Roberto de Queiroz
Considero um tanto retrógrada e preconceituosa a ideia de que a mulher vem, ao longo do tempo, conquistando espaço na sociedade. É como se ela não fizesse parte da sociedade e, para pertencer a ela, tivesse de conquistar um espaço que antes não era seu por direito.
Além de retrógrada e preconceituosa, essa ideia é machista, oriunda de um pensamento medieval (do início do século 5 à metade do século 15). Naquela época, eram negados à mulher o direito de frequentar escola, o direito de escolher o homem com quem se casaria e o direito de sentir prazer. Sua função na esfera social era meramente reprodutora. Quer dizer, eram negados a ela o livre-arbítrio e o poder voz, isto é, o direito de escolher e de aduzir sua opinião.
Daí a ladainha de que a mulher vem, aos poucos, se aproximando do homem no mercado de trabalho e, por seu lado, assumindo cargos importantes, que antes eram exclusivamente do homem, me irrita profundamente. Ora, de ondevem a lei de direito que legitima o homem como ser superior e senhor todo poderoso, sendo o único ser capaz de exercer cargos e funções criados e destinados exclusivamente para ele? De lugar nenhum.
A mulher, a meu entender, é diferente do homem apenas no que tange aos aspectos visual e comportamental, ou seja, o corpo e a psique de ambos são distintos. Mas o fato de o corpo e a psique de um e outro serem diferentes não tem nada a ver com seu grau de capacidade nem com seu quociente de inteligência (Q.I.). Em outros termos, capacidade e inteligência independem de sexo, isto é, o sexo masculino não é mais capaz e mais inteligente que o feminino e vice-versa.
Nenhuma mulher possui o rebolado sensual de Shakira (foi Gabriel García Márquez quem disse). Mas toda ela possui um jogo de cintura formidável, capaz de livrá-la dos inconvenientes da saia justa e da minissaia. Aliás, é por meio do jogo de cintura que a mulher consegue se mostrar tanto capaz quanto o homem. E para ter jogo de cintura não basta ser inteligente, tem de ser inteligente e sagaz ao mesmo tempo.
Por isso, hoje, na qualidade de homem cônscio que sou, reconheço que a mulher não é sexo frágil. E lhe dedico meu respeito, minha admiração e meu amor (de filho, de irmão, de amante e de amigo).
Artigo publicado no Diario de Pernambuco, 25/03/2011, Opinião, p. B5.
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