“Acautelai-vos
e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundancia
do que possui” (Lc 12.15).
INTRODUÇÃO
Nos dias hodiernos, muita ênfase tem se dado à riqueza e à prosperidade, inclusive em muitos púlpitos evangélicos. A mensagem da cruz, da salvação e da santificação tem sido substituída pela pregação da “teologia da prosperidade”, movimento que surgiu nos Estados Unidos, alastrou-se pela América Latina e tem feito muitas igrejas abandonarem o genuíno Evangelho. Este movimento prega que o cristão não pode ser pobre e nem pode sofrer, mas a Palavra de Deus está repleta de exemplos de homens que padeceram dores, enfermidades e escassez. Muitos cristãos vivem em busca de riquezas materiais e se esquecem das riquezas espirituais que Deus nos oferece através de Jesus Cristo (Ef 1.3; 2.6; Tg 2.5). Portanto, faz-se necessário entendermos, à luz das Escrituras, o que é a “Verdadeira Prosperidade”.
I. RAÍZES DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
1. Sua origem. A história da teologia da prosperidade teve início com o norte-americano Phineas Parkhurst Quimby (1802-1866), que nasceu em New Lebanon, no estado de New Hampshire. Quimby era um relojoeiro e, a partir de 1847, dedicou-se à cura de doenças por intermédio da mente. Este curandeiro e hipnotizador negava a existência da matéria, do sofrimento, do pecado, da enfermidade etc. Fundador do Novo Pensamento, tornou-se conhecido como o guru da Ciência da Mente. Suas ideias influenciaram a Mary Baker Eddy que, em 1879, fundou a Igreja da Ciência Cristã. Os promotores dos ideais de Quimby procuram se passar por cristãos evangélicos, mas a Bíblia nos adverte com relação a eles e seus assemelhados: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15). Quimby dedicou-se ao estudo da “cura espiritual”, estudo este iniciado com a prática da hipnose, que havia há pouco sido introduzida nos Estados Unidos. Depois de identificar, pela hipnose, de que uma mente poderia influenciar outra, Quimby começa a elaborar o que afirmava ser a “cura das doenças pela mente”. Para Quimby, a “doença era um estado desarranjado da mente” e, portanto, com a realização do “arranjo mental”, ter-se-ia a cura. Para Quimby, saúde é “…sabedoria perfeita e o quanto um homem é sábio, assim é a sua saúde. Como nenhum homem é perfeitamente sábio, nenhum homem pode ter perfeita saúde, pois a ignorância é a doença, embora não necessariamente acompanhada por dor…” (QUIMBY, P. Doença). Percebemos, aqui, portanto, que a ideia de Quimby era de que a saúde era vinculada ao estado espiritual da pessoa.
Depois da morte de Quimby, Eddy diz ter descoberto os fatos importantes relacionados com o espírito e com a superioridade deste sobre a matéria, denominando de “ciência cristã” esta sua descoberta, que deu origem à doutrina. Em 1879, fundou a Igreja do Cristo Cientista, da qual foi eleita presidenta, sendo, em 1881, eleita pastora. Eddy apresentou diversas doutrinas contrárias às Escrituras, de modo que sua “ciência cristã” não pode ser reconhecida nem como ciência, vez que é refutada pelos cientistas, que a consideram uma prática ocultista, nem como “cristã”, na medida em que não põe Cristo no Seu legítimo lugar de único e suficiente Senhor e Salvador do mundo.
2.
Principal idealizador da teologia da prosperidade. Essek
W. Kenyon. Essek William Kenyon, que se destacou nas décadas de 30 e 40,
foi influenciado pela Ciência da Mente, Ciência Cristã e pela Metafísica do
Novo Pensamento. Aproveitando-se dos conceitos de Mary B. Eddy, empenhou-se em
pregar a salvação e a cura em Jesus Cristo. Dava ênfase aos textos bíblicos que
falam de saúde e prosperidade, além de aplicar a técnica do poder do pensamento
positivo.
Kenyon, que pastoreou várias igrejas e fundou outras, não era pentecostal. Ele é reconhecido hoje como o pai da Confissão Positiva que, por sua vez, identifica-se com a Teologia da Prosperidade e com a Palavra da Fé ou Movimento da Fé. Kenyon exerceu nítida influência, durante a sua vida, sobre grandes nomes que se tornariam os pregadores mais conhecidos do chamado “movimento da fé”, entre os quais se destacam Kenneth Hagin, Tommy L. Osborn e F.F. Bosworth.
Kenyon, que pastoreou várias igrejas e fundou outras, não era pentecostal. Ele é reconhecido hoje como o pai da Confissão Positiva que, por sua vez, identifica-se com a Teologia da Prosperidade e com a Palavra da Fé ou Movimento da Fé. Kenyon exerceu nítida influência, durante a sua vida, sobre grandes nomes que se tornariam os pregadores mais conhecidos do chamado “movimento da fé”, entre os quais se destacam Kenneth Hagin, Tommy L. Osborn e F.F. Bosworth.
3.
Principal divulgador da Teologia da Prosperidade.
Kenneth Hagin. Se Essek William Kenyon foi o principal idealizador da
“teologia da prosperidade”, coube a Kenneth Hagin a sua divulgação maciça por
todo o mundo. Em abril de 1933, teria tido uma dramática experiência, que o
levou à conversão, quando, por três vezes, teria morrido, vendo os horrores do
inferno e retornando à vida. Em 1934, teria também se levantado do “leito da
morte” pela “revelação da fé na Palavra de Deus”. Estudando os escritos de
Kenyon, divulgou-os em livros, cassetes e seminários, dando sempre ênfase à
confissão positiva. Em 1974, fundou o Centro Rhema de Adestramento Bíblico, em
Oklahoma. Com Hagin temos a configuração do falso ensino da “palavra da
fé”, conceito tão importante que é o próprio título da principal revista do
ministério criado por Hagin, num desenvolvimento das teses apresentadas por
Kenyon. Reside aqui a ideia da “confissão positiva”, ou seja, como dizia
Kenyon, “o que eu confesso, eu possuo”.
Essa doutrina se origina em uma “aparição”, em uma “visão” e, o que é mais importante, quando o próprio Hagin afirma que se encontrava aborrecido porque via os ímpios prosperarem, enquanto os membros de sua igreja passavam por dificuldades. Ele diz: “…"Eu costumava me preocupar quando eu via pessoas não salvas obtendo resultados, mas os membros da minha igreja não obtinham resultados. Então clareou em mim o que os pecadores estavam fazendo. Eles estavam cooperados com a lei de Deus – a lei da fé…” (HAGIN, K. Tendo fé em sua fé, p.4,5 apud HOWARD, J).
Essa doutrina se origina em uma “aparição”, em uma “visão” e, o que é mais importante, quando o próprio Hagin afirma que se encontrava aborrecido porque via os ímpios prosperarem, enquanto os membros de sua igreja passavam por dificuldades. Ele diz: “…"Eu costumava me preocupar quando eu via pessoas não salvas obtendo resultados, mas os membros da minha igreja não obtinham resultados. Então clareou em mim o que os pecadores estavam fazendo. Eles estavam cooperados com a lei de Deus – a lei da fé…” (HAGIN, K. Tendo fé em sua fé, p.4,5 apud HOWARD, J).
-
Refutação: Não devemos nos perturbar com a prosperidade dos
ímpios. Devemos confiar em Deus e saber que tudo coopera para o bem daqueles
que amam a Deus e são chamados pelo Seu decreto (Rm 8.28). Se atentarmos para a
prosperidade dos ímpios, que é uma prosperidade puramente material e que finda
aqui, corremos o risco de nos desviarmos dos caminhos do Senhor, como nos
ensina o salmista Asafe (Sl 73). Vemos que, infelizmente, não foi o caminho
seguido por Hagin que, excessivamente preocupado com tais circunstâncias,
acabou sendo presa fácil de uma “aparição”, que traria um falso ensinamento
para o meio do povo de Deus. Aqui no Brasil, um dos segmentos religiosos em
evidência, que segue o falso ensino de Kenneth Hagin é a “Igreja Internacional
da Graça”.
II.
PRINCIPAIS ENSINAMENTOS DA “TEOLOGIA DA PROSPERIDADE”
Veja a seguir alguns ensinamentos de Kenyon sobre a “teologia da prosperidade” que influenciaram os sucessores do seu ideal, e a refutação bíblica:
01)
Um dos principais ensinos de Kenyon é o de que
“… pecado e doença são um só. Eles não podem dominar a nova criatura (…).
O que Deus diz é se você é uma nova criatura, então não há condenação para
você. Se não há condenação, a doença não pode ser senhora sobre você.…” (KENYON,
E.W. Jesus, o curador).
- Refutação Bíblica: Quando
observamos as Escrituras Sagradas, vemos que, embora o pecado tenha gerado,
entre suas consequências, a morte física (cf. Gn 3.19) e, por conseguinte, as
doenças sejam resultado desta penalidade, não é exato afirmar que a pessoa que
contraia doença, necessariamente esteja em pecado. A Bíblia tem exemplos de
pessoas que, embora estivessem doentes, estavam em comunhão com Deus, como é o
caso de Jó, Eliseu (2 Rs 13.14), do cego de nascença (João 9.3) e de Timóteo (1
Tm 5.23).
02)
Outro ensino de Kenyon é de que a salvação nos livrou da pobreza e da
necessidade. Segundo suas palavras: “… Virá a hora
em que você saberá que a necessidade e a pobreza são coisas do passado…”.
- Refutação Bíblica: Quando
observamos as Escrituras Sagradas, vemos que, embora o pecado tenha gerado,
entre suas consequências, a necessidade do trabalho para a sobrevivência do
homem e a penosidade deste mesmo trabalho (Gn 3.18,19), não é menos exato de
que a pobreza não significa necessariamente que haja pecado. Aliás, pelo
contrário, a pobreza foi considerada por Jesus como um obstáculo a menos para a
salvação, visto que afirmou que os ricos teriam maior dificuldade para servir
ao Senhor (Mc 10.25; Lc 18.25). Na própria igreja primitiva, havia aqueles
crentes que viviam da assistência social, ou seja, da caridade pública e nem
por isso tinham deixado de ser crentes (At 6.1,2). Os crentes da Judéia estavam
passando necessidade a ponto de o apóstolo Paulo fazer uma coleta em seu favor
e este fato não o impediu de serem considerados como verdadeiros e genuínos
servos do Senhor, chamados, inclusive, de santos (Rm 15.26). Aliás, o mesmo
Paulo testifica que Jesus Se fez pobre (2 Co 8.9), e nunca pecou (Hb 4.15).
03)
Kenyon também ensinou que Jesus, para nos remir, não só sofreu no Calvário,
morrendo por nós, como também teve de sofrer no Hades, sede do domínio de
Satanás, até que Seus direitos fossem reclamados, quando, então, o diabo não
pôde mais detê-lo e Ele ressurgiu - ”… Veja, Jesus foi
feito pecado com nosso pecado. Ele Se tornou nosso substituto. Nós morremos com
Ele. Fomos sepultados com Ele. Fomos julgados com Ele. Ele foi para o lugar que
nós deveriam ter ido e lá Ele sofreu até que os clamores de justiça contra nós
fossem encontrados, até que todos os clamores fossem satisfeitos. Então, a
sepultura não pôde mais detê-Lo(…). O trabalho foi aceito, terminado por Jesus
quando Ele sentou à mão direita do Pai. Ele não foi terminado na cruz. Ele
começou na cruz, mas foi consumado quando o sangue foi aceito e Cristo
assentado.…” (KENYON, E.W - A realidade da redenção).
-
Refutação: A morte de Jesus foi suficiente para alcançar a
nossa justificação (Rm 5.10). Não se fez necessário “acerto de contas” algum no
Hades com Satanás para que Jesus obtivesse o perdão dos nossos pecados, uma vez
que a dívida que o homem tinha era com Deus e não com o diabo. O pecado é
desobediência contra o Senhor, é injustiça e é um problema que diz respeito ao
relacionamento entre Deus e os homens (Is 59.2). O diabo nada tem, nada
representa neste processo, sendo apenas um ser que procura matar, roubar e
destruir o homem (João 10.10), mantendo-o iludido com relação às coisas de Deus
(2 Co 4.4). Jesus completou a Sua obra salvadora no Calvário, como Ele mesmo
disse (João 19.30), não havendo sequer um “lugar” onde o diabo reine, como
pressupôs Kenyon, até porque o Hades é o lugar dos mortos e, pela história que
Jesus nos conta do rico e de Lázaro, o diabo ali não está (Lc 16.19-31), mas,
sim, nas regiões celestiais (Ef 6.12), de onde será tirado, junto com os seus
anjos, quando chegar a Nova Jerusalém, para receber os santos arrebatados pelo
Senhor (Ap 12.7-12). A morte de Jesus foi suficiente para tirar o pecado do
mundo, pois, se não fosse assim, o véu do templo não se teria, naquele momento
exato da morte do Senhor, se rasgado de alto a baixo (Mt 26.50,51). A
ressurreição de Jesus, além de ser cumprimento da Palavra do Senhor, já
vaticinada desde os profetas (Sl 16.8,11; At 2.31; 1 Co 15.3), é a garantia de
que o Seu sacrifício foi aceito e que o pecado do mundo foi tirado(1 Co 15.14).
Assim também Sua ascensão aos céus, que é a Sua glorificação, é confirmação da
Palavra do Senhor (João 14.1-3) e uma necessidade para que houvesse a
dispensação da graça, a demonstração plena do amor de Deus à humanidade (cf. Rm
9).
04)
Divinização do homem. Célebre é a frase de Kenyon, que depois
foi repetida por Kenneth Hagin: “… Todo homem que ‘nasceu de novo’ é uma
encarnação e a Cristandade é um milagre. O crente é tão Encarnação quanto o foi
Jesus de Nazaré…”.
- Refutação: Percebemos,
portanto, que, para Kenyon, a salvação nos equipara ao próprio Deus, visto que
passamos a ter o Espírito Santo e, por isso, nada pode mais nos abalar, estamos
praticamente divinizados e é a isto que se denominou de “confissão positiva”,
ou seja, a salvação nos traz “direitos”, “afirmações”, “poderes” que,
praticamente, nos equipara a Deus. Este tipo de pensamento justifica o nome de
“evangelho da Nova Era” que alguns estudiosos deram ao “movimento da fé”, visto
que, no fundo, utilizando-se de uma “roupagem evangélica”, chega a mesma
conclusão que o movimento Nova Era, qual seja, a de que o homem pode se tornar
deus. Este pensamento, bem propício para quem foi influenciado por ideias de
que podemos “curar pela mente”, como defendiam Quimby e Eddy, não tem qualquer
respaldo bíblico. A salvação não nos faz tornar “pequenos deuses”, mas, sim,
“filhos de Deus”, que não deixam, porém, de ser homens e, por isso mesmo,
submissos ao Senhor. Quando alcançamos a salvação, retomamos a imagem e
semelhança de Deus originais, a posição perdida pelo primeiro casal, que, como
se vê, claramente, no livro do Gênesis, era uma posição de absoluta
subserviência a Deus, como “mordomos” da criação terrena. O próprio Jesus, ao
descrever a condição humana no estado eterno, ou seja, após o desaparecimento
destes céus e terra, disse que nós seremos “como os anjos que estão nos céus’
(Mc 12.25), descartando, assim, qualquer “igualdade” entre os redimidos e a
Divindade.
05.
Negação do Sofrimento. Kenyon defende a ideia de que
“como Deus está em nós”, passamos a fazer parte da “divindade”, não podendo,
pois, ter qualquer espécie de sofrimento ou de dor: “Nós temos nossa Redenção.
Não há coisa alguma que tenhamos de orar ou pedir…”.
-
Refutação Bíblica: A negação do sofrimento é outro
equivoco da falaciosa teologia da prosperidade. Para essa “teologia”, o
sofrimento deve ser rechaçado, pois é uma indicação direta da falta de fé na
Palavra de Deus. A realidade, porem, nos mostra fragilidade desse argumento.
Muitos dos chamados homens de Deus, cujas histórias encontram-se nas
Escrituras, experimentaram o sofrimento e a adversidade, e a Bíblia narra
diversos desses sofrimentos (leia Hebreus cap. 11, que fala dos heróis da fé).
Em nenhum momento foi atribuído a esses homens faltarem com sua fé quando
passaram por agruras, nem que tais agruras eram resultadas direto da falta de
fé em Deus. Veja os sofrimentos do apóstolo Paulo exaradas em 2Co 11.22-33;
apesar disso nunca demonstrou falta de fé (cf Hb 4.7). Leia também 2 Co 4.8-14.
III. CONSEQUÊNCIAS DA “TEOLOGIA DA PROSPERIDADE”
1. Profissionalismo ministerial e espiritualidade mercantil. A primeira consequência danosa que a falaciosa “teologia da prosperidade” causa pode ser vista nos púlpitos das igrejas. Há pastores que transformam o púlpito em uma praça de negócios, e os crentes em consumidores. São obreiros fraudulentos, gananciosos, avarentos e enganadores. São amantes do dinheiro e estão embriagados pela sedução da riqueza. Há pastores que mudam a mensagem para auferir lucros. Pregam prosperidade e enganam o povo com mensagens tendenciosas para abastecer a si mesmos.
Muitos têm se aproveitado desta falsa teologia para amealharem riquezas e fazerem do evangelho um negócio rentável e cada vez mais crescente. Esta possibilidade não passou despercebida do Senhor que, em Sua Palavra, já nos primórdios da fé cristã, já advertia os crentes que muitos seriam feitos negócio com palavras fingidas de pessoas inescrupulosas (2 Pe 2.3). Antes mesmo da formação da Igreja, o profeta Ezequiel já indicara a existência de pastores infiéis, que têm como objetivo tão somente explorar as ovelhas (Ez 34.4). Eles estão mais interessados no dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Eles negociam o ministério, mercadejam a Palavra e transformam a igreja em um negócio lucrativo.
Hoje estamos assistindo ao fenômeno do mercadejamento da fé. Pastores e mais pastores estão se desvinculando da estrutura eclesiástica e rompendo com suas denominações para criar ministérios particulares, em que o líder se torna o dono da igreja. A igreja passa a ser uma propriedade particular do pastor. O ministério da igreja torna-se um governo dinástico, em que a esposa é ordenada, e os filhos são sucessores imediatos. Não duvidamos de que Deus chame alguns para o ministério específico em que toda a família esteja envolvida e engajada no projeto, mas a multiplicação indiscriminada desse modelo é deveras preocupante.
2.
Narcisismo e hedonismo. A “teologia da prosperidade” tem
gerado inúmeros cristãos narcisistas, isto é, pessoas que só pensam em si e
nunca nos outros; são pessoas egoístas. Paulo nos instrui a nos resguardar
contra qualquer forma de egoísmo, preconceito ou ciúme que podem levar à dissensão
– “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para
o que é dos outros” (Fp 2.4). Portanto, mostrar um interesse genuíno pelos
outros será sempre um passo positivo para manter a unidade entre os crentes. Outra
consequência maligna que a “teologia da prosperidade” tem gerado nos corações
daqueles que cristãos dizem ser é o hedonismo, isto é, a busca
exacerbada e incessante pelo prazer.
O envolvimento com as coisas deste mundo, a busca incessante pelo prazer, que tanto caracteriza o mundo hodierno, é uma das coisas que faz com que se despreze a busca de um tempo dedicado a Deus. Nestes últimos dias, em que há homens “mais amigos dos deleites do que amigos de Deus” (2 Tm 3.4), é natural que “não se tenha tempo para Deus”. A Igreja, no seu todo, e cada crente, em particular, só poderá ser um referencial para o mundo e para os homens se viver de uma maneira diferente do que vive as pessoas que não receberam Cristo como Salvador; se tiver motivos para justificar o convite para que as pessoas que estão lá fora venham para o nosso meio e vivam como nós vivemos. Mas, se convidarmos, e elas vierem, e aqui descobrirem que em nosso meio existe a mesma luta pelo poder, como existe lá fora, o mesmo apego às coisas materiais, as mesmas mentiras e trapaças, os mesmos sentimentos de vaidade, de orgulho e de egoísmo, então, elas não terão motivos para desejarem ficar conosco.
O envolvimento com as coisas deste mundo, a busca incessante pelo prazer, que tanto caracteriza o mundo hodierno, é uma das coisas que faz com que se despreze a busca de um tempo dedicado a Deus. Nestes últimos dias, em que há homens “mais amigos dos deleites do que amigos de Deus” (2 Tm 3.4), é natural que “não se tenha tempo para Deus”. A Igreja, no seu todo, e cada crente, em particular, só poderá ser um referencial para o mundo e para os homens se viver de uma maneira diferente do que vive as pessoas que não receberam Cristo como Salvador; se tiver motivos para justificar o convite para que as pessoas que estão lá fora venham para o nosso meio e vivam como nós vivemos. Mas, se convidarmos, e elas vierem, e aqui descobrirem que em nosso meio existe a mesma luta pelo poder, como existe lá fora, o mesmo apego às coisas materiais, as mesmas mentiras e trapaças, os mesmos sentimentos de vaidade, de orgulho e de egoísmo, então, elas não terão motivos para desejarem ficar conosco.
3.
Modismos e perdas de ideais. Diversos modismos
têm surgido nas igrejas que propagam a teologia da prosperidade. Dentre as inúmeras
cito, como exemplo, a “purificação de ambientes”, para “proteção do crente e de
sua família”. Nestas chamadas “purificações” são utilizados os mais variados
elementos tais como “sal grosso”, “rosa ungida”, “óleo de Israel”, “água do rio
Jordão” e tantas outras coisas que nos fazem lembrar as “relíquias” da Igreja
Romana, que tantos absurdos e crendices causaram na cristandade, tendo sido
vigorosos instrumentos para a campanha anti-religiosa que tomou conta da Europa
a partir do século XIX e que é a principal responsável pelo atual nível de
indiferentismo religioso que vive aquele continente. Queridos irmãos em Cristo,
isto é pura idolatria, misturada com a mais banal feitiçaria. Como pode um
servo de Deus, lavado e remido no sangue do Cordeiro, crer que, para estar
livre dos espíritos malignos, deve ter sal grosso em casa, rosa ungida ou ter
um frasco com água do rio Jordão? Qual a diferença deste proceder com aqueles
que usam patuás, fitas benzidas, pés de coelho, figas ou outros conhecidos
amuletos e talismãs? Evidentemente que é nenhuma! As pessoas crentes que se
deixam levar por isto são tão cegas quanto os incrédulos, para não dizer que
estão ainda mais longe da salvação do que aqueles, pois, por pura ignorância,
não sabem que Jesus liberta de tudo isto e não impõe estas coisas, como é
defendido pelos pregadores deste falso e supersticioso evangelho. Tudo isto é
resultado da ignorância espiritual.
- Outra
consequência terrível da falaciosa teologia da prosperidade é a perda dos
ideais cristãos. Muitos cristãos estão preocupados somente
com as coisas materiais, com o aqui e o agora, e estão esquecendo que o
objetivo precípuo da nossa jornada é morar no Céu (cf João 14.1-3). Infelizmente,
boa parte da igreja evangélica tem perdido a dimensão escatológica do Reino de
Deus, quando demonstra privilegiar apenas seu aspecto externo, isto é, o “ter”
e não seu lado atemporal ou eterno – o “ser” (1 Ts 4.17; 1Co 16.22). Encontramos
no Novo Testamento certo homem preocupado mais em “ter” do que “ser” (Lc 12.2-5). Ele
queria, por exemplo, ter muitos bens materiais, mas, por outro lado, não
demonstrou nenhuma preocupação em ser alguém zeloso com as coisas espirituais
(Lc 12.21). O apóstolo Paulo foi claríssimo ao afirmar que se esperarmos em
Cristo só para as coisas desta vida seremos os mais miseráveis de todos os
homens (1 Co 15.19). É esta a triste situação espiritual dos milhões que têm
procurado Jesus única e exclusivamente para terem a “prosperidade” apregoada
pelos falsos mestres da atualidade, eles mesmos escravos da ganância (2 Pe 2.3).
Isso é lamentável!
CONCLUSÃO
Diante do que foi exposto, cabe a nós refletir sobre o verdadeiro sentido da prosperidade dentro dos padrões divinos. A doutrina da prosperidade, no Novo Testamento, não está fundamentada na posse de riquezas. Jesus dessacralizou o conceito de prosperidade que, anteriormente, se pautava nos bens materiais. A prosperidade verdadeira resulta de uma vida cristã equilibrada, equilibrada pelo contentamento. É claro que precisamos trabalhar “para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (1 Tm 2.2). Isso, no entanto, não deve nos escravizar, colocando-nos à mercê das teias do consumismo, que nos leva a acreditar que não somos felizes se não tivermos um uma mansão luxuosa, um carro importando ou um celular de última geração. A verdadeira prosperidade é Cristo, nEle repousa toda as riquezas de Deus (Ef 2.7). Com Ele, temos razões para estarmos sempre contentes, trabalhando sempre, com respeito e dignidade (Ef 4.28; 1 Ts 2.9; 2 Ts 3.8), mas confiando nEle que nos supre do que temos real necessidade (Mt 6.33). Pense nisso!
REFERÊNCIAS:
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavra Chave. Rio de Janeiro: CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados
Unidos da América: Editora Vida, 1998.
HAMILTON, Victor
P. Manuel do Pentateuco. Rio
de Janeiro: CPAD.
http://luloure.blogspot.com.br/
MERRILL, Eugene
H. História de Israel no Antigo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
RICHARDS, Lawrence
O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma
análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro:
CPAD, 2012.
WALTKE, Bruce
K. Gênesis. Editora
Cultura Cristã.
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