SUBSÍDIO
PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.
4º
Trimestre/2015
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE: Gênesis 45.1-8
TEXTO
ÁUREO: “E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um varão como este, em quem
haja o Espírito de Deus?” (Gn 41.38).
INTRODUÇÃO
Com esta Aula concluímos o
estudo do livro de Gênesis, concernente aos temas e tópicos propostos. Na Aula
de hoje estudaremos a respeito da vida de José. Veremos preciosas lições que
este valoroso jovem deixou como legado para todas as pessoas que sonham os
sonhos de Deus. De todos os filhos de Jacó, José é, de longe, o mais focalizado
pelo texto sagrado, pois, além de ter sido o instrumento de Deus para que
Israel viesse a se tornar uma nação, também é um vigoroso exemplo de como deve
ser o caráter de um servo do Senhor neste mundo distanciado de Deus. O seu
testemunho nos mostra a possibilidade de o homem manter-se, sob a graça divina,
íntegro, independentemente da idade e das circunstâncias que o envolvam.
Ele foi o mais próximo
tipo de Cristo na Bíblia: amado pelo pai e invejado pelos irmãos; vendido por
vinte moedas de prata; desceu ao Egito em tempos de prova; perseguido injustamente;
abandonado pelo amigo; exaltado depois da aflição; salvador de seu povo.
Milhões ao longo dos
séculos foram salvos com a história desse jovem valoroso. Seus atos pregam com
muita contundência e penetração como deve ser o comportamento de um verdadeiro
homem de Deus, mesmo que tenha que passar por dolorosas provações. José teve
como principal meta não perder a comunhão com seu Deus, pois sabia que no tempo
certo Deus lhe daria a recompensa pela sua fidelidade. Ele foi um homem fiel a
seus pais, a seus superiores e a Deus. Ele foi fiel na adversidade e na
prosperidade. Sigamos, pois, o seu exemplo!
I.
A HISTÓRIA DE JOSÉ
José, filho de Jacó e de
Raquel, ocupa a posição central na narrativa do livro do Gênesis, a partir do
capítulo 37, parte conhecida pelos estudiosos das Escrituras como “o ciclo de
José”.
José enfrentou terríveis
provações: foi desprezado e abandonado pelos seus irmãos, vendido como escravo,
exposto à tentação sexual e punido por fazer a coisa certa; suportou um longo
período de encarceramento e foi esquecido por aqueles a quem ajudou. Mas José
não passava muito tempo tentando saber os motivos de suas provas. Sua atitude
era: “o que devo fazer agora?”. Os que conheceram José logo perceberam que Deus
estava com ele em qualquer coisa que fizesse ou onde quer que fosse.
Quando você estiver
enfrentado um contratempo, o primeiro passo para uma atitude semelhante a de
José é reconhecer que Deus está no controle de tudo e que Ele está com você.
Não há nada como a presença dEle para derramar nova luz sobre a situação
escura. Ao ler a história de José, note o que ele fez e cada situação. Sua
atitude positiva transformou todo contratempo em progresso.
1.
Filho da afeição. (Gn 37.3) José é mencionado, pela
vez primeira, nas Escrituras Sagradas, em Gn 30.24, quando se noticia o seu
nascimento miraculoso em Padã-Arã (Gn 28.2; 30.22-24). Raquel, sua mãe e a
mulher predileta de Jacó, por quem o velho patriarca havia trabalhado para Labão
durante quatorze anos, era estéril. Entretanto, Deus lhe abriu a madre e José
nasceu, revelando, desde logo, que se tratava de uma pessoa com uma missão
especial no plano divino para a salvação do homem. Seu nome, em hebraico,
significa “Deus acrescenta” ou “aquele que acrescenta”, nome dado por Raquel
para expressar ao Senhor seu desejo de ter mais um filho, desejo que foi
atendido, embora Raquel tenha morrido neste seu segundo parto (Gn 35.16-19).
A vida de José é narrada
nos capítulos 37 a 50 de Gênesis. Jacó amava mais a José do que a todos os seus
filhos (Gn 37.3), porque era filho da sua velhice, razão pela qual fez-lhe uma
túnica de várias cores. Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do
que a todos eles, odiavam-no e não lhe podiam falar pacificamente(Gn 37.4).
2.
Filho da decisão. Raquel, a mãe de José teve a criança
depois de anos de esterilidade (Gn 30.22). Jacó tinha 91 anos quando José
nasceu. Deus, então, manda Jacó voltar à terra de seus pais. Atendendo as
orientações de Deus, Jacó partiu de Padã-Arã com toda a sua família, para
voltar à terra de Canaã (Gn 31.17 e 18). A partida de Jacó e seus filhos de
Padã-Arã prenuncia o Êxodo das doze tribos de Israel do Egito; Eles vão, não
porque o filho do coração mexeu com a alma do patriarca, mas sim, em resposta a
um chamado de Deus para a dorar na terra de Canaã (Êx 3.13-18); eles despojaram
o inimigo de sua riqueza (Êx 12.35,36); eles são perseguidos por forças
superiores e salvos por intervenção divina (Êx 14.5-31). Estes exemplos do
Antigo Testamento apontam para a peregrinação do Novo Israel, a Igreja (veja 1 Co
10.1-4). Durante sua viagem de retorno à Canaã, Jacó morou em Sucote e depois
em Siquém (Gn 33.17-19). Mais tarde foi morar em Betel (Gn 35.1, 5 e 6). Em
Betel o próprio Deus anunciou ao idoso Jacó a mudança de seu nome, que passou a
ser chamado de - Israel: “aquele que luta com Deus” (Gênesis 35.10).
Posteriormente, em caminho de Betel para Efrate (Belém), morreu Raquel, mãe de
José, ao dar à luz Benjamim (Gênesis 35.19).
3.
Filho dos sonhos. (Gn 37.5-11) José, aos dezessete
anos de idade, teve um sonho e contou a seus irmãos. Ele lhes disse: "Estávamos
nós atando molhos no campo e eis que o meu molho, levantando-se, ficou em pé; e
os vossos molhos o rodeavam e se inclinavam ao meu molho". Responderam-lhe
seus irmãos: "Tu, pois, reinarás sobre nós e deveras terás domínio sobre
nós?". Por causa dos seus sonhos e das suas palavras o odiavam ainda mais.
Neste primeiro sonho, temos
que José se dirige apenas a seus irmãos, até porque o sonho envolve tão somente
ele e seus irmãos. Aqui, José revela imaturidade, o que é próprio para quem
tinha a sua idade. José deveria ter guardado o sonho para si ou, quem sabe,
pedir a seu pai, que, certamente, já lhe dissera a respeito das experiências
que tivera com o Senhor, inclusive a visão em Betel, alguma orientação.
Entretanto, José quis, com o sonho, alterar a sua posição diante de seus
irmãos; não tinha percebido que não é desta maneira que alguém se impõe. Não é
por força, nem por violência, mas pelo Espírito Santo que uma liderança
escolhida por Deus se impõe aos demais (cf. Zc 4.6). Esta experiência José
ainda não possuía e deveria aprendê-la nas diversas fases de sua vida.
Teve José outro sonho e
o contou diante de seus irmãos, dizendo: "Tive ainda outro sonho; e eis
que o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam perante mim”. Os irmãos o
odiaram por causa do sonho e seu pai repreendeu-o porque entendeu que, segundo
o sonho, todos eles viriam a inclinar-se com o rosto em terra diante dele. Jacó
repreendendo a José, não porque não cresse nos sonhos, mas pela própria
inexperiência do filho, tanto que o velho patriarca guardou estas coisas em seu
coração (Gn 37.11). Entretanto, os sonhos apenas aguçaram a beligerância entre
José e seus irmãos, cuja inveja já era, então, notória e explícita.
Apesar da imprudência de
José no tocante às revelações recebidas da parte de Deus, verdade é que era
necessário, no plano divino, que ele contasse os sonhos a seus irmãos, para que
se tivesse a situação que o levou ao Egito como escravo; mas isto nos serve de
lição para que tenhamos muita prudência e cuidado no que toca à divulgação de
nosso relacionamento com o Senhor. Há um espaço de intimidade entre o crente e
o Senhor (Mt 6.6; Ap 2.17), espaço este que não deve ser divulgado a ninguém, a
menos que haja uma determinação neste sentido da parte do Senhor. Não podemos
nos esquecer que vivemos num mundo mau e que nem todos são nossos amigos, bem
como que o nosso inimigo sempre está ao nosso derredor, buscando a quem possa
tragar (1 Pedro 5.8).
Os sonhos de José eram os
sonhos de Deus, mas, inicialmente, seus sonhos não o levaram ao pódio, mas à
cisterna; seus sonhos não o fizeram um vencedor, mas um escravo; seus sonhos
não o levaram de imediato ao trono, mas à prisão. Porém, José soube esperar
pacientemente o tempo de Deus. Ele compreendia que Deus era o Senhor de seus
sonhos, por isso aguardou com paciência o cumprimento da promessa.
Depois do choro, vem a
alegria; depois das lágrimas, vem o consolo; depois do deserto, vem a Terra
Prometida; depois da humilhação, vem a exaltação; depois da cruz, vem a coroa;
depois da prisão, vem o trono. José confiou em Deus, e seus sonhos foram
realizados.
4.
José sofreu a dor do desprezo e do abandono. (Gn 37.24,25) José
era o décimo primeiro filho de Jacó e o primeiro de Raquel, sua amada (Gn
49.22). Benjamim era o mais jovem de todos (Gn 49.27). Rubens, o primogênito,
era instável, imoral e intempestivo (Gn 35.22; 49.4). Simeão e Levi eram
violentos, cruéis e vingativos (Gn 34.25-29; 49.5,7). Porém, uma coisa eles
tinham em comum: todos invejavam José e procuravam ocasião para matá-lo (Gn
37.11,18,20). Totalmente envolvidos pela inveja, decidiram matar José (Gn 37.18)
e o teriam feito se Ruben, o primogênito, não lhes tivesse demovido o intento
(Gn 37.18-21). José é, então, lançado numa cova até que se resolvesse o que se
faria com ele. Ele foi desprezado e abandonado por aqueles que deveriam
protegê-lo.
José perdeu, de um momento
para outro, toda a sua posição privilegiada que tinha na casa de seu pai.
Perdeu a “túnica de várias cores” e é posto numa cova no deserto, uma cova
vazia e sem água (Gn 37.24). Seus irmãos, insensíveis e cegos pelo ódio e pela
inveja, comiam pão enquanto seu irmão estava a sofrer terrivelmente naquela
cova. José estava só, abandonado pelos seus próprios irmãos.
A despeito de tudo isso,
aprendemos uma lição importante: um líder precisa aprender a ficar só e a
depender única e exclusivamente de Deus. Era esta a primeira lição que Deus
dava a José e uma lição que dá a cada um de Seus servos que tem chamado para
fazer parte de Sua Igreja. Nos dias em que vivemos, muitos pregam a respeito
das promessas de Deus e da sua fidelidade, mas omitem o preço que deve ser pago
para se apropriar de tais promessas.
II.
UM ESCRAVO CHAMADO JOSÉ
José, de filho predileto,
torna-se uma mercadoria, um escravo. Mas, a Bíblia diz que Deus era com ele (At
7.9).
1.
O preço de um jovem. “Passando, pois, os
mercadores midianitas, tiraram, e alçaram a José da cova, e venderam José por vinte
moedas de prata aos ismaelitas, os quais levaram José ao Egito” (Gn 39.28).
Judá livra José da morte,
convencendo seus irmãos a vendê-lo a mercadores do deserto, ismaelitas e/ou
midianitas (Gn 37.27,28). José foi vendido por vinte moedas de prata, abaixo da
cotação do mercado para aquisição de um escravo (cf. Êx 21.32). José foi
tratado como uma mercadoria, um objeto descartável, “mas Deus era com Ele” (At
7.9).
José foi levado para o
Egito, a potência política da época, onde foi vendido a Potifar, eunuco de
Faraó, capitão da guarda (Gn 37.36). No Egito, inicia-se a segunda fase da vida
de José. Não era mais agora o filho predileto na casa de seu pai, mas um escravo
em terra estrangeira. Deus já mostra a Sua presença ao fazer com que José seja
comprado por um alto funcionário da corte de Faraó. Potifar era o capitão da
guarda, o encarregado da segurança de Faraó e de seus palácios, de modo que
José é introduzido, ainda que na condição de escravo, num ambiente
privilegiado.
Apesar de ter perdido a
condição de filho predileto na casa de seu pai e de, agora, ser um escravo em
terra estrangeira, José não havia perdido a companhia do Senhor. O texto
sagrado é enfático ao afirmar que “o Senhor estava com José” (Gn 39.2). E por
que Deus estava com ele? Porque José se manteve fiel ao Senhor. Como disse o
salmista: “Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o
invocam em verdade”(Sl 145.18). José servia verdadeiramente a Deus, adorava a
Deus pelo que Ele é, não pelo que Ele fazia ou deixava de fazer e, por isso, o
Senhor estava com ele.
José decidira servir a
Deus, mesmo em uma situação tão difícil, em terra estranha, longe de sua
família, traído pelos seus irmãos. Apesar disso, ele mantém a mesma posição
diante de Deus: integridade e lealdade. Continuou a servi-lo, a amá-lo, pois
amar a Deus é fazer o que Ele manda (João 14.5; 15.14).
Temos sido íntegros em
nosso viver? Servimos a Deus tanto na alegria como na tristeza, tanto quando
estamos em uma situação privilegiada, como José na casa de Jacó, quanto quando
estamos como escravos em terra estrangeira, completamente sós e desamparados?
Temos o mesmo sentimento que teve o patriarca Jó: “… receberemos o bem de Deus
e não receberíamos o mal?” (Jó 2.10). Isto é ser íntegro; isto é ter o coração
inteiramente dedicado a Deus, render-lhe exclusiva adoração, não importando com
nada que esteja à nossa volta, as chamadas “circunstâncias”. É esta a ordem
divina para os Seus servos: “… andai no temor do Senhor com fidelidade e com
coração inteiro” (2 Cr 19.9). Israel teve um rei por nome Amazias, que não
serviu ao Senhor de coração inteiro (2 Cr 25.2), motivo pelo qual teve grandes
fracassos em sua vida.
2. A pureza de um jovem. No Egito José mostrou ser um diligente e fidedigno escravo, granjeando o respeito e a confiança de seu novo dono. Vendo Potifar que Deus era com José, fazendo prosperar em sua mão tudo quanto ele empreendia (Gn 39.3), decidiu Potifar promovê-lo a supervisor, com responsabilidade sobre todas as questões domésticas. Em Gn 39.2, o texto afirma: "O Senhor era com José que veio a ser homem próspero..." Ainda que isto se refira a tornar-se materialmente próspero, José era também, certamente, bem sucedido espiritualmente. Uma das lições que pode ser aprendida conforme a história se desenvolve é que até mesmo uma pessoa espiritualmente bem sucedida não está isenta da tentação. Paulo adverte: "Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia" (1Co 10.12). Precisamos estar sempre em guarda contra as manobras de Satanás. (Gn 39.7-12) Mas, quando tudo parecia estar bem na vida de José, surge a tentação. A mulher de Potifar quis deitar-se com José, pois ele era formoso de parecer e formoso à vista (Gn 39.6). José resistiu a esta oferta, não aceitando deitar-se com a mulher de seu senhor. Em primeiro lugar, porque era fiel a Deus e sabia que uma relação sexual fora do casamento estava fora da vontade divina. Em segundo lugar, José sabia o seu lugar: “estava na casa do seu senhor” e, por isso, bem sabia que a mulher de Potifar não se encontrava entre os bens que lhe haviam sido confiados (Gn 39.9). Em terceiro lugar, porque o adultério é um grande mal e um terrível pecado contra Deus (Gn 39.9). Vemos, assim, mais um sinal de integridade na vida de José.
2. A pureza de um jovem. No Egito José mostrou ser um diligente e fidedigno escravo, granjeando o respeito e a confiança de seu novo dono. Vendo Potifar que Deus era com José, fazendo prosperar em sua mão tudo quanto ele empreendia (Gn 39.3), decidiu Potifar promovê-lo a supervisor, com responsabilidade sobre todas as questões domésticas. Em Gn 39.2, o texto afirma: "O Senhor era com José que veio a ser homem próspero..." Ainda que isto se refira a tornar-se materialmente próspero, José era também, certamente, bem sucedido espiritualmente. Uma das lições que pode ser aprendida conforme a história se desenvolve é que até mesmo uma pessoa espiritualmente bem sucedida não está isenta da tentação. Paulo adverte: "Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia" (1Co 10.12). Precisamos estar sempre em guarda contra as manobras de Satanás. (Gn 39.7-12) Mas, quando tudo parecia estar bem na vida de José, surge a tentação. A mulher de Potifar quis deitar-se com José, pois ele era formoso de parecer e formoso à vista (Gn 39.6). José resistiu a esta oferta, não aceitando deitar-se com a mulher de seu senhor. Em primeiro lugar, porque era fiel a Deus e sabia que uma relação sexual fora do casamento estava fora da vontade divina. Em segundo lugar, José sabia o seu lugar: “estava na casa do seu senhor” e, por isso, bem sabia que a mulher de Potifar não se encontrava entre os bens que lhe haviam sido confiados (Gn 39.9). Em terceiro lugar, porque o adultério é um grande mal e um terrível pecado contra Deus (Gn 39.9). Vemos, assim, mais um sinal de integridade na vida de José.
Humanamente pensando, José nada teria a perder em aceitar esta oferta. Era rapaz jovem vigoroso e a mulher de seu senhor não devia ser feia. A tentação era realmente forte e, além do mais, Potifar lhe tinha absoluta confiança. No dia em que sofreu o ataque mais decidido da mulher de Potifar, não havia sequer uma testemunha que o pudesse incriminar. Entretanto, José não tinha a dimensão humana em vista, mas tão somente a dimensão divina.
José podia usar outro argumento para justificar a sua queda moral: ele era escravo. Ele podia pensar que não tinha nada a perder e, ainda, um escravo só tem que obedecer. Entretanto, José entendeu que Potifar lhe havia confiado tudo em sua casa, menos sua mulher. José sabia que a traição conjugal é uma facada nas costas, uma deslealdade que abre feridas incuráveis. Ele estava pronto a perder sua liberdade, mas não a sua consciência pura. Estava pronto a morrer, mas não a pecar. José preferiu estar na prisão, com a consciência limpa, a estar em liberdade na cama da mulher com a consciência culpada. Ele perdeu a liberdade, mas não a dignidade.
José manteve-se firme: por entender a presença de Deus em sua vida (Gn 39.2,3); por entender a bênção de Deus em sua vida (Gn 39.5); por entender que o adultério é maldade contra o cônjuge traído (Gn 39.9) e um grave pecado contra Deus (Gn 39.9).
Em relação às paixões carnais, o segredo da vitória não é resistir, mas fugir. José fugiu (Gn 39.12). E, mesmo indo para a prisão, escapou da maior de todas as prisões: a prisão da culpa e do pecado.
O exemplo de José é extremamente elucidativo nos dias de imoralidade sexual que vivemos. Ensina-se abertamente, inclusive entre “evangélicos”, que a castidade, a pureza sexual, a virgindade antes do casamento são “princípios ultrapassados”, “costumes antigos”, “falso moralismo”, pois “Deus só quer o coração”. A vida de José mostra, bem ao contrário, que a verdadeira comunhão com Deus, a integridade, está na observância das regras éticas estabelecidas pelo Senhor na Sua Palavra, em especial as relativas à moral sexual, que impõem a atividade sexual no casamento e apenas com o cônjuge.
3.
A prisão de um jovem. Interessante notar que, tivesse
Potifar acreditado na acusação feita pela esposa, de que José havia tentado
contra sua honra, indubitavelmente a punição teria sido a morte. Há, ainda,
outra lição a ser colhida: o registro inspirado informa-nos que a esposa de
Potifar instigou José não uma só vez, mas antes "todos os dias"
(versículo 10). Isto significa que ela tentou seduzi-lo tanto quando ele estava
fraco como quando ele estava forte. Algumas das mais fortes tentações da vida
são aquelas que ocorrem "todos os dias". Na prisão, José foi tratado
com grande severidade pelos seus carcereiros. A respeito dele disse o salmista:
“Feriram-lhe os pés com grilhões; puseram-no a ferros, até o tempo em que a sua
palavra se cumpriu; a palavra de Deus o provou.” (Sl 105.18 e 19). Na prisão
Deus mais uma vez intervém. O capitão da guarda, por causa da conduta exemplar
de José, deu-lhe um cargo de confiança sobre os outros presos, inclusive dois
de considerável importância, lançados posteriormente na mesma prisão: o chefe
dos copeiros e o chefe dos padeiros.
4.
José prospera, a despeito das adversidades. “E o
SENHOR estava com José, e foi varão próspero...” (Gn 39.2).
Em virtude de sua
fidelidade a Deus em uma situação tão adversa, José foi um varão próspero (Gn
39.2,3). Ele não abandonou a Deus apesar de toda a adversidade e, por este
motivo, Deus começou a trazer bênçãos materiais para a casa de Potifar, a fim
de que o próprio capitão da guarda, pessoa ignorante das coisas de Deus,
pudesse exaltar a pessoa de José em sua casa - “Vendo, pois, o seu senhor que o
SENHOR estava com ele e que tudo o que ele fazia o SENHOR prosperava em sua
mão, José achou graça a seus olhos e servia-o; e ele o pôs sobre a sua casa e
entregou na sua mão tudo o que tinha” (Gn 39.3,4).
José conquistou uma
posição de liderança na casa de Potifar graças ao seu trabalho, ao seu esforço.
Quando aliamos esforço, dedicação e excelência de serviço a uma vida de
comunhão com o Senhor, certamente seremos abençoados por Deus. Não se trata de
um “toma-lá-dá-cá”, de uma barganha, como se ouve na atualidade, mas, sim, do
resultado do poder de Deus em nossas vidas. As nossas boas obras fazem com que
o nome do Senhor seja glorificado (Mt 5.16) e um bom testemunho nos traz
reconhecimento na sociedade, no ambiente onde estamos.
5.
A intervenção de Deus por José. “e
livrou-o de todas as suas tribulações e lhe deu graça e sabedoria ante faraó,
rei do Egito, que o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa” (At
7.10). Deus não nos livra de sermos humilhados, mas nos exalta em tempo
oportuno. Deus exaltou José depois da humilhação e do sofrimento. Podemos
verificar essa ação de Deus na vida de José de três formas:
a) Deus livrou José de
todas suas aflições (At 7.10a) – “e livrou-o de todas as suas tribulações...”. Vida
cristã não é ausência de aflição, mas livramento nas aflições. Depois da
tempestade, vem a bonança. Depois do choro, vem a alegria. Depois do
vale, vem o monte. Depois do deserto, vem a terra prometida. Assim como Deus
livrou José de todas as suas aflições, Ele é poderoso: para enxugar nossas
lágrimas; para aliviar nosso fardo; para acalmar as tempestades de nosso
coração; para trazer bonança para nossa vida e nos dar um tempo de refrigério.
b) Deus deu a José graça e
sabedoria (At 7.10b) – “...e lhe deu graça e sabedoria ante faraó, rei do
Egito...”. Deus deu graça e sabedoria a José: para entender o que ninguém
entendia; para ver o que ninguém via; para discernir o que ninguém compreendia;
para trazer soluções a problemas que ninguém previa. O futuro do Egito e do
mundo foi revelado a José por meio do sonho do Faraó. Em José, havia o Espírito
de Deus. Por meio da palavra de José, o mundo não entrou em colapso. Por expediente
de José, a crise que poderia desabar sobre o Egito e as nações vizinhas foi
transformada em oportunidade para Deus cumprir seus gloriosos propósitos na
vida de seu povo.
c) Deus galardoou José e o
fez instrumento de bênção para os outros (At 7.10c) – “...que o constituiu
governador sobre o Egito e toda a sua casa”. Todas as coisas cooperam para
o bem daqueles que amam a Deus, diz a palavra de Deus. Deus usou José para salvar
a vida de sua família. José foi o instrumento que Deus levantou para salvar o
mundo da fome e da morte.
III
– UM LUGAR DE REFÚGIO PARA ISRAEL
1.
O intérprete de sonhos. Certo dia, quando fazia sua ronda
costumeira, José notou que os prisioneiros mais ilustres, o chefe dos copeiros
e o chefe dos padeiros de Faraó, ambos tinham uma expressão muito preocupada.
Eles disseram que haviam tido um sonho estranho e que não podiam compreender o
seu significado. Depois de atribuir a interpretação a Deus, José fez saber a
eles a significação: em três dias o chefe dos copeiros seria reintegrado à sua
antiga posição, e daria o copo nas mãos de Faraó, como fazia antes. O diligente
José pediu ao chefe dos copeiros que se lembrasse dele quando estivesse de
volta à corte, pedindo ao Faraó a sua libertação. Quanto ao chefe dos padeiros,
em três dias este seria condenado à morte por ordem do rei. E assim aconteceu.
“No terceiro dia, que era aniversário de nascimento de Faraó, deu este um
banquete a todos os seus servos; e, no meio destes reabilitou o copeiro chefe,
mas ao padeiro chefe enforcou, como José lhes havia interpretado.” (Gn
40.20-22).
2.
Um economista de excelência. O escravo liberto, agora com
30 anos de idade (Gênesis 41.46), após 13 anos de servidão, foi ritualmente
adotado pela corte, recebendo um nome egípcio: Zafenate-Panéia. Também como
recompensa, Faraó deu-lhe por mulher Asenate, filha de um sacerdote de Om
cidade chamada posteriormente de Heliópolis, o centro do culto ao sol. No
devido tempo, os acontecimentos se passaram precisamente como José previra.
Durante os primeiros sete anos, José se assegurou de que as abundantes
colheitas de grãos em seu país de adoção fossem estocadas. Durante esse
período, José tem desfrutado de prestígio e riqueza, bem como de felicidade
pessoal. Asenate, sua mulher, deu à luz dois filhos, que receberam os nomes de
Manassés e Efraim.
3.
O salvador de seu povo. Mesmo com a ascensão demorada de José,
que era cárcere e, depois de Deus o usar como intérprete para os sonhos do
Faraó Ramsés, se tornar o 2º na terra do Egito, nunca foi vista uma mudança de
ego em José. Após o encontro com sua família, José arranjou a melhor terra no
Egito para que sua família morasse. José viveu muitos anos no Egito até sua
morte com 110 anos (Gn 50.22), mas nunca se esqueceu da aliança de Deus para o
povo de Israel. Essa aliança foi a de que a terra de Canaã, onde morava seu pai
Jacó, seria dada à Abraão e seus descendentes. Antes de sua morte, José pediu
para que fosse enterrado na Terra de Canaã, pois era a Terra que Deus tinha
dado a Abraão e seus descendentes por herança.
IV
– LIÇÕES DA CONDUTA DE JOSÉ PARA AS NOSSAS VIDAS
1.
Prioridade na Comunhão com Deus. José, em todos os
momentos de sua vida, foi uma pessoa que se preocupou em agradar, sobretudo, a
Deus, em ter como prioridade o seu relacionamento com Deus. José priorizou este
relacionamento com o Senhor e não esmoreceu mesmo quando foi repreendido por
seu pai, por causa de um sonho que teve da parte do Senhor ou quando foi para a
prisão por ter se recusado a violar a lei do Senhor ante a oferta de adultério
por parte da mulher de seu senhor. Esta dedicação extrema ao Senhor, devoção,
piedade e integridade é, sem dúvida, uma das mais preciosas lições que extraímos
da vida de José. Pensamos nas coisas que são de cima (Cl 3.1,2)? Estamos
realmente mortos para o mundo (Rm 6.2; Cl 3.3)? Não mais vivemos, mas Cristo
vive em nós (Gl 2.20)?
2.
Fidelidade a Deus ante as circunstâncias adversas.
José foi fiel a Deus, temeu ao Senhor, não importando o que lhe aconteceu ao
longo da vida. Foi fiel a Deus na casa de seu pai, como escravo em terra
estranha, na casa do cárcere como preso injustiçado e no palácio de Faraó, como
governador do Egito. Esta firmeza e constância é algo que devemos reproduzir no
nosso andar com Cristo até que o Senhor volte ou que nos chame para a sua
glória. O Senhor é bem claro em sua carta à igreja de Esmirna: “… Sê fiel
até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10).
3.
Disposição para o perdão. José jamais se vingou daqueles
que lhe prejudicaram: os seus irmãos e a mulher de Potifá. Deus não nos poupa
de sofrermos injustiças, mas nos dá poder para triunfarmos sobre elas por meio
do perdão. José decide perdoar seus irmãos, em vez de buscar a vingança. José
resolveu pagar o mal com o bem - “agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a
vós e a vossos meninos. Assim, os consolou e falou segundo o coração deles” (Gn
50.21).
Perdoar: é cancelar a
dívida e não cobrar mais; é deixar o outro livre e ficar livre; é oferecer ao
ofensor o seu melhor. O perdão oferece cura para os ofensores e ofendidos.
José deu várias provas de
seu perdão:
- Primeiro, deu o nome de
Manasses a seu primeiro filho (Gn 41.51) – "Deus me fez esquecer de
todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu pai". O nome Manasses
significa "perdão". José estava apagando de sua memória todo o
registro de mágoa e ressentimento. Ele queria celebrar o perdão.
- Segundo, deu a melhor
terra do Egito a seus irmãos (Gn 45.18,20). O amor que perdoa é generoso. Ele
paga o mal com o bem. Ele busca os meios e as formas para abençoar aqueles que
um dia lhe abriram feridas na alma.
- Terceiro, sustentou seus
irmãos e seu pai (Gn 47.11,12). Seu perdão não foi apenas uma decisão
emocional regada de palavras piedosas, mas um ato deliberado e contínuo que
desaguou em atitudes práticas. Ele não apenas zerou a conta do passado, mas fez
novos investimentos para o futuro.
- Quarto, tendo poder para
retaliar, usa esse poder para abençoar (Gn 50.19-21). Ele olhou para a
vida com os olhos de Deus e percebeu que o ato injusto dos irmãos, embora tenha
sido praticado com motivações erradas, foi usado por Deus para a salvação de
sua família.
4.
A prioridade das bênçãos espirituais. José era governador
do Egito, o segundo homem do mais poderoso país daquele tempo, homem que
desfrutava da plena confiança de Faraó. Seria natural, ainda mais diante da
traição sofrida na casa de seu pai, que se apegasse às riquezas do Egito, à sua
posição social, ao seu poder político. No entanto, José fez seus irmãos jurarem
que levariam seus ossos para Canaã assim que eles retornassem para a Terra
Prometida. José não se impressionou com as bênçãos terrenas que recebera, mas
mantinha sua esperança na Terra Prometida, ou seja, nas promessas dadas por
Deus a Abraão, Isaque e Jacó. O que temos buscado nesta vida? Uma posição
social, riqueza, poder? Se esperarmos em Cristo somente nesta vida somos os
mais miseráveis dos homens (1 Co 15.19).
5.
A humildade de espírito. José, mesmo sendo governador do
Egito, diante de seus irmãos, afirmou que era apenas um instrumento para a
conservação do povo de Israel, uma peça no propósito divino. José sempre soube
manter o seu lugar, seja na casa de Potifar, seja na casa do cárcere, seja no
palácio de Faraó. Sempre vemos José se apresentando com lealdade e submissão
aos seus superiores, consequência direta da vida de comunhão que tinha com
Deus. Sabemos ocupar convenientemente o nosso lugar? Temos impedido que a
vaidade e o orgulho nos dominem? Que o Senhor nos dê um caráter qual ao de
José. Amém!
CONCLUSÃO
Em nossa vida, estamos
sujeitos a passar por tentações, provações e adversidades, elas, de algum modo,
servem para moldar o caráter cristão. Diante dos momentos difíceis da vida, precisamos
agir com sabedoria e serenidade, sempre dependendo do auxílio divino. Se
aprendermos a viver nessa dependência, poderemos confiar em Deus, certos de que
Ele está no controle de tudo, sendo capaz de transformar as próprias
adversidades em benção (Gn 50.20). Como bem expressa Paulo: “sabemos que todas
as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles
que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). Amém!
REFERÊNCIAS:
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavra Chave. Rio de Janeiro: CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados
Unidos da América: Editora Vida, 1998.
HAMILTON, Victor
P. Manuel do Pentateuco. Rio
de Janeiro: CPAD.
http://luloure.blogspot.com.br/
MERRILL, Eugene
H. História de Israel no Antigo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
RICHARDS, Lawrence
O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma
análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012.
WALTKE, Bruce
K. Gênesis. Editora
Cultura Cristã.
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