Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
2º
Trimestre de 2012
Título: As Sete Cartas do
Apocalipse — A mensagem final de Cristo à Igreja
Comentarista: Claudionor de
Andrade
Data: 29 de Abril de 2012
TEXTO ÁUREO
“Não
ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não
está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo”
(1 Jo 2.15,16).
VERDADE PRÁTICA
Só há um modo de a Igreja de Cristo
destronar a Satanás: manter a Deus no trono e combater a apostasia com a espada
do Espírito.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
APOCALIPSE 2.12-17.
12 - E ao anjo da igreja que está em
Pérgamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda de dois fios:
13 - Eu sei as tuas obras, e onde
habitas, que é onde está o trono de Satanás; e reténs o meu nome e não negaste
a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto
entre vós, onde Satanás habita.
14 - Mas umas poucas coisas tenho contra
ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque
a lançar tropeços diante dos filhos de Israel para que comessem dos sacrifícios
da idolatria e se prostituíssem.
15 - Assim, tens também os que seguem a
doutrina dos nicolaítas, o que eu aborreço.
16 - Arrepende-te, pois; quando não, em
breve virei a ti e contra eles batalharei com a espada da minha boca.
17 - Quem tem ouvidos ouça o que o
Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido e
dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém
conhece senão aquele que o recebe.
Palavra Chave
Heresia: Rejeição voluntária aos ensinos da
Palavra de Deus.
INTRODUÇÃO
Pérgamo ocupava um lugar muito especial na Ásia. Não estava colocada
junto às grandes rotas, como Éfeso ou Esmirna; mas era a maior de todas as
cidades asiáticas do ponto de vista da história. Estrabão a chamou uma cidade
ilustre e segundo Plínio era a "mais famosa de todas as cidades da
Ásia". A razão era que, para a época em que João escreveu esta carta,
Pérgamo tinha sido capital da Ásia durante quase quatrocentos anos. Por volta
do ano 282 a.C. foi designada capital do reino selêucida, uma das divisões do
império que Alexandre Magno deixou ao morrer. Foi capital desse reino até o ano
133 A.C. Esse foi o ano da morte de Átalo III. Em seu testamento este soberano
legou seu reino a Roma. Com o território do reino selêucida Roma formou a província
da Ásia, e Pérgamo seguiu sendo a capital. Sempre há algo de especial nas
cidades capitais e Pérgamo tinha desfrutado dessa distinção durante quase 400
anos.
Sua localização geográfica fazia com que Pérgamo fosse ainda
mais impressionante. Estava construída sobre uma elevada colina cônica que
dominava o vale do rio Caico; desde sua parte mais alta podia ver-se o Mediterrâneo,
a 25 quilômetros de distância.
De Pérgamo um
antigo escritor disse que "entregou-se à idolatria mais do que toda a
Ásia". A elevada montanha que ficava por trás dela era adornada com
numerosos templos, entre os quais se encontrava o grande templo de Zeus, que
era chamado Soter Theos, o Deus Salvador. Pérgamo foi a primeira cidade
na Ásia a erigir um templo em honra de Augusto. Ficou famosa por suas escolas
de medicina; e Asclépio, deus da saúde, simbolizado por uma serpente, era ali
adorado. Ramsay diz: "Além de todas as cidades da Ásia Menor, ela dá ao
viajante a impressão de ser a sede da autoridade". Como é apropriado então
que lá fosse, segundo se diz, o trono de Satanás. Muito se tem discutido sobre
o que exatamente eram os nicolaítas (aqui e em 2.6). De algum modo eles
encorajavam alguns na igreja a retomarem à frouxidão pagã dos costumes.
I. “...Ao anjo da igreja”. Não podemos
determinar e, nem ainda há um pequeno vestígio no Novo Testamento, sobre quem
era o “anjo” (pastor) da igreja de Pérgamo nos dias em que esta carta estava
sendo enviada, visto que, o Novo Testamento não cita nominalmente a igreja de
Pérgamo, há não ser aquilo que é depreendido do texto em foco. Porém, pelas
evidências internas e externas apresentadas pelos versículos que descrevem a
posição desta igreja; nos faz pensar, em um cristão pertencente a Igreja
Primitiva. Foi ele, sem dúvida, o substituto de “Antipas”, a fiel testemunha de
Cristo (v.13). Terá sido Demétrio? (3 Epístola de João v. 12).
1. PÉRGAMO. O nome significa “alto” ou “elevado”. Situação
Geográfica: no pequeno Continente da Ásia Menor. O nome “Pérgamo”
estava relacionado a “purgo”, isto é, “torre” ou “castelo”. Pérgamo, como
observa o W. Gesenius: Foi a “cidadela” de Tróia, e por tal razão tinha este
nome. Geograficamente, ocupava importante posição, próxima do extremo marítimo
do lago Vale do Rio Caico. Para os intérpretes históricos, a palavra “Pérgamo”
leva outro sentido, isto é, invés de “torre” ou “catelho”, traduzem a palavra
por “casada”. Historicamente, nos fins do primeiro, segundo e terceiro século,
especialmente mediante o gnostissismo libertino, e, profeticamente, na época de
Constantino, houve uma espécie de “casamento” entre a igreja e o estado. Sua
suposta significação de “casada”: segundo se diz, deriva-se disso.
2. A espada aguda. Para o ambiente carregado e adverso de
Pérgamo, este é o traço do auto-retrato de Cristo: “aquele que tem a espada
aguda de dois fios”. No original, o vocábulo “espada”, neste versículo,
refere-se a um tipo especial: pesada e longa, usada pelos romanos (porque não
queriam apenas ferir, queriam matar). Esta espada do versículo em foco é a
mesma que vimos no versículo 16 do primeiro capítulo deste livro. A diferença é
que, aqui, o artigo definido (“a”) determinado “a espada”, reforça a passagem.
Espada na simbologia profética das Escrituras Sagradas, representa castigo ou
guerra. Ela distingue vencido de vencedores.
I. “...O trono de Satanás”. No Apocalipse
fala-se muito a respeito dele. As diversas denominações diabo, caluniador (Ap
2.10; 12.9; 12; 20.2, 10), Satanás, adversário (Ap 2.9, 13; 24; 3.9; 20.2, 7),
definem-no em sua funcionalidade negativa, como: antiga serpente (Ap 12.9;
20.2), acusador de nossos irmãos (Ap 12.10). No presente texto, fala-se do seu
“trono”. Isto é, lugar onde Satanás exerce autoridade, como se fora rei. “A
palavra “trono” (no grego hodierno, “thronos”), é usado no Novo Testamento como
sentido de “trono real” (Lc 1.32, 52), ou com o sentido de “tribunal judicial”
(cf. Mt 19.28 e Lc 22.30). Também há alusão aos “tronos” de elevados poderes
angelicais, ou aos governantes humanos”. A possível referência atribuída ao
“trono de Satanás” esta passagem, pode ser (conforme alguns comentaristas) a
COLUNA que havia por trás da cidade, com 300 metros de altura, na qual havia
muitos templos e altares dedicados com exclusividade à idolatria. Essa colina
podia ser um monte ou o “trono de Satanás”, em contraste com o “Monte de Deus”
(cf. Is 14.13 e Ez 28.14, 16).
1. Existe outra possível interpretação sobre o “trono de
Satanás”. Vejamos a seguir: “A invasão da cidade de Pérgamo, é atribuída ao
monarca Eumenes II (197 d. C.). Foi esse rei (segundo Plínio) que criou
biblioteca (em sentido técnico: pérgamo, deriva-se de pergaminho) que chegou a
atingir 200 000 volumes, e quem libertou Pérgamo dos invasores bárbaros. Para
comemorar, ergueu em honra a Zeus o “altar monumental” com 34 por 37 metros, cujas as fundações em ruínas, ainda podem ser vistas
hoje. Esse altar pode ser “o trono de Satanás” do presente versículo.”
2. Ainda nos
dias de Antipas. Nada se sabe de certo acerca desse personagem, exceto aquilo
que poderia ser depreendido do texto em foco. As Escrituras não entram em
detalhes sobre a biografia desta testemunha do Senhor na cidade de Pérgamo. A
palavra grega para “testemunha” no dizer de G. Ladd é martys, que mais tarde
ficou com a conotação de mártir. Talvez neste contexto já tenha este
significado. Em 17.6 a mesma palavra é traduzida às vezes por “os mártires de
Jesus’. O testemunho mais eficiente do cristão é ser fiel ao seu Senhor até à
morte e ao martírio. Antipas foi uma delas!. Para aqueles que interpretam o
livro do Apocalipse do ponto de vista histórico, acham que o antropônimo “Antipas”,
no grego hodierno “Anti-pas”. Tratava-se da forma contraída de “Antipater”, que
poderia ser traduzido à forma “Anti-papa”. Assim, o seu nome pode ter sido
profético, e significa: “Aquele que se opõe ao Papa”. Esta linha de pensamento
aceita que as letras que formam a palavra “Antipas” tenham esse sentido. Para
nós, este ponto de vista, não combina com a tese e argumento principal, razão
por que Antipas foi morto antes do ano (96 d. C.), e o sistema papal só veio a
existir séculos depois. Aceitamos ter sido Antipas um homem de origem Iduméria.
Este servo de Deus, uma vez convertido ao cristianismo em Jerusalém, sentido a
chamada de Deus, e em razão de ser conhecido pessoalmente do Apóstolo João, foi
servir como bispo na cidade de Pérgamo. Existiam naquela igreja, segundo o
texto divino, duas falsas doutrinas: (a) À de Balaão; (b) À dos nicolaítas.
Antipas como sendo uma testemunha ousou desafiar sozinho e selar seu testemunho
com seu próprio sangue opondo-se a este “sistema nocivo”. Semeão Metafrastes, diz
que Antipas, o bispo de Pérgamo, foi colocado dentro de um boi feito de bronze,
e a seguir foi aquecido ao rubro. Seu corpo foi literalmente, cozido, na chama
abrasadora.
I. “...A doutrina de Balaão”. Na Epístola de Judas (versículo 11): há referência a três
homens caídos do Antigo Testamento: “Caim... Balaão... e Core” (cf. Gênesis
capítulos 16, 22, 23, 24). Nos dias neotestamentários seus nomes são tomados
como figuras expressivas dos falsos ensinadores que, segundo se diz, entrariam
no “seio” da Igreja Cristã (cf. 2 Pd 2.15). No texto em foco, é-nos
apresentado: “a doutrina de Balaão”.
1. As características dos seguidores desta “doutrina” são:
(a) Olho mau: malícia. (b) Espírito orgulhoso: egoísmo. (c) Alma sensual:
imoralidade. Em Apocalipse 2.14 encontramos a expressão “doutrina de Balaão”.
Por conseguinte, existem; (aa) O caminho de Balaão. 2Pd 2.15. (bb) O erro de
Balaão. 2Pd 2.15a. E, (ccc) O prêmio de Balaão. Judas v. 11. A doutrina de
Balaão, que também se transformou no seu erro, era que, raciocinando segundo a
moralidade natural, e assim vendo erro em Israel, ele supôs que Deus, justo
teria de amaldiçoá-lo. Era cego para com a moralidade da cruz de Cristo,
mediante a qual Deus mantém e reforça a autoridade, de tal modo que vem ser
justo e o justificador do pecador que olha para Cristo. No tocante, ao “caminho
de Balaão”, diz Scofield: “Balaão (Nm capítulo 22 a 24), foi o típico e profeta
de aluguel, ansioso apenas por mercadejar com o dom de Deus. Este é “o caminho
de Balaão” (2 Pd 2.15)”. No tocante a “doutrina de Balaão”, continua Dr. C. I.
Scofield: “A doutrina de Balaão” era o seu ensino a Balaque, rei dos moabitas a
corromper o povo (israelita), o qual não podia ser maldito (cf. Nm 22.5; 23.8;
31.16), tentando-se a se casarem com mulheres moabitas, contaminando assim seu
estado de separação e abandonando seu caráter de peregrinos. É tal união entre
a Igreja e o mundo que se torna em falta de castidade espiritual (cf. Tg 4.4),
e o resultado de tudo isso é a Igreja ficar contaminada”.
2. As características dos seguidores de Balaão, são: Todos
aquele que a muitos torna virtuosos, o pecado não vem por seu intermédio; e
todo aquele que leva muitos a pecar, não lhes dá oportunidade de
arrependimento. Todo aquele que tem três coisas é um dos discípulos de Balaão,
o ímpio. Se alguém tem olho bom, alma humilde, espírito manso, então é
discípulo de Abraão, nosso Pai. Mas se alguém tem olho mau, uma alma
jactanciosa e um espírito altivo, é dos discípulos de Balaão, seu Pai. E todo
aquele que as três coisas possue é um discípulo de Balaão, o ímpio. Qual é a
diferença; (pergunta Pirke Abotk) entre os discípulos de Abraão e os discípulos
de Balaão? Os discípulos de Balaão herdarão o que ele herdou – a morte, o preço
de seu salário (Rm 6.23), e os discípulos de Abraão herdarão o que ele herdou –
o preço do sangue de Cristo, a vida eterna. Balaão “amou o prêmio da injustiça”
(2 Jd 2.15; Jd v.11), e teve como recompensa o mesmo. Os embaixadores moabitas
essa recompensa nas mãos, para dá-la. Balaão tombou morto entre aqueles que o
honraram. Esta é a lei da compensação (Gl 6.7)”.
3. A se
prostituíssem. No grego moderno: “ponêro”, o que dificulta a ação de ser
(haplous) “perfeito”. Balaão não só foi profeta mercadejante e mercenário; mas
além de tudo lançou dois “tropeços” mortais contra o povo de Deus (cf. v. 14).
Um desses tropeços consistia em seu mau ‘caminho” (o da rebelião). Cf. Nm
22.32. O próprio Deus disse dele o que segue: “...o teu caminho é perverso
diante de mim”. O segundo tropeço por Balaão diante dos filhos de Israel no
deserto foi, o da “prostituição” (cf. Nm capítulo 25). A palavra grega aqui
usada, “pornéia”, ela alcança todas as formas de imoralidades, porquanto é
usada tanto nos ensinos dos profetas, como dos Apóstolos, e de um modo especial
nos ensinos de Jesus, para indicar as “formas” dessa prática de infidelidade
contra a santidade e a moral.
I. “...doutrina dos nicolaítas”. No versículo 14 deste capítulo, encontramos a “doutrina de
Balaão”, aqui agora, a “doutrina dos nicolaítas”. O leitor deve observar que na
igreja de Éfeso, o Senhor Jesus aborrecia “as obras dos nicolaítas” (2.6 e ss),
e aqui na igreja de Pérgamo, ele aborrece a sua “doutrina”. Alguém observa: “o
mal sempre se alastra em escala crescente: “um abismo chama outro abismo”: diz
o Salmista na poesia (Sl 52.7): o que era “doutrina” (ensino) em Pérgamo, ao
mesmo tempo se tornara “obras” (práticas) em Éfeso. Já encontramos os
“nicolaítas” em Éfeso (2.6). Em Pérgamo o mal tinha crescido. Já era “doutrina”
presente e sustentada: (na igreja). Essa doutrina é semelhante à de Balaão,
conduzindo a um rebaixamento do padrão moral. Algumas traduções trazem: “tens
lá os seguidores dos nicolaítas: o que aborreço”. De qualquer forma, declara M.
S. Novaj, no versículo 6 do capítulo 2 está bem claro o juízo do Senhor. A
acomodação da igreja com o mundanismo hoje, que amortece a sensibilidade moral
e doutrinária de tantas igrejas, teve, pois, sua repreensão na igreja de
Pérgamo, pois é tanto presente, como escatológica (Ec 3.15).
I. “...com a espada da minha boca”. No capítulo 19.19 deste livro, o famoso guerreiro (Jesus)
trará também uma poderosa Espada. Ali é dito por João, que ela está afiada.
Paulo, o Apóstolo nos dá a interpretação sobre isso dizendo: “A espada é a
palavra de Deus” (Ef 6.17), e em (2Ts 2.8), ela é chamada, exatamente: “o
assopro da sua boca”.
1. Muitas outras revelações são feitas a esta espada: (a)
Espelho: poder revelador. Tg 1.23 a 25. (b) Semente: poder gerador. Lc 8.11; Jo
15.3. (c) Água: poder purificador. Ef 5.26. (d) Lâmpada: poder iluminador. Sl
119.105; 2 Pd 1.19. (e) Martelo: poder esmiuçador. Jr 23.29. (f) Ouro e
vestimentas: poder enriquecedor. Sl 19.10; Ap 3.17. (g) Leite, Carne, Pão e
Mel, etc: poder alimentador e nutritivo. Sl 19.10; Jr 15.16; Mt 4.4; 1 Pd 2.2.
(h) Espada: poder para a batalha, cortar, dividir etc. Hb 4.14; Ap 2.15 e
19.15.
I. “...comer do maná escondido”. Os gnósticos ofereciam “vantagens abertas”, mediante suas
práticas imorais, seus prazeres e a satisfação da parte carnal do homem. Cristo
oferece-nos aquilo que está oculto a maioria dos homens: o maná escondido! Para
a igreja de Pérgamo o Senhor faz, ao vencedor, uma tríplice promessa: comer do
maná escondido, receber uma pedra branca, e um novo nome. O “maná” era um tipo
de Cristo, o pão da vida (Jo 6.48), ele caía no deserto, mas não era do deserto
(Êx 16.35); Cristo, estava no mundo, mas não era do mundo (Jo 17.16). “No sul
da Argélia, em 1932, depois de condições atmosférica incomuns “houve
precipitações de uma matéria esbranquiçada, sem cheiro, sem gosto, de espécie
farinácea, que cobria as tendas e a vegetação cada manhã. Também em 1932, uma
substância branca como maná cobriu certa manhã uma área de terreno de 640m x
20m, numa fazenda e em Natal (Zuzulandia: África do Sul) e foi comida pelos nativos.
Porém, nada disso foi o maná “escondido”: “Man um” (heb. Que é isto? Êx 16.15).
Mas Cristo, nosso Senhor, nos dará a comer o verdadeiro “pão do céu” (cf. Jo
6.32).
1. Uma pedra branca. Relativamente a esta “pedra branca” do
texto em foco, há muitas opiniões e formas de interpretações:
(a) Conferia-se a pedra branca a um homem que sofrera
processo e era absolvido. E como prova, levava, então, consigo a pedra para
provar que não cometera o crime que se lhe imputara. “Assim, a “pedrinha
branca” alude a uma antiga prática judicial da época de João: quando o juiz
condenava a alguém, dava-lhe uma pedrinha preta, com o termo da sentença nela
escrito; e, quando impronunciava alguém, dava-lhe uma pedrinha branca, com o
termo da justificação nela inscrito”. É evidente que a aplicação em foco, e as
que se seguem, deve haver alusão a uma delas! A promessa deve referir-se a
coisa que os cristãos de Pérgamo compreendiam muito bem.
(b) Era também concedida ao escravo liberto e que agora se
tornara cidadão da província. Levava a pedra consigo para provar diante dos
anciãos sua cidadania.
(c) Era conferida também a vencedor de corridas e de lutas,
como prova de haver vencido seu opositor. Sempre que este competidor conseguia
ouvia-se dizer: “correu de tal maneira que o alcançou” (cf. 1Co 9.24b). Isto
podia significar tanto uma “coroa de louro” ou uma pedrinha branca”.
(d) A pedra da amizade: Dois amigos poderiam, como sinal de
amizade, partir uma pedra branca pelo meio, e cada um ficava com a metade. Ao
se encontrarem, a pedra era refeita, e a amizade continuaria.
(e) Também era conferida ao guerreiro, quando de volta da
batalha e da vitória sobre o inimigo. Esta forma de interpretar o texto, se
coaduna bem a tese principal. Nesta passagem, a pedra branca será entregue ao
“Vencedor” do inimigo de Deus e dos homens: o diabo (12.11).
2. Um novo nome. “Longe de ser simples etiqueta, pura
descrição externa, o nome em toda a extensão das Escrituras tem profundo
significado... ele exprime a realidade profunda do ser que o carrega. Por isso
a criação só está completa no momento em que é colocado o nome (cf. Gn 2.19).
Por outro lado, Deus é “Javé”, isto é, “Ele é”, pois sua realidade é de ser
eternamente (Êx 3.13 e ss). Por todas estas razões, eliminar o nome é suprimir
a existência (cf. 1Sm 24.22; 2Rs 14.27; Jó 18.17; Sl 83.5; Is 14.22; Sf 1). Do
ponto de vista divino, o nome de Deus é o nome por excelência. Zc 14.9”. No
presente texto, a promessa de um novo nome é reafirmada, no capítulo 3.12 deste
livro. Esse nome que a Igreja receberá da parte de Cristo, é sem dúvida, “um
nome social”. Isto, se dará, logo após a celebração nupcial nas bodas do
Cordeiro. Esse nome conferirá a Noiva condição de “esposa, mulher do Cordeiro”
(cf. Is 56.5; Jr 15.16; Ap 2.17; 3.12; 19.12). Não deve ser “Hephzibah” (meu
regozijo está nela); nem “Beulah” (ou casada). Is 62.4. Esse é o de Sião. Essa
pedra terá seu valor aumentado com a inscrição misteriosa! Só uma coisa é
certa: esse novo nome é uma grande bênção de Deus! (cf. Gn 12.2 e 17.5).
CONCLUSÃO
Conheço o lugar em que habitas. Contra as
expectativas, o Senhor não começa, como tantas vezes, com a atuação da igreja,
mas com o seu lugar de moradia. Entretanto, como o lugar de atuação é
importante para a atuação em si de uma pessoa (cf. o significado fundamental do
―lugar‖, nota 192)! Cristo não julga
ignorando o poder das circunstâncias e da atmosfera. A igreja em Pérgamo vive
num conjunto habitacional com Satanás. Como poderá viver aí como uma igreja?
Todas as cidades citadas eram áreas de
influência de Satanás (Ap 2.9,24; 3.9). Contudo, Pérgamo era o trono de
Satanás, centro da estratégia satânica. Qual era a razão dessa leitura
profética? Visto que no Apocalipse o trono de Deus constitui a imagem central,
estaremos lidando aqui com a figura contrária decisiva.
Será que se faz alusão ao fato de que o
procurador romano residia nessa antiga cidade real (enquanto sua sede
administrativa situava-se na capital daquele tempo, Éfeso)? Ou deve-se lembrar
que já em 29 a.C. um templo fora dedicado ao imperador romano Augusto em
Pérgamo, como local mais antigo e mais importante do culto ao imperador que
vinha se alastrando? Ou será que Pérgamo se destacava como cidade do primeiro
martírio (v. 13) na província? Ou será essa afirmação causada já pelo aspecto
exterior, a saber, que o olhar era atraído para o gigantesco e imponente altar
a Zeus, visível de longe a uma altura de 300 metros acima da cidade, e uma das
sete maravilhas mundiais da Antigüidade? Contudo, é igualmente plausível a
relação com o florescente culto à serpente salvadora (Asklepios – Soter),
que naquela época mantinha duzentos santuários no mundo inteiro, e cuja sede
central era representada por Pérgamo. Ainda hoje pode-se visitar uma piscina de
mármore que fazia parte da atividade balneária e curativa. Mais tarde, atuou
ali Galeno, o médico mais famoso da Antigüidade. Peregrinavam para lá enfermos
de todo o mundo, e transmitiam-se anedotas e títulos (p. ex., salvador) que
evocam os evangelhos. Os cristãos podiam perceber muitas dessas coisas como uma
imitação diabólica de seu Salvador. Sobretudo a confecção e a adoração da
serpente impelia o pensamento bíblico diretamente para a lembrança de Satanás.
Finalmente, também a arte e a ciência experimentaram pontos altos nesse local.
Recordemos o sistema de bibliotecas, igualmente o couro especialmente fino para
a escrita, desenvolvido e produzido ali, que levou o nome da cidade ao mundo ao
ser chamado de ―pergaminho‖.
Diante de todo esse quadro, recomenda-se
não relacionar ―trono de Satanás‖ com determinados
prédios, mas antes com a cidade inteira, na qual os membros da comunidade
viviam dispersos. Estava em questão algo ligado à atmosfera, a Pérgamo enquanto
centro helenista em sua totalidade impressionante, com tudo o que dela
irradiava em termos religiosos, culturais e políticos de forma tão atordoadora.
Entretanto, quem diz helenismo, diz fusão (qi 11). A comunidade vivia no centro
de um forno de fundição.
Considerando
isso, o pensamento retorna à história de Balaão. Quem lê aqueles capítulos do AT
sente como ele estremece diante da consciência de um ataque geral de Satanás ao
povo de Deus. Está em jogo ser ou não ser. Ao mesmo tempo, um segundo paralelo
merece ser preservado: Israel caiu nessa provação imediatamente após uma série
de vitórias (Nm 21.21-35).
REFERÊNCIAS:
BARCLAY, William, THE REVELATION OF JOHN.
MOODY, COMENTÁRIO BÍBLICO MOODY.
POHL, Adolf, COMENTÁRIO
ESPERANÇA, APOCALIPSE DE JOÃO.
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