Pr. Elienai Cabral
No Evangelho de Marcos, encontramos o seguinte episódio: “E no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os discípulos ouviram isto”, Mc 11.12-14.
A sabedoria de Jesus sempre esteve acima da média como homem. Na passagem em apreço, Ele mais uma vez usa magistralmente a figueira para ensinar uma espetacular lição aos seus discípulos. A figueira era uma árvore comum na Palestina. Seus figos são doces especialmente no mês de junho. Quando Jesus saiu de Betânia naquele dia, era o mês de abril. Por isso Marcos escreveu que não era tempo de figos. O que nos chama a atenção no relato é o fato de Jesus ter sentido fome. Essa declaração fortalece a realidade de que Jesus tinha natureza e constituição corporais iguais às nossas em tudo, menos no pecado.
Como nós, Ele tinha todas as emoções e necessidades físicas, como comer, dormir, descansar, chorar, sorrir e sentir dores. Como nós, Ele tinha fome e sede e precisava satisfazer esses instintos naturais. A dupla natureza de Cristo, a divina e a humana, é confirmada nesse texto.
Porém, essa escritura também nos dá um vislumbre especial sobre a Igreja. Jesus viu a figueira de longe, e desejou comer fruto dela, mas, qual não foi a sua a frustração. Marcos diz que “não achou nada senão folhas”, e amaldiçoou a figueira. Esse quadro ilustra o perigo de uma igreja estéril e formalista.
Como nós, Ele tinha todas as emoções e necessidades físicas, como comer, dormir, descansar, chorar, sorrir e sentir dores. Como nós, Ele tinha fome e sede e precisava satisfazer esses instintos naturais. A dupla natureza de Cristo, a divina e a humana, é confirmada nesse texto.
Porém, essa escritura também nos dá um vislumbre especial sobre a Igreja. Jesus viu a figueira de longe, e desejou comer fruto dela, mas, qual não foi a sua a frustração. Marcos diz que “não achou nada senão folhas”, e amaldiçoou a figueira. Esse quadro ilustra o perigo de uma igreja estéril e formalista.
A tendência para a esterilidade e o formalismo sempre ameaçou a Igreja através da História. Houve um tempo, especialmente o período que se estende até o século 15, em que a Igreja institucionalizou-se de tal forma que a sua força dinâmica engessou-se. Ela tornou-se muito mais um “monumento” do que uma igreja.
Hoje, parece-nos que a dura verdade de muitas igrejas é que têm substituído uma fé viva e poderosa por uma religião institucionalizada. Para muitos, a igreja é o edifício onde nos congregamos para adorar e desenvolvemos ministérios, cujos programas envolvem a comunidade. Geralmente, imaginamos o crescimento da igreja e o medimos pelo local do templo, a sua arquitetura, a organização eclesiástica e o número de pessoas que assistem aos cultos. Se medirmos a igreja por esses valores estereotipados da modernidade, estaremos, sem dúvida, nos deparando com uma igreja que não passa de uma figueira frondosa, com muitas folhas, que só serve para dar sombras.
A dinâmica do evangelismo e a liberdade do Espírito para agir na liturgia da igreja não podem ser engessadas pelo formalismo.
Ainda analisando a aplicação do texto de Marcos 11.12-14 para os nossos dias, percebemos o engano da beleza exterior. “E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti”.
Folhas não passam de beleza exterior. Essa beleza é aquela que ilude, que dá a ideia de igreja frutífera, mas que não passa de algo fictício. Um escritor cristão escreveu que “a igreja não é um fator incidental na grande batalha cósmica por corações e as vidas dos homens e as mulheres do mundo moderno. A igreja é o instrumento que Deus tem escolhido para essa batalha, a que somos chamados em virtude de nossa condição de membros do Corpo de Cristo. Para brindar esperança e verdade a um mundo em tensão, a igreja tem de ser a Igreja”.
Ora, uma igreja que não passa de uma árvore sem frutos retrata uma irrealidade. A tragédia maior é termos uma igreja institucionalizada que satisfaz apenas aqueles que buscam uma forma de igreja tipo clube sócio espiritual, uma instituição que ofereça relações humanas agradáveis, mas que não exerce influência sobre como vivem as pessoas, nem sobre o que creem.
Cada vez que a igreja se reafirma em uma posição ortodoxa histórica é acusada de obsoleta, de passada da moda, como se suas doutrinas tivessem sido determinadas pelo voto das pessoas que fazem parte da igreja. Vivemos um tempo em que a igreja tem sido transformada em um mercado de fé ao gosto das pessoas. A igreja precisa ser restaurada nos seus valores.
Os valores reais da Igreja de Cristo não são valores materiais. Não são os aspectos organizacionais da igreja que a tornam autêntica, porque a igreja não pode ser tratada como um produto de consumo. Ela precisa dar frutos e, para que isto aconteça, deve estar plantada em uma terra produtiva, que é a base, o fundamental, a Palavra de Deus.
Uma igreja mercantilista não passa de uma “figueira com folhas”. J. I. Parker escreveu que esse tipo de igreja parece “uma banheira quente” que faz com que as pessoas tenham um sentido de bem-estar ambiental e com as pessoas. Oferecemos alternativas para que as pessoas sejam atraídas pelas ofertas que oferecemos em nossos cultos, mas o Evangelho que pregamos parece mais um “prato feito”.
Nos bitolamos na forma de cultuar, de cantar, de pregar, e conquistamos as pessoas pelo ambiente social, pela arquitetura, pelo som, pela música. Confiamos mais no poder da nossa palavra do que na Palavra de Deus. Precisamos reavaliar nossos valores, para termos uma igreja comprometida com a ação livre do Espírito Santo em nossos cultos.
FONTE:http://www.cpadnews.com.br/blog/elienaicabral/?POST_1_7_O+RETRATO+MODERNO+DA+IGREJA.html
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