segunda-feira, 28 de março de 2016

Lição 1 – A Epístola aos Romanos

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

2º Trimestre/2016

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Romanos 1.1-17

TEXTO ÁUREO: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm 1.16).

INTRODUÇÃO

Durante três meses estudaremos a respeito da primeira epístola do cânon paulino, que apesar de ter um enfoque pastoral, é a mais longa e mais teológica de todas suas epístolas. Movido pela paixão que tinha pela evangelização dos gentios e o desejo de conhecê-los pessoalmente, o apóstolo escreveu, excepcionalmente, para uma igreja que ele não havia fundado. Paulo precisava auxiliar a comunidade, formada em sua maioria por gentios e uma minoria de judeus, que enfrentava conflitos com relação aos requisitos necessários para a justificação diante de Deus. Nesta epístola o apóstolo apresenta um espetacular tratado para demonstrar que a justificação se dá por meio da fé e não pelas obras. Na atualidade, muitos não compreendem o que é a salvação e como ela se opera na vida do homem. Ao estudarmos a Epístola aos Romanos, com foco na doutrina da salvação (chamada pelos teólogos de “soterologia”), teremos condição de compreender aquilo que já sentimos e usufruímos e, assim, poder louvar a Deus com a profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus, assim como fez o próprio apóstolo, enquanto escrevia esta carta: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11.33-36).

I – AUTOR, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS

1. O autor. “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus” (Rm 1.1). A autoria paulina da Epístola aos Romanos não é colocada em dúvida. Entretanto, desta vez, Paulo não escreveu com suas próprias mãos, mas ditou a carta ao copista Tércio, provavelmente conhecido dos irmãos da igreja de Roma, pois ele aproveita para enviar-lhes saudações (Rm 16.22). Seu nome hebraico é Shaul, o mesmo nome do primeiro rei de Israel, que significa “pedido”. Seu nome romano era Paulus, que significa “pequeno”.

2. Local e data. Com base em Romanos 16.1, sabemos que o apóstolo encontrava-se em Corinto, quando escreveu a epístola, pois Cencréia era a cidade portuária vizinha de Corinto. Paulo estava hospedado na casa de Gaio (Rm 16.23), amigo a quem ele batizou em Corinto (1 Co 1.14). O apóstolo precisava ir a Jerusalém para levar os donativos levantados na Macedônia e na Acaia, para os irmãos pobres da Judéia. Pretendia depois ir para a Espanha, passando a Roma (Rm 15.22-30). À luz destes dados, os expositores do Novo Testamento são unânimes em afirmar que a epístola foi escrita em Corinto entre 57 e 58 d.C.

3. Destinatários. O endereçamento da carta são os versículos 5 e 6. A palavra “gente”, ethne, no grego, significa também “gentio, nação”; é o correspondente goiym, em hebraico; mostra que a carta foi dirigida aos cristãos gentios. É óbvio que a igreja em Roma era composta de judeus e gentios (Rm 2.17; 4.1; 7.1).

II – FORMA LITERÁRIA, CONTEÚDO E PROPÓSITO

1. Forma literária. O esboço da carta obedece à ordem desse tipo de documento, tendo sempre uma saudação e uma oração (Rm 1.1,7,8,16). Uma forma literária bastante comum nos dias de Paulo era a escrita em forma de diálogo.

Em (Rm 1.8-15) Paulo agradece a Deus pela comunidade cristã em Roma. Após as saudações (1.1-7), Paulo faz uma oração de agradecimento pelos cristãos romanos, demonstrando seu interesse pela comunidade (Rm 1.8-15). O fato de Paulo não ser o fundador da igreja não o impediu de orar e reconhecer a fé e o trabalho de seus membros. Seu exemplo evidencia que o interesse coletivo deve estar acima dos interesses pessoais. Ele nos dá um exemplo de como devem ser conduzidas as atividades no Reino de Deus. A comunidade em Roma deve ter se sentido amada, pois o apóstolo tem o cuidado de manifestar o seu desejo ardente de estar com eles, bem como informar que já havia tentado estar com eles, porém sem sucesso. Muitas pessoas são maltratadas por meio de interpretações teológicas antibíblicas que intimidam e provocam pavor, diferente do apóstolo Paulo que fortalece e encoraja o grupo, sem descuidar da verdade do Evangelho.

Já em (Rm 1.16) Paulo era testemunha da justiça de Deus revelada pelo poder do Evangelho. O apóstolo reconhecia a situação em que estava, diante de Deus, antes de conhecer a Jesus e a mudança que o Evangelho fez em sua vida, após o encontro no caminho de Damasco (At 9). Da mesma forma que os judeus e alguns judeu-cristãos que não conseguiam se desvincular de forma definitiva do jugo da lei judaica, ele havia dedicado grande parte de sua vida em defesa dessa religião e tentado impor o peso destas doutrinas e crenças, pensando estar na direção e vontade de Deus. Convicto de sua justificação pela fé e não pelas obras, testifica o seu amor ao Evangelho, a ponto de afirmar: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). No século atual, enquanto muitas pessoas estão se identificando como cristãos evangélicos para tirar vantagem, outros continuam negando sua fé por temer as represálias. Jovem, defenda a bandeira do Evangelho.

2. Conteúdo. O conteúdo da Epístola aos Romanos possui alguns dos maiores temas das Escrituras. São esses temas que tornam essa Epístola a mais teológica do Novo Testamento. É considerada a mais importante obra do apóstolo, não só pela sua extensão (é a mais longa das epístolas paulinas), mas também por ser uma exposição dos fundamentos da doutrina cristã, a mais sistemática de todas as Escrituras. Ao lermos Romanos 1.16,17 observarmos:

a) Evangelho, poder de Deus (v.16). A palavra “evangelho” vem de duas palavras gregas, “eu” que quer dizer “bem”, e de “angelia” que significa “mensagem, notícia, novas”. Assim, a palavra “euangelion” quer dizer “boas novas, notícias alvissareiras” “É o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer” (1.16). A mensagem é que Cristo salva o mais vil pecador (Jo 3.16). A expressão “não me envergonho” é uma figura de linguagem chamada litotes, que significa afirmar pela negação do contrário.

b) A revelação da justiça de Deus (v.17). A “justiça de Deus” aqui não é a justiça pessoal nem legal, mas a justiça com que Deus justifica os pecadores pela fé (Rm 3.21,22). Esse plano de Deus para a salvação não é pelas obras, mas pela fé (Rm 3.24-26). “De fé em fé” significa sola fides — a fé somente. Não é de “fé em obras” ou “de obras em fé” nem tampouco “de obras em obras”. c) A justificação pela fé. Toda a Epístola de Paulo aos Romanos gira em torno da “salvação pela fé”, pois “o justo viverá da fé” (1.17). Essa expressão significa que a salvação é pela fé (Ef 2.8,9; Tt 3.5). Esse é o tema da epístola.

3. Propósito. Aparentemente não tinha um único propósito. Pelo menos quatro podem ser identificados: a) missionário: evidente sentimento paulino de que o trabalho missionário na Ásia e na Grécia já estava completo (Rm 15.19,20) e tencionava levar o Evangelho até a Europa; b) doutrinário: exposição de forma didática e compreensiva das verdades centrais do Evangelho, provável deficiência devido à ausência de um líder apostólico; c) apologético: argumentação sobre a justificação pela fé não parece ser simplesmente informativa, mas uma oposição aos judaizantes que estavam atuando na cidade (Rm 14-15); d) didático: principalmente na seção de prática geral, sobre a moral e a conduta cristã (Rm 12-15), que tem por alvo ensinar, informar e iluminar, e não meramente resolver determinados problemas. e) Edificar os romanos em sua fé: pois eles não tinham líderes ou mestres apostólicos. Ele conhecia os conflitos inevitáveis que se apresentariam aos cidadãos do Reino de Cristo na maior cidade do Império Romano. Esta era uma igreja que não possuía uma Bíblia completa – eles tinham as Escrituras hebraicas (o Antigo Testamento), mas os Evangelhos ainda não haviam sido escritos e as outras Epístolas haviam sido enviadas para outras igrejas. A Epístola aos Romanos, portanto, era a primeira peça de literatura estritamente cristã que esses crentes veriam. Assim, sob a inspiração do Espírito Santo, Paulo, de forma clara e cuidadosa redigiu esta obra prima teológica que traz a forte mensagem do supremo poder de Deus, da salvação pela graça - independentemente das obras, tanto para os gentios como para os judeus -, e da justificação pela fé.
     
III – VALOR ESPIRITUAL

1. Fundamentação doutrinária. Todos os reformadores viam esta Epístola como sendo a chave divina para o entendimento de todas as Escrituras, já que nela Paulo une todos os grandes temas da Bíblia: pecado, lei, julgamento, destino humano, fé, obras, graça, justificação, eleição, o plano da salvação, a obra de Cristo e do Espírito Santo, a esperança cristã, a natureza e vida da igreja, o lugar do judeu e do não-judeu nos propósitos de Deus, a filosofia da igreja e a história do mundo, o significado e a mensagem do Antigo Testamento, os deveres da cidadania cristã e os princípios da retidão e moralidade pessoal. Romanos nos abre uma perspectiva através da qual a paisagem completa da Bíblia pode ser vista e a revelação de como as partes se encaixam no todo se torna clara. Romanos trata de alguns dos temas mais profundos do Cristianismo - as doutrinas da chamada eleição, da predestinação, da justificação, da glorificação e da herança eterna.

2. Renovação espiritual. Os destinatários originais da Epístola aos Romanos experimentaram um grandioso avivamento espiritual mediante a sua leitura. Todavia, a influência espiritual e moral do texto sagrado desta Epístola se estenderam por todo o período da Igreja, proporcionando avivamentos extraordinários na vida de muitas pessoas. Muitos líderes influentes da igreja, em diferentes séculos, dão testemunho do impacto produzido pela Epístola aos Romanos em suas vidas, tendo sido ela, em diversos casos, o instrumento para sua conversão. Esta Epístola, provavelmente mais que qualquer outro livro da Bíblia, tem influenciado a história do mundo de forma dramática. Qualquer cristão que compreender a epístola aos Romanos jamais será a mesma pessoa. Leia o que alguns homens de destaque na história disseram a respeito da epístola.

a) João Wesley. Grande avivalista britânico do século XVIII, fundador da Igreja Metodista, afirma que tudo começou com Romanos.

b) Agostinho. Testemunhou, em 386 a.C. que Romanos 13.13 mudou sua vida.

c) Martinho Lutero. “Fundador da civilização protestante”. Fez uma exposição de Romanos aos seus alunos, de novembro de 1515 a setembro de 1516. É a epístola da Reforma Protestante. Disse que se apenas o Evangelho de João e a Epístola aos Romanos tivessem sobrevivido seriam o suficiente para preservar o Cristianismo. Na verdade, reconhecemos todos os 66 livros da Bíblia com a mesma autoridade e inspiração. A declaração de Lutero, porém, diz respeito meramente ao assunto de ambos os livros por ele citados. Não há dúvida de que a igreja de Roma, a quem a Epístola aos Romanos foi endereçada, experimentou uma tremenda renovação espiritual mediante a sua leitura.

CONCLUSÃO

A Epístola aos Romanos é a maior, a mais rica e a mais abrangente declaração da parte de Paulo sobre o Evangelho. O estudo desta Epístola é vitalmente necessário para a saúde e entendimento espiritual do cristão. Portanto, leiam esta Epístola, pois lhes dará a consciência da dimensão do grande amor de Deus por todos os homens. Ela nos conduzirá a amarmos mais Deus e honrarmos o Senhor Jesus Cristo em nossa maneira de viver. A justiça de Deus é a revelação fundamental do evangelho. Através de Romanos, o cristão pode compreender melhor o que Deus fez em seu favor mediante Jesus Cristo. Assim, você deve, em primeiro lugar, ler a referida epístola repetidas vezes, com oração e humildade, se possível até decorar para ruminar suas palavras no dia-a-dia. Deve procurar entender o que o apóstolo quer dizer com lei, graça, fé, justiça, carne, espírito, etc.


REFERÊNCIAS:

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