria
ser aquele que, quem o visse ficasse com medo. Todos, ao vê-lo, teriam de ter
medo dele, para que não fosse morto. Deus não iria sair avisando a todos que o
homem de tais características não deveria ser morto. Deus pôs algo em Caim que
amedrontaria a todos pela aparência; o objetivo desse sinal era: “... para que
o não ferisse qualquer que o achasse" (Gn 4.15).
Será que Deus transformou
Caim num gigante, para que todos ao vê-lo ficassem atemorizados e com
medo, não tentando dessa forma matá-lo? A característica de gigante era colocar
medo em quem os encontrasse. Em 1 Sm 17.11, observamos que a reação do povo de
Israel ao ver o Gigante Golias foi de espanto e temor, exatamente o que Caim
precisava para não ser morto quando alguém o encontrasse (Gn 4.15).
CONCLUSÃO
O escritor da epístola de
Judas adverte quanto a falsos irmãos: "Ai deles! Porque entraram pelo
caminho de Caim" (Judas 11). Parece que o "caminho de Caim"
inclui prestar culto segundo as inclinações do homem natural, perseguir os
crentes verdadeiros, recusar arrepender-se, e excluir Deus de sua própria
vida. O castigo de tais pessoas se traduz em habitar espiritualmente na terra
de Node (errante), sem paz nem sossego, como o mar, cujas "águas lançam de
si lama e lodo" (Is 57.20).
O caminho de Caim é muito
fácil de trilhar. Basta dar vazão ao ódio, à inveja, ao rancor, à raiva e a
tudo que não esteja de acordo com o nosso interesse. O caminho de Caim está a
cada dia próximo de nós, quando rejeitamos considerar o nosso próximo superior
a nós mesmos. O caminho de Caim está mais próximo das nossas vidas, quando
procuramos fugir da realidade inventando desculpas para não fazermos a nossa
parte com retidão.
REFERÊNCIAS:
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavra Chave. Rio de Janeiro: CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA.
Estados Unidos da América: Editora
Vida, 1998.
Hamilton,
Victor P. Manuel do Pentateuco. Rio de Janeiro: CPAD.
http://luloure.blogspot.com.br/
Merrill,
Eugene H. História de Israel no Antigo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
RICHARDS,
Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia:
Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012.
Waltke, Bruce
K. Gênesis. Editora Cultura Cristã.
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