domingo, 19 de junho de 2016

Lição 12 – Cosmovisão Missionária

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

2º Trimestre/2016

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Romanos 15.20-29

TEXTO ÁUREO: “E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” (Rm 15.20).

INTRODUÇÃO

Inicialmente, esclarece-se que aquilo que cada pessoa é, o que defende, o que vive, é resultado da cosmovisão que permeia sua vida. Em nosso caso específico, vivemos de acordo com a Cosmovisão Cristã. Missões, proveniente do latim (missio) Transmissão consciente e planejada das Boas Novas do evangelho de Cristo além das fronteiras nacionais e culturais. Suzana Wesley mãe do grande pregador e fundador do metodismo John Wesley, disse “se eu tivesse vinte filhos, regozijar-me-ia em consagrar todos eles a obra missionária, ainda que fosse com a certeza de nunca voltar a vê-los”. Vimos na lição anterior que a discussão a respeito da liberdade e da responsabilidade cristã vem do capítulo 14 e vai até o 15.13. Agora, já finalizando a carta, em vários aspectos, o final é similar à sua abertura (1.8-15), contendo elogia a fé deles (1.8); defesa de seu apostolado com o evangelho para os gentios (1.13,14); afirmação do desejo de visitar os crentes em Roma (1.10,13); salienta seu desejo de que eles o ajudem a prosseguir para regiões ainda não evangelizadas (Espanha, em 1.13). Podemos ver ainda, uma pista da tensão entre crentes judeus e crentes gentios na igreja romana, mencionada ou implícita através de toda a carta, mas especialmente nos capítulos 9 a 11 e do 14.1 ao 15.13. Os planos de viagem de Paulo para esse propósito devem levá-lo a passar em Roma (vv.22-33), e o texto áureo nos informa da estratégia missionária consistente de Paulo (1Co 3.10; 2Co 10.15-16). Ele queria alcançar os pagãos que nunca tinham tido a chance de ouvir e receber o evangelho. Normalmente ele escolhia cidades grandes do Império Romano, aquelas estrategicamente localizadas. Uma igreja que fosse estabelecida ali poderia evangelizar e discipular as áreas ao redor. Ele convida assim, os romanos, a investirem na obra missionária.

I. A NECESSIDADE DE UMA COSMOVISÃO MISSIONÁRIA (Rm 15.14-21)

1. O propósito da missão. Os versículos 16 e 17 contêm diversos termos e frases sacerdotais. “Ministrar” é referente ao serviço sacerdotal, no v. 27. Refere-se ao serviço de Cristo, em Hb 8.2. Paulo via a Si mesmo como um sacerdote (Fp 2.17), oferecendo os gentios a Deus, o que era tarefa para Israel (Ex 19.5-6; Is 66.20). A Igreja recebeu essa designação evangelística (Mt 28.18-20; Lc 24.47). Ela é chamada por expressões que no VT se aplicavam ao sacerdócio (1 Pe 2.5,9; Ap 1.6). Paulo vê a pregação do Evangelho como o meio mediante o qual os gentios seriam conduzidos a Deus como uma oferenda agradável de ação de graça (v. 12.1). O mundo inteiro está debaixo da esfera do interesse de Deus.

2. O agente da missão. No versículo 19 “pelo poder dos sinais e prodígios” temos dois termos que aparecem juntos muitas vezes, no livro de Atos (14.8-10; 16.16-18, 25-26; 20.9-12; 28.89), descrevendo o poder de Deus trabalhando através do evangelho (2Co 12.12). Eles parecem ser sinônimos. Exatamente a que se referem – milagres ou conversão – é incerto. Paulo cogita assim, que conforme Deus confirmava o trabalho dos doze em Jerusalém, ele também confirmava o trabalho de Paulo entre os gentios, através de sinais visíveis. Paulo listou as diferentes formas como o seu ministério para os gentios era eficaz:
a) pela palavra;
b) pelos atos;
c) através de sinais;
d) com maravilhas; e
e) através do poder do Espírito.
A tarefa missionária é feita por fé. Deus ordenou que o cristianismo fosse uma religião de fé. A obra missionária verdadeira e bem-sucedida, portanto, pode ser feita apenas por homens de fé, que conhecem Deus e tem aprendido a se apropriar das promessas de Deus. O maior empreendimento do mundo são as missões estrangeiras, e aqui temos o início dessa grande obra. A ideia originou-se exatamente como devia: numa reunião de oração – pelo poder do Espírito Santo.

3. A esfera da missão. Pela leitura do versículo 23 entendemos que Paulo acreditava ter terminado sua tarefa de pregação no Mediterrâneo oriental. O Ilírico, província romana, também conhecida como Dalmácia, estava localizada no lado oriental do Mar Adriático, a nordeste da península grega (Macedônia). O livro de Atos não tem registro de Paulo pregando lá, mas o coloca na região (20.1-2). “Até” pode significar “até a fronteira” ou “até a região”. Crendo ter acabado seu ministério ali, Paulo projeta agora partir para a região ocidental do Império Romano (2Co 10.16). Existem relatos de que Paulo foi libertado do aprisionamento em Roma depois do encerramento de Atos e realizou uma quarta viagem missionária, chamadas por Clemente de Roma de “fronteiras do Oeste”, e, de fato, as cartas pastorais (1ª e 2ª a Timóteo e a de Tito) foram escritas no decorrer dessa quarta jornada (2Tm 4.10 - as traduções Vulgata e Cóptica têm “Gália”).

II. A NECESSIDADE DO PLANEJAMENTO MISSIONÁRIO (Rm 15.22-29)

1. Estabelecer bases. Duas coisas tornavam agora possível uma visita a Roma: a atual fase da comissão de Paulo fora cumprida, e a nova fase que envolvia uma visita à Espanha estava iminente, e Paulo busca a comunhão com os crentes que habitavam na cidade de Roma. “que para lá seja encaminhado por vós” – Esta frase tornou-se uma expressão técnica da Igreja para referir-se à ajuda a missionários itinerantes em viagem a seu próximo destino (At 15.3; 1Co 16.6, 11; 2Co 1.16; Tt 3.13; 3 Jo 6). Roma não estava em condições de contribuir para a ajuda à Igreja em Jerusalém, mas podia dar apoio financeiro às viagens missionárias de Paulo em direção ao Oeste. Para tratarmos sobre esta nova base de missões, precisamos entrar no v. 24. Aqui Paulo revela claramente seus propósitos e seus meios. Veja bem, o propósito final de Paulo, seu objetivo real, não era apenas conhecer a igreja de Roma. Isso ele poderia ter feito em outras circunstâncias. Seu objetivo final era chegar à Espanha. Este objetivo reflete o esforço de Paulo (15.20) e sua vocação (15.21), conforme já temos enfatizado. Ele pretendia chegar à Espanha para ali continuar desenvolvendo o seu ministério; "de passagem" por Roma (15.24), ele esperava ir à Espanha, enviado pela igreja de Roma. Quando Paulo diz no v. 24 "para lá seja por vós encaminhado", ele não apenas tinha em mente, mas estava claramente dizendo as coisas necessárias para a sua viagem e subsistência lá.

2. Estabelecer intercâmbio. Na sua segunda carta aos coríntios no capítulo 10 versículo 16, Paulo diz: “a fim de anunciar o evangelho para além das vossas fronteiras, sem com isto nos gloriarmos de coisas já realizadas em campo alheio.” Ele procurava pregar o evangelho nos lugares onde ainda não havia um trabalho em andamento, pois considerava o missionário como um lançador de fundamentos, de maneira que, pregar onde já havia um trabalho, significa edificar sobre trabalho de outrem. O que o movia não eram arroubos de piedade, espírito proselitista, amor ao lucro, popularidade ou qualquer outra motivação similar. Essas motivações não teriam suportado as angústias do campo missionário por muito tempo. Paulo estava movido por suas convicções teológicas. Paulo desvenda agora seus planos imediatos de visitar Jerusalém, levando as dádivas que as igrejas haviam levantado para os crentes de Jerusalém, a Igreja-Mãe, que nesta época era uma cidade empobrecida de maneira geral; Paulo vê nesta ação social das “Igrejas-Filhas”, o exercício de um dever, de uma obrigação da parte dos gentios, em face do privilégio de terem sido enxertados na oliveira de Deus (11.17). Isto se conforma ao princípio geral de que aqueles que recebem bênçãos espirituais devem repartir suas bênçãos materiais (1Co 9.3-14; Gl 6.6).

III. A NECESSIDADE ESPIRITUAL NA OBRA MISSIONÁRIA (Rm 15.30-33)

1. A necessidade da cobertura espiritual. “rogo-vos, irmãos... que combatais comigo” (15.30). Estes são termos gregos muito fortes. O primeiro é usado também em 12.1. O segundo é usado quando é narrada a luta de Jesus no Getsêmani. É um composto de sun (juntamente com) e agōnizomai (contender, brigar, lutar severamente), de acordo com 1Co 9.25; Cl 1.29; 4.12; 1Tm 4.10; 6.12). Esta convocação tão forte chama a Igreja romana para agressivamente agonizar com Paulo em oração, a respeito da recepção da oferta dos gentios na igreja-mãe, em Jerusalém. Paulo sentia uma profunda necessidade de oração por si mesmo e por seu ministério evangelístico (2Co 1.11; Ef 6.18-20; Cl 4.3; 1Ts 5.25; 2Ts 3.1). Oração é pôr em ação prática a nossa crença em um Deus pessoal e interessado, que está presente, disposto e em condições de atuar em nosso favor e de outros; Oração de intercessão é um mistério. Deus ama aqueles por quem oramos (muito mais do que nós os amamos!), mas ainda assim nossas orações frequentemente provocam alguma mudança, resposta ou necessidade, não apenas em nós mesmos, mas neles. A oração de Paulo expressa três desejos:
a) que ele seja livrado de seus inimigos em Judá (At 20.22-23);
b) que as doações das igrejas dos gentios sejam bem recebidas pela Igreja em Jerusalém (At 15.1; 21.17); e
c) que ele então possa visitar Roma, na viagem para a Espanha.
Em todas as viagens que empreendeu, Paulo defrontou-se com muitas perseguições. Uma vez, foi apedrejado até considerarem-no morto. Em Filipos, apesar de ser um cidadão romano, foi despido e apanhou publicamente. No entanto, em vez de reclamar, na prisão daquela localidade, glorificou a Deus e ganhou o carcereiro para Jesus.

2. A necessidade do refrigério espiritual. A oração de Paulo finaliza com mais dois pedidos: que ele possa voltar a eles com alegria; e que ele possa desfrutar de um tempo de descanso com eles. Paulo necessita de um tempo de descanso e recuperação entre crentes maduros (2Co 4.7-12; 6.3-10; 11.23-33), no entanto, não consegue! Sentenças e audiências, mais anos de permanência na prisão, aguardavam por ele na Palestina.

CONCLUSÃO


Paulo não conhecia a igreja em Roma, entretanto, intentando ir à Espanha, evangelizar, (Rm 15.24) espera visitá-la no caminho, assim como tê-la como uma base de apoio em sua empreitada. Ele apresentou-se à igreja e discorreu sobre seu ministério e entendimento do evangelho, assim como solicitou apoio financeiro e logístico para sua viagem missionária até a Espanha. O que motivava Paulo a sair plantando igrejas, apesar da rejeição dos seus patrícios e das implacáveis perseguições que sofria? Sua preocupação é com a promoção do Reino de Cristo e neste objetivo, ele gastou sua vida. Paulo, escolhido por Deus para levar a mensagem aos gentios (At 9.15, 16), cumpre com êxito a sua tarefa. Em pouco mais de dez anos, e em três viagens missionárias, ele estabelece a igreja em quatro províncias do Império Romano: Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia (At 13.2, 14.28, 15.40, 18.23 e 21.17). Tudo aquilo que é planejado se torna mais eficaz além de muito mais produtivo! Como servos de Deus temos que entender que servimos a um Deus de Excelência que requer de nós o nosso melhor, além de sabermos que ele conta conosco para a propagação do Seu Reino e expansão da Sua Obra na Terra. Devemos, por fim, compreender que a obra missionária não é fragmentada, os que foram enviados a terras estranhas e os que ficaram, estão profundamente comprometidos com a evangelização de todos os seres humanos e não devem considerar como superior o seu trabalho nem o dos demais - há uma só missão! Não são apenas os vocacionados que vão para campos que são os verdadeiros missionários, mas todo crente, exercendo o ministério que recebeu de Deus, é um missionário. Paulo, por tudo o que sofreu, durante o exercício do seu ministério como apóstolo dos gentios, tornou-se o modelo para todos nós. Basta, agora, descruzarmos os braços, orarmos, buscarmos a direção divina e realizarmos a obra que o Senhor Jesus nos confiou, desde o momento em que o aceitamos como nosso Salvador.


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