sábado, 4 de outubro de 2025

LIÇÃO 01 – O HOMEM: CORPO, ALMA E ESPÍRITO

 SUBSÍDIOS PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL (EBD) DA CPAD

 

Texto Bíblico Básico: Gênesis 1.26-28; 2.7,18,21-23

Texto Áureo: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1Ts 5.23)

 

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos a respeito da natureza do ser humano criado por Deus. O homem não é fruto do acaso, mas da vontade divina: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26). Essa expressão revela um projeto relacional e espiritual, onde o homem reflete atributos morais e espirituais do Criador.

Segundo 1 Tessalonicenses 5.23 e Hebreus 4.12, o ser humano é constituído de corpo, alma e espírito, formando uma unidade tripartida — a chamada tricotomia.

O homem foi criado à imagem de Deus (imago Dei), o que lhe confere racionalidade, moralidade e espiritualidade (Gn 1.27; Ef 4.24; Cl 3.10). Mesmo após a queda, Deus providenciou a restauração dessa natureza por meio de Cristo (Rm 5.18; Ef 2.4-6).

O estudo da natureza humana é essencial para compreendermos a santificação integral que Deus opera: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo” (1Ts 5.23). Assim, veremos que o ser humano foi criado perfeito, caiu em pecado, mas pode ser restaurado em santidade por meio de Jesus Cristo (Rm 8.1-2; 2Co 5.17).

 

I – A NATUREZA DO HOMEM

O relato de Gênesis 2.7 mostra que “formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. Aqui encontramos as duas dimensões básicas da criação: o corpo (matéria) e o fôlego de vida (espírito).

Mas à luz de 1 Tessalonicenses 5.23 e Hebreus 4.12, percebemos a tricotomia, isto é, o homem como um ser de três dimensões distintas e interligadas: corpo, alma e espírito.

Paulo, em 1 Coríntios 2.14-16 e 3.1-4, descreve três tipos de homem:

o natural (psíquico, dominado pela alma),

o carnal (guiado pela carne),

e o espiritual (governado pelo Espírito de Deus).

A Escritura também apresenta Jesus Cristo, o modelo perfeito de humanidade, possuindo corpo (Lc 24.39), alma (Mt 26.38) e espírito (Lc 23.46). Assim, Ele é o padrão da natureza humana plena e restaurada (Cl 2.9; Hb 2.17).

 

BASE TEOLÓGICA:

Deus criou o homem como ser moral, racional e espiritual, com capacidade de comunhão com o Criador (Sl 8.4-6; At 17.28). A tricotomia, portanto, expressa a totalidade da pessoa humana, chamada a refletir a glória divina (2Co 3.18).

 

II – A NATUREZA TRICOTÔMICA DO SER HUMANO

2.1 O Corpo – o “homem exterior”

A palavra hebraica “basar” e a grega “soma” designam o corpo físico. É o elemento visível e temporal do ser humano (Gn 2.7; 1Co 15.47-49).

Ele é o templo do Espírito Santo (1Co 6.19-20), portanto, deve ser consagrado a Deus (Rm 12.1).

Ainda que corruptível, o corpo será transformado na ressurreição: “O que semeias não é o corpo que há de nascer” (1Co 15.37-44; Fp 3.21).

 

TEXTOS DE APOIO:

Gn 1.26-28; 2.21-25 – criação do corpo.

Sl 139.14 – “de um modo terrível e maravilhoso fui formado”.

2Co 4.16 – “o homem exterior se corrompe, mas o interior se renova”.

1Co 15.52-54 – ressurreição do corpo.

 

COMENTÁRIO TEOLÓGICO:

O corpo não é um obstáculo espiritual, mas parte integrante da criação divina. O dualismo grego que o via como prisão da alma é rejeitado pela Escritura (1Tm 4.4). O corpo é instrumento de serviço e adoração (Rm 6.12-13).

 

2.2 A Alma – o “centro das emoções e vontade”

A palavra “néfesh” (hebraico) e “psiqué” (grego) designam a alma, o assento da vida emocional, intelectual e moral (Dt 6.5; Mt 22.37).

A alma é o que nos torna pessoas conscientes, capazes de amar, decidir e sentir (Sl 42.5; Mt 11.29).

 

TEXTOS DE APOIO:

Gn 35.18 – “saindo-se-lhe a alma (porque morreu)”.

Sl 103.1 – “Bendize, ó minha alma, ao Senhor”.

Mt 10.28 – “não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma”.

Hb 6.19 – “a esperança é âncora da alma”.

 

COMENTÁRIO TEOLÓGICO:

A alma é o campo de batalha moral entre o bem e o mal (Rm 7.22-25). Ela é influenciada tanto pelo corpo (instintos) quanto pelo espírito (comunhão com Deus). Por isso, precisa ser restaurada (Sl 23.3; Tg 1.21).

 

2.3 O Espírito – o “homem interior”

 

A palavra “ruah” (hebraico) e “pneuma” (grego) significam “sopro” ou “vento”, e indicam a dimensão espiritual do homem. É por meio do espírito que o ser humano tem consciência de Deus e pode adorá-lo (Jo 4.23-24).

 

TEXTOS DE APOIO:

Zc 12.1 – “o Senhor formou o espírito do homem dentro dele”.

Jó 32.8 – “o sopro do Todo-Poderoso dá entendimento”.

Pv 20.27 – “o espírito do homem é a lâmpada do Senhor”.

1Co 2.11 – “quem conhece as coisas do homem senão o espírito do homem que nele está?”.

 

COMENTÁRIO TEOLÓGICO:

O espírito é o centro da adoração e da comunhão com Deus. Quando o homem peca, seu espírito morre espiritualmente (Ef 2.1), mas é vivificado em Cristo (Ef 2.5; Jo 3.6). Assim, o novo nascimento é uma ressurreição espiritual (Tt 3.5).

 

III – A NATUREZA MORAL DO SER HUMANO

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26-27), dotado de razão, liberdade e consciência moral. Ele reflete, de forma limitada, os atributos comunicáveis de Deus: justiça, amor, santidade e verdade (Ef 4.24; Cl 3.10).

3.1 A Consciência – testemunho interno do bem e do mal

A consciência é o “tribunal da alma”, que aprova ou reprova nossas ações (Rm 2.14-15; 9.1). É uma centelha moral colocada por Deus em cada ser humano. Mesmo povos sem a Lei mosaica demonstram ter senso de certo e errado (Rm 2.14-16; Jo 8.9).

 

TEXTOS DE APOIO:

Gn 3.7-10 – consciência despertada após o pecado.

Jo 8.9 – “acusados pela consciência”.

At 24.16 – “por isso procuro sempre ter boa consciência”.

1Tm 1.5 – “o fim do mandamento é o amor de um coração puro e de uma boa consciência”.

 

3.2 O Homem e os Animais – distinção moral e espiritual

Os animais foram criados segundo sua espécie (Gn 1.24), mas o homem, à imagem de Deus.

Os animais possuem instinto, mas o homem tem razão e moralidade. Ele é chamado a dominar e administrar a criação (Gn 1.28; Sl 8.5-8).

 

TEXTOS DE APOIO:

Hb 2.7 – “fizeste-o um pouco menor que os anjos”.

Ec 12.14 – “Deus há de trazer a juízo toda obra”.

Mt 16.26 – “que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”.

 

COMENTÁRIO TEOLÓGICO:

A moralidade distingue o homem de toda a criação. Ele é responsável diante de Deus (Rm 14.12). Nenhum outro ser criado será julgado por suas ações morais, senão o homem (2Co 5.10).

 

3.3 A Corrupção da Natureza Moral pelo Pecado

O pecado de Adão introduziu a morte espiritual e corrompeu a natureza moral humana (Rm 5.12; Ef 2.1-3).

O homem tornou-se escravo do pecado (Jo 8.34), com mente entenebrecida (Ef 4.18), e vontade inclinada ao mal (Gn 6.5).

 

TEXTOS DE APOIO:

Rm 3.23 – “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.

Ec 7.29 – “Deus fez o homem reto, mas ele buscou muitas invenções”.

Is 59.2 – “as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus”.

Rm 7.18-19 – luta interna do homem caído.

 

COMENTÁRIO TEOLÓGICO:

Apesar da queda, a imagem de Deus não foi apagada, mas desfigurada. Cristo veio restaurar essa imagem moral e espiritual no homem (Cl 3.10; 2Co 5.17). 

 

IV – A RESTAURAÇÃO DA NATUREZA MORAL

4.1 A Graça Restauradora é Universal

Assim como o pecado atingiu a todos (Rm 5.12), a graça de Deus também se manifesta a todos (Tt 2.11; Jo 3.16).

Cristo é o segundo Adão que traz justificação e vida (1Co 15.45; Rm 5.18-19).

 

TEXTOS DE APOIO:

Is 45.22 – “olhai para mim e sede salvos, vós, todos os termos da terra”.

1Tm 2.4 – “Deus quer que todos se salvem”.

Jo 1.11-12 – “a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus”.

 

4.2 A Filiação Divina Restaurada

Em Cristo, somos feitos filhos de Deus (Rm 8.14-17; Ef 2.19). O Espírito Santo confirma essa filiação e renova nosso espírito (Gl 4.6; Tt 3.5).

 

TEXTOS DE APOIO:

Jo 1.12 – “deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus”.

1Jo 3.1 – “vede quão grande amor nos tem concedido o Pai”.

1Pd 1.3-4 – regenerados para uma viva esperança. 

 

COMENTÁRIO TEOLÓGICO:

A filiação espiritual é o maior privilégio do regenerado. Fomos adotados em Cristo, libertos da escravidão do pecado e introduzidos na comunhão divina (Rm 8.15; Ef 1.5). 

 

4.3 Uma Nova Natureza Moral em Cristo

Em Cristo, recebemos uma nova mente (1Co 2.16), novo coração (Ez 36.26) e novo espírito (Ez 11.19).

A regeneração produz santidade e amor (Ef 4.24; Hb 12.14).

 

TEXTOS DE APOIO:

Rm 12.2 – “transformai-vos pela renovação da vossa mente”.

Cl 3.1-3 – “buscai as coisas que são de cima”.

Gl 5.16-25 – “andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne”.

 

COMENTÁRIO TEOLÓGICO:

A santificação é a restauração progressiva da imagem moral de Deus no homem (2Co 3.18). O Espírito Santo opera essa transformação contínua até a glorificação final (Rm 8.29-30; 1Jo 3.2). 

 

CONCLUSÃO

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, com corpo, alma e espírito, refletindo Sua natureza moral e espiritual.

Com a queda, essa imagem foi corrompida, mas em Cristo, ela é plenamente restaurada.

A santificação envolve o ser humano por completo — corpo, alma e espírito — e é pela ação do Espírito Santo que somos transformados de glória em glória (2Co 3.18).

Portanto, vivamos de modo digno da nova criação em Cristo Jesus (Ef 4.1; Cl 3.10), esperando o dia em que seremos totalmente semelhantes a Ele (1Jo 3.2). 

 

 

REFERÊNCIAS:

 

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QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A Restauração Integral do Ser Humano para Chegar à Estatura Completa de Cristo. In: LIÇÕES BÍBLICAS: Revista para a Escola Dominical - 4º trimestre de 2025 (Adultos). Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

RENOVATO, Elinaldo in Teologia Sistemática Pentecostal. 1. ed. (16a imp.) Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

RIBAS, Degmar (Trad.). Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, vol. 2.

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VINE, W. E., UNGER, Menil E & WHITEJR., Willian. Dicionário Vine. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

WALTON, John H. et al. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia. Antigo Testamento. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2018.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Novo Testamento 1. Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006.

 

 

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