quinta-feira, 21 de março de 2013

O verdadeiro papel da escola


20/03/2013 02:02 - Roberto de Queiroz*

 

No Brasil, praticamente todas as crianças em idade escolar estão na escola, mas não aprendem. No dizer do renomado educador português António Nóvoa (em palestra ministrada na UFPE, em 23/08/2012), isso ocorre porque a escola não sabe o que fazer com elas. A escola tenta lhes oferecer o que elas não têm em casa. Mas não promove aprendizagem nem inclusão social. Não há inclusão social se não houver aprendizagem.

O mesmo Nóvoa diz ainda que as grandes aprendizagens que as crianças fazem ao longo de suas vidas ocorrem fora da escola (como, por exemplo, andar e falar). E prossegue: “As crianças aprendem essas coisas mais complexas e não aprendem a ler, compreender, escrever e calcular. Quem não sabe ler bem, dificilmente terá prazer em ler. As teorias dominantes na escola do século 21 são ainda teorias do século 20.”


Não adianta a criança passar oito ou nove horas na escola todos os dias e não aprender. Para que haja aprendizagem, é preciso que a escola atenda aos padrões mínimos de qualidade de ensino assegurados pela LDB (Lei 9.394/96), Artigo 4º, Inciso IX, que são “definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem”.


Compreende-se como padrões mínimos de qualidade de ensino a existência de condições para que a escola desempenhe plenamente seu verdadeiro papel, que é promover o ensino e a aprendizagem. Essas condições envolvem tanto aspectos da organização escolar quanto da pedagógica. Quer dizer, envolvem os insumos de bases seguintes: material (estrutura física e acervo de equipamentos), gerencial (tipo de gestão e planejamento), instrumental (bibliografia e metodologia), mutacional (recursos humanos e cultura de inovação) e finalística (missão da escola, função das disciplinas e avaliações periódicas).

E todos esses indicadores de qualidade devem estar em conexão com o tamanho da escola, o número de matrícula, os turnos de funcionamento, as condições de otimização de uso dos espaços escolares e do tempo pedagógico.



*Professor de Língua Portuguesa, especialista em Letras pela Universidade de Pernambuco (UPE), especialista em Gestão Escolar pela Faculdade Pitágoras/MG e autor de “O enigma do olhar”, Editora Livro Rápido, 2012.

 
FONTE: http://www.folhape.com.br/cms/opencms/folhape/pt/edicaoimpressa/arquivos/2013/03/20_03_2013/0087.html

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