domingo, 19 de outubro de 2025

LIÇÃO 8 — O SOFRIMENTO DO SERVO

 Subsídios para a Escola Bíblica Dominical (EBD) — IPAD (Igreja Pentecostal Assembleia de Deus)

 

LEITURA TEMÁTICA

“Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens.” (Isaías 52:14)

 

LEITURA EM CLASSE

Isaías 53:2-5:

² Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.

³ Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.

⁴ Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.

⁵ Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

 

INTRODUÇÃO

O profeta Isaías, cerca de 700 anos antes de Cristo, profetizou com exatidão impressionante sobre o sofrimento do Servo do Senhor — o Messias prometido. Isaías 52:13–53:12 é o “coração do Evangelho no Antigo Testamento”. Ali, Cristo é revelado como o Servo sofredor, rejeitado, mas vitorioso.

O texto descreve o sofrimento vicário de Jesus — aquele que sofreu em nosso lugar (1Pe 2:24: “levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro”) e que foi ferido por causa de nossas transgressões (Is 53:5).

A profecia aponta para o plano eterno de Deus, revelando que a redenção da humanidade custaria o sofrimento do Justo pelos injustos (1Pe 3:18). O Servo do Senhor — Jesus Cristo — foi humilhado, desfigurado e crucificado, mas, por meio de sua dor, trouxe cura, salvação e paz aos que creem.

“Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os dias, e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.” (Isaías 53:10)

 

I – EIS AQUI MEU SERVO

 

1. O Servo escolhido por Deus

“Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu eleito, em quem se compraz a minha alma; pus o meu Espírito sobre ele.” (Isaías 42:1)

Jesus é o Servo perfeito, o Ungido do Pai, enviado para cumprir toda a justiça (Mt 3:15-17). Sua missão não foi humana, mas divina; Ele veio não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos (Mc 10:45).

A palavra “servo” (hebraico ‘ebed’) indica submissão, obediência e missão. Cristo é o modelo supremo de obediência ao Pai (Fp 2:6-8), mesmo diante da dor.

 

2. O Servo humilde e obediente

“Aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu.” (Hebreus 5:8)

A humildade de Jesus não era fraqueza, mas força sob controle. Ele “aniquilou-se a si mesmo” (Fp 2:7), tornando-se homem e servo, revelando que a verdadeira grandeza está em servir.

Enquanto os líderes religiosos buscavam reconhecimento, o Servo do Senhor desceu à condição de servo sofredor, cumprindo Isaías 50:6:

“As minhas costas dei aos que me feriam, e as minhas faces aos que me arrancavam os cabelos; não escondi o meu rosto dos que me afrontavam e me cuspiam.”

 

3. O Servo sustentado pelo Espírito

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para evangelizar os pobres.” (Lucas 4:18)

Desde o seu batismo no Jordão (Lc 3:22), Jesus realizou sua missão no poder do Espírito Santo. O Servo não age por força humana, mas pela capacitação divina (Zc 4:6).

A unção do Espírito o guiou em todo o seu ministério — curando, libertando e pregando o Reino de Deus (At 10:38).

 

SÍNTESE TEOLÓGICA I:

O Servo é o eleito de Deus, cheio do Espírito, obediente até a morte, e por meio de sua entrega cumpriu o propósito redentor do Pai.

 

II – POR QUE O REJEITARAM?

 

1. Por não corresponder às expectativas humanas

“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” (João 1:11)

O povo esperava um Messias político, libertador de Roma, mas Jesus veio libertar o homem do pecado (Jo 18:36).

Seu semblante simples e desprovido de glória terrena contrastava com o ideal messiânico dos judeus. Isaías 53:2 diz que “não havia beleza nem formosura”, mostrando que a verdadeira glória estava em sua santidade, não em aparência externa.

 

2. Por causa da cegueira espiritual

“O deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos.” (2Co 4:4)

Os líderes religiosos não discerniram o tempo da visitação divina (Lc 19:44).

Cegos por tradições, rejeitaram o Messias prometido (Mc 7:8-9).

O orgulho e o apego ao poder impediram que vissem a glória de Deus revelada em um Servo sofredor (Is 29:13-14).

 

3. Porque o mundo odeia a luz

“A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.” (Jo 1:5)

Jesus revelou o pecado, e os homens amaram mais as trevas do que a luz (Jo 3:19-20).

A cruz se tornou o ponto de maior rejeição, pois nela o mundo desprezou aquele que veio salvar. Contudo, foi na cruz que o amor divino alcançou sua máxima expressão (Rm 5:8).

 

SÍNTESE TEOLÓGICA II:

A rejeição de Cristo não anulou o plano de Deus, mas o confirmou. O Servo desprezado se tornou a Pedra Angular da redenção (Sl 118:22; 1Pe 2:7).

 

III – O SOFRIMENTO DO SERVO

 

1. Sofreu vicariamente (em nosso lugar)

“Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões.” (Isaías 53:5)

Cristo não sofreu por si, mas por nós — o Justo pelos injustos (1Pe 3:18).
Sua dor foi substitutiva: Ele tomou o nosso lugar e recebeu o castigo que nos traz a paz (Rm 5:6-9).

“Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós.” (2Co 5:21)

 

2. Sofreu fisicamente e espiritualmente

“Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?” (Mt 27:46)

Na cruz, Jesus experimentou não apenas a dor física da crucificação, mas o peso espiritual do pecado da humanidade (Is 53:4).

O Pai o fez “moído” (Is 53:10), permitindo que o Filho carregasse toda a culpa, dor e enfermidade da humanidade. Ele suportou o silêncio de Deus para que nós ouvíssemos a Sua voz de perdão.

 

3. Sofreu para glorificar o Pai e salvar o homem

“Convém que o Filho do Homem padeça muitas coisas.” (Lc 9:22)

O sofrimento de Cristo não foi derrota, mas triunfo espiritual (Cl 2:15).

A cruz foi o caminho da exaltação (Fp 2:9-11). Ele suportou a vergonha, mas alcançou a glória (Hb 12:2).

“O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” (Is 53:5)

 

SÍNTESE TEOLÓGICA III:

O sofrimento do Servo foi o meio pelo qual Deus manifestou sua justiça e seu amor. A cruz é o ponto onde a santidade e a graça de Deus se encontram em perfeita harmonia.

 

CONCLUSÃO

O Servo sofredor de Isaías é o Cristo glorificado do Evangelho. Ele foi rejeitado, mas exaltado; ferido, mas curador; morto, mas ressuscitado.
Seu sofrimento foi necessário para a nossa salvação, pois “importava que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória” (Lc 24:26).

A cruz é o centro da história da redenção. Por meio dela, fomos reconciliados com Deus (Cl 1:20), curados em nossa alma e libertos do poder do pecado.
Hoje, somos chamados a seguir os passos do Servo, suportando as aflições com fé, sabendo que “os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8:18).

“Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito.” (Isaías 53:11)

 

APLICAÇÃO FINAL:

O sofrimento do Servo nos chama à santificação, à gratidão e à perseverança. Cada lágrima de Cristo tem um propósito eterno — e cada dor suportada por amor produziu vida para todo aquele que crê. 

 

 

 

REFERÊNCIAS:

 

BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. 13. impr. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Matthew Henry. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2016.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Palavras-Chave. Hebraico-Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

BÍBLIA. Português. Nova Versão Internacional - NVI. São Paulo: VIDA, 2000.

BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

GEISLER, Norman. Teologia Sistemática (vol. 2). Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

GILBERTO, Antonio. Bíblia com Comentário de Antonio Gilberto. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

PEDRO, Severino. A Doutrina do Pecado. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

RENOVATO, Elinaldo in Teologia Sistemática Pentecostal. 1. ed. (16a imp.) Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

RIBAS, Degmar (Trad.). Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, vol. 2.

SILVA, Severino Pedro da. O Homem. Corpo, Alma e Espírito. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1988.

VINE, W. E., UNGER, Menil E & WHITEJR., Willian. Dicionário Vine. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

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