Na época do Antigo Testamento, a sabedoria era muito valorizada pelos governantes do Oriente. Eles possuíam "sábios" conselheiros, aos quais costumavam consultar antes de tomar decisões importantes. Se folhearmos as Sagradas Escrituras, encontraremos personagens bem conhecidos, como José, considerado sábio no Egito, e Daniel e seus amigos, respeitados por sua sabedoria na Babilônia.
Nos dias de hoje, a sabedoria também é uma das principais ferramentas para lidar com as decisões críticas do cotidiano, de forma a obter sucesso. No entanto, não basta ter estudo e um grande nível intelectual. Não é nisto que consiste a sabedoria, mas sim, na habilidade de saber usar seu conhecimento para enfrentar as adversidades com honestidade e coragem, de modo que os propósitos de Deus se cumpram em sua vida.
As pessoas sábias têm capacidade de compreender uma situação e sabem como reagir da maneira certa e no momento apropriado. Por isso, o Senhor orienta seus filhos, em Efésios 5.15: vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios. E é esta sabedoria tão bem recomendada e supracitada na Bíblia que nos mantém em harmonia com os princípios e os propósitos do Senhor.
Quem é sábio tem convicção da existência de qm Deus criador e redentor que nos ama. Quem tem sabedoria busca um relacionamento correto com Ele, pois sabe que a obediência faz com que tudo trabalhe a seu favor. Isto não significa que estará imune a tribulações, porque estas intempéries fazem parte da vida. Mas garante-lhe paz, ânimo, força, esperança e entendimento para lidar adequadamente com os problemas cotidianos.
O conselho mais importante
Destacarei o conselho mais importante do homem mais sábio da Bíblia: Salomão, cujo nome deriva da raiz Shalom, que significa paz. Filho de Davi e Bate-Seba, Salomão tornou-se o terceiro rei de Israel. Seu reinado de 40 anos foi considerado uma época áurea, sem guerras, devido à sua grande sabedoria, prosperidade e às suas riquezas abundantes.
Sempre que mencionamos o nome deste rei, lembramo-nos da famosa história das duas mulheres que foram ao palácio pedir-lhe uma solução para o problema delas. Elas tiveram filhos no mesmo período, sendo que um deles morreu. Então, a mãe que perdeu o bebê roubou a criança da outra. Ao contarem o ocorrido a Salomão, ele disse:
Trazei-me uma espada. E trouxeram uma espada diante do rei. [...] Dividi em duas partes o menino vivo: e dai metade a uma e metade a outra. Mas a mulher cujo filho era o vivo falou ao rei (porque o seu coração se lhe enterneceu por seu filho) e disse: Ah! Senhor meu, dai-lhe o menino vivo e por modo nenhum o mateis. Porém a outra dizia: Nem teu nem meu seja; dividi-o antes. Então, respondeu o rei e disse: Dai a esta o menino vivo e de maneira nenhuma o mateis, porque esta é sua mãe.
1 Reis 3.24-27
A tão extraordinária sabedoria que Deus concedeu a Salomão vai além da história de seu reinado; envolvia um vasto entendimento e discernimento a respeito da vida e das suas responsabilidades. Tanto que pessoas dos confins da terra iam a Israel para ouvi-lo, e voltavam para casa maravilhadas (1 Reis 4.29-34), incluindo a rainha de Sabá (1 Reis 10.1-7).
Salomão chegou a proferir mais de três mil provérbios, sendo que o mais importante de todos os que estão registrados nas Sagradas Escrituras diz: Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida (Provérbios 4.23). Trata-se de um conselho que nos adverte a manter um coração puro, reto, cheio do Espírito Santo, não contaminado pelos sentimentos perversos, pensamentos maus nem pelos desejos ilícitos.
Quando o cristão emprega este sábio conselho no seu dia-a-dia, entende que a sabedoria não é uma idéia abstrata nem teórica, mas totalmente prática. Pois um coração repleto de elementos desordenados conduz a vida por um caminho errado, contrário a tudo de bom que o Senhor almeja para seus filhos.
Por isso, antes de prosseguirmos neste assunto que abordará alguns preceitos importantes para administrar a vida com sabedoria, precisamos entender qual o significado do coração no contexto bíblico. Só assim estaremos prontos para compreender como seguir um caminho próspero e produtivo sob a direção do Pai, superando as adversidades que se interpõem no caminho com as atitudes certas.
O coração no contexto bíblico
Do ponto de vista científico, entendemos que o coração é um órgão muscular que tem o tamanho aproximado de um punho fechado, em uma pessoa adulta. Localizado na caixa torácica entre os pulmões, ele bombeia o sangue para todo o corpo, transportando, assim, oxigênio e nutrientes necessários às células que sustentam as atividades orgânicas.
O cérebro, por sua vez, é considerado o centro diretor da atividade humana. É ele quem controla os movimentos, o sono, a fome, a sede e quase todas as funções vitais necessárias à sobrevivência, além de administrar todas as nossas emoções, como o amor, o ódio, o medo, a alegria e a tristeza.
No entanto, apesar de a ciência apontar o cérebro como o centro diretor do corpo humano, a Bíblia se refere ao coração como o centro da vida. Os pensamentos, a vontade e os sentimentos são atribuídos ao coração literal, sobre o qual existem mais de 80 referências só no livro de Provérbios. Se pararmos para analisar, este vocábulo é utilizado na Palavra de Deus com o mesmo sentido que o usamos no nosso cotidiano, ou seja, aponta para o homem interior.
Neste contexto, da mesma forma que as artérias saem do coração levando nutrição a todas as partes do corpo humano para que funcione corretamente, assim acontece com nossos pensamentos e nossas atitudes. Caso contrário, se uma pessoa possuir um coração impuro e cheio de mazelas, todas as suas ações e vontades serão contaminadas e influenciarão suas atitudes negativamente.
Logo, dizer que precisa guardar o coração significa não se deixar contaminar pelas mazelas do mundo, além de manter a comunhão com o Altíssimo e uma espiritualidade genuína, longe da superficial idade e da hipocrisia. Tudo que faz a vida tornar-se digna de ser vivida origina-se no interior do homem e manifesta-se em suas atitudes de múltiplas maneiras. Isto engloba todos os valores espirituais de uma pessoa, bem como os atos daí resultantes.
Como diz Mateus 15.19,20: do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São essas coisas que contaminam o homem. Então, aquele que não atenta para aquilo que vê e ouve é um sério candidato a tornar-se uma pessoa infeliz, incapaz de superar as adversidades e de tomar as decisões certas.
Questões para reflexão
Como aprendemos no capítulo anterior, o coração não é um órgão, mas o centro do pensamento, da vontade e dos sentimentos. Então, farei três perguntas básicas para que possamos refletir no decorrer deste livro:
Que pensamentos você tem alimentado?
Quais os desejos do seu coração?
Que sentimentos dominam você?
Extraído do livro ”Atitudes certas diante das adversidades" (de Silas Malafaia)
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