sábado, 11 de outubro de 2025

LIÇÃO 2: O CORPO — A MARAVILHOSA OBRA DA CRIAÇÃO DE DEUS

 SUBSÍDIOS PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL (EBD) DA CPAD


TEXTO ÁUREO

“Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.” (Sl 139.14).


VERDADE PRÁTICA

A ciência busca desvendar os mistérios do corpo humano, mas o crente descansa em saber que é obra da poderosa e perfeita mão de Deus.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE Salmos 139.1-4,13-18.

1 — Senhor, tu me sondaste e me conheces.

2 — Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.

3 — Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.

4 — Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces.

13 — Pois possuíste o meu interior; entreteceste-me no ventre de minha mãe.

14 — Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.

15 — Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra.

16 — Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia.

17 — E quão preciosos são para mim, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grande é a soma deles!

18 — Se os contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo, ainda estou contigo.


INTRODUÇÃO

Desde os tempos antigos, o ser humano busca compreender a si mesmo. Filósofos, cientistas e teólogos têm se debruçado sobre a origem, função e propósito do corpo humano. No entanto, apesar dos avanços da ciência, muitos mistérios permanecem. A Bíblia revela que o corpo é mais do que uma máquina biológica — ele é uma criação maravilhosa de Deus, feita com propósito e cuidado (Sl 139.13-14; Gn 1.26-27). Nesta lição, aprenderemos sobre o corpo como obra-prima da criação, seu papel na glorificação a Deus e sua importância na coletividade e adoração.

I. A MARAVILHOSA OBRA DE DEUS

1. Do pó da terra

Deus formou o homem do pó da terra (Gn 2.7), o que indica que o corpo é constituído da matéria criada, porém insuflada pela vida divina, o ruach (sopro, espírito). A Bíblia reforça a fragilidade da carne em contraste com a eternidade do espírito (Ec 12.7; Tg 2.26).

Outras referências:

  • Jó 33.4: “O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida.”
  • Sl 103.14: “Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó.”
  • 1Co 15.45: “O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente; o último Adão, espírito vivificante.”

A criação do corpo a partir do pó ressalta a humildade do homem em sua essência física, porém sua dignidade é restaurada pelo sopro de Deus, que lhe confere vida e valor inestimável. Este princípio teológico fundamenta a ideia de que o corpo é sagrado, não por si só, mas porque Deus o formou para habitar o espírito.

2. Deus, o Autor da vida

Deus não apenas molda o corpo, mas determina o momento e o modo da vida humana (Jr 1.5; Jó 14.5). Ele é o Criador e sustentador de todas as gerações (At 17.25).

Outras referências:

  • Salmos 139.13-16, destacando a minuciosa formação da vida no ventre materno.
  • Isaías 44.2: “Eu te formei; eu te fiz; não temas.”
  • Efésios 2.10: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras.”

A soberania de Deus na formação da vida humana reafirma que cada pessoa tem propósito e valor desde a concepção. Isso tem profundas implicações éticas e teológicas contra o aborto e em favor da dignidade da vida.

3. A individualizada formação integral

Deus cria o ser humano como um todo: corpo, alma e espírito (1Ts 5.23; Heb 4.12). A pessoa é mais do que uma soma de partes; é uma unidade criada para refletir a imagem de Deus (Gn 1.26-27).

Outras referências:

  • Lucas 1.41-44: A vida humana é reconhecida no ventre (João Batista pula no ventre de Isabel).
  • Gálatas 1.15: Paulo é separado desde o ventre para um propósito divino.
  • Zacarias 12.1: Deus forma o espírito dentro do homem.

Esta formação tripartida demonstra a dignidade integral do ser humano. A Bíblia considera o corpo não apenas como envoltório, mas como parte essencial da identidade, que deve ser cuidada, honrada e protegida.

 

II. O CORPO E A GLÓRIA DE DEUS

1. O divino tecelão

Deus é o artífice que “tece” o homem em seu ventre com perfeição (Sl 139.13-15). O termo hebraico qashar indica um trabalho delicado e intencional, como o de um tecelão.

Outras referências:

  • Isaías 64.8: “Mas agora, Senhor, tu és nosso Pai; nós somos o barro, e tu, o oleiro.”
  • Efésios 2.10: Somos criação divina para boas obras.
  • João 10.10: Vida em abundância, que inclui o cuidado com o corpo.

O corpo é uma obra prima divina, demonstrando a glória e a sabedoria de Deus. Essa visão contrasta com a visão secular que o reduz a matéria sem propósito.

2. Entendimento e louvor

A contemplação da obra divina gera louvor e reconhecimento da grandeza de Deus (Sl 139.14).

Outras referências:

  • Salmos 8.3-4: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos...”
  • Romanos 1.20: A criação revela atributos invisíveis de Deus.
  • Filipenses 4.6-7: O entendimento espiritual gera paz interior.

O louvor nasce do conhecimento do Criador e da obra feita por Ele. Reconhecer que somos formados “de modo terrível e maravilhoso” fortalece a fé e traz tranquilidade frente às dúvidas existenciais.

3. O perigo dos extremos

A Bíblia adverte contra duas distorções sobre o corpo: o desprezo (dualismo) e a idolatria (narcisismo).

Outras referências:

  • Colossenses 2.8, 20-23: Advertência contra filosofias vazias.
  • Romanos 12.1: Entregar o corpo como sacrifício santo.
  • 1 Coríntios 10.23: Nem tudo que é permitido é benéfico.

Equilíbrio é essencial: o corpo é importante, mas não absoluto. Os cristãos são chamados a viver em santidade, evitando extremos que levam à desordem espiritual e física.

4. Princípios ou regras?

A vida cristã é baseada em princípios bíblicos que norteiam o uso do corpo para a glória de Deus.

Outras referências:

  • Mateus 23.23: Jesus critica o legalismo vazio.
  • Gálatas 5.1: Liberdade em Cristo, não escravidão à lei.
  • Romanos 14.13-23: Respeito às limitações e consciência do próximo.

A aplicação de princípios promove maturidade espiritual, evitando o legalismo e o libertinismo. Tudo deve ser feito para a glória de Deus, o que inclui o autocuidado e a moderação.

 

III. O CORPO E A COLETIVIDADE

1. A prática relacional

O corpo é veículo das relações humanas, essenciais para a vida e a fé.

Outras referências:

  • Gênesis 2.18: “Não é bom que o homem esteja só.”
  • Hebreus 10.24-25: Incentivo à comunhão e estímulo mútuo.
  • 1 João 4.7-12: Amor prático, demonstrado em ações.

Deus nos criou para relacionar-nos, e o corpo expressa este relacionamento em abraços, toques e proximidade física. A fé genuína se manifesta em amor prático.

2. A prática congregacional

A participação ativa no corpo local é essencial para a vida cristã saudável.
Outras referências:

  • Efésios 4.11-16: Edificação do corpo de Cristo.
  • Atos 2.42-47: Comunhão e adoração em comunidade.
  • 1 Coríntios 12.12-31: Unidade e diversidade no corpo.

A igreja local é a manifestação visível do corpo de Cristo na terra. A ausência da comunhão real enfraquece a vida espiritual e fragiliza o testemunho.

3. Tecnologia e culto

A tecnologia deve servir, não substituir, a adoração corporal e comunitária.

Outras referências:

  • Salmos 150: Encorajamento à adoração com todo o corpo.
  • Atos 2.1-4: Expressão física do Espírito Santo no culto.
  • 1 Coríntios 14.26: Cada um contribui no culto com ações corporais.

A presença física, o canto, a dança, o levantar das mãos são formas bíblicas de adorar. A tecnologia é útil, mas nunca deve apagar a dimensão corporal e comunitária da adoração.

 

CONCLUSÃO

A entrega do corpo a Deus é parte da adoração verdadeira (Rm 12.1), pois somos templo do Espírito (1Co 6.19). Reconhecer a obra do Criador no corpo leva à reverência e ao cuidado (Sl 139.14; Jó 10.8-12). Que nossa vida física e espiritual seja uma oferta constante a Deus, refletindo a glória d’Ele no mundo.

 

 

 

REFERÊNCIAS:

 

BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. 13. impr. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Matthew Henry. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2016.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Hebraico-Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

BÍBLIA. Português. Nova Versão Internacional - NVI. São Paulo: VIDA, 2000.

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PEDRO, Severino. A Doutrina do Pecado. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A Restauração Integral do Ser Humano para Chegar à Estatura Completa de Cristo. In: LIÇÕES BÍBLICAS: Revista para a Escola Dominical - 4º trimestre de 2025 (Adultos). Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

RENOVATO, Elinaldo in Teologia Sistemática Pentecostal. 1. ed. (16a imp.) Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

RIBAS, Degmar (Trad.). Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, vol. 2.

SILVA, Severino Pedro da. O Homem. Corpo, Alma e Espírito. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1988.

VINE, W. E., UNGER, Menil E & WHITEJR., Willian. Dicionário Vine. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

WALTON, John H. et al. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia. Antigo Testamento. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2018.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Novo Testamento 1. Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006.

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