LIÇÕES BÍBLICAS CPAD
JOVENS E ADULTOS
2º TRIMESTRE DE 2012
Título: As Sete Cartas do Apocalipse — A mensagem final de Cristo à Igreja
Comentarista: Claudionor de Andrade
Data: 8 de Abril de 2012
TEXTO ÁUREO
“Não temas; eu sou o Primeiro e o Último e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.17,18).
VERDADE PRÁTICA
Embora humilhado e ferido de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou e, gloriosamente, voltará como Rei dos reis e Senhor dos senhores.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
APOCALIPSE 1.9-18.
9 - Eu, João, que também sou vosso irmão e companheiro na aflição, e no Reino, e na paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo.
10 - Eu fui arrebatado em espírito, no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta,
11 - que dizia: O que vês, escreve-o num livro e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodiceia.
12 - E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro;
13 - e, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do Homem, vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro.
14 - E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os olhos, como chama de fogo;
15 - e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha; e a sua voz, como a voz de muitas águas.
16 - E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece.
17 - E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; eu sou o Primeiro e o Último
18 - e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno.
PALAVRA CHAVE
Cristo: Do hb. “messiah”, ungido; do gr. “christós”, ungido; significa Salvador do mundo.
I. AS CIRCUNSTÂNCIAS, 1.9.
Ainda sob a repercussão do ―Eu divino no v. 8, apresenta-se agora diante da igreja o ―eu do profeta: Eu, João. Está longe dele a falsa modéstia. Ele tem consciência de ser voz de Deus e, neste aspecto, não permite que nada e ninguém se sobressaia a ele. Contudo, esta condição de porta-voz de Deus não anula em nenhum instante a condição de irmão: irmão vosso e companheiro. Aqui João se apresenta. Não o faz recorrendo a seu título oficial; se autodenomina, simplesmente, irmão vosso e companheiro na tribulação. Seu direito a falar era-lhe conferido por ter atravessado ele próprio pelas mesmas penúrias que seus destinatários.
I. “...na ilha chamada Patmos”. A palavra “ilha” ou “ilhas” encontram-se cerca de 38 vezes nas Escrituras e, alguns dos lugares onde aparece a palavra “ilha” pode ser traduzida para seu original hebraico “AI”. Os antigos usavam esta palavra do texto em foco: “ai” como “terra costeira” ou no sentido hodierno de Continentes. Era termo de designativo das grandes civilizações gentílicas do outro lado do mar. João, porém, como sabemos não deixa nenhuma dúvida a seus leitores quanto a “ilha” de seu exílio, esclarece ele: a “ilha” é “chamada Patmos”.
1. O termo “patmos” significa “mortal”. O sentido original é, em razão de seu aspecto tristonho representado pela mesma ilha que leva esse nome. No tempo do império romano, a “ilha de Patmos” serviu de lugar de detenção para criminosos de alta periculosidade. Atualmente, a “ilha” que leva esse nome, é chamada “Palmosa”, encrava-se no Mar Egeu no pequeno Continente da Ásia Menor, tem cerca de vinte milhas de circunstância. A “ilha de Patmos” antes do exílio de João, não tinha conotação nenhuma com o mundo religioso; depois porém, como sabemos, se tornou célebre pela prisão e visão ali vivida e presenciada. Lá existe uma “caverna” chamada “Apocalipse”, onde milhares de pessoas religiosas realizam uma peregrinação anualmente em rememoração ao sofrimento do Apóstolo quando ali esteve. Alguns metros dessa caverna, encontra-se a escola grega, onde existe um salão com uma inscrição posterior ao reinado de Alexandre Magno. Esta inscrição, fez referência aos jogos olímpicos realizados durante o período grego. “Na ilha há também o mosteiro de São João, com uma biblioteca fundada em 1088 d.C. construída no formato de uma fortaleza com seus muros ameaçados, onde há curiosas obras. Em volta do mosteiro, agrupam-se as ruas tortuosas da Capital da Ilha”.
II. A VOZ DO ANJO, 1.10,11.
As duas visões principais do livro são destacadas desde já pela introdução especialmente minuciosa e solene (aqui e em Ap 4.2): Achei-me em espírito. No presente texto, o Filho do Homem, que é o Senhor e Juiz da igreja, está prestes a aparecer. Em Ap 4.2 começa a contemplação de Deus, o Senhor e Juiz de todo o mundo.
O que acontece com o profeta não é descrito em parâmetros psicológicos. Neste caso deveriam ocorrer conceitos muito diferentes. Deve-se partir do pressuposto de que João estava para ser capacitado para efetuar olhares perspicazes sobre o sentido da história, ou seja, o ―devem‖ de Ap 1.1. Como ser humano de carne e sangue, ele não depreendia nenhum sentido da história. Pessoas estão continuamente passando por experiências cujo sentido não conhecem ou sobre cujo sentido se enganam. Um acontecimento, do qual elas desfrutam com prazer, poderia ser parte de uma história de desgraça, ou outro, no qual sofrem imensamente, poderia na verdade ser integrante de uma história de salvação. Também neste contexto vigora a regra de que carne e sangue não podem ver o reino de Deus. Por isso o profeta experimenta que está sendo arrancado de todas as inibições e percalços pessoais para dentro da esfera do Espírito de Deus, muito acima de sensações subjetivas. Do alto se vê mais. ―O Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus (1Co 2.10).
Temos aqui as palavras que Cristo falou ao apóstolo, uma breve ordem a que registrasse o que veria, e instruções a que enviasse a transcrição quando terminada. Não há nenhuma dúvida de que o dia do Senhor aqui (v. 10) refere-se ao dia que conhecemos por domingo.
I “no dia do Senhor”. Existem quatro expressões técnicas no que diz respeito ao “dia do Senhor” no Novo Testamento: (ver notas expositivas em Ap 16.14) sendo que, cada uma delas, aponta para uma época diferente; por exemplo:
1. Analisemos os quatro pontos seguintes no que diz respeito ao: (a) Dia do Senhor Jesus Cristo; (b) Dia do Senhor, Cristo ou Filho do homem; (c) Dia de Deus ou do Senhor: no sentido próprio; (d) Dia do Senhor, do texto em foco:
(aa) O Dia do Senhor Jesus Cristo. O dia do Senhor Jesus se relaciona exclusivamente com o arrebatamento da Igreja; (bb) O dia de Cristo, do Senhor ou do Filho do homem, está relacionado com seu retorno à terra com poder e grande glória; (cc) O dia de Deus ou do Senhor, no sentido próprio, está relacionado com o Juízo Final; (dd) dia do Senhor do texto em foco, está relacionado com o dia da ressurreição de Cristo. A presente expressão “dia do Senhor”, significa; “O dia da Ressurreição” do Senhor Jesus Cristo, visto que, a expressão “Senhor Jesus” só ocorre no Novo Testamento depois da sua ressurreição (Lc 24.3), sendo identificado entre os cristãos como “o primeiro dia da semana” (Mc 18.9). Para o cristianismo o primeiro dia da semana, contrasta bastante com o sétimo (o sábado): O sábado recorda o descanso de Deus na criação (Êx 20.11; 31.17); o domingo a ressurreição de Cristo (Mc 16.1,9). No sétimo dia Deus descansou; no primeiro dia da semana Cristo esteve em atividade incessante. O sábado comemora uma criação acabada; o domingo rememora uma redenção consumada. O Dr. C. I. Scofield declara que “o sábado era um dia de obrigação legal para Israel; o domingo, o culto espontâneo para o cristão. O sábado é mencionado nos Atos dos Apóstolos somente com referências aos judeus, e no resto do Novo Testamento, só duas vezes (Cl 2.16 e Hb 4.4). O sábado era um dia de repouso total para Israel; para o crente em Cristo, esse repouso teve lugar no momento que ele aceitou Cristo como Salvador. Hb 4.3”.
2. Voz como de trombeta. João, focaliza aqui: “grande voz, como...”. A palavrinha: “como” significa que João tenta descrever o indescritível. Por isso a palavrinha “como” aparece aproximadamente setenta vezes no Apocalipse. (Cf 1.10, 14, 15, 16; 2.27; 3.3, 10, 17, 21; 4.1; 5.6; 6.1, 12, 13, 14; 7. (ausente); 8.8; 9.2, 3, 7, 8, 9, 17; 10.1, 3, 7, 9; 11. (ausente); 12.15; 13.2, 3, 11; 14.2, 3, 4; 15. (ausente); 16.3, 6.15, 18; 17.12; 18.6, 21; 20.2, 11, 16, 21; 22.1). Além disso ele utiliza-se também da expressão como “semelhante”. Aqui trata-se, portanto, de um som sobrenatural e assustador, que contém tudo.
I. “...O que vês, escreve-o num livro”. A ordem de escrever ocorre por treze vezes neste livro. (Cf 1.11, 19; 2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7, 14; 10.4; 14.13; 19.9; 21.5). A ordem ocorre uma vez em cada uma das sete cartas. O intuito do Senhor Jesus Cristo era que a revelação fosse preservada para as gerações seguintes; e até hoje a forma escrita é a melhor maneira de preservar uma comunicação.
1. O leitor deve observar bem a frase “escreve-o num livro, e envia-o”. Isso nos dá entender que não só a carta endereçada a igreja devia ser lida, mas também todo o conteúdo do livro que encerrava a visão (.13). O Dr. Russell Norman Champrin, observa que a posição geográfica onde se encontravam essas igrejas, formavam um CÍRCULO. As cidades foram numeradas partindo de Éfeso, na direção Norte, para Esmirna (64 quilômetros); daí para Pérgamo, 80 quilômetros ao norte de Esmirna; então, atravessando 64 quilômetros para sueste, até Tiatira, descendo, então, 80 quilômetros para Sardo; daí para Filadélfia a 48 quilômetros a sueste de Sardo; então Laodicéia a 64 quilômetros a sueste de Filadélfia.
João não podia transmitir as visões oralmente aos destinatários. Contudo, essa justificativa para a ordem de escrever ainda não é suficiente. Ocasionalmente profetas do AT já haviam anotado a sua mensagem por escrito, a fim de assinalar sua importância singular (p. ex., Jr 36; Hc 2.2). Dando sua palavra por escrito, Deus se compromete. Ele compromete os ouvintes: Eu te dei tudo por escrito! Essa palavra vale. Ela vigora além do instante. Ela também vale para outros que não estão presentes aqui e agora. Ela compromete de forma geral.
E manda(-o) às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia. Essas cidades eram sedes administrativas e já por isso áreas de concentração do culto ao imperador. A listagem segue o roteiro postal da capital Éfeso para o Norte até Pérgamo, depois para o interior e novamente para o Sul, um trajeto de aproximadamente 400 km. Já abordamos no comentário a Ap 1.4 o sentido simbólico do número sete: além das comunidades locais arroladas, João reivindica atenção de todas as igrejas de todos os lugares e épocas.
III. A VISÃO DO SENHOR, 1.12-16.
Apesar de que a figura não falava, não era muda. ―Quando eu a vi, João declara mais tarde, ―caí a seus pés como morto (v. 17). Nesta figura cada detalhe, cada peça de roupa falava. No Oriente a roupa é muito mais uma forma de expressão que entre nós, e o sentido dos orientais pela eloqüência das vestimentas é fortemente desenvolvido. O que alguém usa, isso ele é. É por isso que no NT vestir-se, despir-se, cobrir, estar vestido ou estar nu tem tanta importância. Em consequência, descreve-se peça por peça, para que o leitor observe peça por peça.
I. “...E virei-me para ver quem falava”. A poderosa voz “como de trombeta” que ouvira no verso anterior, à semelhança do Monte Sinai, ai cada vez mais aumentando (Êx 19.19), João se volta para ver de onde partia a voz, e teve a sua primeira visão: “sete castiçais de ouro”. No santo lugar do templo dos judeus havia um único castiçal com sete braços, recebeu destaque, aparentemente representando Israel (Zc 4.2). Na visão de João os castiçais representavam as igrejas, que agora era a luz do mundo (Mt 5.13). Apesar de ter o Castiçal da antiga aliança sete braços, mesmo assim eram ligados por uma só peça (o pedestal). Israel, mesmo dividido geograficamente em doze tribos, contudo, eram ao mesmo tempo unidos por um só pedestal: A Lei do Senhor (Nm 9.14). Na Nova Aliança o Senhor Jesus interpretou para João que os sete castiçais representam as “sete Igrejas” (v. 20).
I. “...no meio”. Em cada cena do Apocalipse, Cristo sempre aparece como a “Figura Central”: no “meio”. Ele é visto no “meio” dos sete castiçais de ouro (1.13); no “meio” da igreja de Éfeso, em uma nova visão (2.1); no “meio” do trono (5.6); no “meio” do trono novamente numa visão posterior (7.17). Isto demonstra que, o grande livro de Deus a ser focalizado tem como central nosso Senhor Jesus. Isto é, aquele que viveu e andou entre os homens, contudo, sempre no “meio” (Mt 18.20; Jo 19.18; 20.19; 1 Tm 2.5). Agora, porém, no Apocalipse é um quadro do Cristo da atualidade. É um quadro de Cristo, o Filho Eterno, que está assentado no “meio do trono” à direita de Deus.
1. Filho do homem. Este título, que frequentemente é aplicado à pessoa de Cristo, lembra sua humanidade (Jo 1.14). Cerca de 79 vezes esta expressão ocorre somente no Novo Testamento e com exclusividade, nos Evangelhos, e vinte e duas vezes no livro do Apocalipse. Em Ezequiel (por toda a extensão do livro), a frase é empregada por Deus 91 vezes. Este título: O Filho do Homem (Jo 3.13) havia se tornado uma figura messiânica mais corrente. Motivo porque um exame dos textos evangélicos permitem, quase sem possibilidade de erro, preferir que, ao designar-se “Filho do Homem” o Senhor Jesus escolheu esse título, evidentemente, menos comprometido pelo nacionalismo judaico e pelas esperanças bélicas. Havia também uma esperança judaica do “Homem dos últimos tempos” (Cf. Rm 5.12-21; 1 Co 15.22, 45, 47; 2.5-11).
2. Vestido até os pés. Esta visão inicial que João recebeu não referia-se à graça pastoral de Cristo, mas à sua autoridade judiciária. “É por isso que o Apocalipse deve ser visto como o livro do juízo. “Juiz” e “Juízes” aparecem 15 vezes no livro”.
A veste comprida de Cristo era uma vestimenta talar, usada exclusivamente pelos sacerdotes e juízes no desempenho de duas funções. É isso realmente, a dupla função do Filho de Deus atualmente (2 Tm 2.8 e Hb 3.1). “O cinto de ouro cingido a altura do peito era também usado elo sacerdote quando este ministrava no santuário, estava à altura do peio e não nos rins, para ajustar as vestes de modo a facilitar os movimentos; assim, quando o cinto está em volta de seus lombos, o serviço é proeminente. (Cf. Jó 38.3; Jo 13.4, 5), mas quando o cinto está em volta do peito implica juízo sacerdotal dignificado, coisas que são inerentes ao Filho de Deus tanto no passado como no presente. Na simbologia profética das Escrituras Sagradas aponta também: a pureza, a inocência de Cristo (Sl 123.9).
I. “...sua cabeça e cabelos eram brancos”. O leitor deve observar como as Escrituras são proféticas e se combinam entre si em cada detalhe: O Senhor Jesus é o Filho do “Ancião de dias”, e por cuja razão deve ter a mesma natureza do Pai. Assim, o texto em foco, é similar a passagem de Daniel 7.9: “Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um ancião de dias se assentou: o seu vestido era branco como a neve, e o cabelo da sua cabeça como a limpa lã...”. Ele (Jesus) é aquele que morreu com 33 anos de idade, depois de levar os nossos pecados na cruz e suportar uma eternidade de dores. Tem cabelos brancos como a neve. Entre o povo de Deus, a “Coroa de honra são as cãs...” (pv 16.31a). Certamente a alvura da cabeça e cabelos de Cristo provém, em parte, da intensidade da glória celestial e em parte da sabedoria e, idoneidade moral. Assim, a brancura de seus cabelos, aqui, não significa velhice, antes, sugere a eternidade, indicando também Pureza e Divindade.
I. “...os seus pés, semelhante a latão”. No verso 11 do presente capítulo, encontramos Jesus vestido de uma vestimenta talar. A sua veste “ai até aos pés”, mas não os cobria. Doutra forma não teria visto as marcas dos cravos e adorado a seu Senhor, cuja forma glorificada estava adequadamente vestida. Ele estava vestido com a linda roupa do Grande Sumo Sacerdote. “...Os seus vestidos se tornaram brancos como a luz” (Mt 17.2). João enfatiza que estes pés reluziam como se “tivessem sido refinados numa fornalha”.
1. No campo espiritual realmente isso aconteceu com o Filho do homem durante a sua vida terrena. Ele passou pela fornalha do sofrimento, e foi provado no fogo do juízo de Deus. (Cf. Lc 22.44; Hb 5.7). Além de outros sacrifícios apresentados na antiga aliança que tipificava a Cristo sofrendo até a morte, em lugar do pecador. Tomamos aqui como exemplo a oferta de manjares: “Em Lv 2. a oferta de manjares tipifica Cristo nas Suas próprias perfeições, e na Sua dedicação a vontade do Pai. A flor da farinha fala de igualdade e equilíbrio no caráter de Cristo; o fogo, de Ele ser provado pelo sofrimento até a morte de cruz. O incenso, representa a fragrância de Sua vida perante Deus; a ausência de fermento, representa o caráter de Cristo, como a verdade; a ausência de mel; que Nele não havia a mera doçura natural que pode existir sem a graça de Deus na vida de alguém. Azeite misturado, Cristo nascido do Espírito Santo; azeite untado, Cristo batizado pelo Espírito, a frigideira, os sofrimentos mais evidentes de Sua vida; o sal, o sabor da graça de Deus na vida de Cristo: o que faz parar a ação do fermento; o forno, os sofrimentos ocultos de Cristo – consolidados no túmulo: a fornalha final”.
2. A sua voz como a voz de muitas águas. Em sentido geral, o Apocalipse é o livro de grandes vozes e são elas que trazem as mensagens: (Cf.1.10, 12, 15; 3.20; 4.1; 5.2, 11, 12; 6.6, 7, 10; 8.13; 9.13; 10.3, 4, 7, 8; 12.10; 14.2, 7, 13 e 15; 16.1, 17; 18.2, 4, 17; 18.2, 4, 22; 19.1, 5, 6, 17; 19.1, 5, 6, 17; 21.3). Em sentido similar, a sua voz do anjo, em Dn 10.6, se assemelhava à de “uma multidão”. Tal como aqui, a voz de Deus, em Ez 43.2, é como a de “muitas águas”. O autor continua atribuindo, o sentido da voz, a pessoa de Cristo, como aquilo que o Antigo Testamento, diz acerca de Deus Pai. Em Ap 14.2 repete-se o simbolismo da figura da voz como de “muitas águas”. Ao que é adicionado “um grande trovão”. Em Ap 19.6 a voz é a de uma “multidão” e também de “muitas águas” e de “grandes trovões”. Seja como for, tudo na esfera celestial, se reveste de primeira grande e é elevado a terceira potência!
I. “...na sua desta sete estrelas”. Dois pontos importantes devem serem analisado no presente versículo: as sete estrelas; o rosto do Filho do homem:
1. As sete estrelas. Sobre a presente expressão: “as estrelas”, existem várias interpretações, sendo que, duas delas, são aceitas no campo teológico e a segunda, sem exitação:
(a) As sete estrelas (anjos), são instrumentos nas mãos de Cristo, seres angelicais literais, que ministram à Igreja, controlando seus ministros, e, pelo menos em alguns casos, servindo de mediadores dos dons espirituais. Por extensão dessa idéia, podemos supor que todas as comunidades locais dos crentes contam com os seus próprios anjos guardiões...”. (Cf. Sl 34.7; 1Co 11.10).
(b) As sete estrelas na mão direita do Senhor, são interpretadas por Jesus como sendo os “sete anjos (pastores) das sete igrejas” da Ásia Menor. Cf. v. 20. Este sete “mensageiros”, foram homens enviados pelas igrejas da Ásia para saberem do estado do velho Apóstolo, então um exilado em Patmos (compare-se Fl 4.18); mas (sendo na sua volta portadores das “sete cartas”) pode figurar também em nossos dias um ministro de Deus portando uma mensagem especial para uma igreja. A palavra “anjo” é apenas transliteração do grego para o português e significa “mensageiro”. É portanto, o pastor ou pastores que aqui estão em foco.
2. Seu rosto era como o sol. As igrejas são castiçais; seus ministros são estrelas; mas Cristo é o sol (Ml 4.2). Ele é para o mundo moral, o que o sol é para o mundo físico. A luz do rosto de Jesus Cristo é tal que na nova Jerusalém “não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol...” porque “...o cordeiro é a sua lâmpada” (Ap 21.23; 22.5). Num contexto geral do significado do pensamento, o rosto dos justos resplandece como o sol (Mt 13.43), o que também sucede no caso dos anjos (Ap 10.1).
IV. A VOZ DO SENHOR, 1.17-20.
Não é para adorar que João cai ao chão: quando o vi, caí a seus pés como morto. Foi assim que também se precipitaram ao chão Moisés, Isaías, Ezequiel, Daniel, Pedro e Paulo. Em todos os caso trata-se da incompatibilidade entre Deus e ser humano, entre céu e terra. Os da terra ricocheteiam de volta e cambaleiam ao chão. Deus ―habita em luz inacessível (1Tm 6.16).
I. “...não temas”. O presente versículo, mostra João caindo aos pés do Filho de Deus, como Paulo no caminho de Damasco (Ap 9.4), porém às vozes nos dois episódios são completamente diferentes: a primeira diz “porque me persegues?”, a segunda diz “não temas”. Estas palavras, observa o Dr. R. N. Champrim, podem ser comparadas a Dn 10.10,12; e confrontadas com (Is 44.2; Mt 14.2; 27.7; Lc 1.13 e 30). Para a igreja de Esmirna, há também uma expressão encorajadora da parte de Cristo para aquela igreja sofredora: “nada temas”. Esta expressão equivale no grego do Novo Testamento, “não temas”, ocorre cerca de 365 vezes nas Escrituras (uma para cada dia). Essa ordem é dada a fim de consolar (Mt 14.27; Jo 6.20; At 27.24); ela servia também para relembrar a João, que seu Senhor o conhecia e se interessava profundamente por ele em meio ao sofrimento. Para nós, o Senhor tem a mesma mensagem de amor e firmeza: “Tende bom ânimo! Sou eu. Não temas” (Mt 14.27). Agora, o apóstolo declara: “porém ele pôs sobre mim a sua destra (mão direita), dizendo-me: “não temas”. Faz, então, uma declaração de amor, tranqüilidade e poder. (Is 44.2).
I. “...E tenho as chaves da morte e do inferno”. Isso significa autoridade suprema sobre qualquer força do mal (Mt 16.18; 28.18; Cl 2.15). Neste livro, Cristo não só tem as chaves da morte e do inferno, mas também “a chave de Davi” (Ap 3.7), e por conseguinte, no Novo Testamento: “...as chaves do reino dos céus” (Mt 16.19). É evidente que, enquanto o Senhor estava aqui na terra, Ele tinha em suas mãos “as chaves do reino dos céus”; isso pode bem ser entendido na expressão do próprio Jesus ao dizer a Pedro: “Eu te darei (no futuro) as chaves...”.
1. “A interpretação comum é que as chaves dadas a Pedro representam a essencial honra que lhe foi concedida: a de ser o primeiro a anunciar o Evangelho aos judeus: (no dia de Pentecostes) e aos gentios: (na casa de Cornélio), tendo sido o Espírito Santo dado do céu em cada uma dessas ocasiões (At capítulo 2 e 10). Pedro mesmo descreveu seu privilégio assim: “Deus me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do Evangelho, e cressem” (At 15.7). Assim ele anunciou o perdão dos pecados a todos os que crêem, e semelhantemente tal autoridade de Deus foi conferida não só a Pedro mais aos demais discípulos do Senhor (cf. Jo 10.23)”. O Dr. Geo Goodman declara: “É comum salientar o lugar de Pedro no dia de Pentecostes, abrindo o reino aos judeus, e depois, na pessoa de Cornélio, aos gentios. Podemos admitir que ele ocupava um lugar eminente entre seus colegas, enquanto que negamos que lhe fosse um lugar exclusivo”.
2. O Dr. Graham Scroggie observa: “E de fato não podemos excluir os outros Apóstolos no dia de Pentecostes; nem caso de Cornélio podemos concordar que esse fosse o único uso das chaves com relação aos gentios, nem admitir que fosse necessário outra chave diferente daquela que abrira o Reino aos judeus. Um só ato não havia de esgotar o uso da chave, nem seriam duas chaves para abrir a porta duas vezes. Podemos entender que a porta, uma vez aberta, assim permaneceu para nunca mais precisar da chave? Pelo contrário, creio que se pode demonstrar concludente que a administração do Reino, simbolizada por estas chaves, ainda não terminou: não findou num só ato inicial de autoridade. Os homens ainda recebem o Reino e são recebidos no Reino, e o Reino é a esfera do discipulado, então a chave é, de fato, somente autoridade”.
3. Podemos entender que depois da porta do Evangelho está aberta para os gentios, Deus através de seus discípulos abriu uma nova porta para eles, os gentios: a porta da FÉ (At 14.27). “Ora, as chaves, e não simplesmente uma chave; e se o nosso pensamento é acertado nesta forma de interpretação, isto significa uma dupla maneira de admitir. A primeira é que o Senhor chama “a chave da ciência” a qual Ele diz que os doutores da lei tiram do povo (Lc 11.52). Semelhantemente Ele denuncia os fariseus por fecharem o Reino dos céus contra os homens: “Nem vós entrais nem deixais entrar os que estão entrando” (Mt 23.13). Pedro não recebeu as chaves da Igreja, mas do reino. Uma chave é sinal de autoridade (Is 22.22), e que o poder de “ligar e desligar” significava para Pedro, significava também para os outros discípulos (Mt 18.18; Jo 20.23). Ligar e desligar, na linguagem rabínica, queria dizer: permitir ou proibir, e é isto que a Igreja tem feito desde os dias dos Apóstolos até a presente era (Jo 20.23; 1Co 5.4-5; 2Cor 5.18-19).
I. “...as coisas que tens..., etc”. Os teólogos costumam dividir o livro do Apocalipse em sete partes, mas a sabedoria divina o dividiu apenas em três, a saber:
1. As coisas que tens visto. É a primeira das três divisões deste livro. É, sem dúvida, a menor das três partes deste compêndio divino: um capítulo, apenas! Também pela pequena duração dos acontecimentos a que se refere.
2. E as que são. Esta se refere à segunda parte do livro. De exposição, pouco mais extensa em conteúdo (capítulo 2 e 3). No que diz respeito ao tempo, é o mais longo período: abrange ensinos para a vida inteira da Igreja desde os primitivos tempos, e como te servido durante toda a dispensação da Graça, até o momento do arrebatamento.
3. E as que depois destas (das duas primeiras) hão de acontecer. A terceira parte, é essencialmente futurísticas, vai do capítulo 4 a 22. Porém os fatos decorrerão com rapidez e as profecias que terão lugar neste tempo, sofrerão uma reação em cadeia, e comprir-se-ão sucessivamente. Porém, mesmo assim, devemos observar que, esta parte do livro, inclui o Milênio de Cristo e o estado Eterno ao dia da Eternidade (2Pd 3.18). O livro do Apocalipse é o único livro profético do Novo Testamento, é a única iluminação certa que dos acontecimentos atuais e futuros. Enquanto que o livro de Gênesis é o início da Bíblia, dando começo de todas as coisas na terra, o livro de Apocalipse encerra o livro divino, descrevendo a consumação de todas as coisas.
I. “...O mistério das sete estrelas”. O presente vocábulo “mistério” é usado no Novo Testamento cerca de 27 vezes, João emprega a palavra quatro vezes no seu livro, e sempre com sentido especial:
1. Vejamos! (a) O mistério das sete estrelas e do sete castiçais. 1. 20; (b) O mistério de Deus. 10.7 e 11.15; (c) O mistério da grande Babilônia. 17.5; (d) O mistério da mulher. 17.7.
2. No texto em foco, a interpretação da misteriosa visão, é dada pelo próprio Cristo; isso é muito freqüente nas Escrituras quando trata-se de um “mistério” (cf. Mt 13.19-23, 37-43). O Senhor Jesus Cristo aqui segue o mesmo exemplo, e explica a visão para João seu servo. Ele diz: “As sete estrelas” (são os sete anjos das sete igrejas). E “...os sete castiçais” (são as sete igrejas). Este versículo se divide em duas partes: texto e contexto (metolinguagem); a primeira sendo uma visão; a segunda: uma interpretação do próprio Senhor. O primeiro capítulo deste livro, a começar pelo quarto versículo, é uma espécie de apresentação em favor do livro inteiro, introduzindo o autor sagrado a sua mensagem à Igreja, além de aludir, em termos breves, àquilo que está contido no livro. Portanto, o livro inteiro do Apocalipse, apesar de ser um livro profético, é moldado na forma de uma “carta”, endereçada as sete igrejas da Ásia Menor, e, através dessas igrejas, à Igreja Universal do Filho de Deus. Amém.
REFERÊNCIAS:
BARCLAY, William, THE REVELATION OF JOHN.
MOODY, COMENTÁRIO BÍBLICO MOODY.
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SILVA, Severino Pedro da, APOCALIPSE VERSÍCULO POR VERSÍCULO.
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