sábado, 18 de outubro de 2025

LIÇÃO 3: O CORPO E AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO

 SUBSÍDIOS PARA A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL (EBD) DA CPAD


4º Trimestre/2025

 

TEXTO ÁUREO 

“No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás.” (Gn 3.19).

 

VERDADE PRÁTICA

O pecado do primeiro Adão afetou o homem integralmente — corpo, alma e espírito —, mas a redenção do último Adão, Jesus Cristo, restaura plenamente a natureza humana e a criação.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE 

Gênesis 3.17-19; Eclesiastes 12.1-7. 

Gênesis 3

17 — E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.

18 — Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo.

19 — No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás.

 

Eclesiastes 12

1 — Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;

2 — antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva;

3 — no dia em que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas;

4 — e as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e se levantar à voz das aves, e todas as vozes do canto se baixarem;

5 — como também quando temerem o que está no alto, e houver espantos no caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o apetite; porque o homem se vai à sua eterna casa, e os pranteadores andarão rodeando pela praça;

6 — antes que se quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço,

7 — e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.

 

COMENTÁRIO


INTRODUÇÃO

A narrativa de Gênesis 3 revela o trágico momento em que a perfeição divina foi ferida pela desobediência humana. A comunhão entre o homem e Deus foi quebrada, e o corpo, antes imortal, passou a experimentar degeneração e morte.

“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.” (Romanos 5.12)

A teologia bíblica ensina que o corpo humano foi criado para refletir a glória de Deus (Sl 8.5; 1 Co 6.20). Contudo, com o pecado, essa imagem foi desfigurada.

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.” (Romanos 3.23)

Mas a graça divina não abandonou o homem. O plano redentor, concebido “antes da fundação do mundo” (Efésios 1.4), culmina na promessa da redenção do corpo (Rm 8.23), que será plenamente realizada na glorificação dos salvos em Cristo.

 

I. DA PERFEIÇÃO À MORTE

1. A Certificação Divina

Deus criou o homem em estado de perfeição física, moral e espiritual (Gn 1.31). O corpo de Adão e Eva era incorruptível, sustentado pela presença de Deus no Éden. Contudo, a transgressão trouxe a sentença da morte:

“Porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gênesis 2.17)

A palavra “morte” aqui, no hebraico moth tamuth, indica morte em sentido completo — espiritual, moral e físico. Quando Adão pecou, a separação de Deus (morte espiritual) resultou em corrupção corporal (morte física).

“O salário do pecado é a morte.” (Romanos 6.23)

Comentário Teológico:

A morte física não é apenas biológica, mas teológica: é a manifestação visível da separação entre o Criador e a criatura. O corpo humano, criado para a eternidade, tornou-se um testemunho da fragilidade do homem sem Deus (Jó 34.14–15; Sl 104.29).

 

2. Pecado e Dor

A dor tornou-se a marca física da queda. O corpo, outrora pleno de vida, passou a sentir as limitações da matéria corrompida.

“Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo.” (Gênesis 3.18)

A experiência humana é marcada pela dor, pelas enfermidades e pela fadiga. Jó declara:

“O homem, nascido da mulher, é de bem poucos dias e cheios de inquietação.” (Jó 14.1)

Mesmo os justos sofrem as consequências do mundo caído. Paulo escreveu:

“Sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora.” (Romanos 8.22)

Comentário Teológico:

O sofrimento é a lembrança constante de que o mundo precisa de redenção. Deus, em Sua sabedoria, permite a dor para refinar o caráter e revelar Sua graça (2 Co 12.7–9; 1 Pe 1.6–7).

 

3. Velhice, Autenticidade e Gratidão

Eclesiastes 12 descreve poeticamente o enfraquecimento do corpo com a passagem do tempo:

“No dia em que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e cessarem os moedores...” (Ec 12.3)

A velhice é consequência da Queda, mas também um dom que evidencia a fidelidade de Deus através dos anos (Sl 71.9; Pv 16.31).

“Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade.” (Ec 12.1)

Mesmo com o corpo enfraquecido, o crente pode permanecer forte espiritualmente:

“Ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” (2 Coríntios 4.16)

Comentário Teológico:

O envelhecimento é um processo inevitável, mas também um testemunho da graça sustentadora de Deus. A fé transforma a velhice em sabedoria e gratidão, e a decadência do corpo em esperança da ressurreição.

 

SINOPSE I

A Queda corrompeu o corpo humano, introduzindo dor, doença, envelhecimento e morte. Contudo, Deus usa até o sofrimento como meio de nos ensinar dependência e fé.

 

II. A RESPONSABILIDADE HUMANA

1. Corpo e Livre-Arbítrio

Mesmo após a Queda, o homem mantém o livre-arbítrio — a capacidade de escolher obedecer ou não a Deus.

“Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que vos propus a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida.” (Deuteronômio 30.19)

O corpo pode ser instrumento de pecado ou de santidade:

“Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade.” (Romanos 6.13)

“Mas, como Aquele que vos chamou é santo, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver.” (1 Pedro 1.15)

Comentário Teológico:

O corpo não é inimigo da alma, mas veículo através do qual o homem manifesta sua adoração ou sua rebelião. A santidade começa com o domínio espiritual sobre o físico (1 Ts 4.3–4).

 

2. A Potencialização do Sofrimento

O pecado gera consequências que ultrapassam o campo espiritual e atingem o corpo. A rebeldia contra Deus intensifica o sofrimento físico e emocional.

“Quem semeia na carne, da carne ceifará a corrupção.” (Gálatas 6.8)

A embriaguez, a imoralidade e os vícios são expressões de uma carne sem domínio. Paulo adverte:

“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal.” (Romanos 6.12)

Comentário Teológico:

Grande parte do sofrimento humano é autoinfligido. O pecado não apenas destrói a alma, mas corrompe o corpo — templo do Espírito Santo (1 Co 6.19–20). O cristão, ao se entregar ao pecado, desonra o corpo que foi comprado por alto preço.

 

3. A Mordomia do Corpo (bônus)

O corpo não é um bem autônomo; pertence ao Senhor.

“Rogo-vos, pois, irmãos... que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.” (Romanos 12.1)

O cristão deve cuidar do corpo com equilíbrio, disciplina e pureza (1 Ts 5.23). A negligência com a saúde, os excessos e a imoralidade ferem o propósito divino da criação.

“Não sabeis vós que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Coríntios 3.16)

Comentário Teológico:

A mordomia do corpo é parte essencial da espiritualidade cristã. O culto racional a Deus inclui não apenas adoração verbal, mas também a entrega do corpo como instrumento de justiça (Rm 6.19).

 

SINOPSE II

Deus confiou ao homem a responsabilidade sobre o próprio corpo. A forma como cuidamos dele reflete nossa obediência e adoração. O corpo é templo do Espírito e deve glorificar a Deus em tudo.

 

III. DO ABATIMENTO À GLORIFICAÇÃO

1. A Realidade das Enfermidades

As doenças são resultado da corrupção da criação, mas Deus continua soberano sobre o corpo enfermo.

“Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.” (João 9.3)

“Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou.” (Isaías 53.4)

Deus ainda cura (Tg 5.14–15), mas nem toda enfermidade será removida nesta vida (2 Co 12.9–10). Há propósitos espirituais até no sofrimento físico.

Comentário Teológico:

A enfermidade aponta para a limitação humana e para a necessidade de um Redentor. Toda cura física é um prenúncio da ressurreição final, quando o corpo será liberto da corrupção.

 

2. Enfado e Canseira

O corpo se cansa porque vive num mundo caído.

“Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e, se alguns, pela robustez, a oitenta; o melhor deles é canseira e enfado.” (Salmos 90.10)

Mas o Senhor promete descanso ao cansado:

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mateus 11.28)

Comentário Teológico:

O cansaço físico e emocional é lembrança de que este mundo não é o lar definitivo do crente. O corpo clama por descanso, e a alma aguarda a redenção.

 

3. O Corpo Glorificado

A glorificação é a consumação da salvação.

“Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade e que o corpo mortal se revista da imortalidade.” (1 Coríntios 15.53)

“Transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso.” (Filipenses 3.21)

“E Deus limpará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem dor.” (Apocalipse 21.4)

Comentário Teológico:

Na glorificação, a natureza humana será restaurada ao seu estado original — sem pecado, sem dor e sem morte. O corpo do crente refletirá eternamente a glória de Cristo (1 Jo 3.2).

 

SINOPSE III

As enfermidades e o cansaço apontam para a limitação do corpo terreno. Porém, em Cristo, o crente tem a certeza da glorificação e da vitória definitiva sobre o pecado e a morte.

 

CONCLUSÃO

O pecado deteriorou o corpo humano e toda a criação, mas Cristo veio restaurar o que foi perdido.

“Pois sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.” (2 Coríntios 5.1)

A obra da cruz garante não apenas perdão dos pecados, mas também a futura transformação física dos salvos.

“E o pó volte à terra como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” (Eclesiastes 12.7)

Enquanto aguardamos essa redenção completa, devemos viver em santidade, cuidando do corpo como templo do Espírito Santo e aguardando o dia em que “a morte será tragada na vitória” (1 Co 15.54).

 

Aplicação Prática

  • Cuide do corpo como um dom de Deus e instrumento de adoração.
  • Reconheça que o sofrimento físico pode ensinar humildade e fé.
  • Busque equilíbrio espiritual e físico, lembrando-se que o corpo pertence a Cristo.
  • Viva com esperança, aguardando o dia da glorificação.

 

 

 REFERÊNCIAS:

 

BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. 13. impr. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.

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BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

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PEDRO, Severino. A Doutrina do Pecado. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A Restauração Integral do Ser Humano para Chegar à Estatura Completa de Cristo. In: LIÇÕES BÍBLICAS: Revista para a Escola Dominical - 4º trimestre de 2025 (Adultos). Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

RENOVATO, Elinaldo in Teologia Sistemática Pentecostal. 1. ed. (16a imp.) Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

RIBAS, Degmar (Trad.). Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, vol. 2.

SILVA, Severino Pedro da. O Homem. Corpo, Alma e Espírito. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1988.

VINE, W. E., UNGER, Menil E & WHITEJR., Willian. Dicionário Vine. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

WALTON, John H. et al. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia. Antigo Testamento. 1. ed. São Paulo: Vida Nova, 2018.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. Novo Testamento 1. Santo André, SP: Geográfica Editora, 2006.

2 comentários:

  1. Essa lição está sendo maravilhosa. Seus estudos tem me ajudado muito nas ministrações das aulas. Obrigado. Deus te abençoe.

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    1. Amém. Que Deus lhe conceda sabedoria. Paz do Senhor. Amei seu comentário.

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