terça-feira, 1 de setembro de 2015

Lição 10 – O Líder Diante da Chegada da Morte

SUBSÍDIO PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.

3º Trimestre/2015

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 2 Timóteo 4.6-17

TEXTO ÁUREO: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (2 Tm 4.7).

INTRODUÇÃO
Para o apóstolo Paulo a morte não era uma tragédia. Para ele, morrer era partir para estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp 1.23). Ele desejava, preferencialmente, estar com o Senhor - “Desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor” (2 Co 5.8). Somente aqueles que têm o Espírito Santo como penhor (2 Co 5.5) podem ter essa confiança do além-túmulo. O penhor do Espírito é uma garantia de que caminhamos não para um fim tenebroso, mas para um alvorecer glorioso; caminhamos não para a morte, mas para a vida eterna, para habitação de uma mansão permanente. Aqueles que vivem sem essa garantia se desesperam na hora da morte. Na verdade, eles caminham para um lugar de trevas, e não para a cidade iluminada; caminham para um lugar de choro e ranger de dentes, e não para a festa das bodas do Cordeiro; caminham para o banimento eterno da presença de Deus, e não para o bendito lugar onde Deus armará seu “tabernáculo” para sempre conosco. Para o verdadeiro cristão, “o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1.21).

I. A CONSCIÊNCIA DA MORTE NÃO TRAZ DESESPERO AO CRENTE FIEL

1. Serenidade diante da morte. Mesmo estando na antessala da morte e no corredor do martírio, Paulo não usa palavras de revolta nem de lamento. Ele estava consciente e sereno. O veterano apóstolo sabe que vai morrer. Mas não é Roma que tirará a sua vida; é ele quem vai oferecê-la. E ele não vai oferecê-la a Roma, mas a Deus. Paulo compara sua vida com um sacrifício e uma oferta para Deus. Ele disse: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está Próximo” (2 Tm 4.6). Aqui, ele usa a figura da libação, um rito comum na religião judaica, para expressar sua disposição de dar sua vida pelo evangelho e pela igreja. No judaísmo, a libação era o derramamento de vinho ou azeite sobre a oferta do holocausto (cf. Ex 29.40,41; Nm 15.5,7,10; 28.24). Não era uma oferta pelos pecados, mas uma oferta de gratidão ao Senhor. A libação não era o sacrifício propriamente dito. Pelo contrário, era derramada sobre o animal a ser sacrificado (Nm 15.1-10). Paulo, portanto, entendia sua morte como oferenda derramada sobre o sacrifício da igreja (Fp 2.17) e derramada no mais verdadeiro sentido sobre o holocausto [sacrifício total] do Messias Jesus (Rm 8:32).
O grande avivalista americano do século 19, Dwight L. Moody, na hora da morte, disse às pessoas que o cercavam: - “Afasta-se a Terra, aproxima-se o Céu, estou entrando na glória”. O crente fiel comporta-se de forma sereno diante da morte.

2. A certeza da missão cumprida (vv. 7,8). Paulo está passando o bastão para o seu filho Timóteo, mas, antes de enfrentar o martírio, relembra como havia sido sua vida: um duro combate. A vida para Paulo não foi uma feira de vaidades nem um parque de diversões, mas um combate renhido. Paulo lutou contra poderes sombrios da maldade; contra Satanás; contra vícios judaicos, cristãos e gentílicos; contra hipocrisia, violência, conflitos e imoralidades em Corinto; contra fanáticos e desleixados em Tessalônica; contra gnósticos e judaizantes em Éfeso e Colossos; e, não por último - no poder do Espírito Santo —, contra o velho ser humano dentro de si mesmo, tribulações externas e temores internos. Acima de tudo e em todas as coisas, porém, lutou em prol do evangelho - a grande luta de sua vida, seu bom combate. O apóstolo poderia morrer tranquilo porque havia concluído sua carreira, e isso era tudo o que lhe importava (At 20.24). Mas ele também deixa claro que nessa peleja jamais abandonou a verdade nem negou a fé. Não morre bem quem não vive bem. A vida é mais do que viver, e a morte é mais do que morrer.

II. O SENTIMENTO DE ABANDONO

1. O clamor de Paulo na solidão. “Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica; Crescente, para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. Só Lucas está comigo...” (2 Tm 4.9-11). Paulo, já idoso, anseia ter a companhia do jovem pastor Timóteo. Por isso, ele pede que Timóteo se esforce para chegar logo a Roma. O apóstolo sente-se profundamente solitário na prisão em Roma. Ele estava numa cela fria, necessitado de um ombro amigo. Ele, então, roga para que Timóteo vá depressa ao seu encontro. Pede para ele vir antes do inverno (2 Tm 4.21), pois nesse tempo era impossível navegar. Roga a Timóteo que leve também Marcos. O gigante do cristianismo está precisando de gente amada a seu lado, antes de caminhar para o patíbulo. Sua comunhão com Deus não o tornava um super-homem. Dentro do seu peito, batia um coração sedento por relacionamento.
a) Demas o desamparou. Paulo passou a vida investindo na vida das pessoas e, na hora em que mais precisou de ajuda, foi abandonado e esquecido na prisão. Ser esquecido pelos que antes foram colegas na evangelização deve ser uma das mais amargas experiências no serviço cristão. Demas era amigo de Paulo, irmão na fé e parceiro de trabalho. Mas agora Paulo estava na prisão, os cristãos eram perseguidos e o clima politico era claramente desfavorável a eles. Em vez de ansiar pela vinda do Senhor, Demas preferiu amar o presente século e assim abandonou Paulo e foi para Tessalônica. Provavelmente o temor pela segurança pessoal, o levou a se tornar desleal.
Demas é mencionado apenas três vezes no Novo Testamento (Cl 4.14; Fm 24; 2 Tm 4.10). Na primeira vez, era um cooperador; na segunda vez, seu nome é apenas mencionado; e, na última vez, ele é apresentado como um desertor. Começou bem a carreira, mas a encerrou mal. O verbo [desamparou] usado por Paulo implica que Demas não apenas deixou o apóstolo, mas o deixou numa situação difícil. Demas foi atacado pela covardia naquele tempo de terror. Ele foi seduzido de volta ao mundo pelo amor ao dinheiro. Os momentos de adversidade revelam aqueles que realmente são amigos sinceros.
b) Só o médico amado ficou com Paulo. “Só Lucas está comigo...”.  Lucas era o único a manter contato com Paulo em Roma. Deve ter significado muito para o apóstolo ter o estímulo espiritual e a habilidade profissional desse grande homem de Deus. A presença de Lucas com Paulo na sua segunda prisão é um tocante testemunho da lealdade desse companheiro. Lucas já havia acompanhado Paulo em sua viagem a Roma e em sua primeira prisão (At 27). Paulo o chamara de médico amado (Cl 4.14) e colaborador (Fm 24). Feliz é o obreiro que no final da sua lida tem um amigo, como Lucas, para estar ao seu lado. Lucas escreveu tanto o Evangelho que leva seu nome como o livro de Atos.

2. A serenidade dos últimos dias. “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos” (2 Tm 4.13). Paulo precisava de amigos para a alma, livros para a mente e cobertura para o corpo. Ele tinha necessidades físicas, mentais e emocionais. As prisões romanas eram frias, insalubres e escuras. Os prisioneiros morriam de lepra e de outras doenças contagiosas. O inverno se aproximava, e Paulo precisava de uma capa quente para enfrentá-lo. Segundo estudiosos, essa “capa” era uma roupa externa grande, sem mangas, feita de uma única peça de tecido pesado, com um buraco ao meio por onde se passava a cabeça. Servia de proteção contra o frio e a chuva. Paulo tinha deixado a sua “capa” na casa de um homem chamado Carpo, aparentemente onde ele havia se hospedado, em uma de suas visitas a Trôade (provavelmente não a visita mencionada em Atos 20.6, pois esta tinha ocorrido vários anos antes).
Paulo também precisava de livros (feitos de papiro) e pergaminhos (feitos de peles). Estava no corredor da morte, mas queria aprender mais. Paulo precisava de amigos, de roupas e de livros. Precisava de provisão para a alma, a mente e o corpo. Essa atitude de Paulo é um eloquente testemunho de que o homem de Deus, quando está seguro no Senhor, não teme a morte ou quaisquer outras circunstâncias adversas.

3. Preocupações finais com o discípulo. “Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras. Tu, guarda-te também dele, porque resistiu muito às nossas palavras” (2 Tm 4.14,15). Aqui, Paulo alerta Timóteo a respeito de “Alexandre, o latoeiro”. Paulo não dá nenhuma descrição de Alexandre, senão sua profissão. Ele trabalhava com cobre. O apóstolo também não descreve quais foram esses muitos males. Segundo estudiosos, Alexandre pode ter testemunhado contra Paulo no seu julgamento, causando desta forma muitos males ao apóstolo. Os informantes eram uma das grandes maldições de Roma naquela época. Buscavam obter favores e receber recompensas em troca de informações. Isso levou alguns historiadores a afirmar que foi Alexandre, o latoeiro, quem traiçoeiramente delatou Paulo, resultando em sua segunda prisão e consequente martírio. Alexandre se tornou inimigo do mensageiro [Paulo] e também da mensagem [evangelho]. Perseguiu o pregador e resistiu à pregação. Possivelmente, esse Alexandre morava em Trôade, onde Paulo fora preso, e, por isso, o apóstolo exorta a Timóteo que, ao passar por Trôade para pegar seus pertences, se guardasse desse malfeitor.
- “o Senhor lhe pague segundo as suas obras”. Quando Paulo diz estas palavras, não está expressando um espírito vingativo contra Alexandre, mas apenas entregando seu julgamento nas mãos de Deus, a quem pertence esse direito.
“O crente fiel sempre vai encontrar pessoas difíceis em sua caminhada, por isso, precisa estar preparado para lidar com toda a sorte de gente, boas e más”.

III. A CERTEZA DA PRESENÇA DE CRISTO

1. Sozinho perante o tribunal dos homens (v. 16). Paulo se arriscou pelos outros; mas ninguém compareceu em sua primeira defesa para estar a seu lado ou falar a seu favor. Nem Lucas, “o médico amado”, se encontrava na cidade, quando Paulo compareceu a audiência.
Mais perturbador que o frio gelado que se avizinhava pela chegada do inverno, era a geleira da ingratidão que Paulo tinha de suportar no apagar das luzes de sua jornada na terra. Se Alexandre, o latoeiro, falou com deliberada malícia contra Paulo e o evangelho, os amigos de Paulo, em Roma, deixaram completamente de falar, e seu silêncio não se devia à malícia, mas ao medo. O verdadeiro amigo é aquele que chega quando todos já se foram. É aquele que está ao nosso lado, pelo menos para confortar-nos com o bálsamo do silêncio.
O verdadeiro amigo não nos abandona na hora da aflição. Jó fez uma dramática descrição desse abandono na hora de necessidade (“Pôs longe de mim a meus irmãos, e os que me conhecem deveras me estranharam. Os meus parentes me deixaram, e os meus conhecidos se esqueceram de mim. Os meus domésticos e as minhas servas me reputaram como um estranho; vim a ser um estrangeiro aos seus olhos. Chamei a meu criado, e ele me não respondeu; cheguei a suplicar com a minha boca.” Jó 19.13-16). Podem os amigos e companheiros nos abandonar nos momentos difíceis, mas Deus é fiel e jamais nos deixa sozinho.

2. Sentindo a presença de Cristo (v. 17). Paulo foi vitima do abandono dos homens, mas foi acolhido e assistido por Deus. Assim como Jesus foi assistido pelos anjos no Getsêmani enquanto seus discípulos dormiam, Paulo também foi assistido por Deus na hora de sua dor mais profunda.
Quando Paulo ficou desanimado com os coríntios, o Senhor foi até ele e o encorajou (At 18.9-11). Depois de ser preso em Jerusalém Paulo voltou a receber a visita e o estimulo do Senhor (At 23.11). Durante a terrível tempestade em que Paulo estava a bordo de um navio, mais uma vez o Senhor lhe deu forcas e coragem (At 27.22-26). Agora, naquela horrível prisão romana, Paulo voltou a experimentar a presença fortalecedora do Senhor, que havia prometido: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei” (Hb 13.5).
Deus não nos livra do vale, mas caminha conosco no vale. Deus não nos livra da fornalha, mas nos livra na fornalha. Deus não nos livra da cova dos leões, mas nos livra na cova dos leões. Às vezes, Deus nos livra da morte; outras vezes, Deus nos livra através da morte. Em toda e qualquer situação, Deus é o nosso refúgio.

3. Palavras e saudações finais. Ao afirmar que o Senhor o livraria de toda má obra, o apóstolo Paulo não quis dizer que seria definitivamente liberto da execução. Ele sabia que a hora de sua morte se aproximava (cf. 2 Tm 4.6). O que, então, ele quis dizer? Sem dúvida, que o Senhor o livraria de fazer qualquer coisa que maculasse seus últimos dias de testemunho. O Senhor o livraria de se retratar, de negar o nome de Jesus, de covardia ou de qualquer outra forma de colapso moral ou espiritual. Além disso, Paulo estava seguro de que o Senhor o levaria salvo para o seu “reino celestial”, ao Céu.
Numa última oportunidade de encorajar o jovem pastor Timóteo diante de tantas lutas, Paulo diz: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito. A graça seja convosco”. Matthew Henry está correto ao dizer que nada nos deve deixar mais felizes que ter o Senhor Jesus Cristo com o nosso espírito; porque nele todas as bênçãos espirituais estão resumidas.
A epístola de 2 Timóteo não foi endereçada apenas ao pastor Timóteo; foi escrita a toda a igreja de Éfeso e consequentemente a nós, hoje. No último versículo, Paulo passa do singular – “o Senhor seja com o teu espírito” -, para o plural – “a graça seja convosco”. A presença do Senhor e a graça do Senhor nos bastam.
Assim como a graça, que é melhor que a vida, foi suficiente para Paulo e a igreja de Éfeso no passado, seja também nosso alento hoje, para prosseguirmos preservando o evangelho, sofrendo pelo evangelho, permanecendo no evangelho e pregando o evangelho. “Amém!”.

CONCLUSÃO
Paulo tinha consciência de que a morte física aniquilaria apenas o seu corpo, mas seu espirito e sua alma (o homem interior — 2 Co 4.16) estavam guardados em Cristo Jesus. Um servo de Deus que se pauta pela obediência ao Senhor, vivendo em santidade, e fazendo a vontade divina, não se desespera, mesmo ante a iminência do dia final.

REFERÊNCIAS:

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BOYER, Orlando. PEQUENA ENCICLOPÉDIA BÍBLICA. Estados Unidos da América: Editora Vida, 1998.
http://luloure.blogspot.com.br/
LIMA, Elinaldo Renovato de. As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Rio de janeiro: CPAD, 2015.
LOPES, Hernandes Dias. 1 Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra. São Paulo: Hagnos, 2014.
LOPES, Hernandes Dias. 2 Timóteo – O testamento de Paulo à Igreja. São Paulo: Hagnos, 2014.
LOPES, Hernandes Dias. Tito e Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. São Paulo: Hagnos, 2009.
OLIVEIRA, Temóteo Ramos de. Manual do Visitador Cristão. Rio de janeiro: CPAD, 2005.
RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.


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