Figuras e Símbolos do Espírito Santo
I - Figuras e Símbolos
É importante estarmos familiarizados com a linguagem gramatical das Escrituras, tendo em vista a significação correta das palavras, a forma das frases e as particularidades idiomáticas da língua empregada.
De igual modo devemos conhecer o que cada figura representa, à luz do contexto lógico. A. linguagem figuía-da e certos símbolos empregados na Bíblia, quando bem apresentados, nos dão maior segurança, intensidade e beleza na interpretação.
As figuras de linguagem, também chamadas figuras de estilo, são recursos especiais de que se vale quem fala ou escreve, para comunicar-se com mais força, colorido, evidência e beleza.
Deus também permitiu que certas figuras e símbolos fossem inseridos no cânon sagrado, para melhor compreensão de determinadas verdades espirituais. O Espírito Santo é representado na Bíblia por muitas figuras e símbolos, conforme veremos a seguir.
II - Figuras e Símbolos do Espírito Santo
Estas são as figuras e símbolos do Espírito Santo nas Escrituras: ÁGUA CHUVA RIO
ORVALHO VENTO ÓLEO UNÇÃO FOGO COLUNA PENHOR SELO VINHO POMBA
Evidentemente há outras, detectadas por inferência. Entretanto, estas são as mais usadas e conhecidas dos estudiosos da Bíblia.
1. Água
"Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes" (Is 44.3).
A água encontra-se em três regiões do Universo:
• na expansão dos céus (Gn 1.6-10);
• sobre a face da terra (Gn 7.11);
• debaixo da terra (Jo 38.30).
Esta é uma figura real do Espírito Santo - Ele opera nas três dimensões da constituição humana, produzindo a regeneração do espírito, da alma e do corpo (cf. 1 Ts 5.23). A operação miraculosa do Espírito no homem produz um tipo de "lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo" (Tt 3.5). Certamente era este o sentido das palavras do apóstolo Paulo, ao ensinar a igreja de Corinto sobre a atuação poderosa do Espírito: "Todos temos bebido de um Espírito" (1 Co 12.13). Uma outra figura, utilizada por Jesus, compara o Espírito Santo a "rios de água viva". Em seu imortal discurso em Jerusalém, no último dia da festa, o Mestre convida: "Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem..." (Jo 7.37-39).
O ato de beber do Espírito Santo fala evidentemente de algo que mata a nossa sede espiritual. Alguns têm fome e sede de justiça (Mt 5.6); outros têm fome e sede de evangelizar os perdidos (Rm 15.19,20); outros ainda têm fome e sede de uma comunhão perfeita e permanente com o Espírito (Gl 5.25). O Espírito, como fonte perene, calma e cristalina, satisfaz toda e qualquer necessidade espiritual ou reverte o estado de sequidão em nossa vida. Ele é realmente a Água da vida, que "refrigera a nossa alma" nos desertos cálidos deste mundo injusto e cruel.
O cálice, neste caso, fala da comunhão entre o Espírito Santo e o crente que se dispõe a seguir sua orientação. Pão e água são os dois elementos essenciais à sobrevivência humana. No campo espiritual isso é ainda mais evidente: Cristo, o Pão da vida, satisfaz a nossa fome espiritual (Jo 6.35); o Espírito Santo, a Água da vida, satisfaz a nossa sede espiritual (Ap 22.17).
2. Chuva
"E a elas [as ovelhas], e aos lugares ao redor do meu outeiro, eu porei por bênção; e farei descer a chuva a seu tempo: chuvas de bênção serão" (Ez 34.26). Tiago, o irmão do Senhor Jesus e autor da epístola que leva o seu nome, menciona "as primeiras chuvas e últimas chuvas", como sendo a "chuva têmpora e serôdia", baseado na metáfora agrícola (Tg 5.7). O apóstolo sabia muito bem dessas chuvas, por experiência pessoal. Os lavradores palestinos esperavam o "precioso fruto da terra", aguardando as chuvas oportunas, tanto as primeiras (no hebraico, yoreh ou moreh) como as últimas (no hebraico, malhos).
Na Palestina, a estação chuvosa normalmente começa nos primeiros dias de outubro e muitas vezes se prolonga até janeiro, quando se transforma em neve. As primeiras chuvas provêem umidade à semente recém-plantada, para que possa germinar. Portanto, é sinal para a semeadura.
As últimas chuvas ocorrem em abril e maio, e são necessárias para que a semente amadureça. Este simbolismo, aplicado ao Espírito Santo, fala da beneficência que Ele traz à Igreja como um todo e ao crente em particular. A chuva sempre foi retratada como sendo uma "bênção de Deus", que traz alegria aos corações (At 14.17).
Na metáfora de Tiago, o simbolismo é perfeito: o Espírito Santo desceu no dia de Pentecoste, preparando assim a terra para a grande semeadura da Palavra de Deus. Depois, no decorrer dos séculos, as últimas chuvas, ou seja, suas manifestações contínuas neste mundo, especialmente onde a vontade de Deus é aceita, têm produzido o amadurecimento e garantido uma safra de almas abundante (cf. Jo 4.35-38).
No final, aparece o "precioso fruto da terra" como o resultado satisfatório da chuva, da semeadura e da colheita.
• O "precioso fruto da terra" é a Igreja;
• O "lavrador" é Deus. Assim interpretou Jesus: "Eu sou a videira verdadeira, meu Pai é o lavrador" (Jo 15.1);
• a "chuva têmpora" é a descida do Espírito Santo no dia de Pentecoste (At 2.1-4);
• a "chuva serôdia" refere-se a outras manifestações do Espírito: batizando os crentes e concedendo-lhes dons (At 8.15-17; 9.17; 10.44-46; 19.1-6; 1 Co 1.7; 12.1-11). E, na Igreja que se seguiu, a chuva do Espírito Santo tem continuado e continuará até o dia do arrebatamento da Igreja por Jesus Cristo (Mc 16.17 etc).
3. Rio
"Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre" (Jo 7.38).
Logo no versículo seguinte, encontramos o significado destas palavras de Jesus: "Isto disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem".
Este deve ser também o sentido de Salmos 46.4: "Há um rio [o Espírito] cujas correntes [os dons espirituais] alegram a cidade [Igreja] de Deus, o santuário [coração] das moradas do Altíssimo".
Um rio pode surgir de uma fonte, de um lago ou do derramamento de geleiras. O lugar onde ele nasce é chamado de nascente ou cabeceira. A partir daí, o rio corre em direção a outro rio, a um lago ou mar, onde lança suas águas. O lugar onde o rio lança suas águas chama-se foz.
Chamamos curso ao caminho percorrido por um rio entre sua cabeceira e sua foz; o terreno sobre o qual as águas correm é denominado leito. As terras de um e outro lado do rio são as margens.
De acordo com historiadores judaicos, o último dia da festa dos Tabernáculos era denominado "Dia do Grande Hosana", porque se fazia um circuito, por sete vezes, em torno do altar, ao mesmo tempo que todos clamavam: "Hosana!".
Antes do dia final, um sacerdote trazia, em um vaso de ouro, água tirada do tanque de Siloé, e então, acompanhado por um cortejo jubiloso, seguia até o Templo. Despejava a água sobre o altar, juntamente com vinho, cerimônia esta acompanhada pelo cântico do Halel (Sl 113-118). Simbolicamente, segundo os rabinos, esta água mitigava a sede espiritual do povo.
Jesus, entretanto, mostrou àquela gente que sua missão era outorgar uma água eterna, que é o "derramar do Espírito Santo em cada coração". A água anunciada por Cristo não será tirada do Siloé nem levada ao Templo, porque cada crente será um templo do Espírito Santo e uma fonte de vida; não meramente um único rio, mas rios, o que expressa, no pensamento geral da Bíblia, um derramamento do Espírito Santo em sua plenitude (Jl 2.28; At 2.17,18; 10.45; Tt 3.5,6).
4. Orvalho
"Assim pois te dê Deus do orvalho dos céus, e das gorduras da terra, e abundância de trigo e de mosto" (Gn 27.28).
Encontramos, no Antigo Testamento, cerca de 34 referências sobre o orvalho, como sendo um refrigério adicional à escassez das chuvas têmpora e serôdia. Era necessário durante o período de estiagem, para revigoramento da erva e da relva (Dt 32.2). Tornou-se assim, um símbolo do Espírito Santo, por cair gradualmente e, algumas vezes, de maneira imperceptível nos corações humanos. Onde cai o orvalho, ali Deus ordena a bênção e a vida para sempre (Sl 133.3), trazendo prosperidade à alma sob a influência do Espírito Santo, como gotas copiosas.
1. Vento
"O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito (Jo 3.8). Os ventos sempre trazem consigo as características dos lugares de onde vêm. Assim podemos descobrir, através de nosso sistema sensível, os ventos quentes e os frios, os úmidos e os secos. Para sabermos se estamos caminhando em direção a terra ou em direção ao mar, basta parar um pouco ao cair da noite e analisar a direção do vento.
Os ventos mais importantes para esse tipo de orientação são os alísios. Os ventos alísios são carregados de umidade, pois vêm dos oceanos. Pela madrugada, as brisas continentais (ventos que sopram da terra para o mar) tornam-se mais essenciais para orientação. Assim, é fácil saber se as brisas estão soprando para o mar ou para a terra.
A pressão depende da temperatura, e os ventos, dos diferentes níveis de pressão. Assim, de madrugada a terra está mais "fria" que a água, o que significa maior pressão atmosférica sobre a terra. Por isso, o vento sopra do continente para a água. À tarde, ou ao cair da noite, a água está menos quente que a terra, o que quer dizer maior pressão do ar sobre a água.
Assim o diz a ciência, e assim acontece com o soprar do Espírito Santo em nossas vidas.
Se Ele sopra "suave", está indicando a direção traçada por Deus a favor de seus filhos, numa rota onde a calma e a tranqüilidade nos esperam (cf. Gn 8.1).
Se Ele sopra "veemente e impetuoso", como no dia de Pentecoste, é sinal evidente de sua presença com manifestações de poder (At 2.1-4; Hb 2.4).
Se Ele sopra apenas com "gemidos inexprimíveis", está nos alertando de perigos iminentes (cf. Rm 8.26; Hb 3.7,8).
Esses movimentos do Espírito Santo são completamente desconhecidos para o pecador. Por isso Jesus instruiu Nicodemos, um mestre do primeiro século de nossa era, acerca do "movimento" produzido pelo Espírito Santo neste mundo.
Então o Mestre disse: "O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes [Nicodemos é que não sabia] donde vem, nem para onde vai". Assim, Nicodemos não sabia também do movimento operado pelo Espírito Santo, que produz a regeneração do homem, porque isso se "discerne espiritualmente" (Jo 3.8; 1 Co 2.14).
6. Óleo
"Amaste a justiça e aborreceste a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros" (Hb 1.9).
Na Bíblia, o azeite da unção era usado somente para consagração de pessoas de grande poder, tais como reis (1 Sm 10.1; 16.13), sacerdotes (Lv 8.30) e profetas (1 Rs 19.16; Is 61.1). Também eram ungidos com óleo os escudos dos ilustres guerreiros, numa demonstração de honra (2 Sm 1.21; Is 21.5).
O tabernáculo e seus móveis foram também ungidos (Êx 30.22-33), e os enfermos eram muitas vezes ungidos com azeite, para que sua fé aumentasse e seus pecados fossem perdoados (Mc 6.13; Tg 5.14,15). Mas parece que o óleo usado na unção dos enfermos não era o mesmo da "santa unção" (cf. Êx 30.31,32). Neste caso, a unção de homens e coisas não podia ser feita com qualquer tipo de óleo, e sim com um óleo especial chamado "azeite da santa unção" (Êx 30.31).
Metaforicamente, é chamado "óleo fresco" (Sl 92.10), "óleo precioso" (Sl 133.2), "excelente óleo" (Am 6.6), "óleo de alegria" (Sl 45.7). O óleo, portanto, tomado neste sentido simboliza o Espírito Santo como "unção especial" para os salvos em Cristo - que quer dizer também "ungido". Em Atos 10.38, o Espírito Santo é retratado como aquEle que consagrou a Cristo com este tipo de unção especial: "Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele". E, em 1 Coríntios 1.21, Paulo afirma que quem nos capacitou para o desempenho de nossa missão foi Deus. "O que nos ungiu é Deus", disse o apóstolo. O Espírito Santo, de fato, é a unção de Deus em nossas vidas, tanto para aprender como para ensinar (Lc 4.18,19; 1 Jo 2.20,27). Sempre que alguém era ungido com óleo, as pessoas ao redor mantinham respeito e reverência. Era expressamente proibido por Deus tocar em alguém que tivesse recebido a unção com óleo (2 Sm 1.21). O Espírito Santo, portanto, torna-se nosso protetor, a garantia de que as forças do mal não nos tocarão.
7. Unção
"E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo... e a unção que vós recebestes dele, fica em vós..." (1 Jo 2.20,27).
Já tivemos a oportunidade de analisar o óleo como símbolo do Espírito Santo. Agora, estudaremos este outro símbolo, que, evidentemente, alude à operação e influência do Espírito Santo na vida dos crentes, ensinando as verdades mais profundas da Bíblia, ao mesmo tempo que dá a interpretação e significação de cada palavra nela inserida.
A unção desempenha grande papel na vida física das raças orientais, tal como o orvalho faz reviver a verdura das colinas. Assim também a influência curadora e suavizante do Espírito Santo soprada sobre os filhos de Deus, nos "guiando em toda a verdade" e ensinando "todas as coisas" concernentes a Deus e sua Palavra".
8. Fogo
"E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11). O fogo é sinal da presença de Deus.
As manifestações de Deus algumas vezes faziam-se acompanhar pelo fogo (Êx 3.2; 13.21,22; 19.18; Dt 4.11), que tanto representa sua presença como sua glória (Ez 1.4,13), sua proteção (2 Rs 6.17), sua santidade (Dt4.24), seus juízos (Zc 13.9), sua ira (Is 66.15,16) e, finalmente, o Espírito Santo (Mt 3.11; At 2.3; Ap 4.5).
No Antigo Testamento, a ordem divina era conservar o fogo aceso diuturnamente: "O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará" (Lv 6.13) - sinal evidente da presença de Deus no meio do seu povo.
No Novo Testamento, a ordem divina é a mesma: "Não extingais o Espírito" (1 Ts 5.19). Numa outra tradução: "Não apagueis o Espírito". Em outras palavras, Paulo quer dizer que a chama do Pentecoste "deve arder em nossos corações todos os dias, até a consumação dos séculos".
1. Coluna
"E o Senhor ia diante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de noite. Nunca tirou de diante da face do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite" (Êx 13.21,22).
A coluna, seja como símbolo religioso, marco ou monumento, traz sempre a idéia de firmeza. Paulo, por exemplo, valeu-se dessa figura para representar a Igreja: "Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa; mas, se tardar, para que saibais como convém andar na casa de Deus, que é a igreja de Deus vivo, a coluna e a firmeza da verdade" (1 Tm 3.14,15).
Como símbolo do Espírito Santo, a coluna fala da força espiritual mediante a qual a alma será eternamente abençoada, e, sendo de natureza divina como aquela que acompanhou o povo de Deus no deserto, serve de proteção, iluminação e orientação. O Espírito Santo é tudo isso e muito mais, com relação à Igreja. Ele foi posto por Deus no edifício espiritual de Cristo, que é sua Igreja, para segurança, ornamentação e beleza. A nuvem da glória de Deus, em dado momento, quando Israel estava em extremo perigo, "se retirou de diante deles, e se pôs atrás deles... e a nuvem era escuridade para aqueles, e para estes esclarecia a noite: de maneira que em toda a noite não chegou um ao outro" (Êx 14.19,20). Podemos observar nesta passagem a ação imediata de Deus, mudando de posição a coluna que guiava o seu povo, retirando a nuvem de "diante" deles e pondo-a "atrás" deles.
A manobra divina deu versatilidade à nuvem: "... era escuridade para aqueles [os egípcios], e para estes [os israelitas] esclarecia a noite". O Espírito Santo também assumiu a posição de "divisor" da santidade que separa a Igreja do mundo, de tal maneira que durante toda a trajetória da Igreja nesta Terra, "não chegou um ao outro".
A coluna de nuvem acompanhou Israel através do deserto e um dia desapareceu na fronteira de Canaã, ao atingirem a margem oriental do Jordão. O povo foi, então, orientado a espalhar-se em volta da arca da aliança, num raio de 914 metros, para contemplar mais facilmente o símbolo guia da glória de Deus flutuando nos ombros dos sacerdotes. Agora, o povo não seguia mais a coluna de nuvem (ela havia desaparecido!), e sim a arca da aliança do Senhor. Assim também acontecerá com o Espírito Santo, no dia do arrebatamento da Igreja. Ele terá cumprido sua missão, entregando a Noiva nos braços de Cristo - a Arca divina. Cristo, então, a conduzirá à sala do banquete nupcial (Ct 2.4; Mt 25.6,10).
10. Penhor
"Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito" (2 Co 5.5).
O vocábulo "penhor", do grego arrabon, significa "primeira prestação", "depósito", "garantia". Indica o pagamento de parte do preço total da compra. Esta "primeira prestação" recebida é a regeneração. O valor total será complementado com os pagamentos intermediários - a santificação - e o pagamento final - a redenção do nosso corpo (cf. Rm 1.4; 8.23; Tt 3.5). O Espírito Santo que, mediante a Palavra de Deus e por todos os meios da graça, nos capacita a atingir a glória eterna, transformando-nos "de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Co 3.18), é evidentemente a nossa garantia.
11. Selo
"O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações" (2 Co 1.22).
O uso mais comum do selo, na antigüidade, era na autenticação de documentos, cartas, títulos de propriedade e recibos de mercadoria ou dinheiro.
Após deixar a mensagem em escrita cuneiforme, o escriba pedia que o remetente e as testemunhas removessem de seus pescoços os próprios selos cilíndricos, que eram rolados sobre a argila ainda mole, servindo de assinatura. As leis romanas, por exemplo, somente aceitavam um testemunho se estivesse selado com "sete selos" e confirmado por "sete testemunhas".
Nas Escrituras, o selo traduz vários significados e aplicações:
GARANTIA (Gn 38.18)
JURAMENTO (Jr 22.24)
CONFIRMAÇÃO (Jo 6.27)
JUSTIÇA E FÉ (Rm 4.11)
AUTENTICIDADE (1 Co 9.2)
FUNDAMENTO (2 Tm 2.19)
SEGURANÇA (Mt 27.66; Ap 20.3)
IRREVOGABILIDADE (Et 8.8; Dn 6.17)
PROMESSA (Ef 1.13)
REDENÇÃO (Ef 4.30)
MISTÉRIO (Ap5.1)
VIDA (Ap 7.2)
PRESERVAÇÃO (Ap 9.4)
O selo, como figura do Espírito, traduz para a Igreja todas as vantagens mencionadas acima e muito mais. O Espírito Santo sela a Igreja (Ct 4.12), a lei do Senhor (Is 8.16), o coração (Ct 8.6), a visão e a profecia (Dn 9.24) e os crentes para o dia da redenção (2 Co 1.22; Ef 1.13; 4.30; 2 Tm 2.19). Fomos selados com o selo da promessa, que nos dá a garantia de pertencermos somente a Deus.
12. Vinho
"E o vinho que alegra o coração do homem, e faz reluzir o seu rosto como o azeite, e o pão que fortalece o seu coração" (Sl 104.15).
Esta figura do Espírito Santo é pouco usada pelos escritores. Entretanto, sem dúvida alguma, também se reveste de significação especial.
Para o povo hebreu, o vinho e a vinha são usados para representar a prosperidade e a bênção. Possuir uma vinha próspera era sinal evidente do favor divino. Também era considerada uma dádiva de Deus ao homem: "E lhe darei as suas vinhas dali, e o vale de Açor, por porta de esperança: e ali cantará como no dia da mocidade, e como no dia em que subiu da terra do Egito" (Os 2.15).
Jesus afirmou ser "a videira verdadeira", e comparou o Pai, Senhor dos homens e Deus do Universo, a um proprietário de vinha (Jo 15.1). O fruto da vide, que é o vinho, ilustra a alegria que existe entre os salvos; o cálice fala da comunhão que temos, promovida pelo Espírito Santo "derramado em nossos corações". Paulo cita-a como "a comunhão do Espírito Santo" (2 Co 13.13).
No dia de Pentecoste, em Jerusalém, as pessoas de fora acharam que os discípulos estavam "cheios de vinho" (At 2.13). Pedro, então, explicou-lhes que aquilo era alegria do Espírito Santo. Em outras palavras, eles não estavam embriagados com vinho, mas cheios do Espírito Santo!
13. Pomba
"E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se uma voz do céu que dizia: Tu és meu filho amado, em ti me tenho comprazido" (Lc 3.22).
Dificilmente tal simbolismo seria associado a João Batista. Ele era um profeta de grande poder. Sua mensagem produzia sempre o choro, e não o riso. Era mesmo uma mensagem de arrependimento. Suas palavras, de fato, faziam doer: víboras, pedras, machado, pá, fogo, deserto, ira, fuga etc.
De outro lado, porém, João Batista era meigo e cheio de compaixão. Era "cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe" (Lc 1.15); entretanto, sobre ele repousava a unção divina em sua plenitude.
João Batista viu o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre Jesus (Jo 1.32). Manso, terno, puro e inofensivo como uma pomba: assim Ele é. Como pomba, o Espírito Santo pode ser assustado ou entristecido (Ef 4.30). E, como a pomba é o símbolo universal da paz, também o Espírito Santo promove a paz nos corações dos homens.
Dizem os naturalistas que a pomba não tem fel. Assim também o Espírito Santo - nEle não existe amargura!
Alguns intérpretes opinam que o Espírito foi representado na forma "corpórea" de uma pomba pelos seguintes motivos:
a. Sua ternura e apego ao homem. Que mostra como Deus encaminha pacientemente os homens à realização de sua potencialidade espiritual.
b. Sua gentileza. Deus trata conosco de modo positivo e completo, embora com grande gentileza.
c. Seu vôo gentil e a ternura para com os filhotes. O Espírito Santo é benigno - sempre.
d. Pelas virtudes singulares que representa. Por exemplo, a pureza e a inocência. Nos escritos judaicos, quan do o Espírito Santo aparece "pairando" sobre a face das águas é expressamente comparado a uma pomba. Simboliza a natureza calorosa e revivificadora da terceira Pessoa da Santíssima Trindade (Gn 1.2).
Extraído do livro ”A Existência e a Pessoa doEspírito Santo" (de Severino Pedro da Silva)
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