SUBSÍDIOS PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL (EBD) DA CPAD
Texto Bíblico Básico: Gênesis 1.26-28; 2.7,18,21-23
Texto Áureo: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o
vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis
para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1Ts 5.23)
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a respeito da natureza do ser humano criado por
Deus. O homem não é fruto do acaso, mas da vontade divina: “Façamos o homem à
nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26). Essa expressão revela um
projeto relacional e espiritual, onde o homem reflete atributos morais e
espirituais do Criador.
Segundo 1 Tessalonicenses 5.23 e Hebreus 4.12, o ser humano é
constituído de corpo, alma e espírito, formando uma unidade tripartida — a
chamada tricotomia.
O homem foi criado à imagem de Deus (imago Dei), o que lhe confere
racionalidade, moralidade e espiritualidade (Gn 1.27; Ef 4.24; Cl 3.10). Mesmo
após a queda, Deus providenciou a restauração dessa natureza por meio de Cristo
(Rm 5.18; Ef 2.4-6).
O estudo da natureza humana é essencial para compreendermos a santificação
integral que Deus opera: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo” (1Ts
5.23). Assim, veremos que o ser humano foi criado perfeito, caiu em pecado, mas
pode ser restaurado em santidade por meio de Jesus Cristo (Rm 8.1-2; 2Co 5.17).
I – A NATUREZA DO HOMEM
O relato de Gênesis 2.7 mostra que “formou o Senhor Deus o homem do pó
da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma
vivente”. Aqui encontramos as duas dimensões básicas da criação: o corpo
(matéria) e o fôlego de vida (espírito).
Mas à luz de 1 Tessalonicenses 5.23 e Hebreus 4.12, percebemos a
tricotomia, isto é, o homem como um ser de três dimensões distintas e
interligadas: corpo, alma e espírito.
Paulo, em 1 Coríntios 2.14-16 e 3.1-4, descreve três tipos de homem:
o natural (psíquico, dominado pela alma),
o carnal (guiado pela carne),
e o espiritual (governado pelo Espírito de Deus).
A Escritura também apresenta Jesus Cristo, o modelo perfeito de
humanidade, possuindo corpo (Lc 24.39), alma (Mt 26.38) e espírito (Lc 23.46).
Assim, Ele é o padrão da natureza humana plena e restaurada (Cl 2.9; Hb 2.17).
BASE TEOLÓGICA:
Deus criou o homem como ser moral, racional e espiritual, com capacidade
de comunhão com o Criador (Sl 8.4-6; At 17.28). A tricotomia, portanto,
expressa a totalidade da pessoa humana, chamada a refletir a glória divina (2Co
3.18).
II – A NATUREZA TRICOTÔMICA DO SER HUMANO
2.1 O Corpo – o “homem exterior”
A palavra hebraica “basar” e a grega “soma” designam o corpo físico. É o
elemento visível e temporal do ser humano (Gn 2.7; 1Co 15.47-49).
Ele é o templo do Espírito Santo (1Co 6.19-20), portanto, deve ser consagrado
a Deus (Rm 12.1).
Ainda que corruptível, o corpo será transformado na ressurreição: “O que
semeias não é o corpo que há de nascer” (1Co 15.37-44; Fp 3.21).
TEXTOS DE APOIO:
Gn 1.26-28; 2.21-25 – criação do corpo.
Sl 139.14 – “de um modo terrível e maravilhoso fui formado”.
2Co 4.16 – “o homem exterior se corrompe, mas o interior se renova”.
1Co 15.52-54 – ressurreição do corpo.
COMENTÁRIO TEOLÓGICO:
O corpo não é um obstáculo espiritual, mas parte integrante da criação
divina. O dualismo grego que o via como prisão da alma é rejeitado pela
Escritura (1Tm 4.4). O corpo é instrumento de serviço e adoração (Rm 6.12-13).
2.2 A Alma – o “centro das emoções e vontade”
A palavra “néfesh” (hebraico) e “psiqué” (grego) designam a alma, o
assento da vida emocional, intelectual e moral (Dt 6.5; Mt 22.37).
A alma é o que nos torna pessoas conscientes, capazes de amar, decidir e
sentir (Sl 42.5; Mt 11.29).
TEXTOS DE APOIO:
Gn 35.18 – “saindo-se-lhe a alma (porque morreu)”.
Sl 103.1 – “Bendize, ó minha alma, ao Senhor”.
Mt 10.28 – “não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma”.
Hb 6.19 – “a esperança é âncora da alma”.
COMENTÁRIO TEOLÓGICO:
A alma é o campo de batalha moral entre o bem e o mal (Rm 7.22-25). Ela
é influenciada tanto pelo corpo (instintos) quanto pelo espírito (comunhão com
Deus). Por isso, precisa ser restaurada (Sl 23.3; Tg 1.21).
2.3 O Espírito – o “homem interior”
A palavra “ruah” (hebraico) e “pneuma” (grego) significam “sopro” ou
“vento”, e indicam a dimensão espiritual do homem. É por meio do espírito que o
ser humano tem consciência de Deus e pode adorá-lo (Jo 4.23-24).
TEXTOS DE APOIO:
Zc 12.1 – “o Senhor formou o espírito do homem dentro dele”.
Jó 32.8 – “o sopro do Todo-Poderoso dá entendimento”.
Pv 20.27 – “o espírito do homem é a lâmpada do Senhor”.
1Co 2.11 – “quem conhece as coisas do homem senão o espírito do homem
que nele está?”.
COMENTÁRIO TEOLÓGICO:
O espírito é o centro da adoração e da comunhão com Deus. Quando o homem
peca, seu espírito morre espiritualmente (Ef 2.1), mas é vivificado em Cristo
(Ef 2.5; Jo 3.6). Assim, o novo nascimento é uma ressurreição espiritual (Tt
3.5).
III – A NATUREZA MORAL DO SER HUMANO
O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26-27), dotado de
razão, liberdade e consciência moral. Ele reflete, de forma limitada, os
atributos comunicáveis de Deus: justiça, amor, santidade e verdade (Ef 4.24; Cl
3.10).
3.1 A Consciência – testemunho interno do bem e do mal
A consciência é o “tribunal da alma”, que aprova ou reprova nossas ações
(Rm 2.14-15; 9.1). É uma centelha moral colocada por Deus em cada ser humano.
Mesmo povos sem a Lei mosaica demonstram ter senso de certo e errado (Rm
2.14-16; Jo 8.9).
TEXTOS DE APOIO:
Gn 3.7-10 – consciência despertada após o pecado.
Jo 8.9 – “acusados pela consciência”.
At 24.16 – “por isso procuro sempre ter boa consciência”.
1Tm 1.5 – “o fim do mandamento é o amor de um coração puro e de uma boa
consciência”.
3.2 O Homem e os Animais – distinção moral e espiritual
Os animais foram criados segundo sua espécie (Gn 1.24), mas o homem, à
imagem de Deus.
Os animais possuem instinto, mas o homem tem razão e moralidade. Ele é
chamado a dominar e administrar a criação (Gn 1.28; Sl 8.5-8).
TEXTOS DE APOIO:
Hb 2.7 – “fizeste-o um pouco menor que os anjos”.
Ec 12.14 – “Deus há de trazer a juízo toda obra”.
Mt 16.26 – “que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua
alma?”.
COMENTÁRIO TEOLÓGICO:
A moralidade distingue o homem de toda a criação. Ele é responsável
diante de Deus (Rm 14.12). Nenhum outro ser criado será julgado por suas ações
morais, senão o homem (2Co 5.10).
3.3 A Corrupção da Natureza Moral pelo Pecado
O pecado de Adão introduziu a morte espiritual e corrompeu a natureza
moral humana (Rm 5.12; Ef 2.1-3).
O homem tornou-se escravo do pecado (Jo 8.34), com mente entenebrecida
(Ef 4.18), e vontade inclinada ao mal (Gn 6.5).
TEXTOS DE APOIO:
Rm 3.23 – “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.
Ec 7.29 – “Deus fez o homem reto, mas ele buscou muitas invenções”.
Is 59.2 – “as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso
Deus”.
Rm 7.18-19 – luta interna do homem caído.
COMENTÁRIO TEOLÓGICO:
Apesar da queda, a imagem de Deus não foi apagada, mas desfigurada. Cristo veio restaurar essa imagem moral e espiritual no homem (Cl 3.10; 2Co 5.17).
IV – A RESTAURAÇÃO DA NATUREZA MORAL
4.1 A Graça Restauradora é Universal
Assim como o pecado atingiu a todos (Rm 5.12), a graça de Deus também se
manifesta a todos (Tt 2.11; Jo 3.16).
Cristo é o segundo Adão que traz justificação e vida (1Co 15.45; Rm
5.18-19).
TEXTOS DE APOIO:
Is 45.22 – “olhai para mim e sede salvos, vós, todos os termos da
terra”.
1Tm 2.4 – “Deus quer que todos se salvem”.
Jo 1.11-12 – “a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem
feitos filhos de Deus”.
4.2 A Filiação Divina Restaurada
Em Cristo, somos feitos filhos de Deus (Rm 8.14-17; Ef 2.19). O Espírito
Santo confirma essa filiação e renova nosso espírito (Gl 4.6; Tt 3.5).
TEXTOS DE APOIO:
Jo 1.12 – “deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus”.
1Jo 3.1 – “vede quão grande amor nos tem concedido o Pai”.
1Pd 1.3-4 – regenerados para uma viva esperança.
COMENTÁRIO TEOLÓGICO:
A filiação espiritual é o maior privilégio do regenerado. Fomos adotados em Cristo, libertos da escravidão do pecado e introduzidos na comunhão divina (Rm 8.15; Ef 1.5).
4.3 Uma Nova Natureza Moral em Cristo
Em Cristo, recebemos uma nova mente (1Co 2.16), novo coração (Ez 36.26)
e novo espírito (Ez 11.19).
A regeneração produz santidade e amor (Ef 4.24; Hb 12.14).
TEXTOS DE APOIO:
Rm 12.2 – “transformai-vos pela renovação da vossa mente”.
Cl 3.1-3 – “buscai as coisas que são de cima”.
Gl 5.16-25 – “andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da
carne”.
COMENTÁRIO TEOLÓGICO:
A santificação é a restauração progressiva da imagem moral de Deus no homem (2Co 3.18). O Espírito Santo opera essa transformação contínua até a glorificação final (Rm 8.29-30; 1Jo 3.2).
CONCLUSÃO
O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, com corpo, alma e
espírito, refletindo Sua natureza moral e espiritual.
Com a queda, essa imagem foi corrompida, mas em Cristo, ela é plenamente
restaurada.
A santificação envolve o ser humano por completo — corpo, alma e
espírito — e é pela ação do Espírito Santo que somos transformados de glória em
glória (2Co 3.18).
Portanto, vivamos de modo digno da nova criação em Cristo Jesus (Ef 4.1; Cl 3.10), esperando o dia em que seremos totalmente semelhantes a Ele (1Jo 3.2).
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