quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Tem coisas…

 Tem coisas…

Que passam pela alma feito vento,

e deixam um silêncio maior que a palavra.

 

Tem coisas que eu preferia não;

não ver,

não ouvir,

não sentir.

É o coração tentando se proteger do que pesa.

 

Tem coisas que eu preferia não saber;

porque saber, às vezes,

é carregar fardos que não escolhemos.

 

Tem coisas que é melhor ficar em off;

no canto onde só Deus alcança,

onde a alma respira sem explicações.

 

Tem coisas…

Tantas coisas…

que a gente aprende a guardar,

não por medo,

mas por sabedoria.

 

E segue.

Mais leve,

mais profundo,

mais em paz.

sábado, 15 de novembro de 2025

LIÇÃO 7: OS PENSAMENTOS — A ARENA DE BATALHA NA VIDA CRISTÃ

 

SUBSÍDIOS PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL (EBD) DA CPAD

4º Trimestre/2025

 

TEXTO ÁUREO

 

Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Fp 4.8).

 

VERDADE PRÁTICA

 

Na arena dos pensamentos, a vitória cristã ocorre quando a mente é disciplinada, renovada pela Palavra e totalmente sujeita ao senhorio de Cristo.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

 

Filipenses 4.8,9; 2 Coríntios 10.3-5.

 

Filipenses 4

8 — Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.

9 — O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco.

 

2 Coríntios 10

3 — Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne.

4 — Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas;

5 — destruindo os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo.

 

COMENTÁRIO

 

INTRODUÇÃO

 

Ao estudarmos a natureza da alma humana na lição anterior, vimos que ela é composta por sentimentos, intelecto e vontade, elementos inseparáveis do espírito humano. O intelecto, foco desta lição, é a capacidade racional que permite ao homem refletir, interpretar, julgar e decidir. É através dele que surgem os pensamentos — uma das dimensões mais profundas e influentes da existência humana. Na Bíblia, a mente é frequentemente apresentada como o centro das decisões e do discernimento espiritual (Pv 23.7; Rm 8.5-6). Por isso, o estudo dos pensamentos é fundamental para uma vida cristã equilibrada. A forma como interpretamos o mundo, lidamos com tentações, enfrentamos lutas emocionais e reagimos às situações diárias está diretamente ligada aos pensamentos que cultivamos. Uma mente desordenada produz escolhas equivocadas; uma mente alinhada a Deus gera vida, paz e discernimento. Esta lição se dedica a entender o funcionamento dos pensamentos, sua origem, seus perigos e como administrá-los à luz das Escrituras.  

 

Palavra-Chave:

 

PENSAMENTOS

 

 

 

I. UMA VISÃO INTRODUTÓRIA

 

1. A experiência de Adão e Eva. A primeira manifestação do funcionamento da mente humana ocorre no Éden. Adão e Eva possuíam pleno uso da razão, discernimento e capacidade reflexiva antes do pecado. Eles dialogavam com Deus, interpretavam ordens, nomeavam animais e conviviam harmoniosamente, tudo isso exercendo o intelecto que Deus lhes concedera (Gn 1.26-28; 2.19-23). Contudo, a queda revela a vulnerabilidade dos pensamentos. Eva permitiu que a serpente inserisse ideias contrárias à verdade divina, dando espaço à dúvida, à curiosidade desordenada e à imaginação enganosa (Gn 3.1-6). Adão, por sua vez, deixou de refletir corretamente e agiu contrário à Palavra de Deus. Ambos demonstraram que a batalha espiritual começa na mente. Paulo interpreta esse episódio mostrando que Eva foi enganada emocional e intelectualmente (1Tm 2.14), e que o inimigo trabalha para corromper a simplicidade da mente que deveria estar em Cristo (2Co 11.3). Assim, a história do primeiro casal ilustra que pensamentos mal administrados podem abrir portas ao pecado e à ruína espiritual.


2. Conceito e origens. Pensamentos são construções mentais que envolvem memórias, reflexões, imagens, interpretações, impulsos e sentimentos. Eles podem surgir espontaneamente ou como resultado direto de estímulos internos e externos. Alguns nascem de fatores biológicos e emocionais — como hormônios, traumas, dores e predisposições. Outros se formam a partir de influências externas, como conversas, ambientes, conteúdos visuais e situações vividas diariamente. A Bíblia confirma essa diversidade de origens, ao mesmo tempo em que afirma que o ser humano é responsável pelo que permite florescer dentro de si (Fp 4.8; Pv 4.23). O profeta Jeremias mostra que Deus esquadrinha os pensamentos (Jr 17.10), indicando que eles possuem peso moral e espiritual. A Escritura também diferencia pensamentos bons, que conduzem à vida, e pensamentos maus, que conduzem ao pecado (Pv 15.26; Sl 94.19). Cabe ao crente examinar, filtrar e rejeitar pensamentos que contrariem a justiça, a verdade e a santidade.


3. Características dos pensamentos. A mente humana possui extraordinária capacidade de criar cenários, imaginar possibilidades e construir realidades internas que podem influenciar a emoção e o comportamento. Pensamentos podem ser silenciosos ou intensos, rápidos ou persistentes, consoladores ou angustiantes. Moralmente, podem ser puros ou impuros, verdadeiros ou enganosos, edificantes ou destrutivos. Grande parte dos pensamentos é estimulada pelos sentidos — visão, audição, tato, paladar e olfato. Por isso a Bíblia recomenda evitar tudo o que contamina o coração (Sl 101.3; Mt 6.22-23). Um simples conteúdo inadequado pode gerar imaginações que se transformam em desejos pecaminosos (Tg 1.13-15). Jesus ensinou que o adultério pode começar na mente (Mt 5.28) e que do coração procedem maus pensamentos, homicídios, mentiras, prostituições e blasfêmias (Mt 15.19). Portanto, pensamentos não são neutros: eles moldam sentimentos e comportamentos. Vigilância, disciplina mental e pureza são indispensáveis para manter a integridade espiritual.

 

SINOPSE I — UMA VISÃO INTRODUTÓRIA

A visão introdutória sobre os pensamentos revela que a mente humana, desde o Éden, é o primeiro campo onde ocorre a batalha espiritual. Adão e Eva demonstram que o intelecto, embora criado perfeito, pode ser influenciado por sugestões contrárias à verdade divina, mostrando que a queda começou com ideias distorcidas. A Bíblia ensina que pensamentos têm origem diversa — interna, externa, emocional e espiritual — e que cada crente é responsável por discerni-los e filtrá-los. Além disso, os pensamentos possuem força formadora, pois moldam emoções, decisões e comportamentos, podendo conduzir à santidade ou ao pecado. Assim, compreender a natureza, a origem e o impacto dos pensamentos é essencial para viver uma vida cristã equilibrada, vigiada e submissa a Cristo.

 

SUBSÍDIO BIBLIOGRÁFICO DO PONTO I — UMA VISÃO INTRODUTÓRIA

Estudiosos como John Stott, Wayne Grudem e Gordon Fee destacam que a mente humana é o principal campo onde ocorre tanto a formação da personalidade quanto a guerra espiritual. A teologia bíblica apresenta a mente como um elemento que deve ser continuamente renovado pelo Espírito Santo (Rm 12.2). No Antigo Testamento, a sabedoria hebraica já entendia a mente como centro interior do ser humano (leb), que unia pensamento e emoção. Autores como Derek Kidner comentam que os Salmos frequentemente revelam a luta interna dos pensamentos — ora confusos, ora fortalecidos pela Palavra. No Novo Testamento, Paulo dá atenção especial ao “dianoia”, termo grego relacionado ao raciocínio. Ele ensina que pensamentos podem ser fortalezas espirituais (2Co 10.4-5), revelando que eles podem se tornar estruturas resistentes contra a verdade. A tradição cristã também sempre considerou os pensamentos o início do ciclo de tentação. Pais da Igreja como Evágrio Pôntico catalogaram oito tipos de pensamentos que serviam de porta para pecados maiores. Assim, teólogos antigos e modernos concordam: a mente é o campo decisivo onde se define a vitória ou derrota espiritual.

 

II. A GESTÃO DOS PENSAMENTOS

 


1. Imperativo ético e espiritual. Filipenses 4.8 representa um dos textos mais completos sobre administração mental na Bíblia. Paulo, após abordar sentimentos como alegria, ansiedade e gratidão, apresenta um chamado direto ao controle racional consciente. O uso do termo “pensai” indica ação contínua de foco e disciplina. Não se trata de permitir que pensamentos aleatórios governem a mente, mas de selecionar, classificar e aceitar apenas aquilo que glorifica a Deus. Os critérios apresentados por Paulo são filtros espirituais: verdade, honestidade, justiça, pureza, amabilidade, boa fama, virtude e louvor. Esses padrões confrontam a superficialidade mental dos dias atuais e exigem esforço interior. Pensamentos alinhados à verdade geram paz; pensamentos distantes da verdade geram confusão. Assim, o cristão deve desenvolver maturidade para rejeitar pensamentos corruptos e cultivar pensamentos que edificam, usando a mente de Cristo (1Co 2.16).



2. Acima da técnica. O mundo moderno produz inúmeras técnicas de controle mental, como respiração consciente, foco visual, reorganização cognitiva e práticas meditativas seculares. Embora algumas dessas técnicas possam ajudar em aspectos naturais da mente, elas não alcançam o nível espiritual. A Bíblia apresenta uma dimensão mais profunda, que não pode ser substituída por métodos humanos: pensar nas coisas do alto (Cl 3.1-2). Paulo ensina que somente a mente renovada pelo Espírito Santo pode resistir às pressões internas e externas (Rm 8.5-6). A perspectiva celestial permite ao crente enxergar além das circunstâncias temporárias e perseverar diante de conflitos mentais, alcançando estabilidade e paz que excede todo entendimento (Fp 4.7). Enquanto o mundo oferece alívio temporário, a Palavra de Deus oferece transformação permanente. A mente espiritual discerne melhor, julga melhor e reage melhor.



3. Recursos espirituais. A leitura constante da Bíblia alimenta a mente com verdades eternas e produz pensamentos saudáveis. O salmista declara que a lei do Senhor ilumina, fortalece, dá sabedoria e consola (Sl 19.7-10; Sl 119.97-105). Meditar nas Escrituras envolve reflexão profunda e disposição de permitir que a Palavra molde a vida. O crente que desenvolve uma mente saturada das Escrituras encontra paz e segurança (Sl 1.1-3). A oração também é essencial para purificar a mente, trazendo comunhão com Deus e alinhando a vontade humana à divina. Além disso, cânticos espirituais, comunhão com irmãos e participação na igreja fortalecem a saúde mental e espiritual (Ef 5.19; At 2.42). O Espírito Santo atua diretamente na mente, iluminando, convencendo, revelando e fortalecendo o crente para discernir o bem e o mal.



4. Jerusalém e Betânia. A mente também é influenciada pelo corpo e pelo ambiente. Deus criou o ser humano como unidade, e problemas físicos ou emocionais podem afetar o pensamento. Por isso, Jesus ensinou Seus discípulos a se retirar ocasionalmente para descansar (Mc 6.31). Há momentos em que precisamos estar em atividades intensas — como Jerusalém simboliza — mas também devemos buscar lugares de descanso, como Betânia representava para Jesus (Jo 12.1-2). Uma rotina equilibrada, com sono adequado, alimentação saudável e pausas estratégicas, contribui diretamente para o funcionamento ideal da mente. Cansaço acumulado, excesso de estímulos e estresse prolongado produzem pensamentos confusos, ansiedade e irritabilidade. O crente deve aprender a se retirar para renovar o corpo e o espírito, evitando sobrecarga emocional e mental. 

 

 

SINOPSE II — A GESTÃO DOS PENSAMENTOS

A gestão dos pensamentos é um chamado bíblico que exige disciplina espiritual, racional e emocional. Filipenses 4.8 estabelece critérios divinos que funcionam como filtros para a mente cristã, mostrando que pensar corretamente é um imperativo ético e espiritual. A verdadeira administração mental vai além de técnicas humanas: ela depende da renovação operada pelo Espírito Santo e de uma mente focada nas coisas do alto. A Palavra de Deus, a oração, a comunhão e a atuação do Espírito são recursos que fortalecem a mente e produzem estabilidade interior. Além disso, fatores físicos, emocionais e ambientais influenciam diretamente o pensamento, exigindo equilíbrio entre trabalho, descanso e devoção. Assim, a boa gestão mental envolve vigilância, reflexão bíblica, vida espiritual saudável e hábitos que preservem a clareza e a saúde da mente cristã.

 

SUBSÍDIO BIBLIOGRÁFICO DO PONTO II — A GESTÃO DOS PENSAMENTOS

 

Teólogos como Warren Wiersbe e Charles Stanley enfatizam que a disciplina mental é parte central da santificação cristã. A mente renovada é resultado da ação conjunta: leitura bíblica, oração, prática do bem e vigilância espiritual. No campo da teologia paulina, estudiosos como F. F. Bruce afirmam que Filipenses 4.8 representa o ideal ético da mente cristã. A espiritualidade não se limita a sentimentos; envolve racionalidade consagrada. A tradição cristã também reconheceu o valor da meditação bíblica. Martinho Lutero afirmava que pensamentos sem a Palavra tornam-se presas fáceis das tentações. Jonathan Edwards ensinava que a mente deve ser preenchida com as excelências de Cristo para evitar o vazio espiritual que gera pecados. Na psicologia cristã contemporânea, autores como Gary Collins mostram que técnicas seculares podem auxiliar, mas somente a combinação Bíblia + Espírito Santo produz transformação profunda. O pensamento correto é fruto da verdade revelada, não de esforço humano isolado. Portanto, administrar pensamentos é uma disciplina espiritual indispensável.

 

 III. A BATALHA NA ARENA DOS PENSAMENTOS

 

1. Influências espirituais. A mente é um dos principais campos de atuação espiritual. Paulo afirma que nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra poderes invisíveis (Ef 6.12). Isso inclui ataques direcionados ao pensamento. O inimigo tenta plantar ideias, sugestões, enganos e dúvidas, como fez com Eva (Gn 3.1-5). Jesus alertou Pedro que Satanás desejava peneirá-lo, ou seja, perturbá-lo mentalmente (Lc 22.31). Judas permitiu que o diabo colocasse no seu coração o propósito de trair Jesus (Jo 13.2). Ananias e Safira cederam a pensamentos mentirosos e foram destruídos (At 5.1-5). A Bíblia revela que pensamentos podem ser dardos inflamados, contra os quais devemos erguer o escudo da fé (Ef 6.16). Por isso, devemos guardar a mente com toda diligência, pois dela procedem nossas atitudes e decisões (Pv 4.23). Sem vigilância, pensamentos impróprios criam raízes e geram comportamentos destrutivos.


2. Cuidados práticos. O crente deve adotar hábitos práticos para proteger a mente. Primeiramente, deve rejeitar pensamentos distorcidos sobre si mesmo, que geram orgulho ou inferioridade (2Co 10.12-13). Também deve evitar conteúdos que contaminam, como fofocas, agressões verbais, pornografia, mentiras e discussões sem propósito (Ef 4.29; 1Ts 5.22). É essencial reduzir a sobrecarga de informações, principalmente das redes sociais, que estimulam ansiedade, comparação e cansaço mental. Outra prática importante é encher a mente com o que edifica, como leitura bíblica, livros saudáveis, conversas produtivas e boas obras (1Co 10.23). Relacionamentos saudáveis também influenciam diretamente o pensamento, pois conversas cheias de contendas geram intranquilidade emocional (Pv 12.18; 15.4; 17.14). A mente precisa de proteção constante, disciplina e escolhas sábias para permanecer saudável.


3. Resistência espiritual e renovação (BÔNUS) A batalha mental exige ação espiritual constante. Paulo ensina que as armas da nossa milícia são espirituais e poderosas em Deus para destruir fortalezas (2Co 10.4). Essas fortalezas são padrões mentais repetitivos, ideias persistentes, raciocínios contrários à Palavra e imaginações que se erguem contra o conhecimento de Deus. A solução é levar todo pensamento cativo à obediência de Cristo, o que implica confrontar mentalmente cada ideia com a Palavra. A renovação da mente, descrita em Romanos 12.2, não é automática: exige leitura bíblica regular, oração, comunhão na igreja, louvor, adoração e vigilância espiritual. Quando o crente se submete ao Espírito Santo, pensamentos que antes dominavam passam a ser dominados. Deus não remove automaticamente todos os pensamentos ruins; Ele fortalece o crente para vencê-los. Assim, a vitória mental é fruto da ação divina combinada com disciplina espiritual constante.

 

SINOPSE III — A BATALHA NA ARENA DOS PENSAMENTOS

A mente é o principal campo de batalha espiritual na vida cristã. Nela operam influências divinas, humanas e malignas, exigindo vigilância constante. O inimigo tenta infiltrar dúvidas, enganos e pensamentos destrutivos, como demonstram episódios bíblicos envolvendo Eva, Pedro, Judas e Ananias. Por isso, o crente deve guardar o coração com diligência, pois dele procedem as decisões e atitudes que moldam a vida. A luta mental também requer práticas concretas: rejeitar pensamentos distorcidos, evitar conteúdos contaminadores, limitar o excesso de informações e cultivar relacionamentos saudáveis. Além disso, a vitória na arena dos pensamentos depende de armas espirituais — oração, Palavra, comunhão e submissão ao Espírito — capazes de destruir fortalezas mentais e levar todo pensamento cativo à obediência de Cristo. A renovação da mente é contínua e resulta da cooperação entre a disciplina do crente e a ação transformadora do Espírito Santo. 

  

SUBSÍDIO BIBLIOGRÁFICO DO PONTO III A BATALHA NA ARENA DOS PENSAMENTOS

A doutrina cristã sempre enfatizou que a mente é o principal campo de batalha espiritual. Autores como C. S. Lewis ilustram isso em obras como “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz”, mostrando como o inimigo tenta influenciar pensamentos por meio de sugestões, distrações e distorções. A teologia paulina, segundo estudiosos como John MacArthur e R. C. Sproul, apresenta os pensamentos como estruturas espirituais que podem se tornar fortalezas. A tradição monástica do século IV já ensinava que a luta espiritual começa nos "logismoi", ou pensamentos persistentes, conforme Evágrio Pôntico descreveu. Para os puritanos, como John Owen, a mortificação do pecado começa no combate aos pensamentos iniciais que tentam se estabelecer na mente. Modernamente, a psicologia cristã reconhece que pensamentos repetitivos podem se tornar padrões emocionais destrutivos se não forem tratados espiritualmente. A fé cristã oferece recursos reais para essa batalha: a verdade bíblica, o poder do Espírito Santo, a oração e a renovação contínua da mente. Assim, a luta mental não é apenas psicológica — é espiritual, profunda e diária. 

 

 

CONCLUSÃO

 

A saúde espiritual do cristão depende diretamente da forma como ele administra sua vida mental. Pensamentos moldam emoções, decisões e comportamentos. Por isso, é essencial permitir que Deus transforme a mente pela renovação contínua (Rm 12.2). Uma mente governada pela Palavra experimenta paz, discernimento e vitória. Uma mente negligenciada torna-se vulnerável a ataques, enganos e pecados. Assim, o caminho para uma vida equilibrada é cultivar pensamentos santos, verdadeiros e obedientes a Cristo.

  

 

 

 

REFERÊNCIAS:

 

BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. 13. impr. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Matthew Henry. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2016.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Hebraico-Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

BÍBLIA. Português. Nova Versão Internacional - NVI. São Paulo: VIDA, 2000.

BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

GEISLER, Norman. Teologia Sistemática (vol. 2). Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

GILBERTO, Antonio. Bíblia com Comentário de Antonio Gilberto. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

PEDRO, Severino. A Doutrina do Pecado. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A Restauração Integral do Ser Humano para Chegar à Estatura Completa de Cristo. In: LIÇÕES BÍBLICAS: Revista para a Escola Dominical - 4º trimestre de 2025 (Adultos). Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

RENOVATO, Elinaldo in Teologia Sistemática Pentecostal. 1. ed. (16a imp.) Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

RIBAS, Degmar (Trad.). Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, vol. 2.

SILVA, Severino Pedro da. O Homem. Corpo, Alma e Espírito. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1988.

VINE, W. E., UNGER, Menil E & WHITEJR., Willian. Dicionário Vine. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

WALTON, John H. et al. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia. Antigo Testamento. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2018.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Novo Testamento 1. Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006.

LIÇÃO 11: JESUS É O REI DA GLÓRIA

 

Subsídios para a Escola Bíblica Dominical (EBD) — IPAD (Igreja Pentecostal Assembleia de Deus)

  

LEITURA TEMÁTICA:

“E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!” (Mateus 21:9)


LEITURA EM CLASSE: SALMOS 24.7-10

7. Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.

8. Quem é este Rei da Glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na guerra.

9. Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.

10. Quem é este Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória. (Selá.)


VERDADE PRÁTICA

Jesus Cristo é o Rei da Glória revelado desde o Antigo Testamento até o Apocalipse, Aquele que reina com autoridade absoluta sobre toda a criação visível e invisível. Ele é o Senhor forte e poderoso, vitorioso nas batalhas espirituais, o Rei dos Exércitos e o Messias prometido que venceu o pecado, o inferno e a morte.


SÍNTESE TEXTUAL

O Salmo 24 apresenta uma declaração majestosa sobre o governo universal de Deus e a entrada triúmfica do Rei da Glória. Tal revelação alcança sua plenitude em Jesus Cristo, identificado pelo povo como “o Filho de Davi” e aclamado com “Hosana nas alturas!” (Mt 21:9). O salmo descreve o Senhor como forte, poderoso e vitorioso, ecoando atributos que o Novo Testamento aplica a Cristo (Hb 1:3; Ap 5:12). Esta lição demonstra que Jesus é o cumprimento profético do Rei anunciado por Davi, aquele que entra nos portais eternos com poder e majestade (Sl 24:7-10), estabelece Seu Reino entre nós (Lc 17:21) e virá consumá-lo em glória (Ap 11:15). Em Cristo, o Rei da Glória habita com Seu povo e conduz a Igreja em vitória.


INTRODUÇÃO

O Salmo 24 é um dos textos mais profundos sobre a realeza divina nas Escrituras. Ele retrata Deus como o Criador de todas as coisas — “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24:1) — e como o Rei que reivindica Sua presença no meio do Seu povo. Historicamente, o salmo acompanha a entrada da Arca da Aliança em Jerusalém, ato que simbolizava a instalação do trono de Deus no meio da nação. Contudo, o significado profético do texto transcende seu momento histórico e aponta para uma realidade maior: a vinda do Messias, o verdadeiro Rei da Glória.

O Novo Testamento identifica Jesus Cristo como esse Rei. Ele é o “Verbo que se fez carne” (Jo 1:14), o Rei prometido a Davi (2Sm 7:12-16), o Senhor forte que venceu o diabo no deserto (Mt 4:1-11) e o Salvador que conquistou a morte por meio da ressurreição (1Co 15:20-22). Quando entrou em Jerusalém montado em um jumento, cumpriu a profecia de Zacarias 9:9 e foi aclamado como o Rei messiânico (Mt 21:4-9). Após Sua ressurreição e ascensão, Deus O exaltou soberanamente (Fp 2:9-11) e O revelou como o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19:16). Assim, esta lição examina profundamente quem é esse Rei da Glória, como Davi O anunciou, como Sua presença se manifestou na Arca da Aliança e como Ele se revela plenamente em Jesus Cristo.


I — O CONTEXTO DO SALMO 24

 

1. A autoria e o propósito do salmo 

O Salmo 24 é atribuído a Davi, rei, profeta e adorador. Ele escreveu este salmo em um contexto de profunda celebração espiritual: a transferência da Arca da Aliança para Jerusalém, conforme 2 Samuel 6:12-19. Tal evento representava mais do que uma mudança física; simbolizava a entronização de Deus no coração político e religioso da nação. Davi compreendia que nenhum governo, exército ou estrutura poderia prosperar sem a presença do Senhor. Por isso declara: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude” (Sl 24:1). Essa afirmação ecoa passagens como Êxodo 19:5 e Deuteronômio 10:14, que mostram a soberania total do Criador. O propósito do salmo é conduzir o povo a reconhecer Deus como Rei supremo, Criador de todas as coisas e detentor do direito absoluto sobre o mundo e sobre Seu povo. Além disso, o salmo tem caráter litúrgico, sendo usado nos cultos do templo. Ele combina doutrina, adoração e convocação espiritual, levando Israel a se lembrar de que a presença de Deus é a chave para a vitória e para a vida espiritual autêntica.

 

2. A estrutura litúrgica do salmo

O Salmo 24 possui uma estrutura litúrgica que demonstra seu uso cerimonial no culto público de Israel. Ele apresenta um diálogo antífona entre sacerdotes, levitas e adoradores. A primeira parte (Sl 24:1-2) exalta o domínio universal de Deus. A segunda parte (Sl 24:3-6) questiona: “Quem subirá ao monte do Senhor?” e responde: o de mãos limpas e coração puro. Essa seção lembra a santidade exigida em Levítico 19:2 e Hebreus 12:14: “Sem santidade ninguém verá o Senhor.” A última parte (Sl 24:7-10) traz uma convocação dramática: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças”. As portas simbolizam o portal da cidade e do templo. Um grupo pergunta: “Quem é este Rei da Glória?” e outro responde: “O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na guerra.” Esta dinâmica mostra que o salmo era usado em procissões, talvez quando sacerdotes se aproximavam do templo carregando a Arca. É como Êxodo 15:3 declara: “O Senhor é homem de guerra.” A estrutura revela ordem, reverência e exaltação ao Rei divino.

 

3. A dimensão escatológica

Embora o salmo seja histórico, ele contém forte dimensão profética e escatológica. O Rei da Glória não se limita à figura literal da Arca entrando em Jerusalém, mas aponta para o Messias prometido. Os profetas já anunciavam um Rei vindouro: Isaías 9:6-7 fala de um governo eterno sobre os ombros do Filho; Miqueias 5:2 descreve o governante que viria de Belém. No Novo Testamento, Jesus cumpre essas profecias. Ele é o “Filho de Davi” (Mt 21:9), o “Pastor” anunciado (Jo 10:11) e o “Rei humilde” de Zacarias 9:9, cuja entrada em Jerusalém ecoa o salmo. Quando o povo clamou: “Hosana ao Filho de Davi!”, estava reconhecendo que Ele era o Rei esperado. Além disso, o salmo aponta para a entrada celestial de Cristo após Sua ascensão: “Assentou-se à direita da majestade nas alturas” (Hb 1:3). Apocalipse 19:11-16 mostra Cristo retornando como Rei dos reis. Assim, o salmo aponta para o passado, o presente e o futuro do reinado divino.

 

4. O Senhor dos Exércitos

O título “Senhor dos Exércitos” (YHWH Tseva’ot) é um dos mais gloriosos de Deus nas Escrituras. Ele aparece mais de 250 vezes na Bíblia. Revela Deus como o Comandante supremo das legiões celestiais, dos exércitos de anjos e de todas as forças invisíveis que cumprem Seus decretos. Em 1 Samuel 17:45, Davi declara a Golias: “Eu venho a ti em nome do Senhor dos Exércitos”, indicando que a vitória não depende da força humana. Em 2 Reis 6:17, Eliseu vê carros e cavalos de fogo ao redor. Isaías O vê em Isaías 6:3 e os serafins clamam: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos.” O Salmo 24 identifica este mesmo Deus como “o Senhor forte e poderoso” e “poderoso na guerra”. Esta designação também aponta para Cristo, que lidera os exércitos celestiais em Apocalipse 19:14. Portanto, o Rei da Glória não é apenas Rei espiritual, mas Rei militar vitorioso, invencível e soberano.

 

SUBSÍDIO BIBLIOGRÁFICO I — O CONTEXTO DO SALMO 24

O Salmo 24 integra o famoso tríptico messiânico composto pelos Salmos 22, 23 e 24. Juntos, eles revelam o Messias sofredor (Sl 22), o Pastor que guia Seu rebanho (Sl 23) e o Rei da Glória que reina em majestade (Sl 24). Teólogos como Derek Kidner e Franz Delitzsch afirmam que o salmo não apenas celebra a entrada da Arca, mas aponta profeticamente para o advento do governo messiânico. A tradição judaica usava este salmo no primeiro dia da semana, associando-o simbolicamente à criação e ao domínio total de Deus. O salmo é profundamente cristológico porque apresenta um Rei que entra triunfante nos portais eternos, linguagem que se harmoniza perfeitamente com a ascensão de Cristo em Atos 1:9-11 e com Sua exaltação em Filipenses 2:9-11. A expressão “Rei da Glória” destaca a divindade absoluta do personagem descrito. No Novo Testamento, apenas Jesus cumpre plenamente esse título. Ele venceu a morte (Ap 1:18), derrotou os principados e potestades (Cl 2:15) e foi exaltado à mais alta posição. A pergunta repetida no salmo — “Quem é este Rei da Glória?” — encontra sua resposta definitiva em Cristo. Ele é o Senhor dos Exércitos que lidera os anjos (Mt 26:53) e que retornará como guerreiro vitorioso (Ap 19:11-16). Assim, o salmo é uma visão profética e teológica que aponta diretamente para a majestade do Cristo exaltado.


 II — DAVI E A ARCA DA ALIANÇA

 

1. A presença de Deus entre o povo

A Arca da Aliança simbolizava a presença real de Deus no meio de Israel. Em Êxodo 25:22, Deus declara: “Ali virei a ti, e falarei contigo de cima do propiciatório.” Tal afirmação revela que a Arca não era apenas um objeto religioso, mas o trono do Deus vivo entre Seu povo. Em Números 7:89, Moisés ouvia a voz de Deus de entre os querubins. Davi compreendia profundamente essa verdade; por isso a presença da Arca era prioridade para seu governo. Em 1 Crônicas 13:3, ele diz: “Tragamos de volta para nós a Arca do nosso Deus, porque nos dias de Saul não a buscamos.” Ele sabia que sem Deus a nação ficaria vulnerável, espiritualmente fraca e politicamente instável. A Arca representava o governo, a orientação e a proteção divina. Além disso, era lembrete da aliança feita no Sinai (Êx 19:5). Na presença de Deus, Israel encontrava direção, perdão e vitória (Sl 16:11; 2Cr 20:15). Davi entendia que nenhum rei, exército ou estratégia humana poderia substituir a presença do Senhor.

 

2. A primeira tentativa fracassada

Davi desejou trazer a Arca para Jerusalém, mas sua primeira tentativa fracassou dramaticamente porque ele ignorou as instruções divinas. Em 2 Samuel 6:3-7, eles colocaram a Arca sobre um carro novo — prática proibida, pois a Arca deveria ser transportada nos ombros dos levitas (Êx 25:14; Nm 4:15). Uzá tocou na Arca quando os bois tropeçaram, e Deus o feriu imediatamente. Este episódio demonstra que boas intenções não substituem a obediência à Palavra. Davi ficou temeroso e frustrado (2Sm 6:8-9), lembrando que Deus não aceita informalidade no trato com o sagrado. Hebreus 12:28-29 declara que devemos servir a Deus com reverência, “porque o nosso Deus é fogo consumidor.” O erro de Davi ensina que o culto e o serviço a Deus devem seguir Suas diretrizes e não métodos humanos. Deus não precisa de criatividade que substitua mandamentos, mas de obediência fiel. Este fracasso trouxe arrependimento e temor saudável, preparando Davi para buscar ao Senhor corretamente.

 

3. A segunda tentativa bem-sucedida

Após reconhecer seu erro, Davi buscou instrução nas Escrituras (1Cr 15:13-15). Na segunda tentativa, os levitas carregaram a Arca como Deus ordenara. O ambiente foi marcado por sacrifícios, alegria e reverência. Em 2 Samuel 6:14-19, Davi dança diante do Senhor com todo o seu vigor, expressando adoração genuína e profunda gratidão. A presença da Arca trouxe bênção para a casa de Obede-Edom (2Sm 6:11), demonstrando que a presença de Deus produz prosperidade espiritual e material. Davi oferece holocaustos, distribui pão e carne para todo o povo e abençoa a congregação em nome do Senhor dos Exércitos. Salmos 100:2 declara: “Servi ao Senhor com alegria.” A celebração não era emocionalismo vazio, mas resposta santa à presença divina. A segunda tentativa revela que Deus honra quem O busca corretamente (Jr 29:13) e que a obediência abre caminhos para a manifestação gloriosa do Senhor.

 

4. A Arca como sombra de Cristo

A Arca da Aliança é uma das mais ricas tipologias de Cristo no Antigo Testamento. Dentro dela estavam as tábuas da lei (Êx 25:16), simbolizando em Cristo o cumprimento perfeito da Lei (Mt 5:17). O maná representava Jesus como o Pão da Vida (Jo 6:51). A vara de Arão que floresceu representava Sua ressurreição e sacerdócio eterno (Hb 7:24). O propiciatório sobre a Arca refletia Cristo como nosso sacrifício definitivo (Rm 3:24-25). Assim como a Arca era o lugar da presença divina entre os homens, Cristo é o Emanuel, “Deus conosco” (Mt 1:23). Quando a Arca subiu a Jerusalém, apontava para o dia em que Cristo também entraria na cidade sendo aclamado como Rei (Lc 19:37-38). A Arca era o centro do culto; Cristo é o centro da fé. A Arca era objeto único; Cristo é Salvador perfeito. Tudo nela anuncia o Messias.

 

SUBSÍDIO BIBLIOGRÁFICO II — DAVI E A ARCA DA ALIANÇA

Estudiosos como Gordon Wenham, Walter Kaiser e Andrew Hill destacam que a Arca da Aliança é uma das mais completas prefigurações de Cristo nas Escrituras. Seu conteúdo físico, sua função litúrgica e seu simbolismo espiritual convergem para o Messias. As tábuas da Lei revelam Cristo como o Verbo encarnado (Jo 1:1,14). O maná aponta para Cristo como alimento celestial (Jo 6:48-51). A vara de Arão indica Sua ressurreição e autoridade sacerdotal eterna (Hb 7:23-25). O propiciatório revela Sua obra expiatória perfeita (Rm 3:25; Hb 9:12). Além disso, a Arca era o trono de Deus entre os homens, e Cristo é a manifestação plena de Deus (Cl 1:15; Hb 1:3). A entrada da Arca em Jerusalém prefigura a entrada messiânica de Cristo no Domingo de Ramos (Mt 21:1-9). A rejeição de Mical à adoração de Davi revela contraste entre quem reconhece o Rei e quem não O aceita — cena repetida no ministério de Jesus (Jo 1:11). A Arca apontava para o culto verdadeiro; Cristo realiza esse culto. Ela era transporte da presença; Ele é a presença. Ela se movia; Ele reina eternamente. Portanto, entender a Arca é compreender Cristo.


 III — O REI DA GLÓRIA

 

1. Jesus como cumprimento messiânico

Jesus Cristo é o cumprimento direto e pleno das profecias messiânicas do Antigo Testamento. Isaías 9:6-7 profetiza um Rei cujo governo não terá fim. Jeremias 23:5-6 fala do Renovo justo descendente de Davi. Miqueias 5:2 anuncia o nascimento do Messias em Belém. Todas essas profecias se cumprem exclusivamente em Jesus. Na entrada triunfal, Ele é aclamado como “Filho de Davi” (Mt 21:9). Ele é Rei desde o nascimento (Mt 2:2), Rei na morte (Jo 19:19) e Rei na eternidade (Ap 19:16). Ele cumpre o Salmo 24 porque somente Ele é o Rei digno de entrar nos portais eternos. Sua realeza não é política nem terrena, mas espiritual, eterna e soberana (Lc 17:21). Ele governa pela Palavra, pelo Espírito e pela verdade.

 

2. O Rei forte e poderoso

O Salmo 24 declara que o Rei da Glória é “forte e poderoso, poderoso na batalha”. Essa descrição se cumpre plenamente em Cristo. Ele venceu Satanás no deserto (Mt 4:1-11), expulsou demônios com autoridade (Mc 1:32-34), curou enfermos (Mt 8:16-17) e acalmou tempestades (Mc 4:39). Ele é o “Leão da tribo de Judá” (Ap 5:5). Sua força também se revela na cruz, onde Ele derrotou principados e potestades (Cl 2:15). Na ressurreição, mostrou poder sobre a morte (1Co 15:54-57). Ele é o Senhor dos Exércitos, o Deus guerreiro que nunca perde batalhas. Nenhuma força humana, espiritual ou demoníaca pode resistir ao Seu domínio. Sua força não destrói Seus súditos; liberta, transforma e vivifica. Ele é o Rei invencível.

 

3. O Rei dos Exércitos celestiais

Apocalipse 19:11-14 descreve Cristo como o comandante dos exércitos celestiais. Ele cavalga um cavalo branco e é chamado “Fiel e Verdadeiro”. Seus olhos são como chama de fogo, de Sua boca sai uma espada afiada e em Seu manto está escrito: “Rei dos reis e Senhor dos senhores.” Esta imagem revela que Cristo não é apenas Rei espiritual, mas Comandante supremo das hostes celestiais, assim como o Deus do Antigo Testamento era chamado de Senhor dos Exércitos (1Sm 17:45; Is 6:3). Os anjos são Seus servos (Hb 1:14). Ele envia, ordena, protege e julga. Cada batalha espiritual travada pela Igreja é sustentada pelo poder do Rei que comanda todo o céu. Ele não luta sozinho, mas lidera o exército santo que o acompanha em vitória eterna.

 

4. A entrada triunfal e a entrada final

A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mt 21:1-9) não foi apenas um evento simbólico, mas um ato profético que antecipa Sua entrada final na glória. Ele entra montado em um jumento, cumprindo Zacarias 9:9. O povo clama “Hosana!”, reconhecendo Sua realeza. Mas essa entrada antecede outra: a entrada final e gloriosa descrita em Apocalipse 1:7, quando todo olho O verá. Enquanto a primeira entrada revela humildade e oferta de salvação, a segunda revelará glória e juízo. Mateus 25:31 declara que Ele virá em glória e se assentará no trono para julgar as nações. Os portais eternos se abrirão definitivamente e toda língua confessará que Ele é Senhor (Fp 2:11). A primeira entrada anuncia o Reino; a segunda consumará o Reino.

 

SUBSÍDIO BIBLIOGRÁFICO III — O REI DA GLÓRIA

Teólogos como Millard Erickson, John Stott e Wayne Grudem afirmam que o título “Rei da Glória” aplicado a Cristo é a síntese perfeita da cristologia bíblica. Ele é Deus encarnado (Jo 1:1,14), Redentor (Ef 1:7), Sacerdote eterno (Hb 7:24), Cordeiro que foi morto (Ap 5:12), e ainda assim Rei soberano (Ap 19:16). Cristo reúne em Si todas as funções messiânicas. Sua entrada em Jerusalém revela o Messias humilde, enquanto Sua ascensão revela o Messias glorificado (At 1:9-11). Ele está acima de todo principado, poder e domínio (Ef 1:20-22). O Salmo 24 encontra seu cumprimento definitivo quando Cristo entra nos portais celestiais após Sua vitória na cruz. Os anjos O recebem, o céu se abre e o Cristo ressurreto é entronizado para sempre (Hb 1:3). Seu reino é eterno e indestrutível. Ele virá julgar, governar e restaurar todas as coisas (At 3:21). O Rei da Glória é Jesus — ontem, hoje e eternamente.

 

 CONCLUSÃO

O Salmo 24 apresenta o Rei da Glória, e as Escrituras revelam que esse Rei é Jesus Cristo. Ele é o Criador (Cl 1:16), o Redentor (Ef 1:7), o Deus forte (Is 9:6), o Senhor dos Exércitos (Ap 19:14). Ele entrou em Jerusalém como Rei humilde e entrará novamente como Rei glorificado. Como Igreja, precisamos abrir as portas do coração, da família, da congregação e da vida espiritual para receber o Rei. Não existe neutralidade diante dEle. Quem reconhece Sua realeza vive em santidade (1Pe 1:15-16), adoração (Jo 4:24), submissão (Tg 4:7) e missão (Mt 28:19-20). O Rei da Glória não é apenas tema teológico: é realidade viva. Ele reina, governa, salva, cura, liberta e voltará. Que toda a Igreja proclame: “Levantai, ó portas... e entrará o Rei da Glória!” (Sl 24:7-10). 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS:

 

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