Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
2º
Trimestre de 2012
Título: As Sete Cartas do Apocalipse — A mensagem final de Cristo à Igreja
Comentarista: Claudionor de
Andrade
Data: 13 de Maio de 2012
TEXTO ÁUREO
“Desperta,
ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá”
(Ef 5.14).
VERDADE PRÁTICA
Somente o Espírito Santo pode reavivar a
Igreja e levá-la a posicionar-se como a agência por excelência do Reino de
Deus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
APOCALIPSE 3.1-6.
1 - E ao anjo da igreja que está em
Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete Espíritos de Deus e as sete
estrelas: Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.
2 - Sê vigilante e confirma o restante
que estava para morrer, porque não achei as tuas obras perfeitas diante de
Deus.
3 - Lembra-te, pois, do que tens
recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre
ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei.
4 - Mas também tens em Sardes algumas
pessoas que não contaminaram suas vestes e comigo andarão de branco, porquanto
são dignas disso.
5 - O que vencer será vestido de vestes
brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e
confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.
6 - Quem tem ouvidos ouça o que o
Espírito diz às igrejas.
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Morte: Fim; desaparecimento gradual de
qualquer coisa que se tenha desenvolvido por algum tempo.
Setecentos anos antes que se escrevesse a Carta a Sardes,
esta localidade era uma das cidades mais magníficas do mundo. Desde Sardes governava
o rei de Lídia, com esplendor oriental sobre seu vasto império. Na época do
Apocalipse, Sardes era uma cidade oriental, hostil ao mundo helênico e temeroso
de tudo o que fosse grego. Esquilo, o grande dramaturgo grego, escreveu com
relação a Sardes: "Os que habitam perto de Tmolus juraram destruir o jugo
helênico."
Sardes estava localizada no meio da planície do rio Hermus.
Ao norte dessa planície ergue-se a longa cordilheira do monte Tmolus; desde
essa cordilheira se apartam uma série de cadeias menores, como esporões, cada
uma das quais abrange uma estreita meseta. Sobre um destes esporões, a
quinhentos metros de altura, levantava-se a Sardes original. É evidente que
essa posição convertia Sardes numa praça militar virtualmente inexpugnável. Os
lados da meseta eram suavemente escarpados; somente podia penetrar-se em Sardes
pelo lugar onde a meseta se unia à cadeia de Tmolus. Mas ainda por esta
passagem o ingresso era difícil e íngreme. Tem-se dito que Sardes se elevava
como uma enorme torre de vigia sobre o vale do Hermus. Chegou o momento quando
o espaço de que dispunha a cidade em sua meseta foi muito estreito para a
expansão de suas edificações. Sardes seguiu crescendo, então, sobre o sopé da
meseta. O nome de Sardes (Sardeis em grego) é uma palavra plural, porque
em realidade tratava-se de duas cidades, a cidade sobre a meseta e a cidade no
vale abaixo da meseta.
No tempo de João, Sardes,
antes capital do antigo reino de Lídia, era comparativamente insignificante.
Até a igreja participava dessa humilhação – tens nome de que vives, e estás
morto (v. 1).
COMENTÁRIO
(3.1) I. “...Ao anjo da igreja”. Nada se sabe
acerca desse anjo (pastor) da igreja de Sardes, exceto aquilo que poderia ser
depreendido do presente texto. Pelo uso da expressão: “tens nome de que vives”
dá a entender sua grande popularidade. A História Eclesiástica menciona um
“anjo” muito famoso dessa igreja, mas sua estada ali se seu no século II, e não
no primeiro; seu nome era Melito. Melito, o Bispo de Sardes, do século II d.C.,
é mencionado três vezes na “História Eclesiástica” de Eusébio. Melito escreveu
uma apologia, dirigida ao imperador romano, em defesa da fé cristã. Ele foi um
crente intenso, dotado de grande poder e autoridade na sua geração.
1. SARDES. O nome significa em grego “príncipe de gozo”. Situação
Geográfica: encrava-se no pequeno Continente da Ásia Menor. Era essa a
capital do antigo reino da Lídia. Originalmente Sardes fora uma fortaleza
poderosa, mas Ciro, rei da Pérsia, derrotou esta cidade e outras das
redondezas, no ano de (549 a. C.). Essa cidade passou às mãos de Antíoco, o
Grande, “Ali, por ocasião em que essa carta estava sendo escrita, achava-se
essa Igreja em uma situação espiritual extremamente melindrosa. O processo de
declínio de seu pastor fora tão sutil que, na realidade, nem fora observado”.
Dois gêneros de mortes estavam rondando este “anjo”: (a) a morte moral (b) a morte espiritual. (Cf. Gn 20.3 e Ef 2.1). Ele se
encontrava duplamente morto (cf. Jd v. 12). A igreja é representada pelo seu
pastor, mas também é repreendida por Cristo através do mesmo. Ela é repreendida
por viver em situação contraditória: a vitalidade exterior disfarça morte
espiritual interior. É uma situação de limite, da qual ela se recuperará
mediante “uma lembrança” do que tem recebido e ouvido da parte do Senhor, que
diz: “Lembra-te pois do que tens recebido e ouvido, e guarda-o!”.
(3.2) I. “...confirma os restante”. Embora o pastor de Sardes estivesse sendo classificado como
“mortos” a vista de Deus, esta dupla ordem de Jesus Cristo nos deixa entrever
que ainda, na sua vontade, Ele tenta um derradeiro esforço para salvar o
restante. Porém, a parte da pregação, deveria fazê-la o pastor. É óbvio, diz M.
S. Novah que alguns havia na igreja que ainda tinham um pouco de vida
espiritual. Daí Jesus haver dito: “...confirma os restantes, que estavam para
morrer”. A recomendação de Cristo é urgente, e ordena livrar “os que estão
destinados à morte”. A expressão “confirma” depreendida do texto em foco, não
significa: confirma sua morte, mas, confirma sua fé (cf. At 14.22). O Dr. R.
Norman observa que aquela igreja já não estava inteiramente destituída do bem,
da vida e da esperança. O que era bom precisava ser melhorado. Ela tinha que
ouvi o grito: “Torna-te desperto, e põe-te a vigiar” (Vincent, in loc). Essa é
uma tradução literal do que diz o grego (Ef 5.14). O sono deles era um sono
letal, a menos que se despertassem.
(3.3) I. “...Virei sobre ti como um ladrão”. O leitor deve observar com atenção a frase, “como”
antecipando as palavras “um ladrão”.
1. O Dr. Russell Norman Champrin, Ph, D. Grande expoente do
Apocalipse, diz que essa frase tem as seguintes significações: (a) De maneira
inesperada; (b) Como um laço tristonho para os que não estiverem preparados;
(c) Sem nenhuma oportunidade de aviso prévio. As Escrituras que falam da Vinda
(Parousia) de Cristo, como um ladrão, são: *Mt 24.53; Lc 12.38; 1Ts 5.2, 4; Ap
3.3; 16.15). A expressão: “como um ladrão de noite” em (2Pd 3.10), não se
aplica à segunda Vinda de Cristo, mas ao “dia do Juízo Final”, e expurgação de
céus e terra. A palavra “ladrão”, com esse sentido, no grego hodierno é
Kleptós, indica alguém que normalmente não rouba com violência, mas que obtém
sucesso com suas habilidades imprevisíveis, em contraste com outro vocábulo,
“Lestes”, que significa “assaltante”, aquele que se apossa do alheio por meio
da violência. (As próprias autoridades judiciais distinguem, entre o furto e o
roubo). Segundo um exegeta, a frase empregada neste versículo, é “Hleptós”, e
indica uma forma “invisível”, “inesperada”, de alguém, em direção de algo
precioso, como por exemplo: “um tesouro” (Israel). Sl 135.4: “uma pérola” (a
Igreja). Mt 13.44-46 e ss). Esse deva ser o significado do pensamento aqui e
nos textos que se seguem.
(3.4) I. “...e comigo andarão de branco”. O branco é a cor da retidão, da pureza e inocência. Os
sacerdotes acusados, mas justificados diante do Sinédrio {O Sinédrio. É o vocábulo grego synedrion (do qual o termo
hebraico sanhedrin é uma palavra emprestada). No NT o termo se refere à suprema
corte judaica composta de 70 membros e um presidente: O Sumo Sacerdote} eram vestidos com um manto branco como sinal de sua
inocência. (Ver o que diz Judas V.23: “...aborrecendo até a roupa manchada da
carne”). Esse “andar” referido no presente texto, é presente e escatológico,
isto é, em companhia de Cristo em todos os tempos (cf. Ec 9.8). Durante toda
História de Israel, Deus preservou para Sl um “remanescente”, e durante toda
História da Igreja aqui na terra, o mesmo acontecerá. “O remanescente de Israel
não cometerá iniqüidade, nem proferirá mentira, e na sua boa não se achará
língua enganosa; Porque serão apascentados, deitar-se-ão, e não haverá quem os
espante” (Sf 3.13). Verdade é que nem todos em Israel e na Igreja, andariam de
branco com Jesus, mas “alguns”. É esta reserva moral que durante todos os
períodos de apostasia é louvado pelo Senhor (cf. 1Rs 19.18; Is 1.9; Ez capítulo
9; Rm capítulo 11). Àqueles que não “contaminaram seus vestidos”, Jesus os
chamou de “dignos”. Este elogio parece único nas sete Igrejas da Ásia Menor; e
só foi dito às pessoas fiéis da igreja de Sardes, pois todo o restante dela
estava morto.
(3.5) I. “...Livro da Vida”. Referências
bíblicas ao “Livro da Vida” se acham em (Êx 32.33; Sl 69.28; Dn 12.1; Fl 4.3.
Também se pode comparar isso com trechos como Lucas 10.20 e Hebreus 12.23).
Passagens similares sobre o mesmo assunto podem ser vistas em (Dn 7.10; Ap 13.8
e 20.12, 15). Há referências nos escritos pagãos às idéias contidas neste
versículo. Dentro da astrologia babilônica, poderíamos considerar o próprio
Zodíaco como o livro ou tabletes sobre os quais eram escritos a vontade divina
e o destino humano.
1. E confessarei o seu nome. A presente passagem lembra o que
disse Jesus a seus discípulos: “Portanto, qualquer que me confessar diante dos
homens eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10.32). Isto
é, “testificar que pertence a Mim”. No final das contas, o discipulado secreto
é impossível, pois depois da Morte de Cristo, não é mais aceito essa maneira de
proceder (Jo 19.38). No contexto de Mateus 10.34 e 39, esta confissão pública
de fé em Cristo acarreta divisões e conflitos, primeiramente na vida da
família, depois do mundo.
(3.6) I. “...Quem tem
ouvidos”. A presente recomendação da parte de Cristo é feita também nos
Evangelhos (Mateus e Marcos), sobre a forma: “Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça” (Mt 13.9, 43 e Mc 4.23, etc). No texto em foco, a recomendação é feita a
todas as igrejas, e se repete nos capítulos 2 e 3 por sete vezes (2.7, 11, 17,
29; 3.6, 13, 22). Os “ouvidos” de um homem são a sua sensibilidade espiritual,
e o seu “ouvir” é o uso dos meios espirituais que produzem mudanças em seu
íntimo, conforme se vê exigido nas advertências e promessas anteriores. A
expressão, no dizer de Vincent: “...é usada sempre acerca de verdades radicais,
grandes princípios básicos e grandes promessas”. As sete cartas deveriam ser
“lidas” nas igrejas (Ap 1.3). Poucas pessoas poderiam “lê-las” pessoalmente,
mas todos poderiam “ouvir” a leitura dessas instruções. “O ouvido que ouve! Um
dos mais solenes estudos da Bíblia inteira é aquele concernente ao “ouvido que
ouve” (Alford, in loc).
CONCLUSÃO
Por meio de um chamado ao
arrependimento muito insistente são martelados cinco imperativos para dentro do
dormitório da comunidade. A figura da morte espiritual transita para a metáfora
do sono espiritual (cf. Ef 5.14): Sê vigilante (―Acorda!). O chamado
para despertar é imediatamente relacionado com a incumbência ao vigilante: e
consolida (―fortalece) o resto (―restante) que estava para morrer
(―está prestes a morrer). A mesma incumbência Ezequiel havia recebido
outrora: ―eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel (Ez 3.17-19; 33.7-9).
A igreja de Jesus é,
conforme Ap 1.1, profetiza, ou seja, ―igreja de Ezequiel. Deve alertar seus
arredores diante do juízo que se aproxima. Contudo, em Sardes o Ezequiel do NT dorme
no ponto. Ele dorme e deixa dormir, i. é, morrer. Portanto, a perseverança (Ap.
1.9) definhou na igreja em Sardes definhou. Ela diz: ―Ainda será demorada a
vinda do Senhor, se é que ele virá!‖ Essa é a sua condição mortal do v. 1. Agora ela é despertada
mais uma vez para o seu serviço de atalaia.
Gramatical e objetivamente
―o restante não é o mesmo que ―os restantes em Ap 2.24. Aqui não ocorre
a ideia de um resto fiel, antes pensa-se no contexto da igreja em Sardes, que estava
para morrer. Contudo, entre a promulgação e a execução da sentença de morte
forma-se um intervalo de clemência, no qual se precisa do testemunho da igreja.
Porém, seria igualmente possível traduzir: ―que quer morrer. Sobre os
condenados passa a dominar a resignação, cf. Ez 33.11: ―Por que é que vocês
estão querendo morrer? (BLH). O ambiente da igreja manifesta esse falta de
vontade, obstinada e desanimada, uma dúvida secreta da graça, do
arrependimento, da mudança e da renovação. No presente contexto ainda não
vigora o quadro terrível de Ap 9.6: ―Naqueles dias, os homens buscarão a morte
e não a acharão; também terão ardente desejo de morrer, mas a morte fugirá
deles‖.
Contudo a evolução corre nessa direção. Sardes deve intervir e instaurar a
obediência da fé: Consolida (―Fortalece) o resto que quer morrer! Consta
ainda, como o resultado conclusivo de uma investigação judicial: não tenho
achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus. A igreja, que tinha
a fama de ser ―igreja viva, ficou devendo uma parcela decisiva de seu
ministério, a saber, o serviço de vigilância na noite da ausência de fé e
esperança. O servo preguiçoso enterrara os seus talentos (Mt 25.25) e vivera
para si mesmo.
Novamente temos de
recordar palavras de Ezequiel: Deus criticou os profetas daquele tempo porque
deixavam os ímpios correrem inadvertidamente para a morte e se preservavam a si
mesmos (Ez 13.5; 3.17-19; 33.6; 34.1-6). Em analogia, a igreja não vivia para a
sua missão, que obteve quando se tornou igreja, e para a qual ela foi amada,
redimida e criada (Ap 1.5,6).
REFERÊNCIAS:
BARCLAY, William, THE
REVELATION OF JOHN.
MOODY, COMENTÁRIO BÍBLICO MOODY.
POHL, Adolf, COMENTÁRIO
ESPERANÇA, APOCALIPSE DE JOÃO.
SILVA, Severino
Pedro da, APOCALIPSE VERSÍCULO POR VERSÍCULO.
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