sexta-feira, 3 de junho de 2016

Lição 10 – Deveres Civis, Morais E Espirituais

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

2º Trimestre/2016

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Romanos 13.1-8

TEXTO ÁUREO: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1).



INTRODUÇÃO

Nesta Aula, estudaremos o relacionamento do cristão como cidadão de dois mundos: terrestre e celeste. Teremos como texto base o capítulo 13 da Epístola aos Romanos. Em Romanos 12, o apóstolo Paulo abordou nosso relacionamento com Deus (Rm 12.1,2), com nós mesmos (Rm 12.3-8), com nossos irmãos (Rm 12.9-16) e com nossos inimigos (Rm 12.17-21). Agora, no capítulo 13, ele tratará de três aspectos importantes: o relacionamento com as autoridades (Rm 13.1-7), com a lei (Rm 13.8-10) e o comportamento do cristão diante da iminência da volta do Senhor Jesus (Rm 13.11-14). Após dar regras de como viver na igreja, o apóstolo agora explica no capítulo 13 de Romanos como os cristãos podem praticar o cristianismo no mundo secular, político e cotidiano. O cristão é um cidadão de dois mundos, de duas ordens, e Paulo parece dizer como disse Jesus: "Dai, pois, a César que é de César e a Deus o que é de Deus”' (Mt 22.21).

I. DEVERES CIVIS (Rm 13.1-7)

1. A natureza do Estado. (Rm 13.1): “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus”.

O Estado é o agente organizador da sociedade. Não haverá nação sem uma sociedade organizada política, jurídica e administrativamente, sobre uma base territorial definida. Todavia, para se processar uma organização social não se fará com simples distribuição de flores, de sorrisos, de conselhos, isto porque interesses terão que ser contrariados. Daí a necessidade do agente organizador, que, no caso de uma nação, é o Estado que necessita da força coercitiva necessária, e esta vem do poder. Não haverá o Estado sem que haja o poder. O Estado no uso do poder constitui o governo, e este é que vai gerir os interesses da sociedade.

Para preservar a boa ordem da sociedade é preciso haver autoridades e sujeição a estas autoridades. De outro modo, teríamos um Estado de anarquia, no qual ninguém sobrevive por muito tempo. Qualquer governo é melhor que a ausência total de autoridade. Assim, Deus instituiu o governo humano, e nenhum governo existe fora da vontade divina. Isso não significa que Deus concorda com todos os atos de governantes humanos. Por certo, Ele não aprova corrupção, injustiça, brutalidade e tirania. Ainda assim, não há autoridade que não proceda de Deus.

Com relação à autoridade constituída, Paulo destaca três aspectos importantes:

a) A autoridade procede de Deus. Disse o apóstolo Paulo: “... porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1). Paulo não defende aqui nenhuma forma específica de governo, mas afirma que esse governo é uma instituição divina. É Deus quem levanta e depõe reis. É ele quem coloca no trono aqueles que governam e os tira do trono. Ele é quem governa o mundo e faz isso mediante as autoridades constituídas. Deus é Deus de ordem, e não de desordem. Ele instituiu o governo, e não a anarquia.

b) O compromisso de obedecer à autoridade – “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores...” (Rm 13.1a). Neste texto de Romanos 13:1, ao mencionar "autoridades superiores", Paulo está referindo-se ao Estado, com seus representantes oficiais. A atitude que devemos ter em relação às autoridades é sujeição. O apóstolo ainda afirma: “é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência“ (Rm 13.5).

A obediência à autoridade não tem o caráter de resignada submissão inspirada por temor ou medo. Sua obediência não se dá só por medo das consequências. Você obedece por questão de consciência, pois aceita que a autoridade vem de Deus e, quando obedece à autoridade, obedece a Deus. Paulo escreveu este capítulo 13 sobre a sujeição ao governo humano num período em que o infame Nero era imperador. Foram dias difíceis para os cristãos.

Os cristãos podem viver vitoriosamente numa democracia, numa monarquia constitucional e até mesmo sob um regime totalitário. Os governos humanos são apenas um reflexo dos homens que os constituem. Por isso, nenhum governo é perfeito. O único governo ideal e perfeito será o governo do Rei e Senhor Jesus Cristo, no Milênio.

c) A atitude de não resistir à autoridade (Rm 13.2) – “Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação”. Paulo fala sobre uma resistência formal, planejada, proposital e sistemática. Aquele que se lança em batalha contra a autoridade legal, atrai sobre si castigo merecido. Essa sujeição, contudo, não implica obediência cega, tem limites. É simplesmente uma atitude de reconhecimento das pessoas que ocupam posição de comando numa sociedade juridicamente organizada.

A resistência que podemos ter não é ao princípio de autoridade, mas aos desmandos da autoridade. O cristão não tem a obrigação de obedecer às ordens do governo que o levem a pecar ou trair sua lealdade a Jesus Cristo (Atos 5.29). Nenhum governo tem o direito de dominar a consciência do individuo. Há ocasiões em que, ao obedecer a Deus, o cristão provocará a ira do homem. Nesses casos, deve estar preparado para arcar com as consequências sem se queixar. John Scott é enfático: "Se o Estado exige aquilo que Deus proíbe, ou então proíbe o que Deus ordena, então, como cristãos, nosso dever é claro: resistir, não sujeitar-nos, desobedecer ao Estado a fim de obedecer a Deus (1Rs 21.3; Dn 3.18; 6.12; Mc 12.17; At 4.19; 5.29; Hb 11.23). Contudo, em nenhuma circunstância, deve se rebelar contra o governo ou participar de complôs para derrubá-lo.

2. O propósito do Estado. (Rm 13.3,4): “Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal”.

Pelo texto supracitado, o Estado tem dois propósitos, ambos importantes, ambos fundamentais para o progresso e a paz da sociedade.

a) Promover o bem.  O ofício que Deus confiou ao Estado é o ofício que tem a ver com o bem e o mal. Paulo já disse que devemos detestar o mal e apegar-nos ao bem (Rm 12.9); que não devemos retribuir a ninguém mal por mal, mas fazer o bem perante todos os homens (Rm 12.17), e que não devemos deixar-nos vencer pelo mal, mas vencer o mal com o bem (Rm 12.21). Agora, ele descreve o papel que cabe ao Estado com respeito ao bem e ao mal. O papel do Estado é promover o bem e coibir o mal (Rm 13.4).

O objetivo do governo civil não é promover o bem-estar dos governantes, mas dos governados. Eles são ordenados e investidos de autoridade a fim de agir como pavor para os malfeitores e louvor para aqueles que fazem o bem. Se a autoridade é representante de Deus e se Deus é justo e bom, a autoridade precisa compatibilizar-se com o caráter de quem ela representa.

b) Castigar o que pratica o mal. Além de ser “ministro de Deus” para o nosso bem, o governante também serve a Deus aplicando castigo aos que transgridem a lei. Deus proíbe ao cristão aplicar vingança pessoal e ordena ao Estado fazê-lo (Rm 12.17,19). A autoridade deve ser austera no combate ao mal, pois liberdade sem restrição resulta em anarquia. O governo não pode ser complacente com a justiça, com o mal, com a anarquia, com as forças desintegradoras que tentam anarquizar a sociedade.

Cabe ao Estado o exercício da autoridade civil, a manutenção da ordem e a promoção do bem-estar público. Desta feita, o governo não pode agir com frouxidão no castigo do mal. Ele precisa punir exemplarmente os promotores do mal. Tem de reagir com rigor e firmeza contra toda forma de violência, crime, suborno e corrupção (Rm 13.4; Gn 9.6; Pv 17.11,15; 20.8,26; 24.24; 25.4,5).

3. A Igreja e o Estado (Rm 13.7). O fato de os cristãos serem cidadãos do Céu (Fp 3.20) não os exime das responsabilidades junto ao governo humano. Deve obediência ao Estado e obediência a Deus. Como cidadãos, as nossas obrigações principais para om o Estado são:

a) Políticas. Sendo um país governado por um regime democrático é dever de todo cidadão cumprir o seu papel, exercendo o direito de escolha de seus representantes e governantes. As obrigações legais impostas pela constituição de um país, desde que não sejam contrárias ou colidentes com a Bíblia Sagrada, que é a constituição do Reino de Deus, precisam e devem ser cumpridas. Biblicamente, a ideia de dividir a população da terra em povos e nações não foi do homem, mas, sim de Deus. Até onde sabemos não há qualquer veto bíblico ao processo de escolha de nossos governantes, inclusive pelo voto, e nenhuma proibição à prestação do serviço militar, muito menos de seguir a carreira militar.

b) Contributivas. Pagar impostos é um dever de todo o cidadão, e fazendo assim estamos obedecendo à orientação de Jesus: “Dai a César o que é de César...”(Lc 20.25). Exorta Paulo: “Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra” (Rm 13.7).

O apóstolo Paulo determina que o salvo, em primeiro lugar, como verdadeiro cidadão, leve em conta os seus deveres, cumprindo-os rigorosamente, a fim de que seja exemplo para os demais concidadãos, sejam eles crentes ou não. Começa pelo dever de pagamento de tributos, que, sem dúvida, é o que mais dói em cada cidadão, notadamente na época de Paulo, vez que era o ponto prioritário de todo o sistema de dominação do império de Roma. Lamentavelmente, são muitos os crentes, na atualidade, notadamente num país como o Brasil, que é o país de mais alta carga tributária do mundo, que tentam justificar, à luz da Bíblia, a sonegação de impostos, apelando, para tanto, para o altíssimo nível de corrupção do governo, para a evidente falta de aplicação dos recursos nas necessidades básicas da população. Tais argumentos, entretanto, se analisados à luz da Palavra de Deus, não têm qualquer efeito. Paulo é claríssimo: “por esta razão também pagais tributos, porque são ministro de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto” (Rm.13.6,7a).

O cumprimento de nossos deveres para com o Estado demonstra a qualidade de nossa vida cristã e engrandece o nome do Senhor Jesus e nos torna partícipes da manutenção da ordem publica e da promoção do bem comum.

II. DEVERES MORAIS (Rm 13.8-10)

1. A dívida que todos devem ter. “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13.8). A primeira parte deste versículo significa, em essência: “paguem suas contas em dia”. Devemos livrar-nos de todas as dívidas, não negando, ignorando ou fugindo delas, mas pagando-as. Existe apenas uma dívida de que ninguém pode livrar-se, a dívida do amor. Orígenes, um dos personagens relevantes no início da igreja, dizia que “a dívida de amar é permanente e nunca a saldamos; por isso devemos pagá-la diariamente”.

A prática desenfreada de aquisição de bens tem sido uma das marcas de nossa era materialista. Isso tem trazido diversos problemas, inclusive para os servos de Deus, que não conseguem resistir a determinadas “promoções imperdíveis” oferecidas pelo comércio e adentram por endividamentos e financiamentos, sem mesmo avaliar se sua situação financeira comportará tais compromissos. Quando esquecemos de planejar nossas finanças e cedemos às pressões “urgentes”, para adquirir coisas supérfluas, corremos o risco de manchar o nome do Senhor e o nosso diante dos homens. O consumismo nos faz comprar coisa que não precisamos, com um dinheiro que não temos, para impressionar pessoas de que não gostamos. Isso é perigoso!

Aquele que cristão diz ser precisa ser disciplinado na administração das suas finanças a fim de honrar os seus compromissos. O ato de comprar parece simples e prazeroso, mas não é. Exige planejamento e reflexão. Jamais podemos comprar por impulso, sem pensar no quanto estamos gastando. Quem compra por impulso e não segue um planejamento, cedo ou tarde acabará tendo problemas financeiros. Devemos lembrar que honrar os nossos compromissos contratuais é um dever cristão e isto é bastante agradável a Deus, pois trará bom testemunho no meio em que vivemos. Você deseja ser bem sucedido financeiramente? Então:

a) Evite o desperdício e o supérfluo. É nossa tendência pensar que só entre os que têm muitos bens materiais há desperdício de recursos. A verdade, porém, é que entre a classe pobre há tantos ou mais pessoas que desperdiçam seus recursos de forma dissoluta. Na parábola de Jesus, aquele que menos tinha, foi quem não soube administrar sua porção. Na experiência diária vemos que crentes sem recursos, que vivem somente do seu ordenado, são muitas vezes aqueles que não sabem direcionar o seu dinheiro. Os pobres podem, nesse caso, ser tão esbanjadores como os ricos, levando-se em conta as devidas proporções. 

Em João 6:12 Jesus ordenou que seus discípulos recolhessem os alimentos que sobrara para que nada se perdessem. Algumas vezes o orçamento acaba porque gastamos com insensatez, com aquilo que não se deve ou não se pode gastar (Is 55.2; Lc 15.13,14).

b) Economize, poupe e fuja das dívidas. Se os membros das nossas igrejas fossem mais econômicos, seu dinheiro duraria mais. O mal de muitos é não saber direcionar o seu dinheiro, é não ter método no gastar. Se tiver muito, gastam tudo; quando não tem bastante, toma emprestado. Por isso a vida financeira de muitos evangélicos é uma pedra de tropeço diante dos incrédulos. Sejamos cuidadosos na maneira de gastar o nosso dinheiro, busquemos a direção do Senhor de nossas vidas, para que Ele nos ensine a usar o pouco que nos foi entregue. Economize comprando no estabelecimento que é mais em conta. Racionalize os gastos com água, luz, telefone, etc. (ler Gn 41.35,36; Pv 21.20). Abra uma conta-poupança e guarde um pouco de dinheiro, por menor que seja a quantia. Fuja das dívidas! 

2. O amor ao próximo é o cumprimento da lei – “... porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13.8b). O termo usado para “amor” neste versículo significa uma afeição profunda, abnegada e sobre-humana entre duas pessoas. Esse “amor” sobrenatural não é despertado por nenhuma virtude na pessoa amada; é um amor completamente imerecido. Distingue-se de todas as outras formas de amor, pois é oferecido não apenas às pessoas amáveis, mas também aos inimigos. Certa vez Jesus disse: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem” (Mt 5.44). Jesus exige que cumpramos normas diametralmente opostas ao nosso comportamento natural. Essa ética estabelecida por Jesus só pode ser seguida por pessoas que nasceram de novo, que entregaram todo o seu ser ao Senhor: “Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei” (Hb 10.16). Um incrédulo não pode manifestar esse amor divino. Na verdade, até mesmo o cristão não é capaz de demonstrá-lo com forças próprias. Esse amor só pode ser expresso pelo poder do Espírito Santo que habita nos cristãos.

O apóstolo diz que quem ama o próximo tem cumprido a lei (Rm 13.8b), ou pelo menos a parte da lei que ensina a amar nosso semelhante. Em Romanos 13.9, o apóstolo Paulo destaca os mandamentos que proíbem atos de desamor contra o nosso próximo: “Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás, e, se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.

Ao contrário da imoralidade, o amor não explora o corpo do outro. Ao contrário do homicídio, o amor não tira a vida do outro. Ao contrário do furto, o amor não se apropria dos bens do outro. Ao contrário da cobiça, o amor nem sequer cogita desejar indevidamente a propriedade alheia.

- “e, se há algum outro mandamento”. Paulo poderia ter mencionado outros dois mandamentos:“não dirás falso testemunho” e “honra teu pai e tua mãe”. Todos eles podem ser resumidos no mesmo preceito: “amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Trate o seu próximo com a mesma afeição, consideração e bondade com que você trata a si mesmo.

3. O amor não pratica o mal contra o próximo (Rm 13.10) – “O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor”. O amor não procura fazer o mal contra o próximo. Antes, busca ativamente o bem-estar e a honra de todos. O amor é benigno, e não maligno. O amor é altruísta, e não egoísta. O amor coloca sempre o outro na frente do eu. O amor respeita a vida do outro, por isso quem ama não mata. O amor respeita a honra e a família do outro, por isso quem ama não adultera. O amor respeita os bens e a propriedade do outro, por isso quem ama não furta. O amor respeita o bom nome do outro, por isso quem ama não se presta ao falso testemunho. O amor não deseja o que é do outro; antes, está contente com o que Deus lhe deu, por isso quem ama não cobiça. Portanto, quem age com amor cumpre as exigências da segunda tábua da lei.

III. DEVERES ESPIRITUAIS (Rm 13.11-14).

Depois de falar da conduta cristã em relação ao Estado e ao próximo, Paulo estabelece um fundamento escatológico para essa conduta. Duas verdades são destacadas: o discernimento do tempo em que vivemos (Rm 13.11,12a) e o discernimento da conduta apropriada que devemos ter nesse tempo (Rm 13.12b -14).

1. Consciência escatológica. (Rm 13.11): “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé”.

Encabeçando a lista dos deveres de natureza espiritual, Paulo apresenta um de natureza escatológica: “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé”. A volta de Jesus e a nossa plena salvação estão agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. Desta feita, os crentes devem estar alerta e vigilantes para não serem surpreendidos. Paulo sabe que a antiga natureza pecadora ainda irá, ocasionalmente, provocar problemas, por isso o apóstolo pede que os destinatários da Epístola se mantenham acordados. Permanecer muito tempo num estado de letargia espiritual, onde o pecado é tolerado e as boas obras não são praticadas, pode levar a um coma espiritual que nos transforma em seres irresponsáveis perante Deus. Passou a hora de dormir. É hora de acordar e levantar-se. Escrevendo aos efésios, Paulo diz: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará” (Ef 5.14).

Cada dia que passa nos leva mais próximo ao instante da volta de Cristo, quando seremos conduzidos ao Céu para ficar ao seu lado para sempre. O tempo está se acabando, portanto, precisamos utilizar cada momento para vivermos uma vida correta diante de Deus e dos homens.

2. Discernimento da conduta apropriada que devemos ter nesse tempo em que vivemos. (Rm 13.12b-14): “Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”.

Com relação a este aspecto exortativo do apóstolo Paulo, direcionado a todos os cristãos da igreja em Roma, bem como a todos os cristãos do tempo presente. Depois de explicar acerca do tempo, Paulo faz algumas exortações sobre como devemos viver nesse tempo. Paulo usa três imperativos nesta passagem: "deixemos", "revistamos" e "andemos". Estes três verbos governam o pensamento do apóstolo.

a) Deixemos as obras das trevas. "Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz" (13.12b). Não basta estarmos acordados, precisamos despojar-nos das obras das trevas. Não é suficiente apenas tirarmos as vestes noturnas, precisamos vestir-nos das armas da luz. Um soldado não vive de pijamas, ele se atavia com roupas próprias para o combate. A vida cristã não é um spa espiritual, mas um campo de batalha.

b) Andemos como filhos da luz. "Andemos dignamente como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes" (Rm 13.13). Paulo passa da vestimenta adequada ao comportamento apropriado. Paulo lista aqui seis pecados, em três pares: trata da falta de controle nas áreas da bebida, do sexo e dos relacionamentos. A falta de controle próprio nas áreas de bebida, do sexo e dos relacionamentos sociais contradiz totalmente um comportamento cristão decente.

c) Revistamo-nos do Senhor Jesus. "Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências" (Rm 13.14). Em vez de viver premeditando como satisfazer os desejos da carne, o cristão deve revestir-se do Senhor Jesus Cristo, tornando-se semelhante a Ele. Todos os deveres cristãos estão incluídos no "revestir-se do Senhor Jesus", em ser como Ele, tendo aquela semelhança de temperamento e conduta resultante de estar intimamente unido a Ele pelo Espírito Santo. Essa união proíbe a tolerância para com toda inclinação pecaminosa. A salvação é do pecado e para a santidade. Devemos andar como Jesus andou, falar como Jesus falou, agir come Jesus agiu, sentir como Jesus sentiu. Jesus deve dominar-nos da cabeça aos pés!

É válido ressaltar que foram os textos de Romanos 13.13,14 que Deus usou para converter Agostinho a Cristo e à pureza. Quando Agostinho terminou de ler o versículo 14, entregou-se ao Senhor e, desde então, é conhecido historicamente como “santo” Agostinho.

CONCLUSÃO

As autoridades Eclesiásticas também são constituídas por Deus e precisam ser obedecidas. Existem crentes prontos a obedecer às autoridades civis e militares, porém, ignoram as eclesiásticas. A Bíblia Sagrada que manda obedecer às autoridades constituídas – “Sujeitai-vos, pois, a toda ordenança humana por amor do Senhor, quer ao rei, como superior, quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores...” -, é a mesma Bíblia que também diz: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles...” (Hb 13.17). Não importa quem seja o Pastor da Igreja, nem suas qualidades intelectuais, ou aparência física. Se nós cremos na Bíblia, se cremos que nossa igreja é aquela que Jesus chamou de “a minha Igreja” (Mt 16.18), se cremos que é Jesus quem dá pastores para Sua Igreja e, se cremos que o pastor prestará contas de seu governo ao Senhor, então devemos fazer o que a Bíblia ordena, no sentido da obediência e sujeição. Amém?


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