segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Conhecendo a carta aos Romanos

TEXTO DO DIA

“Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1.17).




TEXTO BÍBLICO

Romanos 1.1-8,13,16,17.

INTRODUÇÃO

A justiça de Deus é a maneira de Deus justificar os pecadores, isto é, justificá-los perante Ele mesmo sem comprometer seu caráter moral absolutamente puro. Como está escrito: Habacuque 2.4 indica que a salvação somente pela fé também era claramente ensinada no Antigo Testamento – Note os exemplos de Abraão e Davi em Rm 4.1-8; Veja também Hb 11. As pessoas não eram salvas pelas obras ou obediência à Lei do Antigo Testamento mais do que do Novo Testamento, as pessoas colocavam fé em um Messias que ainda chegaria (Veja Jo 8.56 e Hb 11.13). Agostinho, Lutero e Wesley, três figuras extremamente importantes para a nossa herança cristã, viveram a firmeza da fé através do impacto da carta aos Romanos em suas vidas. Ao estudar esta obra de Paulo e os respectivos comentários de Santo Agostinho, Lutero chega às questões de justificação, graça e fé, centrais na reforma protestante. Curiosamente, para Lutero, a Carta aos Romanos era uma espécie de porta para a compreensão de toda a Escritura. "O primeiro mérito de Lutero é ter destacado, ainda que por vias tortuosas, o evangelho de Paulo, o mais antigo escritor do Novo Testamento e o primeiro intérprete da mensagem cristã. Para ele, a carta abre à inteligência de toda a Bíblia, que deve ser entendida toda de Cristo". Paulo explica aos Romanos como a salvação é aplicada por meio do Evangelho de Jesus Cristo. Esta é a primeira e a mais longa das Epístolas Paulinas, e é considerada a epístola com o "mais importante legado teológico". As cartas apostólicas, como um todo, constituem-se num importantíssimo segmento do ensinamento neotestamentário, porque são um vasto celeiro de ensinamentos teológicos, doutrinários e morais. Dentre as cartas de Paulo, certamente, a Carta aos Romanos ocupa lugar de destaque. Alguém já a chamou de “evangelho dentro do evangelho”, dado à forma linear, sistemática, profunda e completa pela qual seu autor expõe sua compreensão do plano da salvação. Assim expressou-se Lutero acerca desta epístola: “Esta carta e verdadeiramente a mais importante peça do Novo Testamento. É o evangelho mais puro.” 

I. PRIMEIRAS QUESTÕES

1. Autoria, data e local da escrita. A autoria de Paulo da carta aos Romanos é universalmente aceita, não existindo contestação relevante, seja do ponto de vista documental, seja da alta crítica. Não somente ela vem declarada na sua costumeira saudação (confira 1.1) como vem amparada por fatos históricos, tais como sua pretensão de ir a Roma (1.15, 15.24) em caminho para a Espanha, ou a referência à coleta feita em favor das igrejas empobrecidas de Jerusalém (15.26-33), como ainda por referências próprias características, tais como a de ser apóstolo entre os gentios (confira 15.16; Ef 3.7,8; Cl 1.27; Gl 1.16). Acresce-se, ainda a esses elementos, referências a pessoas de conhecimento comum, tais como Febe, Priscila e Áquila e Timóteo, que se tornam elo importante entre o escritor e os destinatários Estima-se que este texto tenha sido escrito no inverno de 57-58 d.C., estando Paulo em Corinto, na casa de seu amigo Gaio, ao final de sua terceira viagem missionária aos territórios que margeiam o Mar Egeu e às vésperas de partir para Jerusalém, levando a oferta para os crentes pobres (15.22-27). O portador é uma senhora chamada Febe, de Cencréia, subúrbio de Corinto, que estava de saída para Roma (16.1-2). Como não havia serviço postal particular no Império Romano da época, as cartas eram enviadas por viajantes de confiança. Tércio era o secretário ou amanuense que escrevia enquanto Paulo ditava (Veja Gl 6.11). Paulo usava regularmente um amanuense, identificando as epístolas como suas mediante uma breve saudação escrita de próprio punho (1Co 16.21; Gl 6.11; Cl 4.18; 2Ts 3.17).

2. A cidade de Roma. Roma, a cidade eterna, como era designada, era uma cidade voltada ao prazer a qualquer preço, basta lembrar uma das frases de Júlio César, no tocante a isso. Dizia ele: “Quero ser o homem de todas as mulheres, e a mulher de todos os homens”. Segundo a lenda, Roma foi fundada em 753 a.C, às margens do rio Tibre, sobre sete colinas: Palatino, Aventino, Campidoglio, Quirinale, Viminale, Esquilino e Celio, por dois irmãos, Rômulo e Remo, que teriam sido criados por uma loba. Ainda segundo a lenda, Rômulo matou Remo e se tornou o primeiro rei de Roma. Na época do Novo Testamento, Roma ocupava um lugar central em toda a sociedade ao redor do Mediterrâneo. Havia estradas por todo o Império Romano que ligavam as cidades a Roma, facilitando o comércio e a migração de pessoas. A população da cidade era de cerca de 1.200.000 pessoas, sendo a metade composta por escravos e tendo muitas pessoas livres vivendo de esmolas. Havia muito luxo na cidade, mas também muita devassidão moral e muitos crimes. A educação era reservada para poucos, entre os quais não se encontravam os plebeus.

3. A comunidade judaica em Roma. Roma era a capital do mundo. É raro uma grande potência expressar compaixão por suas vítimas, mas quando Jerusalém caiu nas mãos dos romanos, em 70 d.C., foram cunhadas moedas muito comoventes. Uma destas trazia, de um lado, um soldado romano com a inscrição Judea Capta (a Judéia foi conquistada) e, do outro, uma mulher judia chorando sob uma árvore. Não sabemos quem fundou a igreja de Roma. Certamente não foi Pedro, ou qualquer dos outros apóstolos, já que Paulo dificilmente enviaria uma carta doutrinária a uma igreja que tivesse à sua frente um dos apóstolos. Nesta mesma Epístola ele diz que “não edifica sobre fundamento alheio” (Rm 15.20). Entende-se que foram visitantes de Roma que estiveram em Jerusalém durante a festa da Páscoa e se converteram no Pentecoste, voltaram a Roma levando a semente do Evangelho. Essa Igreja era predominantemente gentílica, e estava agindo de forma intolerante contra os cristãos judeus que obedeciam as regras alimentares e datas cerimoniais da tradição judaica.

II. OS DESTINATÁRIOS E O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA

1. Endereço e saudação (Rm 1.1-7).  Na antiguidade, toda carta grega seguia uma metodologia padrão de construção. A primeira parte deveria identificar o remetente e sua saudação. Paulo se vale dessa formalidade para apresentar-se de forma mais clara e ampla possível a uma comunidade de irmãos que até aquele momento ele não conhecia pessoalmente, mas esperava conhecê-los em breve. O apóstolo se apresenta como servo de Cristo. A palavra original doulos, derivada do verbo deo (algemar, aprisionar), significa também escravo. Para um grego dessa época essa era uma expressão de vergonha e rebaixamento. Para os judeus, entretanto, era a mais expressiva forma de se posicionar em adoração ao Senhor Deus. Todo cristão é um servo do Senhor Jesus. O termo “servo” exprime total entrega à vontade de Cristo. Após uma saudação e ação de graças, Paulo passa a discorrer sobre a revelação da justiça de Deus ao homem e a aplicação desta a sua necessidade espiritual. De imediato introduz o tema (Justiça de Deus) que deve ser base de toda experiência cristã, ressaltando que ninguém pode entrar em contato com Deus, senão depois de estabelecida uma via de acesso adequado. Apresenta-se como apóstolo dos gentios e deixa transparecer seu direcionamento especial a estes, bem como a necessidade que todo homem tem da salvação.

2. A comunidade cristã em Roma. Entendendo que concluíra seu trabalho evangelístico na região da Galácia, da Macedônia, da Acaia e da Ásia, com a fundação e estabelecimento de muitas igrejas; e entregues essas a seus pastores e líderes, Paulo planeja ampliar seu horizonte de evangelização. Queria campos novos para evangelizar para Cristo. Não querendo “edificar sobre fundamento alheio” (Rm 15.20), decidiu ir à Espanha, a mais antiga colônia romana do Ocidente. Mas a ida à Espanha também lhe daria a oportunidade de realizar um antigo sonho. Como cidadão romano, por direito de nascença (At 22.28) ele ainda não conhecia Roma. Seria, então unir o útil ao agradável, passar por Roma, em seu caminho para a Espanha. Seu objetivo era preparar os cristãos de Roma para sua chegada. O núcleo dessa igreja formara-se, provavelmente, dos romanos que haviam estado em Jerusalém no dia de Pentecostes (At 2.10). Nesse período de 28 anos a igreja cresceu, com cristãos provindos de vários lugares, sendo alguns deles amigos e discípulos de Paulo. A carta serve, portanto, como uma carta de apresentação, na qual o Apóstolo expõe, de forma sistemática sua compreensão do evangelho de Cristo, do qual se chamava apóstolo. Ele não chegará a Roma senão três anos depois de sua famosa carta. Há boas razões para crer que esta carta tenha sido enviada a outras igrejas, além de Roma. Uma delas está na forma como termina o capítulo 15, fazendo crer que havia uma versão onde não constava o capítulo 16, pelo fato de este referir-se a pessoas conhecidas e tratar de assuntos bem particulares.

3. O propósito da epístola. A Epístola aos Romanos é uma resposta completa, lógica e reveladora para a grande pergunta da humanidade em todos os tempos: “Como pode o homem ser justo para com Deus?” (Jó 9.2). A discussão sobre o tema justificação toma o espaço dos capítulos 1 ao 5. A base dos argumentos de Paulo é a longânime, infalível e eterna justiça de Deus. O texto desta surpreendente epístola nos apresenta, de forma progressiva, a compreensão que seu autor tem da expressão de Habacuque 2.4: “O justo viverá pela sua fé”. Apresentando de outra forma esta expressão-chave, redigi-la-íamos, de forma livre, assim: “aquele que pela fé é justificado, terá vida eterna”. A Bíblia na Linguagem de Hoje fornece a seguinte tradução: “Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus”. A carta de Paulo aos Romanos, como um todo, pode ser dividida nas duas partes: uma parte doutrinária (capítulos 1 a 11) e outra prática (capítulos 12 a 16). Dentro da parte doutrinária, Paulo desenvolve de forma soberba seu tema introdutório, deixando para a parte prática recomendações de santidade. Essa primeira parte, divide-a ele em dois segmentos. O primeiro, trata da iniciativa de Deus em relação à redenção humana (“aquele que pela fé é justificado)”, onde desenvolve os temas da justiça de Deus em condenar o pecador, da indesculpabilidade humana, da justificação do pecador e da aceitabilidade do homem diante de Deus, através da fé. O segundo segmento, (“viverá”), fala da vida prometida aos justificados por Deus, incluindo aí as expectativas de Deus quanto à resposta humana à sua iniciativa de amor. Para desenvolver sua primeira parte do argumento, Paulo mostra que todos os homens precisam de salvação, porque, judeus ou não judeus, todos são pecadores diante de Deus. Nesse movimento de raciocínio, o Apóstolo demonstra que tanto os homens depravados quanto os moralistas ou mesmo os religiosos são culpados diante de Deus. Uns pecaram sem conhecer a lei de Deus, e serão julgados de forma condizente; outros pecaram contra a lei de Deus, e serão julgados mediante a mesma. Dessa forma, Paulo conclui que “não há justo, nem sequer um” (3.10). Assim, se alguém tiver que ser justificado diante de Deus, não o será por meio de obras, mas tão somente pela sua graça, que é capaz de tornar justo o ímpio. Desta forma, Deus é apresentado como justo e justificador daquele que crê em Jesus. Segue-se, ainda na parte doutrinária, uma exposição do poder de Deus em santificar o crente (capítulos 5 a 8) onde apresenta os temas da paz com Deus, da união com Cristo, da libertação do domínio da lei, da vida no Espírito e da vitória pelo Deus da graça. Abre-se, então, um parêntesis no veio principal da argumentação do autor, onde se apresentam temas difíceis, relacionados à justiça de Deus na história humana (capítulos 9 a 11). Nesse parêntesis Paulo trata, com exemplos da história de Israel, da questão da soberania Divina, em contraposição à liberdade e responsabilidades humanas, colocando frente à frente, sem resolvê-los, temas aparentemente contraditórios e inconciliáveis como um Deus soberano que, todavia, responsabiliza o homem por seu mau caminho. Deixa, contudo, uma luz final, dizendo que o propósito final do Altíssimo é o de “usar de misericórdia para com todos” (11.32). Segue-se a parte prática da carta que, iniciando no capítulo 12, segue até ao final, com recomendações à santidade e obediência na vida diária coletiva e individual. Nesta parte, após uma introdução na qual apela por consagração integral do cristão (12.1, 2), desenvolve recomendações de que o cristão se faça servo, seja no uso adequado dos dons, seja no uso do amor que vence o mal (12.3-21); de que o cristão se porte adequadamente como cidadão (13.1-14); de que o cristão manifeste sua salvação junto à igreja, seja no manejo da liberdade, seja no uso do amor altruísta (14.1-15:21). 

III. A GRATIDÃO DE PAULO E A JUSTIÇA DE DEUS REVELADA

1. Paulo agradece a Deus pela comunidade cristã em Roma (Rm 1.8-15). Paulo  não conhecia a igreja em Roma, entretanto, intentando ir à Espanha, evangelizar, (Rm 15.24) espera visitá-la no caminho, assim como tê-la como um apoio em sua empreitada. É uma carta para apresentar-se, isto é, discorrer sobre seu ministério e entendimento do evangelho, que são suas credenciais, assim como solicitar apoio financeiro e logístico para sua viagem missionária até a Espanha. Viagem esta que nunca aconteceu, Paulo foi a Roma como prisioneiro e lá foi morto. Paulo agradece a Deus pela fé dos romanos, que se tornou conhecida em todo o mundo. Paulo pedia que Deus permitisse sua visita a Roma. Este exemplo nos ensina uma lição importante sobre a oração. Paulo escreveu esta carta perto do final de sua terceira viagem, pouco antes de levar ofertas dos gentios aos irmãos necessitados em Jerusalém. Ele falou dos seus planos e da sua vontade de fazer outra viagem depois, passando por Roma e continuando até a Espanha (15.25-28). Naturalmente, ele orava a respeito desses planos. De fato, Paulo chegou a Roma aproximadamente três anos depois de enviar esta carta, mas não da maneira que ele imaginava. Ele foi preso em Jerusalém, ficou mais dois anos na prisão em Cesaréia, e chegou a Roma depois de uma viagem cheia de calamidades e perigos. Quando oramos, devemos lembrar que Deus sempre atende as orações dos fiéis, mas nem sempre da maneira que imaginamos!

2. Paulo era testemunha da justiça de Deus revelada pelo poder do Evangelho (Rm 1.16). Talvez em nenhum outro ajuntamento humano se faça sentir tanto a necessidade de salvação quanto na cidade. Por sua insensibilidade e frieza a cidade põe o ser humano com suas fraquezas, instintos e deficiências morais. O mundo rural tende a preservar os valores; o mundo urbano a desprezá-los em favor da sobrevivência. Sobreviver torna-se mais importante do que preservar valores éticos e morais. Só o evangelho pode salvar o homem, com especialidade o homem urbano, pois:
1-É o poder de Deus para regenerar qualquer ser humano, assim como para libertá-lo de todo o poder do mal.
2-Não depende do ser humano, pois é fruto de fé e fé é dom de Deus (Ef 2.8); a salvação é imerecida.
3-E assim é porque Deus declara justificado aquele que crê. E no que crê aquele que é justificado por Deus? Crê no fato de que a morte de Jesus Cristo pagou pelos erros da humanidade e, consequentemente, pelos seus erros em particular.
O evangelho não vem apenas em poder, mas é o próprio poder de Deus. Paulo o reputa como um tesouro sagrado (1 Tm 1.11 e 15). Paulo aqui antecipa uma objeção, declarando de antemão que não se deixava intimidar pelos escárnios dos ímpios. Ele aproveita a oportunidade para enaltecer os méritos do evangelho, a fim de que ele não viesse a ser desdenhado pelos romanos. Note o leitor que, ao afirmar que não se sentia envergonhado em relação ao evangelho, Paulo está insinuando que o evangelho era de fato desprezível aos olhos do mundo! Em contrapartida, ele o expõe aos crentes como sendo de supremo valor. Note o leitor, ainda, quanto valor Paulo atribui ao ministério da Palavra ao declarar que Deus exerce seu poder nela para nossa salvação. Ele aqui não está falando de alguma revelação secreta, e, sim, da pregação por meio da expressão verbal que vem dos lábios. Segue-se disso que aqueles que se retraem de ouvir a Palavra proclamada estão premeditadamente rejeitando o poder de Deus e repelindo de si a mão divina que pode libertá-los. Quando o Espírito Santo ilumina nossos corações (Jo 16.8), pela pregação do evangelho, seu poder se manifesta transformando a vida do que crê. Assim, o evangelho é aroma de morte para os ímpios, para os que permanecem entregues à própria perversidade, mas para nós que estão sendo salvos, é aroma de Cristo! (2 Co 2.15). Portanto, visto que o evangelho livra da ruína e da maldição da morte eterna, a salvação que ele assegura não é outra coisa senão a vida eterna. “Poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16).

CONCLUSÃO

O evangelho é o poder de Deus revelado no seu Filho, Jesus Cristo; o Pastor Hernandes Dias Lopes escreve sobre qual é a natureza do evangelho: “O evangelho trata das boas novas de salvação num mundo imerso na mais completa perdição. O homem morto em seus delitos e pecados é escravo da carne, do mundo e do diabo. É filho da ira e caminha para a perdição. Está no reino das trevas e sob a potestade de Satanás. Sem qualquer mérito existente nesse homem, Deus o amou. Mesmo sendo inimigo de Deus, o próprio Deus caminhou na sua direção para reconciliá-lo consigo mesmo por meio de Cristo Jesus. O Evangelho, portanto, é Deus buscando o perdido. É Deus abrindo para o pecador um novo e vivo caminho para o céu. O evangelho é a expressão da graça de Deus, manifestada em Cristo, aos pecadores perdidos.” Em Romanos temos a essência desse evangelho, aqui Paulo afirma que o propósito da morte e ressurreição de Cristo é trazer todos à obediência da fé (vs.5). O homem que realmente aceita Cristo vai obedecer a Cristo e provar a sua fé. Assim expressou-se Lutero acerca desta epístola: “Esta carta e verdadeiramente a mais importante peça do Novo Testamento. É o evangelho mais puro.”

REFERÊNCIAS:

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavra Chave. Rio de Janeiro: CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Editora Vida, 1998.
CABRAL, Elienai. Romanos: O evangelho da justiça de Deus. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1986.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002.
http://hernandesdiaslopes.com.br/2012/09/as-boas-novas-do-evangelho-num-mundo-de-mas-noticias/#.VoHJek8afIV
http://www.auxilioaomestre.com/
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008.

Lição 2 – Sinais que Antecedem a Volta de Cristo

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

1º Trimestre/2016

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Mateus 24.3-8, 11-14

TEXTO ÁUREO: “E , estando assentado no monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos, em particular, dizendo: Dize-nos quando serão essas coisas [...].” (Mt 24.3)

INTRODUÇÃO

“Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” O texto de Mateus 24, mormente os primeiros 14 versículos, é uma profecia com abrangência histórica e escatológica. Em primeiro lugar, diz respeito a Israel e, depois, refere-se à Igreja. “Ora, quando essas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai a vossa cabeça, porque a vossa redenção está próxima” (Lc 21.28). Aleluia! Dentro em breve, virá o Senhor arrebatar a sua Igreja. E, assim, estaremos para sempre com Ele. Você está preparado para este grande dia? Que as nossas vestes estejam sempre brancas, e que jamais nos falte o óleo sobre a cabeça!

1. SINAIS NA VIDA DA IGREJA

1. Falsos cristos e falsos profetas. Nos quase dois mil anos de história do Cristianismo, centenas de falsos cristos (ou messias) têm aparecido e enganado a muita gente. Mateus 24.4 é uma admoestação contra os falsos sinais que seriam alardeados como se fossem os reais e verdadeiros. Diz o texto: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane”. Indiscutivelmente, essa pessoa, além de presunçosa e não conhecedora das Escrituras, é falso profeta. Quais seriam os falsos alarmes ou sinais pelos quais não podemos nos deixar enganar? Desde o século XX as ondas do engano tornaram-se perceptivelmente mais forte. O crescimento das religiões orientais e seus gurus enganou e engana a muitos. “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados” (2 Timóteo 3.13).

2. Apostasia. “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1). Apostasia no grego significa desvio, afastamento, abandono. Tem o sentindo também de revolta, rebelião, no sentido religioso. Numa definição clara, apostasia que dizer abandono consciente da fé. Em algumas denominações, há verdadeiro culto aos anjos, onde os pregadores iludem o auditório, dizendo estar vendo anjos, que o anjo chegou, que o anjo estar aqui e ali, visando atrair as atenções e o emocionalismo dos que não conhecem as Sagradas Escrituras. “Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão” (Mateus 24.10). Voltarão a cair em pecado, apostatarão da fé, afastar-se-ão do Senhor: isso diz respeito ao tempo da Grande Tribulação, quando acontecerá uma profunda divisão entre o povo judeu. Alguns farão aliança com o Anticristo, os outros reconhecerão o Messias. Mas o nosso tempo é caracterizado pela apostasia como nenhum outro.

3. “Doutrinas de demônios” (1Tm 4.1). “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1). Além da apostasia teológica e moral, o surgimento e expansão de doutrinas de demônios, por meio dos espíritos enganadores, tem sido umas das marcas deste presente século. O cristianismo está em decadência. Diz Paulo: “Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto.
Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2 Co 4.3,4).
 

4. Perseguições aos crentes. “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome” (Mateus 24.9). Mesmo que aqui se trate do tempo da Tribulação e do início das dores, este sinal igualmente tem seus prenúncios mais fortes. 20 cristãos morrem por dia, quase um a cada hora. Nos últimos dez anos, mais de 200 mil cristãos foram mortos em decorrência da perseguição religiosa.

5. O Estado de Israel. A parábola da figueira foi usada por Jesus para indicar as proximidades dos últimos dias. “Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele está próximo, às portas. Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas essas coisas aconteçam. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.33-35 – grifo nosso). Os discípulos entenderam que Jesus se referia à sua geração, que vivia naquele tempo. Mas geração pode ser traduzida como etnia ou raça. Jesus dizia que os judeus seriam um sinal profético para os fins dos tempos.

6. Dois Tipos de Crentes. Os insensatos e os cautelosos. A parábola das Dez Virgens (Mt 15.1-13) nos dá uma mensagem de alerta. Essas duas classes são uma realidade espiritual na Igreja de Cristo. São identificadas por Jesus como loucas e prudentes. As loucas representam os cristãos insensatos e alienados espiritualmente. São aqueles cristãos que não agem racionalmente na sua vida de fé, por isso, não sabem o que estão fazendo. As prudentes representam os cristãos cautelosos e previdentes, que mantêm uma vida de vigilância e espiritualidade.

II. SINAIS NOS CÉUS DA VINDA DE CRISTO

1. Sinais do céu. Os discípulos não devem ter alcançado o que Jesus dizia sobre sinais do céu. Ainda hoje, intérpretes dos livros proféticos divergem quanto a essa profecia. “... e haverá, em vários lugares, grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu” (Lc 21.11 – grifo nosso). Notemos que o texto diz “sinais do céu” e não sinais “no céu”. Há quem ensine que se tratam dos objetos voadores não identificados (OVNIs), ou o aparecimento dos ETs, seres extraterrestres. Todavia, não devemos especular e muito menos doutrinar sobre coisas que não são reveladas. “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29.29).

2. Jesus fala de sinais e não de datas. Os que marcaram datas para a volta de Jesus Cristo, quebraram a cara, afinal, não sabemos o dia, muito menos a hora em que Cristo virá buscar sua Igreja (Mt 25.13).

III – GUERRAS, CONFLITOS E TERREMOTOS

1. Guerras e conflitos. No meio de seu sermão profético, Jesus previu que, antes de sua volta, para buscar sua Igreja, “se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares” (Mt 24.7). Nação contra nação. Tivemos duas grandes guerras mundiais. A primeira aconteceu de 1914 a 1918, e a segunda de 1939 a 1945. A destruição provocada por essas guerras mundiais é de mais de 69 milhões de mortes.

2. Terremotos. No século 20 até maio de 1997, já haviam ocorrido 96 grandes terremotos, hoje ultrapassa os 150. Esses terremotos teriam matado mais de 2 milhões de pessoas.

Poderíamos falar da fome e pestes:

Fome. 800 milhões de pessoas passam fome no mundo. 30 pessoas morrerem de fome por minuto. No mundo, a cada mês que passa, um milhão de crianças morrem de fome.

Pestes (epidemias). São doenças tais como: tuberculose, febre amarela, hepatite, alergias, doenças de pele, depressão (doença do século), AIDS, câncer etc. Essas doenças já mataram milhões de pessoas em todo o mundo.

IV – SINAIS NA VIDA MORAL

“Qualquer que comete o pecado também comete iniquidade, porque o pecado é iniquidade” (1 Jo 3.4). O pecado é iniquidade. E sua multiplicação, de forma desenfreada, é um dos sinais evidentes da proximidade do fim dos tempos, antes do arrebatamento da Igreja. “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará” (Mateus 24.12). Dostoievski disse: “Onde Deus não é mais respeitado, tudo é permitido”. Desde os anos 60 houve um rompimento com a ética cristã-bíblica. Não estão respeitando nem os espaços públicos para cometerem suas iniquidades. “... o amor de muitos esfriará” (Mateus 24.12). Quanto mais nos distanciamos de Deus, mais nos distanciamos do amor. Maridos e esposas sentem-se solitários, filhos crescem sem o cuidado de seus pais. O comportamento da sociedade é cada vez mais destituído de amor, cada vez mais agressivo.

1. O aborto. O esfriamento do amor materno, ou paterno, tem refletido no altíssimo número de abortos provocados em todo o mundo.

2. O suicídio. No Japão ocorrerem 25 mil suicídio a cada ano. Segundo informou a ONU em junho de 2003, o suicídio é a quarta causa de morte no planeta, onde a cada 40 segundos uma pessoa se mata. Fazendo do suicídio um sinal alarmante do fim dos tempos.

3. A violência urbana. Em todo o mundo, segundo revela a ONU, morrem 800 pessoas por dia em virtude de algum conflito violento.

4. O mundo erotizado. Um rio de propaganda de liberdade sexual está correndo, através da televisão, do rádio, de revistas, de livros, e de cinemas e, em vários países, corre sob a forma de ensino obrigatório nos estabelecimentos escolares. Que o Senhor nos guarde. Jesus vem muito breve. Guardemos alvas nossas vestes núpcias (Ap 19.6-8).

CONCLUSÃO

Não sabemos a data do arrebatamento da Igreja. De uma coisa, porém, temos absoluta certeza: Jesus não tarda sua voltar. Os sinais e as profecias estão a alertar-nos de que esse dia está mui próximo: “Olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim” (Mt 24.6). Alegremo-nos! Em breve, iremos ao encontro de Nosso Senhor! Você está preparado para este grande dia? Ainda há tempo para você achegar-se ao Senhor, e aguardar o seu retorno. Senhor Jesus, ajuda-nos a estar devidamente vigilantes. Que saibamos discernir os sinais, e interpretar corretamente os últimos acontecimentos desta era. Em teu nome, nós oramos. Amém!

REFERÊNCIAS:

ALMEIDA, Abraão de. Manual da Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Vem o fim, o fim vem — A doutrina das últimas coisas. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 4º trimestre, CPAD, 2004.
BERGSTÉN, Eurico. A Doutrina das últimas coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 1982.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavra Chave. Rio de Janeiro: CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Editora Vida, 1998.
CABRAL, Elienai. Escatologia – O estudo das últimas coisas. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 3º trimestre, CPAD, 1998.
LIETH, Norbert. O sermão profético de Jesus: uma interpretação de Mateus 24 e 25. Porto Alegre: Actual Edições, 2005.
RENOVATO, Elinaldo. O Final de Todas as Coisas: Esperança e glória para os salvos. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
_____. 1 e 2 Tessalonicenses. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
_____. O Final de Todas as Coisas: Esperança e glória para os salvos. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 1º trimestre, CPAD, 2016.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
SILVA, Severino Pedro da. Escatologia, doutrina das últimas coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 1988.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Lição 1 – Escatologia, o Estudo das Últimas Coisas

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

1º Trimestre/2016

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Mateus 24.4,5,11-13; 1 Tessalonicenses 1.10.
TEXTO ÁUREO: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (2 Tm 3.1).

INTRODUÇÃO

Ao contrário do que muita gente pensa, a Doutrina das Últimas Coisas não constitui um emaranhado de enigmas, ou um quebra-cabeças. Ela é um conjunto de verdades cristalinas e bem estabelecidas a respeito do que Deus está para fazer nestes últimos dias. Em muitas igrejas locais, há uma verdadeira profanação das coisas sagradas. O púlpito se transformou em palco, e a nave em circo, onde espetáculos carnais, travestidos de espiritualidade, impressionam e atraem muitas pessoas que não têm a mínima noção do que é ser salvo nem tão pouco do que a Palavra de Deus ensina sobre a verdadeira adoração a Deus. Jesus em seu Sermão Profético, predisse o que aconteceria no fim dos tempos: “Nesse tempo, muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão. E surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo. E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim” (Mateus 24.10-14). Que o Espírito Santo nos ajude a entender a revelação do futuro.

1. O ESTUDO DA ESCATOLOGIA

1. Definição. Escatologia é um termo constituído de duas palavras gregas: escathos e logos, que se traduzem por “últimas coisas” e “tratado” ou “estudo”. É o estudo acerca de coisas e eventos futuros profetizados na Bíblia. Nas primeiras palavras do texto de Ap 1.1 podemos entender o sentido da escatologia para a Igreja: “Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer”. Em resumo, significa para os cristãos “o estudo ou a doutrina das últimas coisas”.

2. A escatologia e a volta de Jesus. A volta de Jesus pode acontecer a qualquer momento: "Portanto, estai vós também apercebidos; porque virá o Filho do Homem à hora que não imaginais" (Lc 12.40). Além de estarmos preparados, escatologia deve nos motivar a ajudar os outros a se prepararem também. Enquanto a obsessão pelas últimas coisas é perigosa, a omissão é ainda mais. A preocupação com o mundo presente está sufocando o interesse no mundo por vir, e acredito muitos crentes já não oram Maranata! Temos construído nosso céu aqui. O estudo da Escatologia mantém estas verdades vitais e finais à nossa frente e nos encoraja a olhar além deste mundo: para o céu na vida eterna com Cristo e o Seu povo. Ainda que pareça tardar, a volta de Jesus é Literal - Pessoal e Corporal (At 1.11; 1 Ts 4.14-17); será visível (Ap 1.7,9-11; Mt 24.26,27,30; Lc 21.27; Tt 2.13; 1 Jo 3.2,3; Is 52.8; Os 5.15). Sua vinda é súbita (Ap 22.7,12,20; Mt 24.27), iminente, do ponto de vista profético (Tt 2.13; Hb 9.28; 1Ts 1.9,10; Rm 13.11), próxima, do ponto de vista histórico (Lc 21.28; Mt 16.3;24.33;24.3). Se dará em duas Fases (Sf 2.3):
a) O arrebatamento da igreja, nos ares (1Ts 4.16,17; Jo 14.3);
b) A revelação ao mundo, na terra (2Ts 1.7-9; 2.7,8; Cl 3.4; Ap 1.7; Jl 3.11; 1Ts 3.11; Zc 14.4,5; Jd 14).

3. A Abrangência da Escatologia. A escatologia pode ser devida em dois tópicos: Escatologia Geral e Escatologia Individual.
1) A Escatologia Geral:
a) O Fim dos Tempos;
b) O Arrebatamento da Igreja;
c) A Grande Tribulação;
d) A Vinda de Cristo;
e) O Milênio;
f) O Juízo Final;
g) O Perfeito Estado Eterno.

2) A Escatologia Individual:
a) O Estado intermediário dos mortos;
b) A ressurreição dos mortos;
c) O destino final.

Os crentes nutrem um desejo profundo para conhecer os eventos futuros. Contudo, quando em contato com as profecias bíblicas encontram dificuldade para interpretá-las. Muitos por desconhecerem os princípios de interpretação têm feito uso de métodos inadequados chegando a formular teorias incorretas, trazendo, assim, prejuízo à sua vida cristã e à Igreja. O estudo de escatologia, conduzirá, sem dúvida, os irmãos a uma compreensão clara das profecias bíblicas.

II. A PREOCUPAÇÃO COM O FIM DOS TEMPOS

1. Os Discípulos de Jesus. Ao ouvirem o anúncio da destruição do Templo, os discípulos pediram:
1º “Dize-nos quando sucederão estas coisas...” (Mt 24.3). Eles perguntaram sobre a destruição do Templo e de Jerusalém. Como judeus legítimos, obedientes à Bíblia, eles também criam no estabelecimento do Reino messiânico, e o próprio Senhor Jesus havia falado de Sua volta (Mt 23.39). Suas próximas perguntas foram:
2º “...que sinal haverá da tua vinda...?”
3º “...e da consumação do século?”
As duas últimas perguntas poderiam ser consideradas como uma única. Observe que ideia do “fim do mundo” já era bem questionada pelos primeiros cristãos.

2. As Previsões Falsas sobre o Futuro. A História da Igreja testemunhou, ao longo dos séculos, a preocupação de líderes de movimentos religiosos quanto ao fim do mundo.

1) Certo pastor evangélico, no Nordeste, fazia cálculos errôneos sobre a Grande Tribulação e a Volta de Jesus. Ele marcou o arrebatamento da Igreja para 1993, e o início da Grande Tribulação (sete anos) considerando que o ano 2.000 seria o fim do 6º milênio; nada aconteceu. Jesus, em seu Sermão Escatológico, ensinou: “Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem” (Mt 24.23,27).

2) As “profecias” de Nostradamus. Miguel de Nostradamus nasceu em St. Remy, perto de Avinhão, na Provença (França), em 1481, morreu em 1566. Descendente de judeus, pai, avô e bisavô eram ligados a magos e mestres da cabala árabe. Nostradamus foi um falso profeta por excelência. Previsões dele:
Em 1986 haveria a devastação da Itália (A terra de Da Vince continua no mesmo lugar, apenas invadida por imigrantes africanos);
Em 1987 haveria fome e miséria na Europa, com o início da 3º Guerra Mundial (Até agora ninguém morreu de fome);
Em 1988 haveria um grande terremoto, com um eclipse de três dias sobre a terra;
Em 1989 haveria uma revolução na Itália, terminando com uma ditadura e proibição do cristianismo.
Todas suas previsões foram fruto da ação do Diabo, para que as pessoas deixem de crer na Palavra de Deus.

3. Falsos profetas.  Basta ler o que Jesus deixou escrito no sermão profético de Mateus 24.36: “Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.” Entre as muitas outras profecias falsas sobre a vinda de Jesus está a declaração de Joseph Smith, fundador do Mormonismo, feita em 1835. Profetizou ele que Cristo voltaria dentro de 56 anos, e que muitos dos que então viviam “não provariam a morte até que Cristo voltasse”. Nem seria preciso dizer que ele morreu e Jesus ainda não voltou. Charles Taze Russell declarou que a segunda vinda de Cristo tinha ocorrido invisivelmente em outubro de 1874, e que o Senhor estava verdadeiramente presente, e, que, em 1914, os fiéis (os 144.000) seriam trasladados para o céu e os ímpios destruídos. Profetizou que a Batalha do Armagedom, que começara em 1874, terminaria em 1914 com a derrubada geral dos governantes da Terra e o fim do mundo. No começo da década de 20, as Testemunhas de Jeová distribuíram nas ruas e de porta em porta na América do Norte, um livro intitulado Milhões Hoje Vivos Jamais Morrerão, que anunciava: “O ano de 1925 é uma data definitiva e claramente marcada nas Escrituras, ainda mais clara que a de 1914… podemos esperar confiantemente que o ano de 1925 marcará o retorno de Abraão, Isaque e Jacó e dos fiéis profetas antigos… na condição de perfeição humana.” As Testemunhas de Jeová chegaram a construir uma casa na cidade de San Diego, Califórnia, na qual os patriarcas deveriam morar, e tentaram passar a escritura em nome do Rei Davi. Esta casa foi discretamente vendida em 1954. “Quando o profeta falar em nome do SENHOR, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o SENHOR não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele.” (Dt 18.22).

4. O aparecimento de falsos Cristos. Álvaro Inri Cristo Thais, mais conhecido como Inri Cristo (Indaial, 22 de março de 1948) é um escritor e líder religioso brasileiro que alega ser a reencarnação de Jesus Cristo. Em 1979, afirmou ter tido a revelação de sua verdadeira identidade após ter feito jejum durante alguns dias em Santiago, no Chile. Até então, era conhecido como Iuri de Nostradamus, nome que adotou como vidente e conselheiro. A adoção do nome "Inri" aconteceu depois que um jornal mexicano o publicou. Isto seria considerado o segundo sinal após o primeiro sinal em Santiago de que ele seria o Cristo "reencarnado". INRI, acrônimo de "Jesus de Nazaré Rei dos Judeus" seria, segundo a revelação, o novo nome do Cristo retornado. Enquanto o Álvaro (Inri Cristo) fala bobagens, Jesus já havia previsto esse fenômeno satânico: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24.24).

III – INTERPRETAÇÕES ESCATOLÓGICAS

1. Futurista. Existem diferentes interpretações escatológicas a respeito do arrebatamento da Igreja. Obsevaremos sobre quatro:

a) Pré-tribulacionista. Podemos começar entendendo essa escola de interpretação com as palavras de Paulo aos tessalonicenses, quando escreveu: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo”, 1 Ts 5.9. Ensina que o arrebatamento da Igreja ocorrerá antes que se inicie o período da Grande Tribulação. O Arrebatamento pré-tribulacional ensina que, antes do período de sete anos conhecido como Tribulação, todos os membros do corpo de Cristo (tanto os vivos quanto os mortos) serão arrebatados nos ares para o encontro com Jesus Cristo e depois serão levados ao céu (1 Ts 4.13-18).

b) Pré-milenista. É a visão de que a segunda vinda de Cristo ocorrerá antes do Seu Reino Milenar e que esse reino será um período literal de 1000 anos. Para que possamos compreender e interpretar as passagens nas Escrituras que lidam com os eventos do fim dos tempos, há duas coisas que precisamos claramente entender: um método apropriado de interpretar as Escrituras e a distinção entre Israel (os judeus) e a Igreja (o corpo de todos os crentes em Jesus Cristo).

c) Midi-tribulacionistas. Ensina que a Igreja entrará no período da Grande Tribulação até a sua metade. Seus intérpretes se baseiam numa interpretação isolada de Dn 9.27, cujo texto fala que depois do opressor firmar um concerto com Israel por uma semana, “na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares”. 

d) Pós-tribulacionistas. Essa escola interpreta que a Igreja remida por Cristo passará pela Grande Tribulação. Os que pensam assim estão equivocados, pois a Igreja não estará mais na Terra quando começar a Grande Tribulação. “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra” (Ap 3.10).

2. Histórica. Os historicistas interpretam o Apocalipse como um estudo progressivo dos destinos da igreja desde seu início até a sua consumação. Numa linguagem simples, essa corrente entende que, no Apocalipse, tudo é passado (pretérito). Todavia, as profecias bíblicas sobre o fim dos tempos indicam que diversos eventos escatológicos ainda não se cumpriram, como o Arrebatamento da Igreja (1 Ts 4.17), a Grande Tribulação (Ap 3.10), a vinda de Cristo em glória (Mt 16.27) e o Milênio (Ap 20.2-5).

3. Preterista. Esta interpretação considera que João teria escrito Apocalipse antes da destruição do Templo em 70 d.C. e que estas profecias seriam fatos que aconteceram na mesma época de quando o livro foi escrito. Esta posição é praticamente insustentável, porque basta retrocedermos na história, tentando encaixar os eventos de Apocalipse que veremos que as profecias ainda não aconteceram. Nem mesmo os imperadores romanos, conhecidos por sua maldade, se encaixariam no perfil descrito para o anticristo. Também vemos que a profecia da profanação do Templo descrita em 2 Tessalonicenses 2.3-4 ainda não aconteceu.

4. Simbolista. É também chamada de interpretação idealista ou espiritualista. Dentre os símbolos há os pós-milenistas, que veem o Milênio como uma extensão do período atual da Igreja. Ensinam que o poder do evangelho ganhará todo o mundo para Cristo, e a Igreja assumirá o controle dos reinos seculares. Após isso haverá a ressurreição e o julgamento geral tanto do justo como do ímpio, seguido pelo reinado eterno no novo céu e na nova terra. Porém, Paulo teve uma revelação realista quanto à volta de Cristo, a ressurreição e o arrebatamento da dos salvos. “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” (1 Ts 4.13-17 – grifo nosso)

CONCLUSÃO

A partir de agora, portanto, dedique-se à Escatologia Bíblica, não para satisfazer a sua curiosidade acerca do porvir; mas a fim de preparar-se melhor para a chegada do Rei. Você está preparado? Já nasceu de novo? Não perca esta oportunidade. “...Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3). Senhor Jesus, ajuda-nos a estudar, com santa reverência, os fatos concernentes à tua vinda. Ó Cristo Amado, não tardes em vir buscar a tua Igreja. Maranata! Ora vem, Senhor Jesus!

REFERÊNCIAS:

ALMEIDA, Abraão de. Manual da Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Vem o fim, o fim vem — A doutrina das últimas coisas. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 4º trimestre, 2004.
BERGSTÉN, Eurico. A Doutrina das últimas coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 1982.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavra Chave. Rio de Janeiro: CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Editora Vida, 1998.
CABRAL, Elienai. Escatologia – O estudo das últimas coisas. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, 3º trimestre, 1998.
INRI CRISTO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2015. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Inri_Cristo&oldid=44089654>. Acesso em: 22 dez. 2015.
LIETH, Norbert. O sermão profético de Jesus: uma interpretação de Mateus 24 e 25. Porto Alegre: Actual Edições, 2005.
RENOVATO, Elinaldo. O Final de Todas as Coisas: Esperança e glória para os salvos. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
SILVA, Severino Pedro da. Escatologia, doutrina das últimas coisas. Rio de Janeiro: CPAD, 1988.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O Surgimento da Teologia da Prosperidade

“Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundancia do que possui” (Lc 12.15).

INTRODUÇÃO

Nos dias hodiernos, muita ênfase tem se dado à riqueza e à prosperidade, inclusive em muitos púlpitos evangélicos. A mensagem da cruz, da salvação e da santificação tem sido substituída pela pregação da “teologia da prosperidade”, movimento que surgiu nos Estados Unidos, alastrou-se pela América Latina e tem feito muitas igrejas abandonarem o genuíno Evangelho. Este movimento prega que o cristão não pode ser pobre e nem pode sofrer, mas a Palavra de Deus está repleta de exemplos de homens que padeceram dores, enfermidades e escassez. Muitos cristãos vivem em busca de riquezas materiais e se esquecem das riquezas espirituais que Deus nos oferece através de Jesus Cristo (Ef 1.3; 2.6; Tg 2.5). Portanto, faz-se necessário entendermos, à luz das Escrituras, o que é a “Verdadeira Prosperidade”.
 
I. RAÍZES DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

1. Sua origem. A história da teologia da prosperidade teve início com o norte-americano Phineas Parkhurst Quimby (1802-1866), que nasceu em New Lebanon, no estado de New Hampshire. Quimby era um relojoeiro e, a partir de 1847, dedicou-se à cura de doenças por intermédio da mente. Este curandeiro e hipnotizador negava a existência da matéria, do sofrimento, do pecado, da enfermidade etc. Fundador do Novo Pensamento, tornou-se conhecido como o guru da Ciência da Mente. Suas ideias influenciaram a Mary Baker Eddy que, em 1879, fundou a Igreja da Ciência Cristã. Os promotores dos ideais de Quimby procuram se passar por cristãos evangélicos, mas a Bíblia nos adverte com relação a eles e seus assemelhados: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15). Quimby dedicou-se ao estudo da “cura espiritual”, estudo este iniciado com a prática da hipnose, que havia há pouco sido introduzida nos Estados Unidos. Depois de identificar, pela hipnose, de que uma mente poderia influenciar outra, Quimby começa a elaborar o que afirmava ser a “cura das doenças pela mente”. Para Quimby, a “doença era um estado desarranjado da mente” e, portanto, com a realização do “arranjo mental”, ter-se-ia a cura. Para Quimby, saúde é “…sabedoria perfeita e o quanto um homem é sábio, assim é a sua saúde. Como nenhum homem é perfeitamente sábio, nenhum homem pode ter perfeita saúde, pois a ignorância é a doença, embora não necessariamente acompanhada por dor…” (QUIMBY, P. Doença). Percebemos, aqui, portanto, que a ideia de Quimby era de que a saúde era vinculada ao estado espiritual da pessoa.
Depois da morte de Quimby, Eddy diz ter descoberto os fatos importantes relacionados com o espírito e com a superioridade deste sobre a matéria, denominando de “ciência cristã” esta sua descoberta, que deu origem à doutrina. Em 1879, fundou a Igreja do Cristo Cientista, da qual foi eleita presidenta, sendo, em 1881, eleita pastora. Eddy apresentou diversas doutrinas contrárias às Escrituras, de modo que sua “ciência cristã” não pode ser reconhecida nem como ciência, vez que é refutada pelos cientistas, que a consideram uma prática ocultista, nem como “cristã”, na medida em que não põe Cristo no Seu legítimo lugar de único e suficiente Senhor e Salvador do mundo.

2. Principal idealizador da teologia da prosperidade. Essek W. Kenyon. Essek William Kenyon, que se destacou nas décadas de 30 e 40, foi influenciado pela Ciência da Mente, Ciência Cristã e pela Metafísica do Novo Pensamento. Aproveitando-se dos conceitos de Mary B. Eddy, empenhou-se em pregar a salvação e a cura em Jesus Cristo. Dava ênfase aos textos bíblicos que falam de saúde e prosperidade, além de aplicar a técnica do poder do pensamento positivo.
Kenyon, que pastoreou várias igrejas e fundou outras, não era pentecostal. Ele é reconhecido hoje como o pai da Confissão Positiva que, por sua vez, identifica-se com a Teologia da Prosperidade e com a Palavra da Fé ou Movimento da Fé. Kenyon exerceu nítida influência, durante a sua vida, sobre grandes nomes que se tornariam os pregadores mais conhecidos do chamado “movimento da fé”, entre os quais se destacam Kenneth Hagin, Tommy L. Osborn e F.F. Bosworth.

3. Principal divulgador da Teologia da Prosperidade. Kenneth Hagin. Se Essek William Kenyon foi o principal idealizador da “teologia da prosperidade”, coube a Kenneth Hagin a sua divulgação maciça por todo o mundo. Em abril de 1933, teria tido uma dramática experiência, que o levou à conversão, quando, por três vezes, teria morrido, vendo os horrores do inferno e retornando à vida. Em 1934, teria também se levantado do “leito da morte” pela “revelação da fé na Palavra de Deus”. Estudando os escritos de Kenyon, divulgou-os em livros, cassetes e seminários, dando sempre ênfase à confissão positiva. Em 1974, fundou o Centro Rhema de Adestramento Bíblico, em Oklahoma. Com Hagin temos a configuração do falso ensino da “palavra da fé”, conceito tão importante que é o próprio título da principal revista do ministério criado por Hagin, num desenvolvimento das teses apresentadas por Kenyon. Reside aqui a ideia da “confissão positiva”, ou seja, como dizia Kenyon, “o que eu confesso, eu possuo”.
Essa doutrina se origina em uma “aparição”, em uma “visão” e, o que é mais importante, quando o próprio Hagin afirma que se encontrava aborrecido porque via os ímpios prosperarem, enquanto os membros de sua igreja passavam por dificuldades. Ele diz: “…"Eu costumava me preocupar quando eu via pessoas não salvas obtendo resultados, mas os membros da minha igreja não obtinham resultados. Então clareou em mim o que os pecadores estavam fazendo. Eles estavam cooperados com a lei de Deus – a lei da fé…” (HAGIN, K. Tendo fé em sua fé, p.4,5 apud HOWARD, J).

- Refutação: Não devemos nos perturbar com a prosperidade dos ímpios. Devemos confiar em Deus e saber que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados pelo Seu decreto (Rm 8.28). Se atentarmos para a prosperidade dos ímpios, que é uma prosperidade puramente material e que finda aqui, corremos o risco de nos desviarmos dos caminhos do Senhor, como nos ensina o salmista Asafe (Sl 73). Vemos que, infelizmente, não foi o caminho seguido por Hagin que, excessivamente preocupado com tais circunstâncias, acabou sendo presa fácil de uma “aparição”, que traria um falso ensinamento para o meio do povo de Deus. Aqui no Brasil, um dos segmentos religiosos em evidência, que segue o falso ensino de Kenneth Hagin é a “Igreja Internacional da Graça”.

II. PRINCIPAIS ENSINAMENTOS DA “TEOLOGIA DA PROSPERIDADE”

Veja a seguir alguns ensinamentos de Kenyon sobre a “teologia da prosperidade” que influenciaram os sucessores do seu ideal, e a refutação bíblica:

01) Um dos principais ensinos de Kenyon é o de que “… pecado e doença são um só. Eles não podem dominar a nova criatura (…). O que Deus diz é se você é uma nova criatura, então não há condenação para você. Se não há condenação, a doença não pode ser senhora sobre você.…” (KENYON, E.W. Jesus, o curador).

- Refutação Bíblica: Quando observamos as Escrituras Sagradas, vemos que, embora o pecado tenha gerado, entre suas consequências, a morte física (cf. Gn 3.19) e, por conseguinte, as doenças sejam resultado desta penalidade, não é exato afirmar que a pessoa que contraia doença, necessariamente esteja em pecado. A Bíblia tem exemplos de pessoas que, embora estivessem doentes, estavam em comunhão com Deus, como é o caso de Jó, Eliseu (2 Rs 13.14), do cego de nascença (João 9.3) e de Timóteo (1 Tm 5.23).

02) Outro ensino de Kenyon é de que a salvação nos livrou da pobreza e da necessidade. Segundo suas palavras: “… Virá a hora em que você saberá que a necessidade e a pobreza são coisas do passado…”.

- Refutação Bíblica: Quando observamos as Escrituras Sagradas, vemos que, embora o pecado tenha gerado, entre suas consequências, a necessidade do trabalho para a sobrevivência do homem e a penosidade deste mesmo trabalho (Gn 3.18,19), não é menos exato de que a pobreza não significa necessariamente que haja pecado. Aliás, pelo contrário, a pobreza foi considerada por Jesus como um obstáculo a menos para a salvação, visto que afirmou que os ricos teriam maior dificuldade para servir ao Senhor (Mc 10.25; Lc 18.25). Na própria igreja primitiva, havia aqueles crentes que viviam da assistência social, ou seja, da caridade pública e nem por isso tinham deixado de ser crentes (At 6.1,2). Os crentes da Judéia estavam passando necessidade a ponto de o apóstolo Paulo fazer uma coleta em seu favor e este fato não o impediu de serem considerados como verdadeiros e genuínos servos do Senhor, chamados, inclusive, de santos (Rm 15.26). Aliás, o mesmo Paulo testifica que Jesus Se fez pobre (2 Co 8.9), e nunca pecou (Hb 4.15).

03) Kenyon também ensinou que Jesus, para nos remir, não só sofreu no Calvário, morrendo por nós, como também teve de sofrer no Hades, sede do domínio de Satanás, até que Seus direitos fossem reclamados, quando, então, o diabo não pôde mais detê-lo e Ele ressurgiu - ”… Veja, Jesus foi feito pecado com nosso pecado. Ele Se tornou nosso substituto. Nós morremos com Ele. Fomos sepultados com Ele. Fomos julgados com Ele. Ele foi para o lugar que nós deveriam ter ido e lá Ele sofreu até que os clamores de justiça contra nós fossem encontrados, até que todos os clamores fossem satisfeitos. Então, a sepultura não pôde mais detê-Lo(…). O trabalho foi aceito, terminado por Jesus quando Ele sentou à mão direita do Pai. Ele não foi terminado na cruz. Ele começou na cruz, mas foi consumado quando o sangue foi aceito e Cristo assentado.…” (KENYON, E.W - A realidade da redenção).

- Refutação: A morte de Jesus foi suficiente para alcançar a nossa justificação (Rm 5.10). Não se fez necessário “acerto de contas” algum no Hades com Satanás para que Jesus obtivesse o perdão dos nossos pecados, uma vez que a dívida que o homem tinha era com Deus e não com o diabo. O pecado é desobediência contra o Senhor, é injustiça e é um problema que diz respeito ao relacionamento entre Deus e os homens (Is 59.2). O diabo nada tem, nada representa neste processo, sendo apenas um ser que procura matar, roubar e destruir o homem (João 10.10), mantendo-o iludido com relação às coisas de Deus (2 Co 4.4). Jesus completou a Sua obra salvadora no Calvário, como Ele mesmo disse (João 19.30), não havendo sequer um “lugar” onde o diabo reine, como pressupôs Kenyon, até porque o Hades é o lugar dos mortos e, pela história que Jesus nos conta do rico e de Lázaro, o diabo ali não está (Lc 16.19-31), mas, sim, nas regiões celestiais (Ef 6.12), de onde será tirado, junto com os seus anjos, quando chegar a Nova Jerusalém, para receber os santos arrebatados pelo Senhor (Ap 12.7-12). A morte de Jesus foi suficiente para tirar o pecado do mundo, pois, se não fosse assim, o véu do templo não se teria, naquele momento exato da morte do Senhor, se rasgado de alto a baixo (Mt 26.50,51). A ressurreição de Jesus, além de ser cumprimento da Palavra do Senhor, já vaticinada desde os profetas (Sl 16.8,11; At 2.31; 1 Co 15.3), é a garantia de que o Seu sacrifício foi aceito e que o pecado do mundo foi tirado(1 Co 15.14). Assim também Sua ascensão aos céus, que é a Sua glorificação, é confirmação da Palavra do Senhor (João 14.1-3) e uma necessidade para que houvesse a dispensação da graça, a demonstração plena do amor de Deus à humanidade (cf. Rm 9).

04) Divinização do homem. Célebre é a frase de Kenyon, que depois foi repetida por Kenneth Hagin: “… Todo homem que ‘nasceu de novo’ é uma encarnação e a Cristandade é um milagre. O crente é tão Encarnação quanto o foi Jesus de Nazaré…”.

- Refutação: Percebemos, portanto, que, para Kenyon, a salvação nos equipara ao próprio Deus, visto que passamos a ter o Espírito Santo e, por isso, nada pode mais nos abalar, estamos praticamente divinizados e é a isto que se denominou de “confissão positiva”, ou seja, a salvação nos traz “direitos”, “afirmações”, “poderes” que, praticamente, nos equipara a Deus. Este tipo de pensamento justifica o nome de “evangelho da Nova Era” que alguns estudiosos deram ao “movimento da fé”, visto que, no fundo, utilizando-se de uma “roupagem evangélica”, chega a mesma conclusão que o movimento Nova Era, qual seja, a de que o homem pode se tornar deus. Este pensamento, bem propício para quem foi influenciado por ideias de que podemos “curar pela mente”, como defendiam Quimby e Eddy, não tem qualquer respaldo bíblico. A salvação não nos faz tornar “pequenos deuses”, mas, sim, “filhos de Deus”, que não deixam, porém, de ser homens e, por isso mesmo, submissos ao Senhor. Quando alcançamos a salvação, retomamos a imagem e semelhança de Deus originais, a posição perdida pelo primeiro casal, que, como se vê, claramente, no livro do Gênesis, era uma posição de absoluta subserviência a Deus, como “mordomos” da criação terrena. O próprio Jesus, ao descrever a condição humana no estado eterno, ou seja, após o desaparecimento destes céus e terra, disse que nós seremos “como os anjos que estão nos céus’ (Mc 12.25), descartando, assim, qualquer “igualdade” entre os redimidos e a Divindade.

05. Negação do Sofrimento. Kenyon defende a ideia de que “como Deus está em nós”, passamos a fazer parte da “divindade”, não podendo, pois, ter qualquer espécie de sofrimento ou de dor: “Nós temos nossa Redenção. Não há coisa alguma que tenhamos de orar ou pedir…”.

- Refutação Bíblica: A negação do sofrimento é outro equivoco da falaciosa teologia da prosperidade. Para essa “teologia”, o sofrimento deve ser rechaçado, pois é uma indicação direta da falta de fé na Palavra de Deus. A realidade, porem, nos mostra fragilidade desse argumento. Muitos dos chamados homens de Deus, cujas histórias encontram-se nas Escrituras, experimentaram o sofrimento e a adversidade, e a Bíblia narra diversos desses sofrimentos (leia Hebreus cap. 11, que fala dos heróis da fé). Em nenhum momento foi atribuído a esses homens faltarem com sua fé quando passaram por agruras, nem que tais agruras eram resultadas direto da falta de fé em Deus. Veja os sofrimentos do apóstolo Paulo exaradas em 2Co 11.22-33; apesar disso nunca demonstrou falta de fé (cf Hb 4.7). Leia também 2 Co 4.8-14.

III. CONSEQUÊNCIAS DA “TEOLOGIA DA PROSPERIDADE”

1. Profissionalismo ministerial e espiritualidade mercantil. A primeira consequência danosa que a falaciosa “teologia da prosperidade” causa pode ser vista nos púlpitos das igrejas. Há pastores que transformam o púlpito em uma praça de negócios, e os crentes em consumidores. São obreiros fraudulentos, gananciosos, avarentos e enganadores. São amantes do dinheiro e estão embriagados pela sedução da riqueza. Há pastores que mudam a mensagem para auferir lucros. Pregam prosperidade e enganam o povo com mensagens tendenciosas para abastecer a si mesmos.
Muitos têm se aproveitado desta falsa teologia para amealharem riquezas e fazerem do evangelho um negócio rentável e cada vez mais crescente. Esta possibilidade não passou despercebida do Senhor que, em Sua Palavra, já nos primórdios da fé cristã, já advertia os crentes que muitos seriam feitos negócio com palavras fingidas de pessoas inescrupulosas (2 Pe 2.3). Antes mesmo da formação da Igreja, o profeta Ezequiel já indicara a existência de pastores infiéis, que têm como objetivo tão somente explorar as ovelhas (Ez 34.4). Eles estão mais interessados no dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Eles negociam o ministério, mercadejam a Palavra e transformam a igreja em um negócio lucrativo.
Hoje estamos assistindo ao fenômeno do mercadejamento da fé. Pastores e mais pastores estão se desvinculando da estrutura eclesiástica e rompendo com suas denominações para criar ministérios particulares, em que o líder se torna o dono da igreja. A igreja passa a ser uma propriedade particular do pastor. O ministério da igreja torna-se um governo dinástico, em que a esposa é ordenada, e os filhos são sucessores imediatos. Não duvidamos de que Deus chame alguns para o ministério específico em que toda a família esteja envolvida e engajada no projeto, mas a multiplicação indiscriminada desse modelo é deveras preocupante.

2. Narcisismo e hedonismo. A “teologia da prosperidade” tem gerado inúmeros cristãos narcisistas, isto é, pessoas que só pensam em si e nunca nos outros; são pessoas egoístas. Paulo nos instrui a nos resguardar contra qualquer forma de egoísmo, preconceito ou ciúme que podem levar à dissensão – “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros” (Fp 2.4). Portanto, mostrar um interesse genuíno pelos outros será sempre um passo positivo para manter a unidade entre os crentes. Outra consequência maligna que a “teologia da prosperidade” tem gerado nos corações daqueles que cristãos dizem ser é o hedonismo, isto é, a busca exacerbada e incessante pelo prazer.
O envolvimento com as coisas deste mundo, a busca incessante pelo prazer, que tanto caracteriza o mundo hodierno, é uma das coisas que faz com que se despreze a busca de um tempo dedicado a Deus. Nestes últimos dias, em que há homens “mais amigos dos deleites do que amigos de Deus” (2 Tm 3.4), é natural que “não se tenha tempo para Deus”. A Igreja, no seu todo, e cada crente, em particular, só poderá ser um referencial para o mundo e para os homens se viver de uma maneira diferente do que vive as pessoas que não receberam Cristo como Salvador; se tiver motivos para justificar o convite para que as pessoas que estão lá fora venham para o nosso meio e vivam como nós vivemos. Mas, se convidarmos, e elas vierem, e aqui descobrirem que em nosso meio existe a mesma luta pelo poder, como existe lá fora, o mesmo apego às coisas materiais, as mesmas mentiras e trapaças, os mesmos sentimentos de vaidade, de orgulho e de egoísmo, então, elas não terão motivos para desejarem ficar conosco.

3. Modismos e perdas de ideais. Diversos modismos têm surgido nas igrejas que propagam a teologia da prosperidade. Dentre as inúmeras cito, como exemplo, a “purificação de ambientes”, para “proteção do crente e de sua família”. Nestas chamadas “purificações” são utilizados os mais variados elementos tais como “sal grosso”, “rosa ungida”, “óleo de Israel”, “água do rio Jordão” e tantas outras coisas que nos fazem lembrar as “relíquias” da Igreja Romana, que tantos absurdos e crendices causaram na cristandade, tendo sido vigorosos instrumentos para a campanha anti-religiosa que tomou conta da Europa a partir do século XIX e que é a principal responsável pelo atual nível de indiferentismo religioso que vive aquele continente. Queridos irmãos em Cristo, isto é pura idolatria, misturada com a mais banal feitiçaria. Como pode um servo de Deus, lavado e remido no sangue do Cordeiro, crer que, para estar livre dos espíritos malignos, deve ter sal grosso em casa, rosa ungida ou ter um frasco com água do rio Jordão? Qual a diferença deste proceder com aqueles que usam patuás, fitas benzidas, pés de coelho, figas ou outros conhecidos amuletos e talismãs? Evidentemente que é nenhuma! As pessoas crentes que se deixam levar por isto são tão cegas quanto os incrédulos, para não dizer que estão ainda mais longe da salvação do que aqueles, pois, por pura ignorância, não sabem que Jesus liberta de tudo isto e não impõe estas coisas, como é defendido pelos pregadores deste falso e supersticioso evangelho. Tudo isto é resultado da ignorância espiritual.

- Outra consequência terrível da falaciosa teologia da prosperidade é a perda dos ideais cristãos. Muitos cristãos estão preocupados somente com as coisas materiais, com o aqui e o agora, e estão esquecendo que o objetivo precípuo da nossa jornada é morar no Céu (cf João 14.1-3). Infelizmente, boa parte da igreja evangélica tem perdido a dimensão escatológica do Reino de Deus, quando demonstra privilegiar apenas seu aspecto externo, isto é, o “ter” e não seu lado atemporal ou eterno – o “ser” (1 Ts 4.17; 1Co 16.22). Encontramos no Novo Testamento certo homem preocupado mais em “ter” do que “ser” (Lc 12.2-5). Ele queria, por exemplo, ter muitos bens materiais, mas, por outro lado, não demonstrou nenhuma preocupação em ser alguém zeloso com as coisas espirituais (Lc 12.21). O apóstolo Paulo foi claríssimo ao afirmar que se esperarmos em Cristo só para as coisas desta vida seremos os mais miseráveis de todos os homens (1 Co 15.19). É esta a triste situação espiritual dos milhões que têm procurado Jesus única e exclusivamente para terem a “prosperidade” apregoada pelos falsos mestres da atualidade, eles mesmos escravos da ganância (2 Pe 2.3). Isso é lamentável!

CONCLUSÃO

Diante do que foi exposto, cabe a nós refletir sobre o verdadeiro sentido da prosperidade dentro dos padrões divinos. A doutrina da prosperidade, no Novo Testamento, não está fundamentada na posse de riquezas. Jesus dessacralizou o conceito de prosperidade que, anteriormente, se pautava nos bens materiais. A prosperidade verdadeira resulta de uma vida cristã equilibrada, equilibrada pelo contentamento. É claro que precisamos trabalhar “para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (1 Tm 2.2). Isso, no entanto, não deve nos escravizar, colocando-nos à mercê das teias do consumismo, que nos leva a acreditar que não somos felizes se não tivermos um uma mansão luxuosa, um carro importando ou um celular de última geração. A verdadeira prosperidade é Cristo, nEle repousa toda as riquezas de Deus (Ef 2.7). Com Ele, temos razões para estarmos sempre contentes, trabalhando sempre, com respeito e dignidade (Ef 4.28; 1 Ts 2.9; 2 Ts 3.8), mas confiando nEle que nos supre do que temos real necessidade (Mt 6.33). Pense nisso!

REFERÊNCIAS:

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Palavra Chave. Rio de Janeiro: CPAD.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Editora Vida, 1998.
HAMILTON, Victor P. Manuel do Pentateuco.  Rio de Janeiro: CPAD.
http://luloure.blogspot.com.br/
MERRILL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
WALTKE, Bruce K. Gênesis. Editora Cultura Cristã.