sexta-feira, 18 de março de 2016

Lição 13 – O Destino Final dos Mortos

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

1º Trimestre/2016

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Lc 16.19-26

TEXTO ÁUREO: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” (1 Co 15.19)


INTRODUÇÃO

O que será depois da morte? O que acontece com os salvos, nesse lugar de espera? O que acontece com os ímpios, que passam para a eternidade, sem salvação? Responderemos a seguir todas essas perguntas.

I – O ESTADO INTERMEDIÁRIO

1. O que é? Biblicamente, o Estado Intermediário é um modo de existir entre a morte física e a ressurreição final do corpo sepultado. É um lugar espiritual em que as almas e espíritos dos mortos habitam fixamente até que seus corpos sejam ressuscitados, para a vida eterna ou para a perdição eterna. E o estado das almas e espíritos, fora dos seus corpos, aguardando o tempo em que terão de comparecer perante Deus. “Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação” (Jo 5.28,29). “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2).

Logo, o Estado Intermediário não é:

a) Purgatório. Heresia lançada pelos católicos romanos para identificar o Sheol-Hades como lugar de prova, ou de segunda oportunidade, para as almas daquelas pessoas que não conseguiram se purificar o suficiente para galgarem o céu. Declara a doutrina romana que é uma forma desses mortos serem provados e submetidos a um processo de purificação. Entretanto, essa doutrina não tem base na Bíblia e é feita sobre premissas falsas. Se o Purgatório fosse uma realidade, então a obra de Cristo não teria sido completa. Se alguém quer garantir sua salvação eterna, precisa garanti-la em vida física. Depois da morte, só resta a ressurreição.

b) Um estado para reencarnações. Não é um lugar de migrações e perambulações espaciais. Os espíritas gostam de usar o texto de Lucas 16.22,23, para afirmarem que os mortos podem ajudar os vivos. Mas Jesus, ao ensinar sobre o assunto, declarou que era impossível que Lázaro ou algum outro que estivesse no Paraíso saísse daquele lugar para entregar mensagem aos familiares do rico. Jesus disse que os vivos tinham “a Lei e os Profetas”, isto é, eles tinham as Escrituras. Os mortos não podiam sair de seus lugares para se comunicarem com os vivos. Portanto, é uma fraude afirmar essa possibilidade de comunicação com os mortos. Usam equivocadamente João 3.3 para defenderem a idéia da reencarnação. Vários textos bíblicos anulam essa falsa doutrina (Dt 18.9-14; Jó 7.9,10; Ec 9.5,6; Lc 16.31).

2. O Sheol e o Paraíso. Sheol é um termo hebraico que às vezes significa indefinidamente tumba, ou lugar ou estado dos mortos; e outras vezes definidamente, um lugar ou estado dos mortos em que existe o elemento de miséria e castigo, mas nunca um lugar de fidelidade ou bem-aventurança depois da morte. No Novo Testamento Sheol é traduzido por Hades. Normalmente, o Hades é visto como um lugar destinado aos ímpios; Deus livra o justo do Sheol, ou da sepultura (Sl 49.15); o Sheol (inferno) é lugar de punição para os ímpios (leia Sl 9.17). Paraíso é uma palavra de origem persa, significa “um parque ou jardim de prazer”. Foi usada pelos tradutores da Septuaginta para significar o jardim do Éden (Gn 2.8). Aparece apenas três vezes no Novo Testamento (Lc 23.43; 2 Co 12.4; Ap 2.7), e o contexto demonstra que está em relação com o “terceiro céu”, no qual cresce a árvore da vida – referindo-se necessariamente todas estas passagens a uma vida que se segue após a morte.  

3. O lugar dos mortos. Existe um estado dos mortos salvos e um estado para os ímpios falecidos. Neste estado, ou lugar, há dois “compartimentos” diferentes, opostos um ao outro. Um chamado Paraíso, que está nas regiões celestiais, “para cima” (Pv 15.24a), que serve de “lugar de espera” para os justos, que aguardam a primeira ressurreição, quando irão ao encontro de Cristo para viverem eternamente com Ele. E outro chamado Hades, “para baixo” (Pv15.24b), que serve de “lugar de espera” para os ímpios, que aguardam a “segunda ressurreição”, quando irão para o juízo do trono branco, o Juízo Final, para receberem o castigo por suas obras e serem lançados definitivamente no inferno (cf. Sl 9.17). Observe que o rico, no Hades, “ergueu os olhos”, e viu Lázaro ao longe (em cima), no “Seio de Abraão” (Paraíso) Ver Lc 16.23.

O SHEOL-HADES, ANTES E DEPOIS DO CALVÁRIO:

a) Antes do Calvário. O Sheol-Hades dividia-se em três partes distintas. Para entender essa habitação provisória dos mortos, podemos ilustrá-lo por um círculo dividido em três partes. A primeira parte é o lugar dos justos, chamada “Paraíso”, “seio de Abraão”, “lugar de consolo” (Lc 16.22,25; 23.43). A segunda é a parte dos ímpios, denominada “lugar de tormento” (Lc 16.23). A terceira fica entre a dos justos e a dos ímpios, e é identificada como “lugar de trevas”, “lugar de prisões eternas”, “abismo” (Lc 16.26; 2 Pe 2.4; Jd v.6). Nessa terceira parte foi aprisionada uma classe de anjos caídos, a qual não sai desse abismo, senão quando Deus permitir nos dias da Grande Tribulação (Ap 9.1-12). Não há qualquer possibilidade de contato com esses espíritos caídos; habitantes do Poço do Abismo.

b) Depois do Calvário. Houve uma mudança dentro do mundo das almas e espíritos dos mortos após o evento do Calvário. Quando Cristo enfrentou a morte e a sepultura, e as venceu, efetuou uma mudança radical no Sheol-Hades (Ef 4.9,10; Ap 1.17,18). A parte do “Paraíso” foi trasladada para o terceiro céu, na presença de Deus (2 Co 12.2,4), separando-se completamente das “partes inferiores“ onde continuam os ímpios mortos. Somente, os justos gozam dessa mudança em esperança pelo dia final quando esse estado temporário se acabará, e viverão para sempre com o Senhor, num corpo espiritual ressurreto.

II – A SITUAÇÃO DOS MORTOS

1. O estado intermediário dos salmos. O crente merecia a mesma condenação; mas, havendo-se humilhado diante de Deus, colocou sua confiança naquele cuja morte o livrou das consequências do pecado. O texto de Lucas 16 enseja algumas interpretações quanto ao seu conteúdo. A maioria dos estudiosos da Bíblia entende que se trata de uma parábola; outros contestam, dizendo que, nas parábolas não se cita o nome de nenhum personagem; e há quem diga que é uma lenda judaica. Bom, seja parábola, seja fato real, ou seja lenda judaica, o texto indica o destino oposto dos salvos e dos perdidos, após a morte física.

Nesse período intermediário os salvos:

a) Estão vivos. Mantendo sua identidade pessoal, sua personalidade e consciência. Afinal, “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos” (Lc 16.22; ver 1 Ts 5.10; Rm 8.10; Ap 6.9-11).

b) Após a morte, é consolado. “e, agora, este é consolado” (Lc 16.25b).

2. Os justos são recebidos pelo Senhor. Após ser “levado pelos anjos” (Lc 16.22) para o “Seio de Abraão”, ou Paraíso (Lc 16.22). Jesus recebe o espírito dos justos (At 7.59).

3. O estado intermediário dos ímpios.  Os ímpios estão no Hades, lugar intermediário, onde aguardam seu julgamento final, para serem enviados para o inferno. O texto bíblico de Lucas 16 nos mostra detalhes importantes acerca do Hades e das que para lá são enviadas.

a) O Hades é um lugar “embaixo”, ou oposto ao céu (seio de Abraão): o rico “ergueu os olhos” vendo “ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio” (Lc 16.23); “Para o sábio, o caminho da vida é para cima, para que ele se desvie do inferno embaixo” (Pv 15.24; ler Pv 5.5; 9.18).

b) Os ímpios sofrem. O ímpio rico estava em “tormentos” (Lc 16.23); “E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama” (Lc 16.24 – grifo nosso); eles estão “em prisão” (1 Pe 3.19).

c) Os ímpios estão conscientes. Eles vêm o “seio de Abraão”, que corresponde ao Paraíso; o ímpio rico clamava ao “Pai Abraão”, e pedia socorro para seu tormento (Lc 16.24); Os ímpios estão conscientes e lembram-se do que passaram na terra e dos que ficaram para trás (Lc 16.25).

d) Os ímpios não podem ser consolados por ninguém. “E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá” (Lc 16.26); é o sofrimento eterno, longe de Deus e de Jesus Cristo, nosso Salvador.

e) Aos ímpios é impossível sair do lugar de seu tormento. ”E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá” (Lc 16.26). Salomão disse: “[...] caindo a árvore para o sul, ou para o norte, no lugar em que a árvore cair ali ficará” (Ec 11.3b).

f) Os ímpios não têm oportunidade de se comunicar com os vivos. “E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite” (Lc 16.27-31). Eles são inteiramente responsáveis por não haverem escutado a tempo as advertências das Escrituras. Afinal, após a morte segue-se ao juízo (Hb 9.27).

III – O DESTINO FINAL DOS MORTOS

1. O estado final dos salvos. Os salvos, principalmente com os que estiverem mortos, na vinda de Jesus em glória, quando do arrebatamento da Igreja. Os salvos participam da “primeira ressurreição”. Após a ressurreição, os salvos vão para as Bodas do Cordeiro, passarão pelo Tribunal de Cristo e viverão com Deus por toda a eternidade. Esse é o destino final dos salvos.

Dois aspectos importantes devem ser considerados:

1º O Espírito Santo é quem ressuscitará os salvos. O apóstolo Paulo disse: “E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vosso corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita” (Rm 8.11 – grifo nosso). A Palavra de Deus nos dá a garantia da ressurreição, pelo fato de Cristo haver sido ressuscitado por Deus, “pelo seu Espírito”.

2º O corpo dos salvos ressuscitados. Nossos corpos ressurretos serão os mesmos que agora possuímos, transformados de modo a se conformarem com a natureza glorificada do corpo de Jesus (Fp 3.21; 1 Jo 3.2). Será um corpo imortal (1 Co 15.53,54). O corpo que vai ressuscitar é o mesmo que foi sepultado no pó, ou destruído no mar, no fogo, ou em qualquer circunstância. O corpo dos salvos será transformado (1 Co 15.35-38).  

2. O estado final dos ímpios. A Bíblia nos fala muito a respeito da ressurreição corporal dos ímpios, que é a “segunda ressurreição”. Veremos alguns versículos que nos dão informações interessantes a respeito desse tema:

1º A segunda ressurreição ocorrerá após o Milênio. “Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição” (Ap 20.5).

2º Ressuscitarão para o julgamento final. Todos os ímpios terão que comparecer diante do trono branco (Ap 20.11). Na terra, já estão condenados (Jo 3.36).

3º Os ímpios terão um corpo capaz de suportar o fogo do inferno. “E, se a tua mão te escandalizar, corta-a; melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga, Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga” (Mc 9.43,44 – grifo nosso).

4º Os ímpios ceifarão a corrupção. “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção” (Gl 6.8a).

5º Ressuscitarão para vergonha e desprezo eterno. “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno” (Dn 12.2 – grifo nosso).

6º Eles ressuscitarão de onde tiverem sido mortos. “E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia” (Ap 20.13).

7º Serão lançados no inferno. O Salmista disse: “Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus” (Sl 9.17). O destino final dos ímpios é o inferno, o lugar de sofrimento eterno, reservado aos ímpios.


CONCLUSÃO

Essa doutrina bíblica fortalece a nossa fé ao dar-nos segurança acerca dos mortos em Cristo, e é a garantia de que a vida humana tem um propósito elevado, além de renovar a nossa esperança de estar para sempre com o Senhor.



REFERÊNCIAS:

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